Sob suspeita, Ministério da Saúde explica critérios para prioridade de
Faustão em fila de transplante
O Ministério da Saúde emitiu uma nota, na noite
deste domingo, 27, esclarecendo os critérios que tornaram o apresentador Fausto
Silva como prioritário na fila de espera por um transplante de coração. Segundo
a pasta, Faustão foi priorizado em razão de seu estado muito grave de saúde.
Ele recebeu um novo coração na tarde de hoje.
"A lista de espera por um órgão funciona
baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de
peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para
cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados", diz a
nota.
"Quando os critérios técnicos são semelhantes,
a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como
critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com
prioridade, em razão de sua condição clínica", complementa o texto, que
reafirma que pacientes da rede pública e privada estão na mesma lista.
A pasta aproveitou o comunicado para divulgar dados
sobre os transplantes de coração no Brasil. Apenas na última semana, entre 19 e
26 de agosto, foram realizadas 13 cirurgias do tipo, sendo sete no estado de
São Paulo, que é a unidade da federação com maior volume de transplantes.
No primeiro semestre deste ano foram realizados 206
transplantes de coração no País, o que representa aumento de 16% em relação ao
mesmo período do ano passado.
"O Brasil tem o maior sistema público de
transplantes de órgãos no mundo. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da
Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para
pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade. Os pacientes,
por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo
exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos
pós-transplante", finaliza o texto publicado pela pasta.
Faustão
ocupava 2º lugar na fila de prioridade do transplante de coração
O apresentador Fausto Silva, que passou por um
transplante cardíaco neste domingo (27), ocupava o segundo lugar na fila de
espera por um coração, segundo a Central de Transplantes do Estado de São
Paulo.
A equipe médica responsável por Faustão recebeu a
oferta do órgão na madrugada deste domingo (27). Segundo o Ministério da Saúde,
o apresentador foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado de
saúde, que era considerado grave. No caso do transplante de coração é levado em
conta a gravidade do quadro do paciente.
"A seleção gerada para a oferta do coração
deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema
estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos.
Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda
posição nesta seleção", afirmou a Central de Transplantes do Estado de São
Paulo.
A equipe médica do paciente que ocupava a primeira
posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o
segundo paciente da seleção, que era o apresentador. Faustão tem o tipo
sanguíneo B, segundo a Central, o tempo de espera por um transplante de
coração, para potenciais receptores desse grupo é de 1 a 3 meses.
De acordo com o boletim médico divulgado pelo
Hospital Albert Einstein, onde ele está internado desde 5 de agosto, a cirurgia
aconteceu no início da tarde e durou cerca de 2h30.
"O procedimento foi realizado com sucesso e
Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para
acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição", diz o
boletim.
• Como
funciona a fila?
No caso do transplante de coração é levado em conta
a gravidade do quadro do paciente. Quem necessita de internação constante (com
uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do
sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa, por
exemplo. A espera não leva em conta se o paciente fará a cirurgia em um
hospital público ou na rede particular.
O primeiro passo é que o médico responsável
cadastre o paciente na lista única de transplantes, a lista é gerida e
organizada pela Secretaria Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde.
>>>> Veja abaixo um resumo de como
funciona o processo, com informações do Ministério da Saúde e da Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos
• A
lista funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de
chegada;
• Também
é levado em consideração a gravidade do quadro - quem necessita de internação
constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a
circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em
casa;
• tipo
sanguíneo - um paciente só pode receber um órgão de um doador que tenha o mesmo
tipo sanguíneo que ele;
• porte
físico - alguém alto e mais pesado não pode receber o coração de um doador
muito mais baixo e magro que ele;
• e
distância geográfica - o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado
no receptor em um intervalo de até 4 horas, isso é chamado de tempo de
isquemia, o tempo de duração deste órgão fora do corpo, ou seja: não é possível
fazer a ponte entre duas pessoas que estejam muito distantes uma da outra.
• o
tempo de isquemia, inclusive, determina que se um carro ou avião será usado
para o transplante, com custos arcados pelo SUS;
Faustão
conseguiu coração depois de 1º paciente na fila recusar o órgão
O apresentador Fausto Silva conseguiu receber um
novo coração neste domingo, 27, depois da equipe de um outro paciente recusar o
órgão. A informação foi dada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Segundo a CNN, haviam 12 pacientes que atendiam aos
requisitos para receber o coração. Desses, quatro estavam priorizados, e Faustão
ocupava a segunda posição nessa lista de prioridade.
O apresentador foi operado ainda na tarde deste
domingo, sendo que o Hospital Israelita Albert Einstein foi acionado na
madrugada para avaliar a compatibilidade do órgão.
A cirurgia durou cerca de 2h30 e foi tida como bem
sucedida. Apesar disso, Faustão permanece internado na UTI, já que as próximas horas são importantes para
acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição.
• Fila
de prioridade
Especulações na internet de que Faustão teria
"furado a fila" para receber o novo órgão fez com que o Ministério da
Saúde também se pronunciasse. Em nota, a pasta esclareceu que o apresentador
foi priorizado em razão de seu estado muito grave de saúde.
"A lista de espera por um órgão funciona baseada
em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e
altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada
órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados", diz a nota.
"Quando os critérios técnicos são semelhantes,
a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como
critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com
prioridade, em razão de sua condição clínica", complementa o texto, que
reafirma que pacientes da rede pública e privada estão na mesma lista.
• Filho
rebate acusação de que Faustão furou fila
Filho do Faustão, João Guilherme Silva repostou um
story, no Instagram, em que rebate mensagens de que seu pai teria furado a fila
de transplante de órgãos para sua cirurgia de coração, realizada neste domingo
(27), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Na publicação original, há um pedido para que as
pessoas se informem sobre o processo "antes de julgar". O conteúdo
ainda leva o usuário a um post que explica alguns dos trâmites necessários para
o transplante de órgãos.
"Não façam ilações ou acusações irresponsáveis
de furação de filas ou interesses escusos", diz o post.
Quase
um terço dos transplantes de coração no Brasil foram realizados com menos de 30
dias de fila
Quase um terço dos transplantes de coração feitos
no Brasil de 1º de janeiro até este domingo (27), foram realizados em pessoas
que estavam a menos de 30 dias na fila, segundo dados do Sistema Nacional de
Transplantes (SNT).
• Menos
de 30 dias - 72 pessoas
• De 30
a 90 dias - 65 pessoas
• De 3
a 6 meses - 39 pessoas
• De 6
meses a 1 ano - 48 pessoas
• Mais
de 1 ano - 38 pessoas
Neste ano, até o momento, foram realizados 262
transplantes de coração no país - incluindo o do apresentador Faustão.
“Esse tempo de espera mais curto é normal nos casos
de prioridade. A agilidade reforça mais uma vez a eficiência do sistema de
transplantes no país”, afirma Gustavo Ferreira, presidente da Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
'A
espera é muito dolorosa; o celular pode tocar a qualquer momento', diz mulher
que fez transplante de coração
A analista de gerenciamento de risco Thayane
Angelo, de 32 anos, desenvolveu um transtorno de ansiedade em 2019, enquanto
aguardava um "coração novo". Foram 8 meses na fila do transplante,
com a malinha do hospital pronta, sem deixar o celular descarregar por um
minuto sequer (veja mais no vídeo acima).
"É uma espera muito dolorosa, podem te ligar a
qualquer momento. Eu ia piorando a cada dia", diz.
Nesta reportagem, entenda as etapas enfrentadas por
Thayane antes e depois da ligação que ela recebeu em 3 de dezembro daquele ano,
quando ouviu de sua médica: "temos um possível coração aqui para
você".
A paciente conversou com o g1 em 21 de agosto de
2023, quase quatro anos após o transplante e um dia depois de assistir ao jogo
do Vasco no Maracanã. "Pude voltar a acompanhar as emoções de uma partida
e gritar 'gol' em paz, sem passar mal", conta, rindo.
🫀Por que o transplante de Thayane foi necessário?
Ela nasceu com miocardiopatia hipertrófica e
dilatada — uma doença caracterizada pela dilatação e enrijecimento dos músculos
cardíacos, tornando-os incapazes de bombear sangue em quantidade suficiente
para o organismo. Resultado: Thayane se sentia cansada até para tarefas
simples, como caminhar ou fincar os pés na areia quando ia à praia.
"Em 2019, fiquei muito mal, não conseguia mais
comer, tomar banho sozinha nem lavar meu cabelo. No calor, eu desmaiava. Foi aí
que, em fevereiro, entrei para a fila do transplante."
⌚ Como foi a espera na fila?
"Foi um baque", conta Thayane.
"Desenvolvi ansiedade, porque você não pode ficar com o telefone fora de
área. Não viajei, porque fiquei com medo de me ligarem e eu não conseguir
voltar a tempo para a minha cidade."
A fila para um transplante de coração leva em conta
a gravidade do quadro do paciente. Quem necessita de internação constante (com
uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do
sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa, por
exemplo. No Brasil, até a última atualização desta reportagem, eram 386
pacientes à espera de um coração.
"O médico me deu um login para eu acompanhar
minha posição na espera. Cheguei a ficar em 1º lugar, empatada com outra
pessoa, mas o coração que apareceu não era compatível com alguém do meu
peso", diz. "Dois meses depois, minha vez chegou."
📱O que fazer ao receber a notícia da chegada do órgão?
Assim que Thayane atendeu a ligação da médica,
tomou banho, pegou a bolsa com seus pertences (que estava arrumada há meses) e
correu para o hospital. A rapidez — tanto do transporte do órgão quanto do
paciente — é essencial para o sucesso do transplante, explica Samuel Padovani
Steffen, cirurgião cardiovascular da Rede D'Or.
"Há um prazo de 4 horas entre tirar o coração
do doador e terminar a cirurgia de implante no receptor", explica.
"Se o órgão demorar 1 hora para chegar ao hospital, o médico terá 3 horas
para fazer o coração voltar a bater na outra pessoa."
Thayane conta que nem pensava na cirurgia em si.
"Foquei em imaginar que voltaria a andar de bicicleta, a correr, a ir para
a praia. Minha psicóloga falou comigo no caminho para o hospital e nem
acreditou na minha calma."
🏥Quanto tempo a paciente ficou internada?
Em geral, os transplantados ficam, em média, 30
dias no hospital, explica o cirurgião Steffen. É importante garantir que não
haverá uma rejeição do organismo ao novo órgão.
No caso de Thayane, foram 28 dias de internação.
"Quando fui para casa, já pude caminhar na rua. Em dois meses, comecei a
reabilitação cardíaca, que é igual a uma academia, só que com um médico ao
lado", afirma.
🏃♀️Há alguma limitação?
"Do ponto de vista cardiovascular, a pessoa
pode retomar sua rotina", explica o médico. "É só proteger o coração.
A medicina evolui a cada dia. Nós dizemos: '[o órgão] vai durar para sempre,
toque sua vida."
Thayane segue os cuidados à risca.
"Eu sei que transplante é um tratamento,
então, faço a manutenção certinha: musculação, corrida na esteira, alimentação
saudável... É uma vida 98% 'normal'. Se eu tiver uma gripe, vou ficar mais
'derrubada' que vocês. Quando vou ao estádio, uso máscara. Mas consigo ver meu
time no Maracanã", diz.
Desde a cirurgia, Thayane conversa com outros
pacientes que estão na fila do transplante. "Tento dar um gás neles.
Quando conto minha história, eles se animam! E deixo sempre a mensagem da
importância de doar órgãos. Conversem com a família de vocês."
Fonte: Terra/g1
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