quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Alvo da PF, deputado bolsonarista disse que deveria estar preso por bancar acampamento: "sou terrorista"

Em nova fase da operação Lesa Pátria, que investiga os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, a Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira (28) um mandado de busca e apreensão em endereços do deputado estadual de Goiás Amauri Ribeiro (União).

A ação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi realizada em Goiânia e Piracanjuba.

Segundo a PF, os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.

"As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas", afirma a PF.

O deputado do União-GO pediu para ser preso durante sessão da Assembleia Legislativa de Goiás no dia 6 de junho, quando confessou que ajudou a bancar os acampamentos golpistas.

“Eu também deveria estar preso. […] Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acampei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, disse o parlamentar, apoiador de Jair Bolsonaro (PL), na ocasião.

A fala foi uma resposta ao deputado Mauro Rubem (PT-GO), que questionou o financiamento dos atos golpistas. “Respondendo a sua pergunta, o dinheiro não veio de fora, veio de gente que acredita nessa nação, que defende esse país e que não concorda com esse governo corrupto e bandido.”

Ribeiro também defendeu Benito Franco, militar da ativa da PM-GO. O ex-comandante da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana) foi preso no dia 19 de abril durante um desdobramento da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal.

“A prisão do Coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês.”

Após a repercussão de sua fala, Amauri recuou da declaração e afirmou repudiar os atos golpistas de 8 de janeiro. “[Foi] uma vergonha, porque ficamos por quase dois meses nas portas dos quartéis em um processo pacífico e democrático, sem nenhuma quebradeira. A lei nos dá esse direito”, declarou à rádio Bandeirantes de Goiás.

O parlamentar também disse que os acampamentos golpistas apoiados por ele com “comida, água e dinheiro” foram encerrados antes de 31 de dezembro de 2022, sem qualquer relação com a depredação ocorrida na Praça dos Três Poderes.

No entanto, seis dias depois, advogados de Ribeiro protocolaram uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja rejeitado um "eventual pedido de prisão preventiva" contra o bolsonarista.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, dias depois, Amauri confirmou que ajudou a bancar os acampamentos, mas negou ter apoiado a invasão das sedes dos três poderes no dia 8 de Janeiro.

O parlamentar de extrema-direita é mais um que foi eleito na esteira do fascismo bolsonaristas. Nas redes sociais, Ribeiro atua como propagador de ódio e fake news e incitou um golpe de Estado.

Em 22 de outubro, antes da vitória de Lula, ele disse que se o petista vencesse a eleição haveria uma "guerra civil" no Brasil. “Se eu for convocado, eu vou para rua e vou empunhar uma arma”.

Ribeiro foi um dos deputados que participou do ato que concedeu o título de cidadão goiano a Jair Bolsonaro no último dia 18 na Assembleia Legislativa de Goiás.

 

       Alvo da PF hoje dá vergonha até nas moscas

 

O deputado estadual bolsonarista Amauri Ribeiro (União Brasil-GO), alvo de uma operação da PF depois de ter dito que deu dinheiro para um acampamento golpista, tomou posse com a mulher no colo, disse que uma vereadora merecia um tiro na cara e é réu por discriminação e preconceito de raça.

O deputado tem 50 anos e começou a carreira na política como vereador. Natural de Trindade (GO), mudou-se ainda criança para Piracanjuba (GO), onde trabalhou como produtor agropecuário. Foi eleito vereador em 2008 e prefeito da cidade em 2012.

Em 2015, enquanto prefeito, ele admitiu ter agredido a filha. Num vídeo publicado, Ribeiro admitiu ter dado um “corretivo” na adolescente de 16 anos — fotos dela com lesões nas costas e na boca circularam nas redes sociais. O Ministério Público de Goiás e a Polícia Civil apuraram o caso, segundo a TV Anhanguera. A reportagem entrou em contato com os dois órgãos hoje para saber o andamento do caso e aguarda retorno.

As fotos são verdadeiras. Minha filha tomou um corretivo e não me arrependo de ter dado esse corretivo. Não é pra isso que criei minhas filhas, não vou perder nenhuma das minhas filhas pro mundo. - Amauri Ribeiro, em vídeo de 2015

No mesmo ano, ele discutiu e quase agrediu um vereador deficiente físico durante sessão na Câmara. Segundo a emissora, a briga começou depois que a base do prefeito foi criticada na Casa durante discussão sobre um projeto de lei. O vídeo mostra o então prefeito saindo de seu lugar e indo em direção ao vereador Reinaldo Celestino e sendo contido. Ribeiro negou que fosse agredir o vereador.

Foi eleito deputado estadual em 2018 com 24,9 mil votos. Na época, ele declarou R$ 420 mil em bens. No ano passado, ele foi reeleito com 35.060 votos e declarou patrimônio de R$ 767,7 mil.

Uma foto de Ribeiro tomando posse na Alego (Assembleia Legislativa de Goiás) com a esposa sentada no seu colo viralizou em 2019.

Era minha esposa, não era nenhuma prostituta. Uma mulher com quem vivo há quase 25 anos e com quem tive três filhas. E outra: é muito comum minha esposa sentar em meu colo em qualquer evento que vou na cidade - Amauri Ribeiro, na ocasião à revista Época.

Ele foi alvo de um protesto de servidoras da Alego em 2019 depois de dizer que a instituição é uma “casa de mulheres” onde até “modelos” estão ali para “servir os deputados”. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal “O Popular” em 2019. Questionado pela TV Anhanguera sobre o caso na época, ele disse que não precisa se desculpar e classificou a repercussão como “mimimi”.

É isso que é aquela assembleia. Uma pouca vergonha. Uma putaria. Se você entrar naquela casa, me desculpa o palavreado, vai lá para você ver. Naquela Assembleia tem casa de mulheres, de meninas, de assessoras que ficam por conta de deputado. É brincadeira (…) Tem mulheres que são contratadas, só top, só modelo, que estão ali para servir deputados. Como comissionadas não fazem nada.

Amauri Ribeiro, deputado, em entrevista ao jornal “O Popular” em 2019

O deputado também já disse que uma vereadora merecia “um tiro na cara”. Em agosto de 2021, Ribeiro — à época filiado ao Patriota — fez um discurso em tom intimidador contra a vereadora Luciula do Recanto (PSD-GO), de Goiânia, que atua na proteção dos animais. Ele chegou a dizer que Luciula “merecia um tiro na cara”. À época, a Câmara Municipal de Goiânia repudiou o episódio.

Fico puto quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual a essa vereadora de Goiânia que se diz protetora de animais. Arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Para mim, merecia um tiro na cara.- Amauri Ribeiro, em 2021, em discurso

Ribeiro virou réu por discriminação e preconceito de raça, na modalidade homofobia, em janeiro deste ano. Ele publicou uma foto de uma mão branca apertando um braço negro, que “veste” uma roupa com as cores do arco-íris — símbolo do movimento LGBTQIA+. O post também traz a frase “na minha família, não”.

Ele é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em outubro, pouco antes do segundo turno das eleições, o parlamentar apareceu em um vídeo incentivando bolsonaristas a pegarem em armas e participarem de um golpe caso Lula (PT) vencesse. A assessoria do deputado disse que a gravação estava descontextualizada e que não houve ameaça a alguém ou à democracia.

E deixa eu te falar: se o seu presidente [Lula] ganhar, vai acontecer uma guerra civil no país. E eu sou reservista. Se eu for convocado, eu vou para a rua e vou empunhar uma arma. Deus que te livre de estar do outro lado nessa luta

Amauri Ribeiro, durante ato pró-Bolsonaro

Em junho, Ribeiro disse que ajudou a bancar quem estava no acampamento golpista. “O dinheiro não veio de fora, veio de gente que acredita nessa nação, que defende esse país e que não concorda com esse governo corrupto e bandido”.

Após a repercussão de suas declarações, Ribeiro já havia recuado, afirmando repudiar os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele enviou uma petição ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, pedindo para não ser preso.

O advogado Demóstenes Torres, que defende Ribeiro, afirmou que pedirá acesso aos autos que originaram a medida cautelar de busca e apreensão.

 

       Saiba quem é o deputado de GO alvo da operação contra ataques em 8/1

 

Alvo da nova fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (29/8), o deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) admitiu ter ajudado a financiar acampamentos antidemocráticos.

“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta, porque sou patriota”, disse o parlamentar em discurso na Assembleia Legislativa goiana (Alego), em junho.

Após a afirmação polêmica, ele acionou o STF para pedir que a Corte rejeitasse um eventual pedido de prisão contra ele e chegou a recuar sobre a declaração. Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Goiânia, o parlamentar afirmou que teve a declaração distorcida pela imprensa. Segundo ele, se referia apenas aos acampamentos nas portas dos quartéis.

•        Brigas e ameaça

Envolvido em controvérsias desde que era apenas um anônimo comerciante em Piracanjuba, município goiano com 25 mil habitantes, Ribeiro acumula episódios polêmicos. Quando ainda era prefeito da cidade, em 2015, ganhou notoriedade após aplicar uma severa surra na filha.

Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), em 2019 o bolsonarista assumiu o mandato com a esposa sentada no colo.

Em agosto de 2021, o deputado fez um discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em tom intimidatório contra a vereadora de Goiânia Luciula do Recanto (PSD), fundadora da ONG Recanto Anjos Peludos.

“Fico puto quando vejo uma vereadora, igual essa aí de Goiânia, que se diz protetora de animais, arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia e invade uma casa. Para mim, merecia um tiro na cara. Quem invade o que não é seu não merece nem viver”, disse à época. A Polícia Civil abriu investigação sobre as ameaças.

Em dezembro daquele ano, também precisou ser contido por seguranças da Alego depois de desentendimento com o deputado Major Araújo (PSL). A briga dos parlamentares ganhou projeções maiores quando Araújo se referiu a Ribeiro como “boneca” durante discussão sobre a votação da PEC do ICMS. No dia, a sessão precisou ser encerrada.

O bolsonarista também se envolveu em uma briga com o ex-candidato a prefeito de Piracanjuba Cláudio Chaves Moreira, popularmente chamado de Cláudio Grilo. Críticas do ex-candidato ao mandato do parlamentar teriam motivado a briga.

“Deu murro na minha cara. Saiu sangue”, disse Cláudio Grilo, em entrevista ao Metrópoles logo após sair da delegacia, onde fez boletim de ocorrência contra o parlamentar, em fevereiro do ano passado. Ele acrescentou que o deputado estava armado.

•        Réu por fala racista e homofóbica

Em janeiro, o Ministério Público de Goiás (MPGO) apresentou denúncia contra Ribeiro por considerar racista e homofóbica uma postagem das redes sociais dele.

A publicação em questão (veja abaixo) mostra o desenho de uma mão branca apertando o punho de um braço negro, que usa uma roupa de arco-íris, que seria a bandeira LGBTQIA+, com a frase “na minha família não”.

•        15ª Fase da Lesa Pátria

No total, são cumpridos nesta terça dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em endereços do parlamentar em Goiânia e Piracanjuba (GO).

O objetivo é identificar pessoas que incitaram, participaram e fomentaram os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

 

Fonte: Fórum/UOL/Metrópoles

 

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