Alvo da PF, deputado bolsonarista disse que deveria estar preso por
bancar acampamento: "sou terrorista"
Em nova fase da operação Lesa Pátria, que investiga
os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, a Polícia Federal cumpre na
manhã desta terça-feira (28) um mandado de busca e apreensão em endereços do
deputado estadual de Goiás Amauri Ribeiro (União).
A ação, autorizada pelo ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi realizada em Goiânia e
Piracanjuba.
Segundo a PF, os fatos investigados constituem, em
tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de
Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição
e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei
de terrorismo.
"As investigações continuam em curso e a
Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do
número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas", afirma
a PF.
O deputado do União-GO pediu para ser preso durante
sessão da Assembleia Legislativa de Goiás no dia 6 de junho, quando confessou
que ajudou a bancar os acampamentos golpistas.
“Eu também deveria estar preso. […] Eu ajudei a
bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um
terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida,
levei água e dei dinheiro. Eu acampei lá e também fiquei na porta porque sou
patriota”, disse o parlamentar, apoiador de Jair Bolsonaro (PL), na ocasião.
A fala foi uma resposta ao deputado Mauro Rubem
(PT-GO), que questionou o financiamento dos atos golpistas. “Respondendo a sua
pergunta, o dinheiro não veio de fora, veio de gente que acredita nessa nação,
que defende esse país e que não concorda com esse governo corrupto e bandido.”
Ribeiro também defendeu Benito Franco, militar da
ativa da PM-GO. O ex-comandante da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas
Metropolitana) foi preso no dia 19 de abril durante um desdobramento da
Operação Lesa Pátria da Polícia Federal.
“A prisão do Coronel Franco é um tapa na cara de
cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito
nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me
prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão
de vocês.”
Após a repercussão de sua fala, Amauri recuou da
declaração e afirmou repudiar os atos golpistas de 8 de janeiro. “[Foi] uma
vergonha, porque ficamos por quase dois meses nas portas dos quartéis em um
processo pacífico e democrático, sem nenhuma quebradeira. A lei nos dá esse
direito”, declarou à rádio Bandeirantes de Goiás.
O parlamentar também disse que os acampamentos
golpistas apoiados por ele com “comida, água e dinheiro” foram encerrados antes
de 31 de dezembro de 2022, sem qualquer relação com a depredação ocorrida na
Praça dos Três Poderes.
No entanto, seis dias depois, advogados de Ribeiro
protocolaram uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja rejeitado
um "eventual pedido de prisão preventiva" contra o bolsonarista.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, dias depois,
Amauri confirmou que ajudou a bancar os acampamentos, mas negou ter apoiado a
invasão das sedes dos três poderes no dia 8 de Janeiro.
O parlamentar de extrema-direita é mais um que foi
eleito na esteira do fascismo bolsonaristas. Nas redes sociais, Ribeiro atua
como propagador de ódio e fake news e incitou um golpe de Estado.
Em 22 de outubro, antes da vitória de Lula, ele
disse que se o petista vencesse a eleição haveria uma "guerra civil"
no Brasil. “Se eu for convocado, eu vou para rua e vou empunhar uma arma”.
Ribeiro foi um dos deputados que participou do ato
que concedeu o título de cidadão goiano a Jair Bolsonaro no último dia 18 na
Assembleia Legislativa de Goiás.
Alvo
da PF hoje dá vergonha até nas moscas
O deputado estadual bolsonarista Amauri Ribeiro
(União Brasil-GO), alvo de uma operação da PF depois de ter dito que deu
dinheiro para um acampamento golpista, tomou posse com a mulher no colo, disse
que uma vereadora merecia um tiro na cara e é réu por discriminação e
preconceito de raça.
O deputado tem 50 anos e começou a carreira na
política como vereador. Natural de Trindade (GO), mudou-se ainda criança para
Piracanjuba (GO), onde trabalhou como produtor agropecuário. Foi eleito
vereador em 2008 e prefeito da cidade em 2012.
Em 2015, enquanto prefeito, ele admitiu ter
agredido a filha. Num vídeo publicado, Ribeiro admitiu ter dado um “corretivo”
na adolescente de 16 anos — fotos dela com lesões nas costas e na boca
circularam nas redes sociais. O Ministério Público de Goiás e a Polícia Civil
apuraram o caso, segundo a TV Anhanguera. A reportagem entrou em contato com os
dois órgãos hoje para saber o andamento do caso e aguarda retorno.
As fotos são verdadeiras. Minha filha tomou um
corretivo e não me arrependo de ter dado esse corretivo. Não é pra isso que
criei minhas filhas, não vou perder nenhuma das minhas filhas pro mundo. -
Amauri Ribeiro, em vídeo de 2015
No mesmo ano, ele discutiu e quase agrediu um
vereador deficiente físico durante sessão na Câmara. Segundo a emissora, a
briga começou depois que a base do prefeito foi criticada na Casa durante
discussão sobre um projeto de lei. O vídeo mostra o então prefeito saindo de
seu lugar e indo em direção ao vereador Reinaldo Celestino e sendo contido.
Ribeiro negou que fosse agredir o vereador.
Foi eleito deputado estadual em 2018 com 24,9 mil
votos. Na época, ele declarou R$ 420 mil em bens. No ano passado, ele foi
reeleito com 35.060 votos e declarou patrimônio de R$ 767,7 mil.
Uma foto de Ribeiro tomando posse na Alego
(Assembleia Legislativa de Goiás) com a esposa sentada no seu colo viralizou em
2019.
Era minha esposa, não era nenhuma prostituta. Uma
mulher com quem vivo há quase 25 anos e com quem tive três filhas. E outra: é
muito comum minha esposa sentar em meu colo em qualquer evento que vou na
cidade - Amauri Ribeiro, na ocasião à revista Época.
Ele foi alvo de um protesto de servidoras da Alego
em 2019 depois de dizer que a instituição é uma “casa de mulheres” onde até
“modelos” estão ali para “servir os deputados”. As declarações foram dadas em
entrevista ao jornal “O Popular” em 2019. Questionado pela TV Anhanguera sobre
o caso na época, ele disse que não precisa se desculpar e classificou a
repercussão como “mimimi”.
É isso que é aquela assembleia. Uma pouca vergonha.
Uma putaria. Se você entrar naquela casa, me desculpa o palavreado, vai lá para
você ver. Naquela Assembleia tem casa de mulheres, de meninas, de assessoras
que ficam por conta de deputado. É brincadeira (…) Tem mulheres que são
contratadas, só top, só modelo, que estão ali para servir deputados. Como
comissionadas não fazem nada.
Amauri Ribeiro, deputado, em entrevista ao jornal
“O Popular” em 2019
O deputado também já disse que uma vereadora
merecia “um tiro na cara”. Em agosto de 2021, Ribeiro — à época filiado ao
Patriota — fez um discurso em tom intimidador contra a vereadora Luciula do
Recanto (PSD-GO), de Goiânia, que atua na proteção dos animais. Ele chegou a
dizer que Luciula “merecia um tiro na cara”. À época, a Câmara Municipal de
Goiânia repudiou o episódio.
Fico puto quando vejo uma vereadora invadindo a
casa de um cidadão, igual a essa vereadora de Goiânia que se diz protetora de
animais. Arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem
judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade
uma casa. Para mim, merecia um tiro na cara.- Amauri Ribeiro, em 2021, em
discurso
Ribeiro virou réu por discriminação e preconceito
de raça, na modalidade homofobia, em janeiro deste ano. Ele publicou uma foto
de uma mão branca apertando um braço negro, que “veste” uma roupa com as cores
do arco-íris — símbolo do movimento LGBTQIA+. O post também traz a frase “na
minha família, não”.
Ele é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL). Em outubro, pouco antes do segundo turno das eleições, o parlamentar
apareceu em um vídeo incentivando bolsonaristas a pegarem em armas e
participarem de um golpe caso Lula (PT) vencesse. A assessoria do deputado
disse que a gravação estava descontextualizada e que não houve ameaça a alguém
ou à democracia.
E deixa eu te falar: se o seu presidente [Lula]
ganhar, vai acontecer uma guerra civil no país. E eu sou reservista. Se eu for
convocado, eu vou para a rua e vou empunhar uma arma. Deus que te livre de
estar do outro lado nessa luta
Amauri Ribeiro, durante ato pró-Bolsonaro
Em junho, Ribeiro disse que ajudou a bancar quem
estava no acampamento golpista. “O dinheiro não veio de fora, veio de gente que
acredita nessa nação, que defende esse país e que não concorda com esse governo
corrupto e bandido”.
Após a repercussão de suas declarações, Ribeiro já
havia recuado, afirmando repudiar os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele enviou
uma petição ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, pedindo para não ser
preso.
O advogado Demóstenes Torres, que defende Ribeiro,
afirmou que pedirá acesso aos autos que originaram a medida cautelar de busca e
apreensão.
Saiba
quem é o deputado de GO alvo da operação contra ataques em 8/1
Alvo da nova fase da Operação Lesa Pátria,
deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (29/8), o
deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) admitiu ter ajudado a financiar
acampamentos antidemocráticos.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de
cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito
nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me
prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão
de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá
e também fiquei na porta, porque sou patriota”, disse o parlamentar em discurso
na Assembleia Legislativa goiana (Alego), em junho.
Após a afirmação polêmica, ele acionou o STF para
pedir que a Corte rejeitasse um eventual pedido de prisão contra ele e chegou a
recuar sobre a declaração. Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Goiânia, o
parlamentar afirmou que teve a declaração distorcida pela imprensa. Segundo
ele, se referia apenas aos acampamentos nas portas dos quartéis.
• Brigas
e ameaça
Envolvido em controvérsias desde que era apenas um
anônimo comerciante em Piracanjuba, município goiano com 25 mil habitantes,
Ribeiro acumula episódios polêmicos. Quando ainda era prefeito da cidade, em
2015, ganhou notoriedade após aplicar uma severa surra na filha.
Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
(Alego), em 2019 o bolsonarista assumiu o mandato com a esposa sentada no colo.
Em agosto de 2021, o deputado fez um discurso na
tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em tom intimidatório contra
a vereadora de Goiânia Luciula do Recanto (PSD), fundadora da ONG Recanto Anjos
Peludos.
“Fico puto quando vejo uma vereadora, igual essa aí
de Goiânia, que se diz protetora de animais, arrebenta o portão da casa de um
cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem
com ordem ela podia e invade uma casa. Para mim, merecia um tiro na cara. Quem
invade o que não é seu não merece nem viver”, disse à época. A Polícia Civil
abriu investigação sobre as ameaças.
Em dezembro daquele ano, também precisou ser
contido por seguranças da Alego depois de desentendimento com o deputado Major
Araújo (PSL). A briga dos parlamentares ganhou projeções maiores quando Araújo
se referiu a Ribeiro como “boneca” durante discussão sobre a votação da PEC do
ICMS. No dia, a sessão precisou ser encerrada.
O bolsonarista também se envolveu em uma briga com
o ex-candidato a prefeito de Piracanjuba Cláudio Chaves Moreira, popularmente
chamado de Cláudio Grilo. Críticas do ex-candidato ao mandato do parlamentar
teriam motivado a briga.
“Deu murro na minha cara. Saiu sangue”, disse
Cláudio Grilo, em entrevista ao Metrópoles logo após sair da delegacia, onde
fez boletim de ocorrência contra o parlamentar, em fevereiro do ano passado.
Ele acrescentou que o deputado estava armado.
• Réu
por fala racista e homofóbica
Em janeiro, o Ministério Público de Goiás (MPGO)
apresentou denúncia contra Ribeiro por considerar racista e homofóbica uma
postagem das redes sociais dele.
A publicação em questão (veja abaixo) mostra o
desenho de uma mão branca apertando o punho de um braço negro, que usa uma
roupa de arco-íris, que seria a bandeira LGBTQIA+, com a frase “na minha
família não”.
• 15ª
Fase da Lesa Pátria
No total, são cumpridos nesta terça dois mandados
de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em endereços
do parlamentar em Goiânia e Piracanjuba (GO).
O objetivo é identificar pessoas que incitaram,
participaram e fomentaram os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Fonte: Fórum/UOL/Metrópoles
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