Bolsonaro usa tática velha contra depoimentos à PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou em
evento em Belo Horizonte, na última segunda, ser contra o aborto, a liberação
das drogas e questões de gênero. Os temas são os mesmos levantados por
parlamentares da oposição para desviar a atenção dos escândalos e inquéritos
contra o aliado. Amanhã (31), ele depõe pela quinta vez para a Polícia Federal,
desta vez sobre as joias e os presentes recebidos durante seu mandato.
É claro que é uma jogada, uma tentativa de desviar
de assunto, fazer uma cortina de fumaça.- Rogério Correia (PT-MG), deputado
federal
Bolsonaristas têm falado cada vez mais sobre pautas
de costumes enquanto silenciam sobre as investigações contra o ex-presidente.
Eles veem uma “flexibilização” do aborto, do uso de drogas e de questões de
gênero.
Governistas avaliam isso esse bombardeio contra
temas em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal) e no Congresso como uma
estratégia.
“A inclusão de temas de costumes em momentos de
crise é uma tática antiga usada pelo bolsonarismo desde as crises da gestão
Jair Bolsonaro na Presidência”, diz o deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).
Mas ele vê a sociedade e a imprensa como
“vacinadas” contra essa repetição de manobras para desviar dos inquéritos.
Bolsonaro ainda precisa explicar a venda de joias e
relógios de luxo que ganhou de presente da Arábia Saudita, a acusação de um
hacker de que sugeriu fraudar as urnas eletrônicas e as suspeitas de incentivo
a um golpe.
Amanhã, ele e mais sete aliados depõem
simultaneamente na PF para que não possam combinar as versões nas oitivas.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse
que a “nuvem de fumaça” aparece porque a oposição não tem argumentos contra as
investigações.
A cada coisa que se apura, piora o cenário para o
lado de Bolsonaro e [a ex-primeira-dama] Michelle.- Jandira Feghalli
(PCdoB-RJ), deputada federal
Correia aponta que aborto, drogas e questões de
gênero chegaram a ser citados na CPI do 8 de Janeiro, quando esses temas não
têm relação com as apurações sobre os atos de vandalismo contra as sedes dos
três Poderes.
A oposição refuta a tese de cortina de fumaça e diz
que o ressurgimento desses temas não é algo organizado. Parlamentares afirmam
que eles tratam de bandeiras da base conservadora e que sempre estarão em seus
discursos e posicionamentos.
Uma entrevista coletiva de mais de duas horas foi
realizada na semana passada, por exemplo, com senadores e deputados se
revezando em discursos.
Eles criticaram uma resolução que permite o uso de
medicamentos para transição de gênero a partir de 14 anos. O julgamento do
porte de maconha no STF também entrou na lista.
O deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou que a
pauta de costumes ganhou espaço no contexto brasileiro atual. Ele acusou Lula
de “estelionato eleitoral”, por ter afirmado ser contra a liberação de drogas e
a flexibilização do aborto durante a campanha e depois permitir que o Brasil
caminhe numa direção permissiva.
Líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes afirmou que o
governo está atropelando assuntos sensíveis sem promover debates. Ele avalia
que a população é contra as mudanças, por isso a oposição está mais combativa
contra essa agenda.
Ex-ministra da Família, a senadora Damares Alves
(Republicanos-DF) defende que o aborto é um assunto de saúde pública, porque
trata do bem-estar da mulher e dos bebês. Para a parlamentar, as medidas da
oposição são uma reação à política errada do governo federal e do Judiciário.
Integrante da bancada evangélica, o deputado Eli
Borges (PL-TO) afirmou que o Planalto e o STF estão atropelando o Congresso
para tomar decisões sobre a pauta de costumes. Ele disse que na Câmara há um
acordo de votar esses temas somente depois de intensas discussões.
Bolsonaro
se consulta com especialista em turbinar bumbum
Após a coluna revelar que Jair Bolsonaro (PL) fez
harmonização facial para adequar seu sorriso, vêm à tona outras investidas do
ex-presidente. É que ele visitou uma clínica de estética de Goiânia, famosa por
cuidar de celebridades como Danielle Winits, Viviane Araújo e Naiara Azevedo.
O nutrólogo Rogério Cardoso, diretor técnico do
Instituto de Longevidade, publicou imagens da visita de Bolsonaro na
sexta-feira, 18. O local é especializado em remodelação glútea.
“Deus me deu a oportunidade de ser o médico desse
homem de Deus”, escreveu Rogério numa rede social, empolgado com seu paciente.
Em conversa com a coluna, o nutrólogo explica o que
receitou ao ex-presidente.
Veja a conversa:
• O
senhor é especializado em remodelar glúteos?
Sou representante do Linnea Safe (marca de implante
injetável contendo microesferas de polimetilmetacrilato, o PMMA) no Brasil. Em
breve vou administrar curso para 90 médicos numa sala com várias câmeras
mostrando minha técnica. É uma estratégia médica que foi desvalorizada por uso
clandestino nos últimos anos. Sempre tem um ataque. Realiza quantas
remodelações por semana? Em média, 40 procedimentos por mês. Tem dias que faço
cinco, a maioria em mulheres. Somos referência no assunto. O valor varia de 21
a 26 mil reais, numa só sessão. Às vezes precisa de retoque, mas aí cobro só o
valor do produto.
Que tratamento estético fez em Bolsonaro?
Ele não fez nenhum tratamento estético comigo. Ele
me procurou através de um amigo em comum, meu paciente há anos. Jair está
esgotado, sempre na correria, por tanto problema que vem passando, se queixou
que estava sem disposição, num cansaço extremo, não estava nem conseguindo
dormir direito. Daí falei ao meu amigo convidá-lo a vir a uma consulta. Passei
minha lista de exames para ele.
• O que
foi feito com ele na clínica?
Aplicação de vitamina D e B12, importante para
energia, aumenta o cálcio, contribui com inúmeras reações metabólicas. A
vitamina D participa de milhares de reações químicas; a B12 é importante para
proteção dos neurônios. Paciente está muito deprimido, estressado? Precisa de
vitamina para formação de neurotransmissores. Foi prescrição ortomolecular.
Jair também estava com colesterol alterado. Então, para diminuir essas taxas,
passei antioxidantes, melatonina para dormir melhor e diminuir estresse.
• Ele
pagou pela consulta?
Foi gratuita, não custou um centavo. Ele está com
68 anos, precisa de energia. Toda a prescrição foi para aumentar energia
intracelular, não quis fazer nada invasivo nele. Marquei seu retorno em dois
meses, para avaliar a resposta dos medicamentos. Mas já me deu feedback que
está sentindo melhora significativa.
• Ele
sabia da especialidade da sua clínica?
Acho que não deu tempo. A gente teve contato de uma
hora. Veio focado nisso. Nem chegou a perguntar, é uma pessoa muito humilde,
tratou todos muito bem. Mas realmente, o carro-chefe da clínica, em demanda de
consulta e faturamento, são os glúteos.
• Por
que um nutrólogo se especializou em glúteos?
Meu atendimento é mais clínico e integrante. Meu
bordão é: ‘Viva jovem o mais velho possível’. Tenho que chegar numa idade velha
num estado jovem. Como nutrólogo, percebia que mulheres conseguiam ótimos
resultado em academia e não tinham glúteo bonito. Mulheres que malham demais e
não têm resultado legal… Fiz curso e comecei a clinicar. Consigo pegar um
glúteo quadrado e deixá-lo redondo.
Carlos
Bolsonaro tenta intimidar testemunhas contra si
O vereador Carlos Bolsonaro mandou interlocutores
atrás de ex-assessores que estão sendo investigados pelo Ministério Público do
Rio de Janeiro (MPRJ). Carlos teme que os antigos funcionários de seu gabinete
deem declarações comprometedoras à imprensa.
Os investigados, segundo uma pessoa próxima a
Carlos, foram avisados sobre a divulgação de seus nomes em reportagens e
aconselhados a evitar responder a jornalistas.
Como informou a coluna, quatro assessores de Carlos
que são investigados pelo MPRJ continuam em seu gabinete. Os outros quinze,
entre eles familiares do vereador, foram demitidos ao longo dos anos.
A recomendação é dar a seguinte versão: alegar que
as investigações estão em sigilo, que não foram procurados pelo MP para
prestarem esclarecimentos, e que seus advogados só têm atualizações sobre o
caso pela imprensa.
Deputada
trans chama militar bolsonarista de ‘tchutchuca’
A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) afirmou
que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) adotou uma postura conivente
com os bolsonaristas que protagonizaram os ataques aos Três Poderes no 8 de
janeiro. A afirmação foi feita durante a sessão da Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos, nesta terça-feira (29/8).
Os parlamentares interrogaram o ex-comandante da
PM, coronel Fábio Augusto Vieira, preso desde o dia 18 de agosto, após operação
da Polícia Federal (PF) que investiga a omissão da cúpula da polícia nos
ataques. “Por que a Polícia Militar acaba sendo ‘tchuchuca’ com golpistas e, de
outro lado, é ‘tigrão’ com professores?”, indagou Duda.
A parlamentar mineira é professora de carreira e
lembrou de manifestações em que foi repreendida pela Polícia Militar. “Já
participei de diversas manifestações e [fui] recebida com bombas de gás
lacrimogêneo. Professoras amigas minhas foram violentadas e agredidas pela PM
por cobrar melhor educação no país”, emendou a deputada.
O militar, no entanto, não respondeu a pergunta,
nem outros questionamentos feitos durante a sessão. Ele justificou o silêncio –
autorizado pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) -,
alegando que não teve acesso à íntegra das investigações.
Fábio Augusto e outros seis ex-integrantes da
cúpula da PMDF foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de
Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado, infração à Lei
Orgânica e ao Regimento Interno da PM.
Segundo a PGR, o comando da PM deixou de agir para
impedir o ataque aos Três Poderes por alinhamento ideológico com os vândalos.
Duda Salabert ainda avaliou que é preciso “desbolsonarizar as forças de
segurança” do país. “Foi ruim não só para a democracia, não só para o país, mas
para as forças de segurança, porque acabou manchando parte da história delas
atrelando as forças a uma tentativa de golpe”, exclamou.
Governistas
preveem guerra no depoimento de GDias
Parlamentares governistas da CPMI do 8 de Janeiro
estão se preparando para o pior na próxima quinta-feira (31/8), quando o
ex-ministro do GSI Gonçalves Dias prestará depoimento na comissão de inquérito.
Na visão de membros da CPMI, será um “dia difícil”
para os governistas e especialmente para o ex-ministro do governo Lula,
flagrado caminhando entre manifestantes golpistas no dia 8 de janeiro.
O maior problema que GDias enfrentará, entretanto,
deverá ser o pedido do então ministro para Saulo Moura Cunha, então diretor
adjunto da Abin, retirar seu nome da lista que recebeu os alertas de
inteligência sobre os atos.
Apesar das dificuldades diante da situação, aliados
de Lula dizem que não irão abandonar Gonçalves Dias nas mãos da oposição e que
defenderão o ex-ministro no colegiado.
A ideia é debater ao longo desta quarta-feira
(30/8) a estratégia para defender GDias. Como mostrou a coluna, a oposição vai
para um “tudo ou nada” no depoimento, como última esperança de incluir o
governo nas investigações.
Fonte: UOL/Correio Braziliense/Metropoles
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