Orcrim Bolsonarista: Perícia de celulares de Wassef e Cid traz 'riqueza
de detalhes' no caso das joias
Informações novas e valiosas estão sendo extraídas
dos celulares do advogado Frederick Wassef e do general da reserva Mauro César
Cid, o que está atrasando o pedido de cooperação internacional com os Estados
Unidos (saiba mais abaixo).
São novas revelações e detalhes sobre as
negociações, os pagamentos e a destinação do dinheiro obtido com a venda ilegal das joias.
A perícia nos aparelhos apreendidos está ajudando a
Polícia Federal a fechar a investigação com uma enorme riqueza de detalhes,
segundo a apuração.
·
Pedido de cooperação será
ajustado
Os investigadores estão incluindo as novas
informações e ajustando a solicitação que será encaminhada aos Estados Unidos.
Eles avaliam que a cooperação dos americanos tem que ser feita com o máximo de
objetividade.
O pedido de cooperação da PF que será encaminhado
aos Estados Unidos via DRCI, vinculado ao Ministério da Justiça, prevê quebras
de sigilo bancário em contas dos investigados.
Prevê também a solicitação de diligências por parte
do FBI em endereços de joalherias, de intermediários e outros locais ligados
direta e indiretamente aos investigados pela Polícia Federal.
Crimes como peculato, lavagem de dinheiro e
ocultação de valores são alvos da investigação.
·
Cid recebia por e-mail dados de conta bancária de
Bolsonaro nos EUA, aponta documento
Documento recebido pela CPMI do 8 de janeiro aponta
que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid recebia por e-mail todas as informações
da conta de Jair Bolsonaro (PL) no Banco do Brasil nos Estados Unidos.
O e-mail pessoal de Cid foi cadastrado como o
principal endereço eletrônico da conta bancária para receber todos os extratos,
comprovantes de transferências de recursos, e qualquer outra informação
relacionada à conta.
No documento de permissão de transação online, ao
qual a CNN teve acesso, consta o e-mai de Cid, seguido da assinatura de
Bolsonaro, o nome dele e a data: 21 de dezembro de 2020. É como se o e-mail de
Cid fosse do próprio Bolsonaro.
Conforme revelou o jornal “Folha de S. Paulo”,
Bolsonaro abriu conta no BB Americas, braço do Banco do Brasil em Miami, nove
dias antes de deixar o país.
A Polícia Federal pretende mandar uma missão aos
Estados Unidos para verificar as contas norte-americanas de Bolsonaro, Mauro
Cid e do pai dele, o general Mauro Cesar Lourena Cid. A suspeita é que o
dinheiro de presentes vendidos no exterior transitasse por essas contas.
Em 12 de janeiro deste ano, Cid transferiu R$ 367
mil para sua conta nos Estados Unidos, informam documentos revelados pela Folha
e também obtidos pela CNN.
<><> Mauro Cid negocia confissão sobre joias com a Polícia
Federal
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
(PL) Mauro Cid sinalizou à Polícia
Federal (PF) que pretende fazer uma confissão sobre
o caso das
joias que teriam sido dadas como presentes à Presidência durante a gestão de Bolsonaro e vendidas por aliados do
ex-presidente.
A expectativa é de que o depoimento com novas
informações sobre o caso ocorra na quinta-feira (31).
O advogado responsável pela defesa de Cid, Cézar
Bitencourt, já se encontrou com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, duas
vezes e, segundo apuração da CNN, solicitou
um terceiro encontro antes da próxima oitiva de seu cliente.
A avaliação de investigadores ouvidos pela CNN é de que mesmo não sendo uma
delação premiada, a confissão de Cid pode trazer algum benefício jurídico.
A defesa de Jair Bolsonaro cogita adiar seu
depoimento no caso das joias, que também está marcado para o dia 31 de agosto,
se não tiver acesso total ao inquérito. Segundo a PF, por enquanto, o
depoimento do ex-presidente segue mantido.
<><> TCU deve punir servidores e apurar responsabilidade
direta de Bolsonaro
A jornalista Natuza Neri, fo g1 apurou
quais devem ser os próximos passos no Tribunal
de Contas da União (TCU) a respeito do caso da suposta tentativa
de venda de joias recebidas por comitivas do governo Jair Bolsonaro (PL) em
viagens ao Oriente Médio.
O caso é relatado pelo ministro Augusto Nardes,
tido como bolsonarista pelos próprios colegas, que o pressionam para que
coloque logo a questão em votação no plenário.
A expectativa das fontes ouvidas é que o tribunal
peça de volta todos os presentes recebidos e ratifique a devolução dos que já
foram entregues. Além disso, é provável que seja pedida a punição de servidores
da Secretaria-Geral da Presidência da República que permitiram o que foi
chamado de “falcatruas” por uma das fontes.
Outra fonte afirma que também deve ser discutido se
há elementos suficientes para comprovar que Jair Bolsonaro teve
responsabilidade direta no imbróglio das joias. Até o momento, a defesa do
ex-presidente tem insistido na tese de que, no máximo, houve no caso algum erro
de natureza administrativa, argumento que ficaria muito prejudicada por uma
decisão desfavorável no TCU.
·
Investigação da PF
No início de março, o ministro Nardes concedeu uma
medida cautelar que permitiu ao ex-presidente continuar
como depositário dos presentes de luxo recebidos da Arábia Saudita.
Nesse mesmo período, segundo investigação da PF,
pessoas ligadas ao ex-presidente – como o tenente-coronel Mauro Cid e os advogados Frederick Wassef e Fabio
Wajngarten – articulavam ações para trazer de volta ao
Brasil um kit de
joias que havia sido vendido nos Estados Unidos.
Em troca de mensagens obtida pela Polícia Federal,
dois suspeitos de envolvimento no esquema, o tenente-coronel Mauro Cid e o
advogado Fabio Wajngarten, discutem
sobre a provável cassação da decisão de Nardes.
“Parece que vão cassar a
decisão de Augusto Nardi [sic]”, escreveu Cid. Em resposta,
Wajngarten disse: “Vão mesmo. Por
isso era muito melhor a gente se antecipar”.
Cid, Wassef e Wajngarten estão entre as oito
pessoas que devem prestar depoimentos à Polícia Federal na quinta-feira (31),
de forma simultânea, sobre o caso das joias. A suspeita da PF é de que
havia uma ação organizada para vender ilegalmente e, depois, recomprar as joias
recebidas por comitivas como presentes de Estado durante a gestão Bolsonaro. O
ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michelle, também foram convocados a depor.
<><> PL traça estratégia política com
Michelle para reagir ao caso das joias
Dirigentes do Partido Liberal
(PL) traçaram uma estratégia de ofensiva para
tentar neutralizar as críticas resultantes do caso das joias. A
ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro deve aparecer fazendo falas fortes sobre o
assunto, na tentativa de minimizar o impacto do escândalo.
A investigação da Polícia
Federal (PF) que aponta que presentes dados à Presidência
durante a gestão de Jair
Bolsonaro (PL) depois teriam sido vendidos por seus
aliados políticos não foi o suficiente para perfurar a bolha da direita nas
redes sociais, de acordo com uma pesquisa feita pelo PL.
No entanto, a maior parte das menções ao episódio
nas redes são negativas.
As falas de Michelle sobre o assunto serviriam como
munição para ser replicada nas redes sociais. A ideia é fortalecer a ideia de
que o caso seria uma tentativa de ofuscar pontos fracos da gestão do
presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
No sábado (26), em um fórum do PL, a
ex-primeira-dama já fez falas ironizando o caso, colocando em prática a nova
estratégia. Michelle
disse que iria criar uma marca própria de joias, a “Mijoias”.
Ela também afirmou que os holofotes sobre as
suspeitas acerca da venda de joias estão sendo usados para desviar as atenções
da CPMI do 8 de janeiro.
O papel de Michelle Bolsonaro deve ser maior nos
próximos dias por conta das cirurgias programadas para o ex-presidente Jair
Bolsonaro. Ele deve passar por três operações daqui a duas semanas: uma de
desvio de septo, outra de hérnia abdominal e uma terceira de obstrução
intestinal.
O ex-presidente deve ficar de repouso por pelo
menos uma semana após os procedimentos.
Ø Mais um! Ricardo Salles vira réu em ação que apura exportação ilegal de
madeira
O ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado
federal Ricardo
Salles (PL-SP) se tornou réu em uma ação que apura
um esquema de exportação ilegal de madeira. O ex-presidente do Ibama Eduardo Bim e outros servidores também foram denunciados pelo
Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com a denúncia do MPF, as investigações
apontam para a existência de um "grave esquema de facilitação ao
contrabando de produtos florestais", com envolvimento do então ministro
Ricardo Salles, além de servidores públicos e agentes do setor madeireiro.
O Ministério Público elencou uma série de
apreensões de madeira de origem brasileira nos Estados Unidos, que estavam sem
a documentação necessária para exportação.
Diante das apreensões, segundo as investigações, um
conjunto de empresas do setor madeireiro buscou apoio junto a dois servidores
do Ibama, incluindo o superintendente do órgão no Pará.
Segundo o MPF, os servidores do Ibama emitiram
certidões e um ofício sem valor jurídico com o objetivo de liberar a madeira
apreendida. No entanto, a documentação não foi aceita pelas autoridades
norte-americanas, "em razão da evidente ilegalidade".
Ainda conforme a denúncia, em fevereiro de 2020,
Ricardo Salles se encontrou com representantes de empresas envolvidas no
suposto esquema, além de parlamentares, para uma reunião sobre exportação de
madeiras ativas do Estado do Pará.
Após a reunião, segundo a investigação, houve
atendimento integral e "quase que imediato" da demanda das empresas,
com parecer técnico "legalizando, inclusive com efeito retroativo,
milhares de cargas expedidas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020".
Segundo a investigação, "a mais alta cúpula do
Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam pareceres
normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público
primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de
exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas nos Estados Unidos".
A denúncia do MPF foi recebida pela 4ª Vara
Federal/Criminal do Pará, nesta segunda-feira (28).
Ricardo Salles foi denunciado pelo MPF por
facilitar a prática de contrabando ou descaminho, por dificultar ação
fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais e por promover,
constituir, financiar ou integrar organização criminosa.
Já Eduardo Bim foi denunciado por corrupção
passiva, por dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em questões
ambientais e por promover, constituir, financiar ou integrar organização
criminosa.
Além deles, outras 20 pessoas foram denunciadas por
delitos que envolvem corrupção passiva, crimes contra a flora e organização
criminosa. Entre os denunciados estão servidores públicos e agentes do setor
madeireiro.
O g1 tenta
contato com Ricardo Salles e Eduardo Bim.
·
Operação Akuanduba
A denúncia cita ainda a Operação
Akuanduba, deflagrada pela Polícia Federal em maio de 2021
para apurar a suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil
para os EUA e Europa.
A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpriu 35
mandados de busca e apreensão e resultou
no afastamento de servidores do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama.
Segundo a PF, um dos principais pontos da
investigação é a edição de um despacho interpretativo assinado pelo
ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, em 25 fevereiro de 2020. O documento
retirou a obrigatoriedade de concessão de uma autorização específica para a
exportação de madeira.
O documento em questão faria parte dos pedidos
feitos pelas empresas durante a reunião com o ex-ministro Ricardo Salles.
Ainda de acordo com a apuração, "na sequência
da aprovação desse documento e revogação da norma, servidores que atuaram em
prol das exportadoras foram beneficiados pelo ex-ministro com nomeações para
cargos mais altos, ao passo que servidores que se mantiveram firmes em suas
posições técnicas, foram exonerados por ele".
Salles deixou o Ministério do Meio Ambiente em junho
de 2021.
Fonte: g1/CNN Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário