Por que Martin Luther King pagou conta do parto de Julia Roberts e
outras 3 curiosidades sobre o ativista
Os Estados Unidos recordam neste dia 28 de agosto o
60º aniversário de um dos discursos que marcaram aquela nação, o famoso I
have a dream ("Eu tenho um sonho") de Martin Luther King Jr.
O líder do movimento pelos direitos civis dos
negros proferiu esse discurso durante a chamada Marcha sobre Washington, que
reuniu milhares de pessoas – a maioria afro-americanos – na capital dos EUA sob
o lema "empregos, justiça e paz".
Ainda hoje existem muitos fatos sobre um dos homens
mais importantes do século 20 que não são tão conhecidos.
Por exemplo, ao nascer – em 15 de janeiro de 1929
–, ele recebeu o nome do pai, Michael King.
Mas, seis anos depois, o pai de King visitou a
Alemanha, onde conheceu a vida de Martinho Lutero, o líder da
Reforma Protestante.
Mais tarde, foi dito que ele ficou tão inspirado
que voltou para casa e mudou oficialmente seu nome e o de seu filho mais velho
para Martin Luther King.
King tinha apenas 39 anos quando foi assassinado em
4 de abril de 1968. Ele havia sofrido outros atentados contra sua vida antes. E
depois de sua morte, sua também mãe viria a ser assassinada.
Ele passou cerca de 13 anos fazendo campanha pelos
direitos civis e pela igualdade racial, período no qual foi preso 30 vezes,
principalmente por pequenos crimes e também por liderar protestos.
Mas, de acordo com o King Center, nesse curto
intervalo de tempo ele conseguiu mais progressos em direção à igualdade racial
nos Estados Unidos do que houve nos 350 anos anteriores.
Ao ser preso em outubro de 1960 após um protesto em
uma loja de departamentos de Atlanta, ele ficou detido na Prisão Estadual da
Geórgia.
De lá, ele escreveu para sua esposa, Coretta,
dizendo que esperava que "o sofrimento excessivo que agora está atingindo
nossa família contribua de alguma forma para tornar Atlanta uma cidade melhor,
a Geórgia um Estado melhor e a América um país melhor".
Estes são alguns fatos sobre a vida e a luta de
Martin Luther King que talvez você não conheça.
·
1. 'Eu tenho um sonho' foi
improvisado
Era agosto de 1963, e o líder negro estava fazendo
o que se tornaria seu discurso mais famoso quando a cantora gospel Mahalia
Jackson gritou: "Conte a eles sobre o sonho, Martin!"
Isso levou King a mudar o seu discurso original e a
retomar um sermão que tinha proferido anteriormente, onde descreveu um
"sonho americano" que fosse igual e acessível a todos os cidadãos.
"Tenho um sonho de que um dia os meus quatro
filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas
pelo seu caráter. Hoje tenho um sonho", disse King.
Seu sonho de igualdade é essencialmente americano,
diz Lerone Martin, diretor do Instituto Martin Luther King Jr. de Pesquisa e
Educação da Universidade de Stanford.
"Apesar de todo o menosprezo que sofreu, King
fez um trabalho maravilhoso ao tentar constantemente mostrar como seus esforços
estavam alinhados com os ideais americanos."
·
2. Ele ajudou uma mulher que
quase o matou
Em setembro de 1958, King foi abordado por uma
mulher com problemas mentais enquanto autografava em Nova York cópias de seu
último livro, Stride Toward Freedom ("Rumo à
Liberdade", em tradução livre).
Se aproximou e o esfaqueou.
Durante sua hospitalização, os médicos disseram que
ele estava "a um espirro da morte" porque a arma estava enterrada
muito perto de sua aorta, de acordo com o King Institute.
Depois de saber que a mulher sofria de doenças
mentais, King disse: "Não guardo rancor dela" e, em vez disso, pediu
que ela recebesse tratamento.
Em 30 de junho de 1974, seis anos após o
assassinato de King, um homem de 23 anos baleou e matou a mãe do líder negro, Alberta
Williams King, enquanto ela tocava órgão durante um culto na Igreja Batista
Ebenezer.
O agressor foi considerado culpado e condenado à
morte.
Posteriormente, a pena foi novamente estabelecida
como prisão perpétua, em parte devido à oposição da família King à pena de
morte.
·
3. Ele era fã de 'Jornada
nas Estrelas'
Ao longo de sua vida, King escreveu cinco livros e
publicou inúmeras coleções de suas cartas e sermões.
Seu livro de 1964, Por que não podemos
esperar, narra os eventos que levaram à campanha histórica de Birmingham,
Alabama, para acabar com a segregação.
Mas o seu status de líder social e pensador não o
tornou alheio a outros fenômenos do seu tempo, como a ficção científica e os
sucessos televisivos.
Nichelle Nichols, a atriz conhecida pelo papel da
tenente Nyota Uhura em Jornada nas Estrelas (Star Trek, no título original), certa vez foi apresentada
a alguém que afirmava ser "seu maior fã": era Martin Luther King Jr.
Quando ela informou a King que planejava deixar o
elenco da série, King insistiu que ela não poderia abandonar esse papel
icônico.
"Pela primeira vez na televisão seremos vistos
como deveríamos ser vistos todos os dias, como pessoas inteligentes, de
qualidade e bonitas... que podem ir para o espaço", disse-lhe o líder,
segundo Nichols.
"Fiquei ali refletindo que cada palavra que
ele dizia era verdade. Naquele momento, o mundo mudou para mim."
Ela continuaria no papel por anos.
·
4. A família King pagou pelo
nascimento de Julia Roberts
Em entrevista à jornalista Gayle King que se tornou
viral, a atriz Julia Roberts confirmou um fato pouco conhecido sobre o dia em
que nasceu.
"A família King pagou minhas contas do
hospital", disse ela, acrescentando que as famílias Roberts e King se
tornaram próximas porque seus pais receberam os filhos de King em sua escola de
atores em Atlanta.
A atriz lembrou que Coretta Scott King, esposa de
Martin Luther King, ligou para a mãe dela, Betty Lou Bredemus, para saber se os
filhos do casal poderiam frequentar a academia porque tiveram dificuldade em
encontrar um lugar onde pudessem estudar atuação.
A jornalista, que tem o mesmo sobrenome mas não é
parente do defensor dos direitos civis, lembrou na entrevista que na década de
1960 era difícil ver crianças de famílias negras estudando com crianças de
famílias brancas.
Mais tarde, quando Julia nasceu e sua família não
conseguia pagar as contas do hospital, King e Coretta "nos ajudaram a sair
de uma situação difícil", disse a atriz.
Fonte: BBC News Brasil
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