Muita retórica, pouco resultado: como a África recebe promessas de Lula
sobre cooperação?
Brasil apresenta cartilha de boas intenções durante
viagem do presidente Lula a África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe. No
entanto, instabilidade do engajamento do Brasil no continente gera frustração
entre os parceiros africanos, alertou analista em entrevista à Sputnik Brasil.
Neste domingo (27), o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva encerrou viagem oficial de uma semana ao continente africano. Durante
sua estadia, o brasileiro realizou visitas bilaterais e multilaterais na África
do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe.
Um dos principais objetivos da viagem é retomar a
presença do Brasil no continente africano, reduzida significativamente na
última década.
"O Brasil andou para trás. Durante sete anos,
os presidentes não tiveram coragem de vir ao continente africano. Eu resolvi
[...] dizer ao continente africano que o Brasil está de volta a África",
disse Lula durante sua visita a Angola. "Vir para África não é um
sacrifício, é um orgulho, embora muitos não gostem disso."
Em Luanda, o governo brasileiro assinou 25 acordos
de cooperação em áreas como comércio, saúde, educação e desenvolvimento
agrícola. Para impulsionar a retomada dos contatos bilaterais, o Brasil acenou
com a possibilidade de voltar a fornecer linhas de crédito para importação de
produtos brasileiros e realização de projetos de infraestrutura em Angola.
"Vamos voltar a fazer financiamento para os
países africanos. Vamos voltar a fazer investimentos para Angola, que é um bom
pagador das coisas que o Brasil investiu aqui", disse o presidente
brasileiro.
A visita de Lula foi bem recebida pela comunidade
diplomática angolana. Em entrevista à Sputnik Brasil, o embaixador angolano Rui
Orlando Xavier demonstrou expectativa quanto à cooperação em setores como
agricultura e indústria de transformação.
"Essa visita do presidente Lula vem em um
momento muito oportuno, há muitos projetos a serem desenvolvidos e o Brasil é
um dos países que pode ajudar Angola a concretizá-los", disse o embaixador
à Sputnik Brasil. "O Brasil hoje tem uma voz firmada na comunidade
internacional e a presença do presidente Lula na África é prova disso."
Já durante sua passagem pelo arquipélago de São
Tomé e Príncipe para a participação na 14ª Cúpula da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), Lula apoiou o engajamento da Agência Brasileira de
Cooperação (ABC) e da Fundação Oswaldo Cruz em projetos da área de saúde nos
países-membros do bloco.
A cartilha de boas intenções ao continente africano
apresentada pelo Brasil durante a estadia de Lula ainda inclui a reabertura de
embaixadas brasileiras em países como Libéria e Serra Leoa, além da possível
inauguração de representação em Ruanda, reportou a BBC News Brasil.
Para o pesquisador sênior em Governança e
Diplomacia Africana no Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais
(SAIIA), Gustavo de Carvalho, os países do continente diminuíram as suas
expectativas em relação ao Brasil nos últimos anos.
"A imagem do Brasil no continente africano
segue positiva, ainda que a expectativa do papel brasileiro tenha diminuído de
forma considerável", disse Carvalho à Sputnik Brasil.
Segundo ele, houve forte frustração quanto à
"forma abrupta com que o Brasil se desengajou do continente, depois de
anos de intensos contatos".
"Entre 2003 e 2010, tivemos de fato um grande
crescimento nas trocas comerciais, nos investimentos, em programas educacionais
e culturais", relatou Carvalho. "No período de Dilma Rousseff
[2011-2016] vemos uma desaceleração no engajamento brasileiro, que foi mantida até
os anos de Jair Bolsonaro [2019-2022]."
Outro fator que motiva a frustração dos parceiros
africanos em relação ao Brasil é o excesso de promessas não cumpridas, acredita
o analista brasileiro baseado na África do Sul.
"O Brasil prometia demais, criava argumentos
sofisticados para o interlocutor, mas que nem sempre se materializavam",
lamentou Carvalho. "O que vimos de fato foram experiências pontuais,
realizadas por agências tradicionais de cooperação, como a Embrapa, focadas em
áreas de interesse do Brasil – e não necessariamente dos parceiros
locais."
Apesar do "vai e vem" brasileiro na
África, a plataforma que se mostrou mais resiliente às mudanças de governo em
Brasília foi o BRICS.
"Durante esses anos de ausência brasileira, o
que se manteve continuado mesmo foi o papel do BRICS, garantindo que a posição
do Brasil não se debilitasse tanto", disse Carvalho, que também citou o
papel do Itamaraty na manutenção das relações com parceiros africanos durante
os anos de desengajamento do Palácio do Planalto.
O especialista ainda nota a ampla aceitação que a
figura pessoal do presidente Lula tem no continente, o que fortalece o objetivo
da diplomacia brasileira de retomar sua agenda africana.
"A volta do Brasil ao continente africano não
deveria ser uma volta porque nós nunca deveríamos ter saído do continente
africano", declarou Lula para empresários em Angola.
Entre os dias 21 e 27 de agosto, o presidente Lula
cumpriu agenda oficial na África. Entre os dias 22 e 24, participou da 15ª
Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul. Nos dias 25 e 26, cumpriu agenda
oficial em Angola, de onde seguiu para São Tomé e Príncipe, para participar da
14ª Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no dia 29 de
agosto.
Ø EUA desestabilizam situação no sul da Síria para implementar seus
planos, diz especialista
Os Estados Unidos estão desestabilizando a situação
no sul da Síria para implementar seus planos, disse o especialista militar e
estratégico sírio Kamal al-Jaffa.
Anteriormente, várias mídias árabes e ocidentais
relataram que na província de As-Suwayda, no sul da Síria, foram realizadas
manifestações nos últimos dias para exigir melhores condições econômicas.
O governador provincial afirmou que o governo
provincial estava respondendo às demandas dos cidadãos e pediu à população que
"não fosse atraída para o que foi relatado nas mídias sociais e em alguns
sites".
"Essa questão é muito séria, e se o movimento
se desenvolver, pode haver uma intervenção americana. O plano de As-Suwayda é
uma oportunidade apropriada e histórica que a América pode esperar para
realizar", disse al-Jaffa.
De acordo com o especialista, estamos falando de
"planos intensos e ações dos EUA para fechar as fronteiras da Síria com a
Jordânia e o Iraque". Ele ressaltou que até hoje "não foram
mobilizados suficientes grupos armados capazes de lutar contra a Síria e seus
aliados nessas fronteiras".
Além disso, Kamal al-Jaffa acrescentou que os EUA
"estão tentando fechar as fronteiras da Síria com a província iraquiana de
Anbar e intensificar as atividades de grupos armados no sul do país, perto das
fronteiras com a Jordânia".
Anteriormente, Dmitry Polyansky, vice-embaixador
permanente da Rússia na ONU, chamou a presença ilegal de tropas dos EUA na
Síria um dos principais fatores desestabilizadores e pediu sua retirada.
As Forças Armadas dos EUA controlam ilegalmente
territórios no norte e nordeste da Síria nas províncias de Deir ez-Zor,
Al-Hasakah e Raqqa, onde se localizam os maiores campos de petróleo e gás da
Síria. A Damasco oficial chamou repetidamente a presença dos militares
americanos em seu território de "ocupação e pirataria estatal" com o
objetivo descarado de roubar petróleo.
• EUA
planejam colocar em campo milhares de sistemas autônomos para combater a China,
diz Defesa
Em sua corrida contra a China para manter a
hegemonia mundial, os EUA estão apelando para diversas estratégias que vão
desde sanções comerciais até ameaças de expansão de sua influência no
Indo-Pacífico sobre a questão de Taiwan.
Os Estados Unidos vão desenvolver agora milhares de
sistemas militares autônomos nos próximos dois anos, em um esforço para
combater a China, disse a vice-secretária de Defesa dos EUA, Kathleen Hicks,
nesta segunda-feira (28).
"Vamos colocar em campo sistemas autônomos
atribuíveis em uma escala de vários milhares, em vários domínios, nos próximos
18 a 24 meses", disse Hicks em comunicado via mídia social.
O esforço, apelidado de Replicator, deve contrariar
o arsenal da China com tecnologia superior dos EUA, feita em colaboração com a
indústria comercial, afirmou o comunicado.
Sistemas autônomos, também conhecidos como drones
ou veículos aéreos não tripulados (VANT), têm sido cada vez mais utilizados em
campos de batalha em todo o mundo, tanto para fins de vigilância quanto para
fins ofensivos.
EUA
estão se preparando para que conflito ucraniano continue no próximo ano,
observa mídia
Avaliando os resultados da ofensiva
"frustrante" e "decepcionante" da Ucrânia, Washington
chegou à conclusão de que o conflito ucraniano continuará no próximo ano,
escreve o colunista do Washington Post David Ignatius.
Avaliando o progresso lento da ofensiva ucraniana,
a administração do presidente dos EUA Joe Biden concluiu que o conflito na
Ucrânia provavelmente continuará no próximo ano. Ao fazê-lo, os Estados Unidos
e seus aliados devem continuar a fornecer apoio militar.
Como escreve o observador do jornal, em Washington
a contraofensiva ucraniana é determinada como "frustrante" e
"decepcionante", mas, no entanto, não há planos para buscar uma saída
diplomática rápida do conflito: "A maioria das autoridades americanas
parecem mais convencidas do que nunca da necessidade de estar firme com
Kiev".
"Não avaliamos que o conflito seja um
impasse", afirmou o assessor de segurança nacional Jake Sullivan a
repórteres na quarta-feira (23), respondendo a relatos de que altos
funcionários americanos estavam pessimistas sobre os militares da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, autoridades americanas admitem que
é improvável que as tropas ucranianas cheguem ao mar Negro e interrompam a rota
terrestre da Rússia para a Crimeia antes do início do inverno europeu, como
esperavam.
Embora Washington não perca a esperança de que
neste ano os militares ucranianos possam romper as posições russas e se mover
para o leste e oeste, eles entendem que não será possível terminar o conflito
até o final do ano.
Além disso, Ignatius especificou que a prontidão
para continuar apoiando Kiev não significa que Washington esteja satisfeito com
a forma como o comando ucraniano está conduzindo sua contraofensiva.
Assim, em Washington acreditam que a Ucrânia gasta
sua munição, que os EUA e seus aliados fornecem lá. Estima-se que, desde o
início do conflito, os militares ucranianos dispararam dois milhões de tiros de
armas da artilharia de 155 mm, que quase esgotaram as reservas. Por isso, Kiev
é chamada a concentrar o fogo de artilharia nos alvos mais importantes.
O Pentágono também pede que a Ucrânia confie menos
nos drones para obter informações sobre o campo de batalha e use mais forças de
reconhecimento terrestres que possam avaliar melhor as posições russas.
Tropas ucranianas estão fazendo 'improvisação
perigosa' com bombas de fragmentação, diz jornalista
Fonte: Sputnik Brasil
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