Por mudanças do Paraguai, resposta do Mercosul à UE seguirá no mês que vem, diz MRE do Brasil
Nesta terça-feira (29), o chanceler brasileiro,
Mauro Vieira, declarou que o Mercosul enviará sua contraproposta ao adendo da
UE em setembro. O ministro disse que a alteração na data estabelecida aconteceu
por mudança de governo do Paraguai.
Já o deputado federal, Pedro Lupion
(Progressistas), disse que a resposta paraguaia estará pronta especificamente
até o dia 17 de setembro, segundo a Reuters. O deputado também afirmou que a
contraproposta do Mercosul incluirá metas alcançáveis e classificou a carta lateral da UE de
"inconcebível".
"As diretrizes da União Europeia para reduzir
os impactos climáticos ao nível que desejam inviabilizariam a produção agrícola
no Brasil", afirmou.
O líder da bancada agrícola no Congresso ainda
declarou que o Brasil deveria avaliar os seus laços comerciais com o bloco
europeu, uma vez que o mercado europeu representa 16% das exportações
brasileiras de alimentos, em comparação com 38% para a Ásia.
Os europeus aguardam desde março uma resposta à sua
side letter (carta paralela, na tradução). Ou seja, um documento que não altera
o original, mas traz pedidos e exigências adicionais.
A carta inclui metas ambientais para responder às
fortes reservas expressas por muitos países-membros da UE sobre o acordo, que
está em negociação há duas décadas. Entretanto, o alto nível de exigência dos
negociadores leva a crer que há um protecionismo do mercado europeu travestido
de preocupação ambiental, segundo especialistas.
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Macron diz que França 'é uma potência amazônica
através da Guiana Francesa' e pede adesão à OTCA
Na visão do líder francês, Paris poderia aderir ao
bloco pelo fato da Guiana Francesa ter território amazônico, e sendo assim, a
França "também é amazônica". A região ultramarina abriga 1,1% da
superfície amazônica.
Ontem (28), durante discurso anual aos embaixadores
franceses em Paris, Emmanuel Macron anunciou que a França quer aderir à
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) que reúne os oito países
amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, República da Guiana, Peru,
Suriname e Venezuela.
"Declaro solenemente que a França é candidata
a participar da OTCA e a desempenhar um papel pleno nela, com uma representação
associando estreitamente a Guiana Francesa", disse Macron.
O presidente francês ainda disse que deseja que
"o Brasil e todas as potências da região sejam capazes de aceitar" a
sua exigência de candidatura e "permitirem a integração",
acrescentando que a França é "uma potência amazônica através da Guiana".
Como recordado por Assis Moreira no jornal Valor
Econômico, em 2019 quando presidiu o G7, Macron afirmou durante um
pronunciamento que "a Amazônia é nosso bem comum. Estamos todos
envolvidos, e a França está provavelmente mais do que outros que estarão nessa
mesa [do G7], porque nós somos amazonenses. A Guiana Francesa está na
Amazônia".
A OTCA não é aberta a adesões, porque considera que
seus oito membros já cobrem o território da floresta, mas com o anúncio do
líder francês, o mais provável é que o tema faça agora parte da agenda da
reunião de chanceleres dos países-membros, marcada para novembro em Brasília,
afirma o colunista.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a
convidar Macron para Cúpula da Amazônia, mas a chancelaria francesa disse à
época que o líder não poderia participar. Sua ausência foi criticada por parte
da imprensa em Paris.
Entretanto, no discurso de ontem (28), Macron disse
que gostaria de ter ido à cúpula em Belém "para ser o único chefe de
Estado europeu, ao lado de embaixadores europeus, para explicar como
financiamos a Amazônia", escreve o jornal.
Ainda durante suas declarações à embaixadores,
Macron reiterou, sem citar o Mercosul, que a França continuará a se "opor
aos acordos comerciais que permitiriam a importação para a Europa de produtos
que não atendem aos nossos padrões de saúde, clima, carbono ou
biodiversidade".
Ø Maduro apresenta planos para aumentar integração econômica com Brasil
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou
nesta segunda-feira (28/08) que avanços sejam realizados para a obtenção de uma
maior integração econômica com o Brasil e a
Colômbia.
Segundo declaração do mandatário venezuelano em seu
programa Con Maduro+, o objetivo dos esforços é a criação de
mecanismos para fomentar investimentos entre as nações sul-americanas.
"Falei sobre isso com o presidente Gustavo
Petro [Colômbia] e com o presidente Lula [Brasil]. Falei em profundidade sobre
atrair capital da Colômbia e do Brasil para o desenvolvimento econômico da
Venezuela", declarou Maduro.
O presidente disse ter encomendado estudos ao
recém-nomeado ministro de Indústrias e Produção Nacional da Venezuela, José
Félix Rivas Alvarado, para analisar os "18 motores da agenda
econômica" do país, para "abrir a possibilidade de investimento do
capital sul-americano rumo à integração".
Para o ministro, o objetivo é fortalecer os três
países em capacidade produtiva, gerando infraestrutura, energia e conhecimento
para o crescimento das nações.
"Devemos aproveitar a oportunidade de
relacionamento que temos com Brasil e Colômbia e levar a um processo
ganha-ganha. A integração é filha do desenvolvimento", disse Alvarado.
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"Nova ordem mundial sem colonialismo"
Maduro também mencionou a Cúpula do Brics, realizada em
Joanesburgo, na última semana. Segundo ele, o bloco formado pelo Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul "representa a nova ordem mundial sem
colonialismo".
O presidente venezuelano também qualificou como
positiva a decisão de incorporar Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados
Árabes Unidos, Etiópia e Irã ao grupo, a partir de 1º de janeiro de 2024.
Garantiu assim que isto lhes permite “multiplicar a
influência financeira e monetária do bloco econômico”.
Por outro lado, Maduro também destacou a posição
dos Brics sobre a utilização de moedas nacionais para o comércio internacional
e transações financeiras.
“Decidiram fazer o comércio inter-Brics em moedas
nacionais, um passo gigantesco para a construção do sistema monetário do novo
mundo, do mundo das trocas, do mundo ao qual pertencemos”, enfatizou.
Ø Lula diz que vai falar com Biden sobre reforma no Conselho de Segurança
da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
novamente, nesta terça-feira (29), que pretende conversar com o presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, para obter apoio à campanha por uma vaga permanente
no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
Um dos pleitos diplomáticos mais antigos do Brasil
deve ser defendido mais uma vez pelo presidente Lula em sua próxima conversa
com o presidente norte-americano Joe Biden.
"Estou há mais de 15 anos brigando pela
participação no Conselho de Segurança. Agora vou falar com meu amigo Biden
'você pode tratar de começar a defender o Brasil'", afirmou Lula fazendo
referência à nova importância alcançada pelo país com o fortalecimento do
BRICS, ainda no último sábado (26).
Em seu programa semanal Conversa com o Presidente,
Lula ressaltou que a mudança no CSNU é fundamental para trazer uma nova
representatividade para a ONU, que já não é a mesma de 1945, quando foi
concebida.
"A gente quer renovar o Conselho de Segurança
da ONU, os membros permanentes que são cinco, sabe, e nós queremos que entrem
outro países para poder dar mais representatividade à ONU.[...] Então o Brasil
quer entrar, a África tem países para entrar, a América Latina tem outros
países, a Ásia tem, a Alemanha quer entrar, a Índia", afirmou Lula lembrando
que falaria com Biden sobre o tema em uma próxima oportunidade.
Os líderes devem se encontrar na cúpula do G20, em
Nova Deli, na Índia, e em setembro, nos Estados Unidos, para a Assembleia Geral
das Nações Unidas (AGNU), em Nova York.
De acordo com alguns ministros de Lula, as últimas
declarações dos Estados Unidos foram mais favoráveis ao pleito brasileiro, o
que poderia ser um bom momento para tentar avançar com o tema.
Ainda em janeiro, quando Lula fez uma visita à Casa
Branca, os presidentes assinaram uma declaração em que "expressaram a
intenção de trabalhar juntos para uma reforma significativa do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, como a expansão do órgão para incluir assentos
permanentes para países na África e na América Latina e Caribe, de modo a
torná-lo mais representativo dos membros da ONU e aperfeiçoar sua capacidade de
responder mais efetivamente às questões mais prementes relacionadas à paz e à
segurança globais".
Durante a cúpula do BRICS, na pressão de Pequim
pela expansão, um colunista do Valor Econômico destacou que o governo Lula viu
oportunidade de arrancar compromissos envolvendo a reforma do CSNU, que
continua sendo uma prioridade de sua política externa. O governo brasileiro
acabou aceitando a entrada de outros membros no BRICS, mas ao custo do apoio
chinês para o pleito brasileiro na ONU.
"O acordo é entre o conjunto das pessoas. O
BRICS vai começar a se posicionar. O Xi Jinping tem um problema que eu sei
histórico com o Japão. Mas todo mundo sabe que o Conselho de Segurança tem que
mudar", afirmou Lula.
Ø Ex-militares chilenos são condenados por assassinato de cantor Víctor
Jara na ditadura
A Suprema Corte do Chile condenou nesta
segunda-feira (28/08) sete militares aposentados a 25 anos de prisão pelo
sequestro e assassinato do cantor e compositor Víctor Jara, ocorrido logo após
o golpe de Estado de Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973.
Os militares condenados, Rolando Melo, Raúl Jofré
González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf, Juan
Jara Quintana e Hernán Chacón, também vão cumprir pena pelos crimes contra o
Diretor Geral do Serviço Penitenciário do Chile no governo de
Salvador Allende, Littré Abraham Quiroga Carvajal.
Os condenados têm idades entre
73 e 85 anos e responderam ao processo em liberdade, mas agora devem ser
levados à prisão para responderem às suas condenações.
O assassinato de Jara, na capital Santiago,
tornou-se um dos crimes mais simbólicos deixados pela última ditadura no país
sul-americano. A decisão judicial do tribunal chileno é baseada nas provas
sobre local e horário em que os crimes contra o cantor forem cometidos.
Jara foi transferido e torturado no Estádio
Nacional do Chile, onde foram presas mais de 5.000 pessoas após o golpe contra
Allende. Ele foi morto com 44 tiros após ser preso na Universidade Técnica do
Estado, onde trabalhava como professor.
Os restos mortais do cantor foram encontrados em um
terreno próximo ao Cemitério Metropolitano de Santiago, em 16 de setembro de
1973, junto com outros quatro presos políticos.
Em dezembro de 2009, 36 anos após sua morte, a
justiça chilena ordenou a exumação de seus restos mortais, o que permitiu que
Víctor Jara fosse sepultado em cerimônia oficial.
Ø Tribunal paquistanês suspende sentença por corrupção contra ex-premiê
Imran Khan
O tribunal de recurso do Paquistão suspendeu na
terça-feira (29) a condenação por corrupção e uma pena de três anos de prisão
de Imran Khan, uma vitória legal para o popular ex-primeiro-ministro, segundo
seus advogados e funcionários do tribunal.
Embora ele deva enfrentar um novo julgamento, a
decisão permitirá que Khan, de 70 anos, concorra às próximas eleições
legislativas. Khan rejeitou a acusação, insistindo que não infringiu nenhuma
regra.
A Corte Suprema de Justiça de Islamabad tinha
permitido a libertação de Khan sob fiança, mas sua prisão preventiva continuará
pelo menos até quarta-feira (30), pois ele está sob investigação por suspeita
de outro caso relacionado à divulgação de segredo de Estado.
Não está claro se ele será liberado de maneira imediata,
pois ele responde em vários casos judiciais desde que foi afastado através de
uma moção de censura do Parlamento em abril de 2022.
Imran Khan foi condenado a três anos de prisão por
alegadamente ter vendido presentes recebidos durante o período em que chefiou o
governo.
"Imran Khan está novamente qualificado para
liderar seu partido Tehreek-e-Insaf após a decisão judicial de hoje",
disse outro dos seus advogados, Babar Awan, aos repórteres após o anúncio da
decisão.
No início de agosto, a Comissão Eleitoral do
Paquistão desqualificou Khan para concorrer às eleições por cinco anos. De
acordo com a lei paquistanesa, uma pessoa condenada é impedida de liderar um
partido, concorrer a eleições ou ocupar um cargo público.
O porta-voz de Khan, Zulfiqar Bukhari, saudou a
decisão do tribunal e expressou a esperança de que o ex-premiê seja libertado
da prisão de Attock, nos arredores de Islamabad, onde está preso desde sua
detenção no início de agosto. Khan disse que sua destituição foi uma
conspiração dos Estados Unidos, de seu sucessor Shehbaz Sharif e dos militares
paquistaneses – todos eles negam as acusações. Sharif renunciou ao cargo neste
mês, após o fim do mandato do parlamento.
Fonte: Sputnik Brasil/Opera Mundi
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