Estudo mostra que “Covid longa” incapacita mais que doenças cardíacas
ou câncer
As pessoas que sobreviveram à Covid-19 no início da pandemia, antes de haver vacinas, continuaram em maior risco de uma série de problemas de saúde por até
dois anos depois de terem superado suas infecções iniciais, segundo um novo
estudo, e isso foi mais comum pior se eles foram hospitalizados.
Esses problemas de saúde, que passaram a ser
conhecidos coletivamente como Covid
longa, incluem problemas cardíacos, coágulos sanguíneos,
diabetes, complicações neurológicas, fadiga e problemas de saúde mental.
Quando os pesquisadores contabilizaram os riscos de
mais de 80 complicações diferentes associadas à Covid longa, eles traduziram o
peso coletivo do dano em uma métrica chamada “ano de vida ajustado por
incapacidade”, ou DALY, na sigla em inglês. Cada DALY representa um
ano de vida saudável perdido devido à doença.
Eles descobriram que a Covid longa gerou mais de 80
anos de vida ajustados por incapacidade, ou DALYs, para cada mil pessoas que
não foram hospitalizadas por uma infecção inicial.
Isso significa que a Covid longa cria uma carga
maior de incapacidade do que doenças cardíacas ou câncer, que causam cerca de 52 e 50 DALYs para cada mil americanos,
respectivamente, de acordo com o estudo Global Burden of Disease, do Institute for Health Metrics and Evaluation.
“Quando olhei para isso inicialmente, fiquei realmente
chocado”, disse o autor do estudo, Dr. Ziyad Al-Aly, que é diretor do centro de
epidemiologia clínica do Veterans Affairs St. Louis Health Care System. “Na
verdade, é um número enorme. Fizemos a análise várias vezes e sempre era o
mesmo”.
Depois de considerar suas descobertas, porém,
Al-Aly disse que realmente não deveria ser uma grande surpresa que a Covid
longa seja tão incapacitante, porque afeta tantas partes diferentes do corpo.
Al-Aly disse que seu estudo deveria ser um alerta.
“Acho que precisamos entender que as infecções levam a doenças crônicas e
precisamos levar as infecções a sério”, mesmo quando parecem leves, disse
Al-Aly.
O estudo, publicado na segunda-feira (21) na revista
Nature Medicine, analisou os registros médicos de quase 140 mil
veteranos que sobreviveram por 30 dias após contrair uma infecção por Covid-19
em 2020 e comparou seus resultados com quase 6 milhões de outros pacientes no
sistema de saúde do Veterans Affairs St. Louis Health Care System que não
apresentavam evidência de infecção.
A pesquisa tem algumas ressalvas importantes. Em
média, as pessoas no estudo eram mais velhas, na faixa dos 60 anos, e quase 90%
eram do sexo masculino, portanto, as descobertas podem não se refletir para os
mais jovens ou para as mulheres.
Nenhuma das pessoas no estudo foi vacinada no
momento em que foram infectadas porque as vacinas ainda não haviam sido
desenvolvidas e ainda não havia tratamentos antivirais direcionados à Covid-19.
Desde então, estudos mostraram que a vacinação e o tratamento precoce podem
ajudar a reduzir o risco prolongado de Covid.
Os pesquisadores incluíram apenas pessoas no grupo
de infecção por Covid-19 se tivessem um teste positivo, mas os testes demoraram
a ser lançados no início da pandemia, e os pesquisadores dizem que muitas
pessoas podem ter tido a infecção sem nenhum resultado de teste registrado em
seus registros médicos.
Isso pode ter resultado na inclusão de algumas
pessoas no grupo de controle quando deveriam estar no grupo de infecção. Se
fosse um grande número de pessoas, dizem os autores do estudo, seus resultados
poderiam ser uma subestimação dos verdadeiros riscos que as pessoas enfrentaram
após a infecção.
Al-Aly disse que usou esse grupo porque queria
aprender mais sobre os resultados de longo prazo para as pessoas que contraem a
Covid-19 e precisava encontrar pacientes que já tinham mais de dois anos depois
das infecções, então esses riscos podem ter diminuído ao longo do tempo conforme
vacinas e melhores tratamentos foram desenvolvidos.
Ainda assim, o estudo mostra um quadro preocupante
de quanto tempo as pessoas enfrentaram consequências físicas das infecções
antes das vacinas. O estudo descobriu que pessoas que não foram hospitalizadas
com Covid-19 ainda apresentavam um risco elevado de morte por cerca de seis
meses após adoecerem.
Ao longo dos dois anos, o risco de ter muitos
sintomas longos de Covid diminuiu, mas permaneceu elevado em cerca de um terço
das 77 doenças estudadas.
Alguns desses problemas persistentes incluíam
coágulos sanguíneos, batimentos cardíacos mais lentos do que o normal, fadiga,
diabetes, problemas gastrointestinais, problemas de sono, dores musculares e
nas articulações, dor de cabeça, perda de audição e olfato e disfunção do
sistema nervoso autônomo.
As pessoas do grupo que tiveram que ser tratadas no
hospital por causa de uma infecção inicial por Covid-19 se saíram ainda pior.
Elas permaneceram em risco aumentado de morte e hospitalização por pelo menos
dois anos após a recuperação de seus sintomas agudos.
Dos 77 problemas longos e diferentes da Covid que
foram estudados, as pessoas hospitalizadas permaneceram em risco elevado em
cerca de dois terços delas, mesmo dois anos depois. Estes incluíram problemas
cardíacos, problemas estomacais, dificuldades de memória e pensamento, coágulos
sanguíneos, diabetes e problemas pulmonares.
Elas também eram mais propensos a ter um distúrbio
de uso de substâncias, incluindo álcool e opioides e eram mais propensas a relatar
a possibilidade de suicídio.
“Nossas descobertas destacam a carga cumulativa
substancial de perda de saúde devido à Covid longa e enfatizam a necessidade
contínua de cuidados de saúde para aqueles que enfrentam a Covid longa”, disse
Al-Aly.
“Parece que os efeitos da Covid longa para muitos
não afetarão apenas esses pacientes e sua qualidade de vida, mas potencialmente
contribuirão para um declínio na expectativa de vida e também podem afetar a
participação no trabalho, a produtividade econômica e o bem-estar social”.
Ø Vacina bivalente protege contra novas variantes da Covid-19, diz
infectologista
A infectologista da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi afirmou, neste domingo (27), em entrevista à
CNN, que a vacina bivalente oferece proteção contra as formas graves das novas
variantes da Covid-19, como a EG.5 e a BA.2.86.
“As vacinas, mesmo essa bivalente que nós temos no
Brasil, elas dão proteção contra as formas graves, inclusive dessas variantes”,
declarou a professora.
Ela explicou que, ainda que as novas variantes
tenham provocado um aumento no número de casos, as taxas de hospitalizações não
subiram com a mesma velocidade apresentada em outras ondas. Stucchi disse ainda
que, as pessoas internadas, geralmente não tomaram a vacina bivalente ou tomaram
há muito tempo.
“Elas estando sendo responsáveis pelo aumento do
número de casos. Ou seja, pessoas com sintomas vão lá, testam e tem essa
variante. Estão sendo responsáveis pelo aumento das hospitalizações, mas não
está aumentando na proporção das ondas anteriores, nem aumentando óbitos. Esses
casos são pessoas que, ou não tomaram a bivalente, ou tomaram há muito tempo”,
relatou.
A infectologista pede ainda que as pessoas que
ainda não tomaram a bivalente vão aos
postos de saúde colocar sua imunização em dia. Segundo
ela, novas vacinas atualizadas devem chegar ao Brasil em até 6 meses, mas isso
não impede que as pessoas garantam a dose que é oferecida atualmente.
“Quem não fez a sua dose bivalente, ela está
disponível nos postos de saúde, deve ir lá e fazer a sua vacina para prevenção
da forma grave da doença. Devemos ter novas vacinas daqui 4 a 6 meses. Quando a
gente tiver a vacina, o grupo prioritário poderá fazer a vacina nova”,
concluiu.
Fonte: CNN Brasil
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