Glifosato: o que é e quais são os seus
riscos?
Glifosato é um agrotóxico herbicida
utilizado no mundo todo em diversas culturas agrícolas, e polêmico por ser
nocivo à saúde. Famoso e polêmico, o
herbicida glifosato (N-fosfonometil-glicina) é um dos dez agrotóxicos mais
consumidos no Brasil. Seu princípio ativo foi o mais utilizado em 2013, de
acordo com o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).
Estudos mostram que essa substância está amplamente
espalhada pelo ambiente contaminando alimentos, atmosfera, solo e lençol
freático. Além de poder causar intoxicação humana mesmo quando consumido em
baixas doses.
O glifosato elimina quaisquer plantas
sobre as quais é aplicado, independente da espécie ou da parte do vegetal.
Utilizado em diversas culturas agrícolas em todo o mundo, ele é aplicado em
várias formulações comerciais, sendo a principal o Roundup in.
O domínio desse herbicida no mercado de pesticidas
é atribuído principalmente ao uso em safras transgênicas, como soja
geneticamente modificada, milho e canola. Essas costumam ser cultivadas como
variedades resistentes ao glifosato.
Na Europa, o glifosato é comumente usado para
dessecar cereais, feijão e sementes antes da colheita. Também é usado para
eliminar ervas daninhas antes da semeadura em sistemas de plantio direto.
Estudos correlacionam o consumo
de glifosato com o aparecimento de doenças como câncer, obesidade,
diabetes, doenças cardíacas, depressão, autismo, infertilidade, mal de
Alzheimer, mal de Parkinson, microcefalia, intolerância ao glúten, alterações
hormonais, Linfoma Não Hodgkin, câncer de osso, câncer do cólon, câncer de rim,
câncer de fígado, melanoma, câncer do pâncreas, câncer de tireoide.
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Economia
O mercado global de glifosato foi avaliado em US$ 5,46 bilhões em 2012 e deve chegar a US$ 8,79 bilhões até
2019. Suas vendas decolaram no final da década de 1990, depois que a Monsanto
criou sua marca de culturas Roundup Ready, que foram geneticamente modificadas
para tolerar o produto químico, permitindo que os agricultores pulverizassem
seus campos para matar as ervas daninhas, deixando a cultura ilesa.
Hoje, as colheitas Roundup Ready representam
cerca de 90% da soja e 70% do milho e algodão cultivados nos Estados Unidos.
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Alimentos contaminados
O glifosato é aplicado nas culturas de
arroz, café, cana-de-açúcar, milho, pastagem, soja, sorgo, trigo e outras. É um
produto altamente tóxico e seu uso é proibido em países como Dinamarca, Suécia
e Noruega, entre outros.
Existe um enorme debate científico e político em
torno do glifosato. A polêmica ganhou força em 2015 após o braço de
pesquisa oncológica da Organização Mundial de Saúde (OMS) atribuir à
classificação da substância mais um grau de risco. Em ratos, foi identificada
“prova suficiente” da relação entre a exposição ao glifosato e o
desenvolvimento de tumores no sistema urinário, no pâncreas e na pele.
Esses estudos geraram grandes debates sobre a
permissão de sua comercialização. Na Europa, em 2016, não houve consenso sobre
a proibição do uso do herbicida, levando então à extensão de sua concessão para
uso por mais 18 meses, a espera das conclusões da Agência Europeia de Produtos
Químicos, mas já há proibições de seu uso não-comercial em áreas públicas e
restrições sérias ao uso na agricultura. Uma campanha envolvendo organizações
não governamentais de 15 países europeus luta para que essa permissão não seja
renovada.
Em países como a França e a Alemanha, já não é
permitido o uso de produtos transgênicos, logo, não há comercialização de
produtos tratados com glifosato, uma vez que somente os transgênicos tem
resistência para tamanho veneno. Até 2022, na França, o Poder Executivo
proibirá todos os usos do glifosato, inclusive agrícolas.
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Regulação brasileira não traz segurança
Os órgãos reguladores dos EUA consideram como
Ingestão Diária Aceitável (IDA) de glifosato 1,75 miligramas por kilo
de peso corporal (1,75 mg/kg/dia). Na União Europeia, esse limite é de 0,3
mg/kg/dia.
Esses níveis de tolerância foram definidos com base
em estudos patrocinados pelas próprias corporações fabricantes de agrotóxicos e
mantidos em sigilo em nome do segredo industrial. Uma equipe de cientistas
internacionais reclama para que haja uma IDA muito mais baixa, de 0,025
mg/kg/dia – 12 vezes inferior ao definido atualmente na Europa e 70 vezes menor
que o permitido nos EUA.
Nos EUA, em 2014, depois da divulgação de que o glifosato
é possivelmente cancerígeno e de terem sido encontrados vestígios do herbicida
na água, comida, urina e no leite materno, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA,
na sigla em inglês) anunciou exigências sobre a implantação de um plano de
manejo para o glifosato.
Já no Brasil, o limite de ingestão é de 0,042
mg/Kg/dia, com um detalhe:
O glifosato não está incluído nos testes
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para resíduos de
agrotóxicos em alimentos. Isso muito embora sua comercialização tenha
aumentado, triplicando sua importação em 2016.
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Estudos
Várias empresas afirmam que
o glifosato tem baixa toxicidade para os animais. Incluindo os
humanos, declarando que muitos estudos realizados por autoridades nos últimos
40 anos não mostraram nenhum risco inaceitável para a saúde humana. No entanto,
o que as autoridades públicas fazem é somente avaliar os estudos feitos pelas
empresas que se candidatam para obter autorização.
Muitos desses estudos seguem protocolos
desatualizados, projetados há 50-100 anos para avaliar riscos decorrentes de
exposição aguda de venenos brutos, não sendo adequados para revelar riscos de
baixa exposição durante um longo período. Essas pesquisas são também guardadas
como segredo industrial, de forma que não podem ser examinadas por cientistas
públicos ou independentes.
Em contraste, numerosas pesquisas realizadas por
cientistas independentes da indústria mostram que o glifosato, o
ingrediente ativo presumido do Roundup, é tóxico. Além disso, as
formulações comerciais de herbicidas à base de glifosato contêm ingredientes
adicionados (adjuvantes) e são mais tóxicas do que o glifosato sozinho.
Portanto, as garantias de segurança não se aplicam às formulações completas, já
que são substâncias química e biologicamente diferentes.
Contaminação cruzada
Um teste realizado pela Administração de Alimentos
e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para verificar a
presença de resíduos de glifosato em alimentos encontrou níveis
alarmantes de contaminação em vários produtos, mostrando a ineficiência da
regulação de resíduos de pesticidas. Outro estudo intitulado “Glifosato:
inseguro em qualquer prato, solicitado pelas organizações Food
Democracy Now! e The Detox Project, também reuniu pesquisas
independentes, realizadas em outros países, que chegaram aos mesmos resultados.
Os testes promovidos pelo Food Democracy
Now! revelaram concentrações alarmantes de glifosato em
muitos alimentos populares. Salgadinhos Doritos, da Pepsico, flocos de milho da
Kellogg’s e biscoito Oreo, da Kraft Foods, obtiveram resultados entre 289,47 e
1.125,3 partes por bilhão (ppb). Já é provável que o glifosato cause dano em
níveis muito baixos, como 0,1 ppb.
Em 0,005 ppb há danos nos rins e fígado de ratos,
por conta de alteração nas funções de 4.000 genes. Se comparamos esses dois
dados percebemos quão suscetíveis estamos aos efeitos de intoxicação
por glifosato, levando estudos independentes a concluirem que não há nível seguro de glifosato
para a saúde humana e animal!
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Doenças graves causadas pelo glifosato
A ingestão de glifosato está associada a
desordens gastrointestinais, obesidade, diabetes, doenças
cardíacas, depressão, autismo,
infertilidade, câncer, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, microcefalia,
intolerância ao glúten e
alterações hormonais. E a lista não para de crescer.
O glifosato pode ter um forte impacto
sobre as espécies bacterianas do microbioma humano. Vários estudos mostraram que as perturbações no microbioma intestinal humano
estão relacionadas a muitas doenças. Portanto, o uso generalizado de glifosato
pode ter um forte efeito nos microbiomas intestinais, bem como na saúde humana.
Além disso, ele é responsável pelo surgimento de superbactérias.
Em março de 2015, a Agência de Pesquisa sobre
Câncer (IARC, na sigla em
inglês) da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou ser o glifosato
“provável causador de câncer humano”. A decisão foi baseada em pesquisas de 17
especialistas em câncer de 11 países, que se reuniram para avaliar o potencial
cancerígeno de cinco pesticidas.
Os tipos de câncer que se mostraram mais
preocupantes foram: Linfoma Não Hodgkin, câncer de osso, câncer do cólon,
câncer de rim, câncer de fígado, melanoma, câncer do pâncreas e câncer de
tireoide. No começo de 2013, foram revelados documentos que mostram que a Monsanto encobriu o potencial carcinogênico do glifosato por
muito tempo.
Seu uso também está relacionado com o
desenvolvimento de microcefalia. Em 2009, o médico geneticista e pesquisador
argentino, Andrés Carrasco, publicou um estudo mostrando sérios efeitos
do glifosato na ocorrência do nascimento de bebês com microcefalia e
outras deformações.
Um número crescente de evidências científicas
aponta o glifosato como desregulador endócrino.
Há mais de duas décadas estudos vêm mostrando que
mesmo um baixo nível de exposição a certos produtos químicos,
o glifosato entre eles, pode alterar a produção e recepção de
hormônios vitais para o corpo, permitindo o desenvolvimento de problemas
reprodutivos, abortos e reduzindo a fertilidade.
As mudanças nos níveis hormonais também podem
resultar no início prematuro da puberdade, obesidade, diabetes, problemas com a
função imune e comportamentais, como déficit de atenção e hiperatividade.
Novas pesquisas geram crescente preocupação quanto
aos prováveis efeitos deste herbicida no equilíbrio do microbioma
gastrointestinal, ou bactérias intestinais benéficas, Elas associam seu consumo
ao aumento do número de espécies patogênicas. Algumas das consequências são a
síndrome do intestino irritável e a intolerância a glúten.
Um estudo divulgado pela Associação Argentina de
Jornalistas Ambientais, publicado em março pela Sociedade Americana de Microbiologia na
revista científica mBio Magazine, correlaciona o
herbicida glifosato – e outros dois herbicidas amplamente utilizados
na agricultura, com o desenvolvimento de bactérias super-resistentes.
O estudo demonstrou que a exposição aos herbicidas
comerciais é capaz de modificar a forma com que as bactérias respondem a uma
série de antibióticos de uso comum.
Cientistas descobriram também que pessoas
cronicamente doentes têm níveis “significativamente mais altos
de glifosato na urina do que pessoas saudáveis”. Foi verificado ainda
que pessoas com dieta convencional têm muito mais resíduos deste agrotóxico do
que aquelas que se alimentam com comida orgânica.
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Contaminação por toda parte
Um estudo da Food Democracy Now! mostrou
que o uso de glifosato nos EUA levou à contaminação do ambiente em
larga escala. Foram descobertos resíduos deste herbicida na água, em vários
alimentos do dia a dia, na urina humana, no leite materno e na cerveja.
O herbicida está tão espalhado no ambiente que,
segundo pesquisa feita pelo Órgão de Pesquisa Geológica dos EUA (U.S. Geological
Survey – USGS), sua presença foi detectada em mais de 75% de amostras de ar e
de água de chuva no estado do Mississipi, nos EUA, juntamente com a do
metabólito AMPA, um derivado tóxico da degradação do glifosato no
ambiente.
Sabe-se que a pulverização aérea deste herbicida
leva-o a corpos d’água e nuvens, pela evaporação. Elas podem precipitar em
locais distantes causando então sua distribuição em locais muito afastados de
sua aplicação.
O glifosato adere fortemente ao solo, não
sendo esperado por isso que ele e o AMPA passem por águas subterrâneas.
No entanto, ele tem o potencial de contaminar águas
de superfície por conta da possível erosão de sedimentos ou partículas
suspensas.
Além disso, o agrotóxico não se quebra facilmente
nem na água nem por fotólise. Sua mineralização é favorecida pelo contato com
as partículas do solo nas quais adere. Logo, dificultando ainda mais sua
degradação, sendo que o glifosato tende a persistir durante mais tempo em
condições aeróbias do que anaeróbias.
Um estudo de monitorização realizado na Dinamarca
entre 1999 e 2009 revelou que o glifosato poderia ser transportado de
terrenos contaminados para águas subterrâneas e rios através da infiltração das
águas de chuvas (com precipitação superior a 50 mm/dia).
Além disso, seu uso causa crescimento do número de
“ervas daninhas” resistentes ao glifosato. Isso leva muitos fazendeiros a
usarem ainda mais o herbicida, de modo que há uma maior concentração de
glifosato sendo consumido.
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Então, há como evitá-lo?
Há uma situação de descontrole por conta da falta
de fiscalização, da corrupção e pelas grandes multinacionais que fabricam esses
venenos dominarem a mídia. Além de serem responsáveis por quase todos os
estudos e terem grande influência sobre as decisões em torno de sua utilização.
Infelizmente, muitos estudos são abafados por essas
empresas e seus produtos continuam sendo altamente comercializados. Assim,
destruindo de forma acelerada o meio ambiente, a saúde humana e afetando as
gerações futuras.
A contaminação em alimentos não pode ser removida
na lavagem e não é eliminada com cozimento, congelamento ou processamento. Não
há outra forma de evitá-lo sem ser não consumir alimentos que o contenham.
Então opte pelo consumo de orgânicos (vegetais
livres de agrotóxicos e não transgênicos). Para saber mais sobre agricultura
orgânica dê uma olhada na matéria:
Existem no mercado alternativas para o combate de
pragas e ervas daninhas, como, ácidos naturais feitos à base de vinagre e ácido
cítrico. Esses são alguns dos métodos utilizados na agricultura orgânica.
Fonte: eCycle
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