César Fonseca: Haddad racha PT com o arcabouço/calabouço fiscal
neoliberal
Os impérios começam a se desmoronar de dentro para
fora.
Os rachas acabam sendo fatais.
O PT não tem viés bolchevique socialista.
Tende à conciliação.
Lula, presidente, autenticamente, popular é,
essencialmente, conciliador.
Herdou de FHC o desastre privatista e se recusou a
investigar o vendilhão da pátria.
Não foi a fundo na investigação do roubo
escancarado que foi a privataria da Vale do Rio Doce, maior mineradora do
mundo, doada por 30 tostões.
Jogou para debaixo do tapete essa herança e buscou
conciliação com os tucanos, que nunca gostaram de petista.
A história acabaria demonstrando essa evidência.
Depois de ser derrotado seguidamente por quatro
eleições para Lula e Dilma, preferiram aliar-se à direita – e em seguida – à
ultradireita do que marchar junto com a esquerda para fazer a revolução
social-democrata brasileira nacionalista getulista.
A missão fernandina foi, sobretudo, dar cado da Era
Vargas.
O PT tem nostalgia de ter nascido de uma costela de
Adão, isto é, dos tucanos.
Golbery queria uma esquerda conciliadora para
rachar o varguismo, enquanto dava o PTB de presente para Ivete Vargas.
Matou no nascedouro a candidatura de Brizola, o fio
da história.
Em vez de botarem a mão para o céu e agradecer essa
graça dos deuses por terem livrado os petistas dos seus algozes, antes que
estes os esfaqueassem pelas costas, renderam à pregação dos traidores, numa
conciliação criminosa, como diria Lauro Campos.
Abandonaram Paulo Freire, o libertário da educação.
Traíram Vladimir Palmeira e Darcy Ribeiro, na
disputa eleitoral pelo governo do Rio de Janeiro, dando preferência a Fernando
Gabeira, garoto-propaganda da Globo, acabando por eleger Moreira Franco,
direita carioca que vira pó para a milícia cheirar.
Acabaria o PT como globo-dependente, como é
possível ver, agora, enquanto a comunicação popular das rádios e tevês
comunitárias mergulham na falta de apoio e insuficiência financeira pelo
governo popular..
Haddad vira manchete do Globo para, com o ego
ferido, deitar falação contra o partido.
Mina as forças partidárias como fura-greve.
Repete Zinoviev e Kamenev, acusados por Lenin de
fura-greve, em 18 de outubro de 1917, no auge da insurreição bolchevique, por
se renderem ao chamamento burguês neoliberal de Kerenski.
Haddad rompeu com Lenin em tese acadêmica em que
repudia o bolchevismo de 1917, em sua máxima pregação revolucionária:
estatização dos bancos públicos, para promover socialismo sustentável livre da
financeirização jurista imperialista.
Diabolizou a lição leninista colhida do marxismo
expresso no Manifesto Comunista de 1847/48, programa essencial de Marx na luta
político-partidária dos comunistas para construção da sociedade socialista.
O arcabouço/calabouço fiscal monetarista que
Haddad, cria do Insper-Febraban, negociou com o parlamentarismo neoliberal da
Faria Lima vira, em 2024, o calvário do PT no enterro do PAC lulista, nas águas
do monetarismo ditado pelo Banco Central Independente, a fim de consagrar o
triunfo da bancocracia tupiniquim.
Ø Haddad
expôs o PT e os sinais de desaceleração econômica estão só no começo, diz
Samuel Braun
O professor de políticas públicas Samuel Braun,
ligado ao Partido dos Trabalhadores, criticou duramente a entrevista concedida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao jornal O
Globo, em que ele critica o Partido dos Trabalhadores por não reconhecer seus
méritos nos números da economia. Segundo ele, Haddad expôs o PT e aposta numa
política econômica que já aponta sinais de desaceleração econômica. Confira:
Por Samuel Braun, em seu perfil no X – Não é
razoável que o ministro da Fazenda, que já foi candidato a presidente pelo
partido, vá a um programa da Globo dizer que o PT está dizendo que “tá tudo
errado, tem que mudar tudo” no governo Lula.
Não é razoável porque isso jamais foi
dito, por qualquer dirigente, parlamentar ou militante. O que Haddad fez foi se
valer da Globo pra atacar a nota da Conferência Eleitoral do PT.
Quem não conhece funcionamento de
partido, via de regra tem os diretórios municipais, os estaduais, e suas
respectivas executivas, e o diretório nacional, sim a executiva nacional. Acima
dessas instâncias, uma ainda mais democrática porque participativas, as
Convenções e Conferências. Esta última participam geralmente todos os cargos
citados, mais membros de setoriais temáticos (mulheres, cultura, lgbt,
juventude, sindical, etc).
Pois foi nessa instância, que
representa a pluralidade e a abrangência nacional do maior partido de esquerda
nacional, que a referida nota foi feita. A maior expressão da democracia
interna, calcada sobretudo em fatos concretos.
Ante tal manifestação, o papel de quem
pretende ser liderança de destaque do partido, é acolher a orientação e abrir
diálogo construtivo. Rever suas escolhas e entender até que ponto todos estão
errados, abaixo, do lado e acima, enquanto se acredita estar solitariamente
certo. Um gesto de grandeza ao menos para com Lula, que o banca mesmo
publicamente discordando.
O post de Lindbergh pincela as razões
técnicas que levam a esmagadora maioria dos economistas da esquerda apontarem o
erro da política escolhida por Haddad. A nota, o post e todas as manifestações
críticas explicitam as causas do sucesso do ano de 2023. Até mesmo o FMI, e
economistas com prêmio Nobel e tradição ortodoxa, endossam o diagnóstico. Não
bastasse, a turba liberal, que destruiu a economia nos últimos anos com seu
receituário, complementa a certeza ao ser os únicos que concordam com a escolha
de política fiscal de Haddad.
Parece que o ministro está convencido
que precisa atravessar a tormenta e sair do outro lado invicto, bradando ter
sido o único que tinha razão. Como capitão da nau econômica, é uma escolha que
arrasta a todos, e mesmo que fosse verdade que saísse inteiro neste rumo, vale
sacrificar a tripulação pra provar ter razão? Isso não é liderança, é orgulho.
O pior é que, ao arremeter o navio contra os icebergs, quando fizer água não
será só seu orgulho a ser ferido, mas todos, a começar pelos níveis inferiores do
convés.
O ministro colheu e se fartou da safra
que não plantou. Orgulhosamente exibe a colheita recorde da PEC da Transição,
enquanto joga fora as sementes de déficit de 130 bilhões, regadas a 9% de
aumento de gastos, e terraplana o campo pra déficit e gastos zero. Não faz
sentido. E a quem critica sua terraplanagem, diz: “cale-se, veja minha
colheita”.
Não sou do grupo de Lindbergh no PT.
Sou do grupo que Gleisi constrói, e que Haddad usufrui. Recentemente divergi do
deputado numa eleição aqui no Rio. Ou seja, não estou fazendo disputa interna
com Haddad. Ele é que está lutando contra a realidade e expondo o partido. E os
sinais de desaceleração da economia estão só no início. Será esta sua atitude
ao bater com os icebergs do rumo que escolheu? Ainda dá tempo de girar o leme e
por força total na política econômica que o PT defende.
Ø Roberto
Campos e Fernando Haddad, uma dupla de pé trocado. Por Francisco Calmon
O BC não tem mais credibilidade. Análises e
previsões foram todas erradas.
Mesmo assim, mantém a mesma política de juros.
Reduções a conta gotas. Homeopatia rentista.
Roberto Campos reconhece sorrindo seus desacertos,
como se fosse um simples joguinho de adivinhação, onde errar e acertar fossem
sem consequências para o Brasil. Ele sorri dos próprios erros. Cinismo!
Quais os modelos que precisam ser revistos, é nisso
que tem que fazer autocrítica e prestar contas ao país.
Os economistas do mercado, apesar de todo o
fracasso de análise e previsão, continuam sendo profissionais perigosos à
democracia e ao país.
As pessoas carentes costumam cobrar amor,
solidariedade, afeto, acalento, mas na política isso soa como imaturidade.
Lembro da carta de Temer a Dilma, ressentido por não se sentir prestigiado, e
acabou por traí-la.
Haddad começou o ano com o pé direito.
Queixoso de que só Lula recebe as glórias dos
resultados econômicos, que reivindica como suas. Esquecendo também que sem a
equipe que o acompanha não teria conseguido esses tais feitos.
Haddad é obra do Lula e do PT, sem os quais não
teria a trajetória política de vitórias e derrotas que tem.
Além de ressentido, carente, mostrou-se açodado, ao
lançar prematuramente o debate de substituição de Lula no cenário político.
Quero crer que o ego não tenha inflado até se
comunicar com Deus e dele ter ouvido alguma coisa a respeito da longevidade do
presidente.
A dupla empanou os feitos do governo e prestou um
serviço aos interesses da sempre intrigueira, divisionista e golpista Globo.
Lembremos do velho caudilho Leonel Brizola, onde a
Globo estiver, estejamos do outro lado.
O cerco dos três êmes, mercado, mídia e militares,
representados pelos presidentes do Senado, da Câmara, do Banco Central, do
Ministro da Defesa, ao Lula, parece que querem fazer do ministro da fazenda o
seu cavalo de troia.
Fechamos o ano bem e abrimos muito mal o novo; se
não houver olhos e antenas bem vivas e ligadas, o começo da estratégia da
direita ideológica nas eleições municipais pode estar sinalizado.
Fonte: Brasil 247
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