Novo Plano Safra:
Lula anunciam aumento de 27% em relação ao que foi oferecido no governo
Bolsonaro
Em
um discurso no qual buscou fazer acenos tanto ao agronegócio quanto aos
movimentos de luta pela terra, com direito a algumas críticas aos dois lados, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta terça-feira (27) o Plano
Safra 2023/2024, com aumento de 27% em relação ao ano passado. O plano irá
disponibilizar recursos no valor de R$ 364,22 bilhões destinados ao crédito
rural, com objetivo de apoiar médios e grandes produtores rurais até junho de
2024.
Do
total de recursos disponibilizados pelo governo para a agricultura empresarial,
R$ 272,12 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, representando
um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Além disso, serão alocados para
investimentos um total de R$ 92,1 bilhões, um incremento de 28% em relação ao
oferecido no último ano do governo anterior. Esses recursos contemplarão
produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural
(Pronamp) e outros.
O
presidente Lula afirmou, durante o lançamento do Plano Safra 2023/2024, que o
governo vai implementar uma renovada política de assentamento que terá como
objetivo estabelecer reserva de terras não produtivas. Lula também declarou que
pretende criar uma lista de terras a serem avaliadas pelo Incra, que serão
disponibilizadas a esse programa de assentamento. O presidente disse acreditar
que essa iniciativa levará os movimentos de luta pela terra a tomar posse de
propriedades rurais sem que seja necessária a invasão.
“Recentemente,
conversei com o ministro Paulo Teixeira e perguntei: ´Por que devemos esperar
que um movimento invada uma terra para que o Incra avalie se ela é produtiva ou
não?' Em vez de permitir invasões, iremos disponibilizar as terras. Essa é uma
ideia nova que não foi considerada durante meu primeiro e segundo mandatos. Surgiu
agora e a colocaremos em prática. Estabeleceremos uma reserva de terras
consideradas improdutivas no país, assim como terras devolutas, para a criação
de assentamentos agrícolas destinados àqueles que desejam trabalhar no campo,
sem a necessidade de conflitos”, afirmou Lula.
Em
relação ao agro, o presidente Lula disse que “ninguém é obrigado a gostar de
ninguém”, mas que todos os segmentos precisam se respeitar e se tratar de forma
civilizada. Para o presidente, o seu governo está priorizando os interesses
coletivos e não os individuais. Lula também não deixou de fazer críticas ao
presidente anterior, Jair Bolsonaro, ao dizer que o Brasil não tem aptidão para
viver em uma ditadura.
“Aqui
não tem nenhuma criança. Todo mundo aqui é adulto e sabe o que aconteceu nesse
país. Esse país não tem aptidão para autoritarismo. Esse país não tem aptidão
para voltar a ter ditadura. Quem quiser implantar ditadura vá para outro lugar.
Neste país, a gente aprendeu a gostar de democracia. E democracia é a
convivência na diversidade”, destacou Lula.
“Se
enganam aqueles que pensam que o governo pensa ideologicamente quando vai
tratar de um Plano Safra. Se enganam aqueles que pensam que o governo vai fazer
mais ou menos porque tem problemas ou não com o agronegócio brasileiro. A
cabeça de um governo responsável não age assim. A cabeça de um governo
responsável não tem a pequenez de ficar insultando e insuflando o ódio entre as
pessoas. Esse país só vai dar certo se todo mundo ganhar”, completou o
presidente.
Participaram
da cerimônia de lançamento do Plano Safra o presidente Lula; o vice-presidente
Geraldo Alckmin; a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; o
presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG); e ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro
(Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Marina Silva (Meio
Ambiente) e Rui Costa (Casa Civil).
Lula promete Planos Safra cada vez
maiores, após valor recorde
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu nesta terça-feira (27) que
as próximas edições do Plano Safra serão melhores a cada ano, após o anúncio de
um valor recorde para a edição 2023/2024.
"Não
tenho medo de dizer para vocês que todos os anos vamos fazer planos melhores do
que o ano anterior", afirmou o presidente, durante cerimônia no Palácio do
Planalto.
O
Plano Safra 2023/2024 irá somar R$ 364,22 bilhões para o financiamento da
atividade agropecuária de médio e grandes produtores, um valor recorde,
conforme antecipou a Folha. O anúncio acontece em meio aos esforços do governo
para melhorar a relação com o agronegócio, setor que esteve próximo de Jair
Bolsonaro (PL).
O
próprio presidente tem dado declarações na linha de que não existe discordância
econômica do agronegócio com o seu governo. No entanto, afirmou que existe um
"problema ideológico" do setor com a sua gestão.
O
Plano Safra, cujo objetivo é financiar a atividade agrícola no Brasil, é visto
como senha para tentar melhorar a relação com um segmento que tem puxado o
crescimento econômico neste início de ano.
O
lançamento foi realizado em evento no Palácio do Planalto, onde Lula foi
acompanhado por pelo menos 14 ministros. Entre eles, Fernando Haddad (Fazenda),
Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e
Agricultura Familiar), Marina Silva (Meio Ambiente) e Rui Costa (Casa Civil),
além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo
Alckmin. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se sentou ao lado de
Lula.
Por
outro lado, o evento teve menos representantes do Congresso do que nas
cerimônias nos últimos anos de Bolsonaro. Poucos integrantes da bancada
ruralista foram ao Planalto.
A
ala de parlamentares foi ocupada pelo núcleo da articulação política, como os
líderes do governo José Guimarães (PT-CE), Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe
Rodrigues (sem partido-AP), e o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).
O
presidente da bancada ruralista, deputado Pedro Lupion (PP-PR), não compareceu
ao lançamento do Plano Safra porque está numa missão oficial na Argentina.
A
cúpula da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) foi representada por Arnaldo
Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da bancada na Câmara, e pelo deputado
Fábio Garcia (União Brasil-MT), um dos coordenadores do grupo
Integrantes
da Câmara afirmam que a baixa presença no evento de Lula se deve à data
escolhida pelo presidente para anunciar o programa para o agro. A semana está
esvaziada pelas festas de São João no Nordeste e pela ausência de sessões na
Câmara por causa da viagem do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a um
evento em Portugal.
Entre
parlamentares de partidos aliados ao governo, poucos líderes foram ao Planalto.
O líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), e a senadora Leila Barros
(PDT-DF) estiveram no lançamento.
No
dia seguinte ao anúncio para médio e grandes produtores, Lula irá apresentar o
volume de recursos destinados ao crédito rural para a agricultura familiar.
A
expectativa, segundo integrantes do governo, é que o valor total do plano fique
entre R$ 420 bilhões e R$ 430 bilhões –o que representaria um recorde e forte
aumento em relação ao pacote anterior, que somou R$ 340,9 bilhões lançados por
Bolsonaro para a safra 2022/2023.
Segundo
o governo, a parte do plano lançada nesta terça é 27% maior do que a da safra
anterior (R$ 287,16 bilhões no ano passado).
As
taxas de juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para os
produtores enquadrados no Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor
Rural). Para os demais, serão de 12% ao ano.
Lula
aproveitou para criticar a União Europeia, que vem colocando novas exigências
ambientais como condição para ratificar o acordo com o Mercosul. "Quem
cumpriu mais metas do que nós?", questionou o mandatário.
Fávaro,
por sua vez, fez um discurso duro contra o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto.
"Como
senador da República, temos que convocar o presidente do Banco Central. Temos
que saber qual é a responsabilidade dele com o Brasil", disse o ministro.
Fávaro foi eleito senador, e se licenciou do cargo para ocupar o primeiro
escalão do governo Lula.
"Qual
o sentido se faz de ter taxa básica de juros, a Selic, de 13,75%. O que ele
pensa dos empregos, do desenvolvimento desse país? Quem aprovou o nome dele foi
o Senado Federal e ao aprová-lo foi nessas bases e nesses compromissos",
concluiu.
A
ministra Marina Silva (Meio Ambiente) também discursou no evento. Ela destacou
as medidas de incentivo a práticas ambientais no setor do agronegócio.
"Os
senhores poderão ser a linha de frente dessa exportação de
sustentabilidade", disse, se referindo aos ruralistas.
Haddad atenderá pedido de ruralistas a
Lula
O
deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), em nome da Frente Parlamentar Agrícola,
pediu a ministros de Lula apoio em uma negociação com o Banco Central.
A
bancada ruralista quer ampliação da exigibilidade de créditos ao agronegócio. A
medida depende da reunião do Conselho Monetário Nacional, marcada para a
próxima quinta-feira.
“O
que nós queremos é que o Banco Central aumente o grau de exigibilidade.
Leia-se: os recursos que são aplicados, que têm origem no agro, como o LCA, que
sejam aplicados mais no agro e não uma aplicação livre”, diz Jardim.
Atualmente,
do valor arrecadado com letras de crédito do agronegócio, 35% deve ser aplicado
na atividade agropecuária. Uma decisão do Conselho Monetário Nacional pode
garantir mais recursos destinados ao setor.
A
reunião contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos
Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Marina Silva
(Meio Ambiente).
No
encontro, a bancada ruralista pediu atenção especial ao seguro rural e à
armazenagem no próximo Plano Safra, anunciado nesta terça-feira.
Expostos no governo Lula, ruralistas
traçam estratégia de comunicação
A
Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) realizou ontem uma reunião com
assessores da área de comunicação da bancada ruralista para discutir um
“alinhamento” nos argumentos para rebater críticas e denúncias contra
deputados, senadores e até governadores desse grupo.
O
entendimento do comando da bancada é que os parlamentares estão muito expostos
no governo Lula e estão sofrendo ataques de publicações e também em espaços
onde deveriam ter controle da situação, como a CPI do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A
frente dos deputados ligados ao agronegócio se incomodou, por exemplo, com a
publicação “De olho no agronegócio”, que se apresenta como observatório do
agronegócio no Brasil.
Em
material recente, essa publicação listou propriedades rurais que sobrepõem
terras indígenas e cujas áreas estão nas mãos de políticos. O título da matéria
é “Os invasores políticos”.
Fonte:
BN/FolhaPress/Veja/Metrópoles
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