quinta-feira, 29 de junho de 2023

DAMARES EMPREGA INTEGRANTE DOS 300 DO BRASIL, PRIMEIRO ACAMPAMENTO QUE ATACOU O STF

UMA TESE TEM GANHADO força na CPMI do Golpe. Entre os deputados e senadores, é quase um consenso que o 8 de Janeiro começou bem antes da destruição dos prédios por terroristas naquela tarde de domingo. Um dos marcos do ataque violento às instituições nos últimos anos, especialmente ao Judiciário, foi o acampamento 300 do Brasil, que culminou com fogos lançados contra o prédio do Supremo Tribunal Federal em junho de 2020.

Pouco mais de três anos depois daquele movimento golpista, uma ex-integrante tem dado expediente no gabinete da senadora Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro, eleita pelo Republicanos no Distrito Federal nas eleições de 2022. Cynthia Espírito Santo Soares Pereira, também conhecida como Pastora Cynthia, ocupa desde fevereiro um cargo de assessora parlamentar, com salário bruto mensal de R$ 12 mil.

Embora Cynthia não responda a processos por sua participação nos atos, há diversos elementos que apontam para sua posição proeminente no 300 do Brasil. Em 8 de maio de 2020, por exemplo, a extremista Sara Winter publicou um texto em sua conta no Twitter, hoje suspensa por determinação judicial, que fazia referência à Pastora Cynthia como uma das responsáveis pelo movimento.

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A mensagem dizia: “Bem-vindo aos 300 do Brasil, de acordo com minha amiga, Pastora Cynthia, um movimento ‘para militar’, para dona de casa, para microempresário, para estudante, para mãe, para vó, é para quem quiser vir defender o Brasil dessa corja!”.

Além disso, nas suas próprias redes sociais, Cynthia tem até hoje fotos que mostram sua presença no acampamento em Brasília nas datas dos atos. As imagens retratam sua atuação em diferentes posições, como montando barracas no gramado da Esplanada dos Ministérios, servindo comida aos acampados e discursando com um microfone em mãos.

As manifestações foram convocadas logo nos primeiros meses da pandemia de covid-19 e reuniram manifestantes que defendiam o fechamento do Congresso e do STF e a reedição do AI-5, o ato institucional que endureceu o regime militar. A repercussão negativa fez o procurador-geral da República, Augusto Aras, pedir a abertura de uma investigação após os atos realizados em 19 de abril daquele ano. Como deputados federais estavam entre os alvos, o STF foi incumbido da apuração, no que ficou conhecido como o inquérito dos atos antidemocráticos.

O próprio presidente Jair Bolsonaro discursou no protesto realizado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, naquele 19 de abril. Bolsonaro e Cynthia, no entanto, nunca estiveram entre os alvos definidos pela PGR. Em 2021, sem concluir os trabalhos, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, arquivou o inquérito e abriu uma nova frente de investigação — esta, para verificar a existência de uma organização criminosa digital que atenta contra a democracia, no “inquérito das milícias digitais”.

O marido de Cynthia, também líder dos atos de 2020 e grande divulgador da atuação da esposa em suas redes sociais, enfrentou as consequências de seu envolvimento com os 300 do Brasil. Conhecido como Pastor Marlan, ele foi expulso em maio de 2020 do Cidadania, partido ao qual era filiado, devido à participação em atos considerados criminosos e contrários ao estado democrático de direito.

O Cidadania justificou sua expulsão com base em sua identificação como “um dos líderes do movimento que ameaçava invadir e fechar os poderes Legislativo e Judiciário, além de pedir a intervenção militar no regime de governo”.

O marido de Cynthia é figurinha carimbada na extrema direita do Distrito Federal. Nos registros do Senado, consta que, em 2014, Marlan participou de uma audiência pública presidida por Cristovam Buarque para tumultuar o debate sobre a legalização da maconha medicinal. Na ocasião, o pastor chegou a tentar dar voz de prisão a um ativista que disse fazer uso da substância CBD (presente na cannabis sativa).

Em 2020, pouco antes de atuarem no acampamento dos 300 do Brasil, Marlan e Cynthia haviam se empenhado na criação do Aliança Pelo Brasil. A atuação intensa no recolhimento de assinaturas para legalizar a criação da sigla junto à Justiça Eleitoral, porém, não deu resultado. No ano seguinte, a ideia já havia naufragado, e Bolsonaro acabou indo para o PL. Antes disso, porém, Marlan chegou a ser entrevistado pelo portal Metrópoles como porta-voz do partido natimorto.

“Estamos muito infelizes com esse baixo número de confirmações no TSE, eu mesmo já coletei mais de 10 mil assinaturas, nós temos um milhão no país todo. Mas vamos responder coletando mais, vamos criar o partido dele [de Bolsonaro] com 2 milhões de pessoas”, disse. Nas redes, Marlan exibe fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, então no PSL e, hoje, no PL. O casal também não poupa fotos e vídeos em que exibe a relação de longa data com Damares Alves.

Apesar dos ataques às instituições democráticas e ao estado democrático de direito, Marlan, assim como sua esposa, também não recusa um cargo público. Em outubro de 2021, foi nomeado diretor na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal no primeiro mandato do governador Ibaneis, do MDB. No mês seguinte, porém, a indicação foi revogada. Questionados pelo Intercept, Marlan e o governo distrital não explicaram a razão.

Por meio de nota, o gabinete de Damares afirmou que a senadora “tinha conhecimento que Cynthia Pereira participava de grupos de direita que defendiam políticas públicas em favor da vida e da família, contrárias à legalização das drogas e ao aborto, sempre atuando de forma pacífica, mas não sobre possível participação no movimento “300 do Brasil””. 

Questionada se considera a presença de Cynthia em seu gabinete condizente com os valores democráticos e o respeito às instituições que devem ser mantidos pelos servidores públicos, o gabinete da senadora respondeu: “Considerando que a senadora sabia apenas que a referida colaboradora participava de grupos de Direita que defendiam políticas públicas em favor da vida e da família, contrárias à legalização das drogas e ao aborto, sempre atuando de forma pacífica, não vê nada que desabone a atuação da mesma como membro de sua equipe”.

A senadora ainda afirmou que Cynthia “foi contratada com base em sua experiência profissional, seu conhecimento técnico e sua atuação nas áreas de Comunicação e de defesa das mulheres. A colaboradora faz parte da equipe de Comunicação do gabinete, atuando nas atividades de produção e divulgação de conteúdos jornalísticos, bem como no apoio à atuação da senadora em ações voltadas à defesa das mulheres.”

·         Gabinete do golpe

Cynthia não é a única servidora do gabinete de Damares Alves que se envolveu em ataques às instituições, atos terroristas e divulgação de notícias falsas. Durante sua atuação no governo de Jair Bolsonaro, a ex-ministra teve pelo menos quatro assessores nessas condições.

Um deles, Wellington Macedo, está foragido desde que foi alvo de um pedido de prisão em 16 de janeiro por tentar explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília. Ele atuou como assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do MMFDH, indicado por Damares, entre fevereiro e outubro de 2019.

Outro, Renan Sena, preso em 20 de janeiro na Operação Lesa Pátria por suspeita de coordenação e financiamento dos atos terroristas de 8 de janeiro, atuou como analista de projetos do setor socioeducativo do mesmo ministério, como funcionário terceirizado. Antes, havia protagonizado um ataque a enfermeiros que protestavam na Praça dos Três Poderes.

Sara Winter, outra líder dos 300 do Brasil, presa por nove dias em junho de 2020 por ameaças a ministros do STF, chegou a ocupar o cargo de chefe da Coordenação Geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade entre abril e dezembro de 2019 no ministério de Damares. Ela recebia um salário de R$ 5.685,00 e estava vinculada à Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres.

Oswaldo Eustáquio, blogueiro preso duas vezes por ataques à democracia, foi assessor de Damares durante a transição de governo. Após a posse de Bolsonaro, sua esposa, Sandra Terena Eustáquio, foi nomeada secretária de Igualdade Racial, uma das pastas mais importantes do antigo ministério chefiado por Damares.

 

Ø  Tarcísio promulga lei que homenageia expoente da ditadura militar

 

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) promulgou nesta quarta-feira (28) uma lei em homenagem ao coronel Erasmo Dias, expoente da ditadura militar.

Como Tarcísio está em Portugal, onde participa do Fórum Jurídico de Lisboa, a iniciativa de aprovar o decreto do ex-deputado Frederico D’Ávila (PL) coube ao vice-governador Felício Ramuth (PSD) e aos secretários Gilberto Kassab (Governo), Natália Resende (Infraestrutura) e Edilson José da Costa (secretário-executivo da Casa Civil).

A lei estabelece que um entroncamento localizado na cidade natal do homenageado, Paraguaçu Paulista, passe a ser denominado “Deputado Erasmo Dias”.

Dias foi deputado federal entre 1979 e 1983 e estadual entre 1987 e 1999. Ele morreu em 2010 aos 85 anos.

Secretário de Segurança Pública de São Paulo de 1974 a 1979, ele ficou conhecido por comandar a invasão na PUC de São Paulo em setembro de 1977, na última grande operação do regime militar (1964-1985) contra o movimento estudantil. Na ocasião, estudantes faziam um ato público pela reorganização da UNE (União Nacional dos Estudantes).

A ação resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar. Delas, 92 foram fichadas no Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo) e 42 acabaram processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.

A despeito disso, o ato dos alunos saiu vitorioso: tornou-se bandeira da resistência pacífica contra os militares e impulsionou o processo de reconstrução da UNE, então na ilegalidade.

 

Ø  Bolsonarista que insultou africanos ameaça deputada trans

 

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) disse nesta quarta-feira (28/6) que pretende processar a deputada Duda Salabert (PDT-MG) por acusá-lo de racismo.

Salabert deu entrada no Conselho de Ética da Câmara em um pedido de cassação contra Gayer por declarações sobre a média do Quociente de Inteligência (QI) de povos da África, feitas durante um podcast.

 “Entraremos hoje com o pedido de cassação do deputado Gustavo Gayer no Conselho de Ética da Câmara. A Câmara não pode ser espaço para racista! Deveria ser preso além de perder o mandato”, afirmou Salabert.

O deputado do PL respondeu chamando a deputada de “retardada”. “Me chamou de racista. Duda, eu vou te processar por isso, porque você foi tão retardada… O seu comentário é a comprovação da minha teoria, de que o povo brasileiro está se tornando cada vez mais burro”, disse Gayer.

“A senhora vai ser processada por ter feito esse comentário contra mim, porque a senhora está me acusando de um crime. Só que, infelizmente, eu até sinto pena, porque a senhora parece não ter QI bastante para entender o que a senhora falou”, avisou Gayer.

No trecho da entrevista destacado por Salabert para justificar o pedido de cassação, Gayer diz que a incidência de ditaduras no continente africano está relacionada à capacidade cognitiva da população.

“Você vai ver na África. Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Para você ter uma democracia, você tem que ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes. Vem um ditador e toma tudo. O Brasil está desse jeito. Lula chega na Presidência, o povo burro: ‘ê, picanha, cerveja’”, disse Gayer na entrevista.

O deputado disse que Salabert não ouviu o trecho anterior da entrevista, onde ele “explica” a média de QI na África. No trecho, ele afirma que a média do QI na África “é mais baixa mesmo”. “Lá tem o problema da subnutrição e outras coisas”, argumenta.

“No Brasil, a média de QI é 85. Uma pessoa que tem média abaixo de 80 não sabe dar partida num carro. Nos Estados Unidos, o Exército americano não aceita ninguém abaixo de 80, porque ela não entende comandos básicos. Ela segura uma arma e não sabe pra qual lado sai a bala”, completa.

Na resposta a Duda Salabert, Gayer alegou ainda que o preconceito estaria “dentro de vocês”, e não em sua fala. “Gente, vocês devem ser muito racistas. Vocês veem racismo em tudo. A interpretação que nós temos é que vocês consideram pessoas de cor negra inferiores, porque tudo o que se fala vocês interpretam dessa forma. É algo que existe dentro de você, não na mensagem que você escutou”, disse o deputado.

Em 2022, Gayer eleito foi deputado federal com a segunda maior votação do estado de Goiás. Antes disso, ele atuava como professor de inglês e empresário. Ele ficou conhecido em 2020 por defender bandeiras bolsonaristas no canal do YouTube que usava para dar aulas.

 

       Militar da ativa publica ameaça à vida de Lula

 

O tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Igor Rocha sugeriu a morte do presidente Lula (PT) em um post em sua conta no Twitter. Ao blog, ele confirmou que fez a publicação, mas disse se tratar de uma “opinião pessoal” que ele já abandonou.

O post foi feito pelo militar em seu perfil pessoal do Twitter em 1° de janeiro, data de posse de Lula. Na publicação, ele compartilhou uma montagem de Xuxa ao lado de várias personalidades já mortas. A última imagem era da cantora com Lula. Acima da imagem, ele escreveu: ‘Ainda dá!! Bora Xuxa…” (Veja a postagem acima)

O tenente faz parte da assessoria de comunicação da FAB, em Brasília. O post, assim como a conta, já não estão mais disponíveis.

“Não tenho o que dizer sobre isso, é uma postagem antiga, é uma opinião pessoal”, afirmou em entrevista ao g1.

Na sequência, disse que se arrepende da publicação.

“Isso foi um erro, a gente erra, comete besteiras. Eu não sou ninguém na fila do pão, quem sou eu para mudar alguma coisa. Isso é passado, não tem nada a ver”, disse.

O tenente-coronel reforçou que não faz menção na conta no Twitter ao seu cargo militar.

 

Fonte: Por Paulo Motoryn, em The Intercept/FilhaPress/Metrópoles/g1

 

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