quinta-feira, 29 de junho de 2023

Cidade menos populosa do Brasil tem morador sem vizinho e bolo para todos

Serra da Saudade, no Centro-Oeste de Minas é a cidade menos populosa do Brasil, conforme o Censo 2022 divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município tem 833 moradores.

Há 10 anos, a cidade mineira tomou o posto de menor município, que era de Borá, no interior de São Paulo.

O município com o menor número de habitantes do país tem histórias curiosas: uma única família corresponde a 5% do total de moradores, moradores sem vizinhos, e a festa de aniversário da cidade tem pedaço de bolo para todos os habitantes.

Na reportagem, o g1 mostra como é viver na "Serra", como é carinhosamente chamada pelos moradores.

·         Uma só família é 5% dos habitantes da cidade

A família Araújo tem 42 integrantes que moram em Serra da Saudade. O número corresponde a 5% dos habitantes contabilizados pelo Censo 2022.

A professora Ediléia Araújo, 52 anos, contou que o número de familiares poderia ser ainda maior: 77. No entanto, muita gente se mudou, nunca morou na cidade e outros já faleceram.

Desde que nasceu, na antiga fazenda Baixada Funda, Ediléia mora em Serra da Saudade. Um orgulho para ela e os familiares, que descrevem a localidade como um pedaço do paraíso.

"Sem dúvidas, é um orgulho muito grande, não só pra mim, mas para os meus irmãos. Éramos 10, mas um faleceu e outro se mudou para os Estados Unidos. Hoje somos 8 irmãos que amam a vida em Serra. No total, entre primos, tios, sobrinhos são mais de 40 pessoas", destacou.

·         Moradores sem vizinhos

Na menor cidade do país, tem morador que não tem vizinho. Na Rua Rio de Janeiro, no Bairro São Geraldo, só tem uma casa: a do representante comercial Luiz Alberto de Jesus Cecílio, que mora com a esposa, filha e a sogra. No entanto, a situação deve mudar em breve.

"Sou nascido e criado na Serra, mas agora consegui construir e tá indo devagar. Tem quase um ano que moramos nessa rua, sem nenhum vizinho. Eu particularmente amo que a minha família seja a única da rua, mas já tem gente construindo e, em breve, essa "mordomia" vai acabar. Se a gente precisar daquele socorro com um copo de açúcar ou café, temos que andar uns 100 metros até a rua onde tem morador", contou.

Aniversário da cidade tem bolo para todo mundo

Quando a cidade faz aniversário, a festa é grande e o bolo também.

O "bolão" é suficiente para todos os convidados. Só não come quem não quer, como garantiu a diretora de Cultura, Educação, Lazer e Turismo, Gislaine Gonçalves.

"É um bolo enorme que chega em uma van no dia da festa, comemorada no dia 1º de março. Somos unidos como uma família e, por isso, todos são convidados. Só não come um pedação de bolo quem não quer, de fato", disse.

A representante comercial Cristiana Caetano Costa sempre participa da festa e contou que é um evento comemorativo e turístico.

"Muita gente vem de longe. O aniversário, assim como outras festas, é uma oportunidade para as pessoas conhecerem a menor cidade do país e a gente tem muito orgulho de receber todo mundo", disse.

·         Baixa criminalidade

Os poucos habitantes na cidade garantem maior controle da Polícia Militar (PM), que tem um destacamento na cidade, onde atua diariamente dois policiais. Qualquer pessoa que chega na cidade em um veículo diferente passa por uma abordagem rotineira.

"A medida é mesmo para garantir que a cidade siga tranquila como sempre foi. Qualquer pessoa diferente que chega, abordamos gentilmente para saber o motivo da visita", disse o tenente Fabricio Silva.

E é justamente por esse rigor todo que a cidade está há vários anos sem nenhum registro de homicídio.

"Não podemos dizer que a criminalidade é zero, mas os índices são realmente muito baixos. Comenta-se que o último homicídio ocorreu há 56 anos. No ano passado, foram dois furtos registrados, enquanto este ano tivemos um furto de celular em uma festa, mas recuperamos o aparelho. Não há registro de roubos há anos também", completou o tenente da PM.

·         Outras curiosidades

  1. Embora seja o município do país com menor número de habitantes, o território de Serra da Saudade é semelhante ao da capital mineira Belo Horizonte, com 335 km quadrados de extensão;
  2. A cidade tem dois bairros: Centro e o São Geraldo;
  3. Tem um posto de saúde, mas não dispõe de hospital e, por isso, para atendimentos especializados, os moradores recorrem a Dores do Indaiá, distante cerca de 40 quilômetros de Serra da Saudade, e outras cidades da região;
  4. Há dois supermercados na cidade, uma loja de roupas, uma padaria, uma casa lotérica e sete bares;
  5. Não existe posto de combustíveis em Serra da Saudade. Os moradores aproveitam as idas até as cidades vizinhas e abastecem o que é possível para passar os dias;
  6. Na ceia de Natal, os moradores são servidos por garçons com um farto banquete, que inclui peru, frios, frutas e etc;
  7. Secretários de algumas pastas, como a de Educação, Cultura e Saúde estão há quase 20 anos nos cargos;
  8. O atual prefeito da cidade é Alaor Machado, que está no 5º mandato.

Ø  Mais 2 municípios têm menos de mil habitantes; saiba quais são

A segunda menor cidade é Borá, em São Paulo, com 907 moradores. Em terceiro está Anhanguera, em Goiás, com 924 habitantes.

A cidade mineira, que fica a 256 quilômetros da capital, Belo Horizonte, tem 18 habitantes a mais do que tinha em 2010, um aumento de 2,2%.

Já Borá cresceu mais em 12 anos. A cidade do centro-oeste paulista tinha 805 habitantes em 2010 e agora tem 102 moradores a mais, um aumento de 12,17%.

Anhanguera perdeu 96 habitantes entre 2010 e 2022. O município goiano tinha 1.020 moradores, uma redução de -9,4%. Entre as duas menores cidades a diferença é de 74 habitantes.

·         BORÁ

Borá, no interior de SP, virou município em 1964, após ser desmembrada de Paraguaçu Paulista. No primeiro levantamento feito pelo IBGE, em 1970, a cidade paulista tinha 1.270 habitantes e era a décima cidade menos populosa do país. Já em 1980, ficou em segundo lugar, com 866 habitantes.

A partir do censo de 1991, Borá passou a ocupar o posto de cidade menos populosa do país, com 751 habitantes. A perda do título de menor cidade brasileira aconteceu em 2013, quando Borá, com 834 habitantes, foi “superada” por Serra da Saudade.

O nome Borá vem de uma abelha que, no início do século 20, proliferava na região. A cidade tem apenas 32 ruas e não tem sinais de trânsito.

·         Anhanguera

A área total da cidade de Anhanguera é de 44 km². É o menor município de Goiás em população e em área. Anhanguera fica no Sul goiano, junto à divisa com Minas Gerais e também é o terceiro menor município do Brasil. A emancipação aconteceu em novembro de 1953.

A cidade fica junto à Barragem da Emborcação de Furnas formada pelo represamento das águas do rio Paranaíba e do Ribeirão Pirapitinga. Um lago se forma no local e o pôr do sol é uma das principais atrações turísticas da região.

 

Ø  'Febre do ferro' move cidade que mais cresceu em população

 

A cidade que mais cresceu, proporcionalmente, nos últimos 12 anos no Brasil fica no Pará. Canaã dos Carajás é um município no sudeste do estado, com 3.146,821 km² de território, distante 777,7 quilômetros da capital Belém.

"Canaã", como é conhecida, tinha 26.716 habitantes em 2010, ano do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o novo levantamento, lançado nesta quarta-feira (28), mostra que a cidade concentra agora 77.079 moradores - o aumento foi de 188,5%.

O número de domicílios, naturalmente, também aumentou no período: passou de 10.352 em 2010 para 28.605 em 2022, um crescimento de 176,3%.

O principal indicativo do crescimento da cidade é a busca por empregos no setor de mineração, que atrai migrantes de outros estados brasileiros.

Segundo dados da prefeitura do município, apenas 12,61% da população nasceu na cidade.

Entre os moradores de Canaã, 50,7% são de outras cidades do Pará e 36,6% de outros estados brasileiros. A principal origem fora do Pará é o Maranhão.

>>>> Origem da população de Canaã dos Carajás (PA)

Origem

Percentual da população

Canaã dos Carajás

12,61%

Outras cidades do Pará

50,74%

Maranhão (MA)

17,97%

Tocantins (TO)

4,85%

Goiás (GO)

3,55%

Minas Gerais (MG)

1,68%

Bahia (BA)

1,04%

São Paulo (SP)

0,85%

Outros estados

7%

Não sabe/não respondeu

0,56%

Fonte: Prefeitura de Canaã dos Carajás

A mineração de ferro é o "carro-chefe" econômico da cidade, setor que tem se consolidado há, ao menos, sete anos.

A arrecadação do município chegou a ser 34 vezes maior em 2020 do que o registrado em 2016, por conta das arrecadações com royalties ligados à mineração.

As estimativas do IBGE em 2020 apontavam que Canaã tinha o maior Produto Interno Bruto (PIB) do país: R$591.101,11.

No entanto, Canaã dos Carajás ainda enfrenta a grande concentração de renda, fenômeno que marca também outros municípios que exportam commodities no sul do Pará, como a soja e gado, segundo especialistas. Outro problema são as moradias desordenadas.

No ranking dos municípios com maior crescimento do número de domicílios, outros dois municípios paraenses aparecem: Senador José Porfírio, na posição 13º; e Vitória do Xingu, em 16º. Ambas ficam no sudeste do estado.

Madson Quaresma, professor de geografia na Universidade do Estado do Pará (Uepa), diz que não só as grandes empresas ligadas ao minério e o agronegócio atraem brasileiros para esta região do Pará. Ele explica a dinâmica que esses empreendimentos provocam:

"Os grandes projetos no interior da Amazônia trazem a necessidade de novos equipamentos urbanos, como na saúde, educação, etc.; e, ainda, a mineração e a criação de gado, por exemplo, pedem alguns incrementos para poderem funcionar: o frigorífico para a carne bovina, as estradas e ferrovias para escoar os minérios, os serviços, entre outros. Todas essas possibilidades de empregos, diretos ou indiretos, atraem as migrações".

No entanto, Quaresma indica que, embora o PIB de Canaã seja até maior que o da capital Belém, por exemplo, "há a questão da concentração de renda, se analisar o salário médio da população".

"Em comparação a cidades no interior de outras regiões, como o Sudeste brasileiro, a urbanização na Amazônia paraense é mais marcada, em geral, por equipamentos urbanos mais frágeis, altos níveis de desempregos ou de trabalho informal, sendo a maioria da mão-de-obra não qualificada, portanto a concentração dessas grandes populações nos entornos de grandes projetos é seguida por várias problemáticas sociais".

As estimativas do IBGE em 2021 era que Canaã tinha o 4º mais alto salário médio dos trabalhadores formais no Pará, no valor de R$3,1 salários mínimos; e também que era o município com mais pessoas ocupadas no mercado de trabalho formal no estado.

Por outro lado, as estimativas apontavam que 40,5% da população vivia com rendimento mensal de meio salário mínimo por pessoa.

"No Pará, o fenômeno de aumento considerável da população em municípios que são grandes exportadores de commodities vem acompanhado, infelizmente, também de mais pessoas morando em regiões periféricas, em ocupações desordenadas e distantes de serviços públicos de qualidade".

A prefeitura de Canaã dos Carajás informou que investe nos serviços ofertados, principalmente nas áreas de saúde, educação, assistência social, segurança e habitação para absorver o crescimento da cidade expresso em número de domicílios.

Além disso, a gestão municipal disse que faz investimentos também no setor de turismo e na pavimentações de rodovias para facilitar o escoamento de produtos do campo.

 

Ø  Cidade de SP tem mais gente que Rio e BH somadas

 

São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira (28), o número total de habitantes do município é 11.451.245.

Atrás da capital, Rio de Janeiro e Brasília ocupam o topo da lista dos mais populosos, cuja soma das populações caberia em São Paulo.

Somadas, as populações do Rio de Janeiro e Belo Horizonte também caberiam em São Paulo.

A população de São Paulo também é suficiente para abrigar 13.746 municípios de Serra da Saudade, o menor do país. Com 803 pessoas, Serra da Saudade fica em Minas Gerais e está entre os três municípios com menos de mil habitantes, seguido por Borá (SP) e Anhanguera (GO).

O São Paulo também equivale a 17 vezes a população de Roraima, apontado como o estado menos populoso do Brasil, com 636.303 habitantes.

 

Ø  Cartão postal do Brasil, Rio de Janeiro perde moradores

 

Nove das 22 cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro perderam população nos últimos 12 anos, segundo dados do Censo 2022. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de o estado como um todo ter visto sua população crescer 0,40%, chegando a 16.054.524 habitantes no último ano, 27 municípios apresentaram redução populacional.

Para o economista Mauro Osório, da UFRJ, o Rio de Janeiro vive “uma crise estrutural que vem desde a transferência da capital” para Brasília, nos anos 1960.

 “O RJ é o que menos cresce o tempo todo. Para que alguém vai se mudar para uma região que menos cresce no Brasil? Essa crise se aprofunda em 2015 e reforça essa tendência”, explicou.

A cidade mais impactada, proporcionalmente, foi São Sebastião do Alto, na Região Serrana. O número de habitantes diminuiu 12% em 12 anos, passando de 8.895 habitantes para 7.750.

·         Capital 'perdeu' 109 mil habitantes

Entre as nove cidades da Região Metropolitana que diminuíram sua população, o maior destaque ficou com a capital fluminense.

Em 2010, data do último Censo do IBGE, o município do Rio contava com 6.320.446 moradores. Agora, a cidade passou a ter 6.211.423. Uma redução de 109.023 pessoas, ou 1,7%.

A capital sofreu com a maior queda populacional do estado em números absolutos. Já a cidade de São Gonçalo teve um índice proporcional maior.

Em 2010, o município contava com 999.728 habitantes. A população de São Gonçalo chegou a 896.744, em 2022. A redução foi de 10,3%, a maior variação negativa entre todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.

Em números absolutos, a redução populacional de São Gonçalo foi de 102.984 pessoas.

“Sao Gonçalo é a mais precária do Sul e do Sudeste e precisa de prioridade nos investimentos. O problema não é só segurança, é falta de emprego, falta de infraestrutura, um problema sistêmico”, afirmou Mauro Osório.

·         6 cidades entre as 20 que mais reduziram

A cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a terceira maior do estado, também registrou queda de sua população nos últimos 12 anos. O município passou de 855.048 moradores, para 808.152. Uma variação negativa de 5,5%.

As cidades de NilópolisNiteróiNova IguaçuParacambiSão João de Meriti e Mesquita também registraram redução populacional.

Entre esses municípios, Nilópolis, na Baixada Fluminense, foi a que teve o maior indicador de redução populacional, com uma variação de 6,8%, em 12 anos.

Fora do Grande Rio, a cidade que mais perdeu moradores foi Petrópolis, na Região Serrana, com redução de 5,8% da população, passando de 295.917 para 278.881 pessoas no município.

Segundo o levantamento mais recente do IBGE, seis cidades do Rio de Janeiro ficaram entre os 20 municípios que mais reduziram sua população em todo o Brasil. São elas:

  • São Gonçalo reduziu sua população em 10,3%
  • Nilópolis reduziu sua população em 6,8%
  • Petrópolis reduziu sua população em 5,8%
  • Duque de Caxias reduziu sua população em 5,5%
  • Barra Mansa reduziu sua população em 4,5%
  • São João de Meriti reduziu sua população em 3,9%

>>>> População de Maricá cresce 54,8%

Na contramão das maiores cidades do Rio de Janeiro está o município de Maricá, que aumentou sua população em 54,8%, nos últimos 12 anos.

O município que tinha 127.461 habitantes em 2010, passou a ter 197.300 moradores, segundo a última pesquisa do IBGE, em 2022. No período, o município cresceu sua população em 69.839 pessoas.

Marica foi a 9ª cidade brasileira que mais aumentou sua população, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes.

O município de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, também aparece entre essas cidades. Com um aumento de 48,1% de sua população em 12 anos, Rio das Ostras é a 12ª cidade que mais viu sua população crescer em todo o país.

O município passou de 105.676 habitantes, em 2010, para 156.491 moradores em 2022.

 

Fonte: g1

 

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