Cidade menos
populosa do Brasil tem morador sem vizinho e bolo para todos
Serra da Saudade, no Centro-Oeste
de Minas é a cidade menos populosa do Brasil, conforme o Censo 2022
divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). O município tem 833 moradores.
Há 10 anos, a cidade mineira
tomou o posto de menor município, que era de Borá, no interior de
São Paulo.
O
município com o menor número de habitantes do país tem histórias
curiosas: uma única família corresponde a 5% do total de moradores,
moradores sem vizinhos, e a festa de aniversário da cidade tem pedaço de
bolo para todos os habitantes.
Na
reportagem, o g1 mostra como é viver
na "Serra", como é carinhosamente chamada pelos moradores.
·
Uma só família é 5% dos habitantes da cidade
A
família Araújo tem 42 integrantes que moram em Serra da Saudade. O número
corresponde a 5% dos habitantes contabilizados pelo Censo 2022.
A
professora Ediléia Araújo, 52 anos, contou que o número de familiares poderia
ser ainda maior: 77. No entanto, muita gente se mudou, nunca morou na
cidade e outros já faleceram.
Desde
que nasceu, na antiga fazenda Baixada Funda, Ediléia mora em Serra da Saudade. Um orgulho para
ela e os familiares, que descrevem a localidade como um pedaço do paraíso.
"Sem
dúvidas, é um orgulho muito grande, não só pra mim, mas para os meus irmãos.
Éramos 10, mas um faleceu e outro se mudou para os Estados Unidos. Hoje somos 8
irmãos que amam a vida em Serra. No total, entre primos, tios, sobrinhos são
mais de 40 pessoas", destacou.
·
Moradores sem vizinhos
Na
menor cidade do país, tem morador que não tem vizinho. Na Rua Rio de
Janeiro, no Bairro São Geraldo, só tem uma casa: a do representante comercial
Luiz Alberto de Jesus Cecílio, que mora com a esposa, filha e a sogra. No
entanto, a situação deve mudar em breve.
"Sou
nascido e criado na Serra, mas agora consegui construir e tá indo devagar. Tem
quase um ano que moramos nessa rua, sem nenhum vizinho. Eu particularmente amo
que a minha família seja a única da rua, mas já tem gente construindo e, em
breve, essa "mordomia" vai acabar. Se a gente precisar daquele
socorro com um copo de açúcar ou café, temos que andar uns 100 metros até a rua
onde tem morador", contou.
Aniversário
da cidade tem bolo para todo mundo
Quando
a cidade faz aniversário, a festa é grande e o bolo também.
O
"bolão" é suficiente para todos os convidados. Só não come quem não
quer, como garantiu a diretora de Cultura, Educação, Lazer e Turismo, Gislaine
Gonçalves.
"É
um bolo enorme que chega em uma van no dia da festa, comemorada no dia 1º de
março. Somos unidos como uma família e, por isso, todos são convidados. Só não
come um pedação de bolo quem não quer, de fato", disse.
A
representante comercial Cristiana Caetano Costa sempre participa da festa e
contou que é um evento comemorativo e turístico.
"Muita
gente vem de longe. O aniversário, assim como outras festas, é uma oportunidade
para as pessoas conhecerem a menor cidade do país e a gente tem muito orgulho
de receber todo mundo", disse.
·
Baixa criminalidade
Os
poucos habitantes na cidade garantem maior controle da Polícia Militar (PM),
que tem um destacamento na cidade, onde atua diariamente dois policiais.
Qualquer pessoa que chega na cidade em um veículo diferente passa por uma abordagem
rotineira.
"A
medida é mesmo para garantir que a cidade siga tranquila como sempre foi.
Qualquer pessoa diferente que chega, abordamos gentilmente para saber o motivo
da visita", disse o tenente Fabricio Silva.
E
é justamente por esse rigor todo que a cidade está há vários anos sem nenhum
registro de homicídio.
"Não
podemos dizer que a criminalidade é zero, mas os índices são realmente muito
baixos. Comenta-se que o último homicídio ocorreu há 56 anos. No ano passado,
foram dois furtos registrados, enquanto este ano tivemos um furto de celular em
uma festa, mas recuperamos o aparelho. Não há registro de roubos há anos
também", completou o tenente da PM.
·
Outras curiosidades
- Embora seja o
município do país com menor número de habitantes, o território de Serra da Saudade é
semelhante ao da capital mineira Belo Horizonte, com 335 km quadrados de
extensão;
- A cidade tem
dois bairros: Centro e o São Geraldo;
- Tem um posto
de saúde, mas não dispõe de hospital e, por isso, para atendimentos
especializados, os moradores recorrem a Dores do Indaiá, distante cerca de
40 quilômetros de Serra da Saudade, e outras
cidades da região;
- Há dois
supermercados na cidade, uma loja de roupas, uma padaria, uma casa
lotérica e sete bares;
- Não existe
posto de combustíveis em Serra da Saudade. Os moradores
aproveitam as idas até as cidades vizinhas e abastecem o que é possível
para passar os dias;
- Na ceia de
Natal, os moradores são servidos por garçons com um farto banquete, que
inclui peru, frios, frutas e etc;
- Secretários de
algumas pastas, como a de Educação, Cultura e Saúde estão há quase 20 anos
nos cargos;
- O atual
prefeito da cidade é Alaor Machado, que está no 5º mandato.
Ø Mais 2 municípios têm menos de mil habitantes; saiba
quais são
A
segunda menor cidade é Borá, em São Paulo, com
907 moradores. Em terceiro está Anhanguera, em Goiás, com 924 habitantes.
A
cidade mineira, que fica a 256 quilômetros da capital, Belo Horizonte, tem 18
habitantes a mais do que tinha em 2010, um aumento de 2,2%.
Já
Borá cresceu mais em 12 anos. A cidade do centro-oeste paulista tinha 805
habitantes em 2010 e agora tem 102 moradores a mais, um aumento de 12,17%.
Anhanguera
perdeu 96 habitantes entre 2010 e 2022. O município goiano tinha 1.020
moradores, uma redução de -9,4%. Entre as duas menores cidades a diferença é de
74 habitantes.
·
BORÁ
Borá,
no interior de SP, virou município em 1964, após ser desmembrada de Paraguaçu Paulista.
No primeiro levantamento feito pelo IBGE, em 1970, a cidade paulista tinha
1.270 habitantes e era a décima
cidade menos populosa do país. Já em 1980, ficou em segundo lugar,
com 866 habitantes.
A
partir do censo de 1991, Borá passou a ocupar o posto de cidade menos populosa
do país, com 751 habitantes. A perda do título de menor cidade brasileira
aconteceu em 2013, quando Borá, com 834 habitantes, foi “superada” por
Serra da Saudade.
O
nome Borá vem de uma abelha que, no início do século 20, proliferava na região.
A cidade tem apenas 32 ruas e não tem sinais de trânsito.
·
Anhanguera
A
área total da cidade de Anhanguera é de 44 km². É o menor município de Goiás em
população e em área. Anhanguera fica no Sul goiano, junto à divisa com Minas
Gerais e também é o terceiro menor município do Brasil. A emancipação aconteceu
em novembro de 1953.
A
cidade fica junto à Barragem da Emborcação de Furnas formada pelo represamento
das águas do rio Paranaíba e do Ribeirão Pirapitinga. Um lago se forma no local
e o pôr do sol é uma das principais atrações turísticas da região.
Ø 'Febre do ferro'
move cidade que mais cresceu em população
A
cidade que mais cresceu, proporcionalmente, nos últimos 12 anos no Brasil fica
no Pará. Canaã dos Carajás é um
município no sudeste do estado, com 3.146,821 km² de território, distante 777,7
quilômetros da capital Belém.
"Canaã",
como é conhecida, tinha 26.716
habitantes em 2010, ano do último censo realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o novo levantamento, lançado
nesta quarta-feira (28), mostra que a cidade concentra agora 77.079 moradores - o aumento foi
de 188,5%.
O
número de domicílios, naturalmente, também aumentou no período: passou de 10.352 em 2010 para 28.605 em 2022, um crescimento
de 176,3%.
O
principal indicativo do crescimento da cidade é a busca por empregos no setor
de mineração, que atrai migrantes de outros estados brasileiros.
Segundo
dados da prefeitura do município, apenas
12,61% da população nasceu na cidade.
Entre
os moradores de Canaã, 50,7% são de outras cidades do Pará e 36,6% de outros
estados brasileiros. A principal origem fora do Pará é o Maranhão.
>>>> Origem da população de Canaã dos
Carajás (PA)
Origem |
Percentual da população |
Canaã
dos Carajás |
12,61% |
Outras
cidades do Pará |
50,74% |
Maranhão
(MA) |
17,97% |
Tocantins
(TO) |
4,85% |
Goiás
(GO) |
3,55% |
Minas
Gerais (MG) |
1,68% |
Bahia
(BA) |
1,04% |
São
Paulo (SP) |
0,85% |
Outros
estados |
7% |
Não
sabe/não respondeu |
0,56% |
Fonte:
Prefeitura de Canaã dos Carajás
A
mineração de ferro é o "carro-chefe" econômico da cidade, setor que
tem se consolidado há, ao menos, sete anos.
A
arrecadação do município chegou a ser 34 vezes maior em 2020 do que o
registrado em 2016, por conta das arrecadações com royalties ligados à
mineração.
As
estimativas do IBGE em 2020 apontavam que Canaã tinha o maior Produto Interno
Bruto (PIB) do país: R$591.101,11.
No
entanto, Canaã dos Carajás ainda enfrenta a grande concentração de renda, fenômeno que marca também outros
municípios que exportam commodities no sul do Pará, como a soja e gado, segundo
especialistas. Outro problema são as moradias desordenadas.
No
ranking dos municípios com maior crescimento do número de domicílios, outros
dois municípios paraenses aparecem: Senador José Porfírio, na posição 13º;
e Vitória do Xingu, em 16º. Ambas
ficam no sudeste do estado.
Madson
Quaresma, professor de geografia na Universidade do Estado do Pará (Uepa), diz
que não só as grandes empresas ligadas ao minério e o agronegócio atraem
brasileiros para esta região do Pará. Ele explica a dinâmica que esses
empreendimentos provocam:
"Os
grandes projetos no interior da Amazônia trazem a necessidade de novos
equipamentos urbanos, como na saúde, educação, etc.; e, ainda, a mineração e a
criação de gado, por exemplo, pedem alguns incrementos para poderem funcionar:
o frigorífico para a carne bovina, as estradas e ferrovias para escoar os
minérios, os serviços, entre outros. Todas essas possibilidades de empregos,
diretos ou indiretos, atraem as migrações".
No
entanto, Quaresma indica que, embora o PIB de Canaã seja até maior que o da
capital Belém, por exemplo, "há a questão da concentração de renda, se
analisar o salário médio da população".
"Em
comparação a cidades no interior de outras regiões, como o Sudeste brasileiro,
a urbanização na Amazônia paraense é mais marcada, em geral, por equipamentos
urbanos mais frágeis, altos níveis de desempregos ou de trabalho informal,
sendo a maioria da mão-de-obra não qualificada, portanto a concentração dessas
grandes populações nos entornos de grandes projetos é seguida por várias
problemáticas sociais".
As
estimativas do IBGE em 2021 era que Canaã tinha o 4º mais alto salário médio
dos trabalhadores formais no Pará, no valor de R$3,1 salários mínimos; e também
que era o município com mais pessoas ocupadas no mercado de trabalho formal no
estado.
Por
outro lado, as estimativas apontavam que 40,5% da população vivia com
rendimento mensal de meio salário mínimo por pessoa.
"No
Pará, o fenômeno de aumento considerável da população em municípios que são
grandes exportadores de commodities vem acompanhado, infelizmente, também de
mais pessoas morando em regiões periféricas, em ocupações desordenadas e
distantes de serviços públicos de qualidade".
A
prefeitura de Canaã dos Carajás informou que investe nos serviços ofertados,
principalmente nas áreas de saúde, educação, assistência social, segurança e
habitação para absorver o crescimento da cidade expresso em número de
domicílios.
Além
disso, a gestão municipal disse que faz investimentos também no setor de
turismo e na pavimentações de rodovias para facilitar o escoamento de produtos
do campo.
Ø Cidade de SP tem
mais gente que Rio e BH somadas
São
Paulo é a cidade mais populosa do Brasil. De acordo com o Censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira
(28), o número total de habitantes do município é 11.451.245.
Atrás
da capital, Rio de Janeiro e Brasília ocupam o topo da lista dos mais
populosos, cuja soma das populações caberia em São Paulo.
Somadas,
as populações do Rio de Janeiro e Belo Horizonte também caberiam em São Paulo.
A
população de São Paulo também é suficiente para abrigar 13.746
municípios de Serra da Saudade, o menor do país. Com 803 pessoas, Serra da
Saudade fica em Minas Gerais e está entre os três municípios com menos de mil
habitantes, seguido por Borá (SP) e Anhanguera (GO).
O
São Paulo também equivale a 17 vezes a população de Roraima, apontado como o
estado menos populoso do Brasil, com 636.303 habitantes.
Ø Cartão postal do
Brasil, Rio de Janeiro perde moradores
Nove das 22 cidades da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro perderam
população nos últimos 12 anos, segundo dados do Censo 2022. A pesquisa foi
divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Apesar
de o estado como um todo ter visto sua
população crescer 0,40%,
chegando a 16.054.524 habitantes no
último ano, 27 municípios apresentaram
redução populacional.
Para
o economista Mauro Osório, da UFRJ, o Rio de Janeiro vive “uma crise estrutural
que vem desde a transferência da capital” para Brasília, nos anos 1960.
“O RJ é o que menos cresce o tempo todo. Para
que alguém vai se mudar para uma região que menos cresce no Brasil? Essa crise
se aprofunda em 2015 e reforça essa tendência”, explicou.
A
cidade mais impactada, proporcionalmente, foi São Sebastião do Alto, na Região
Serrana. O número de habitantes diminuiu 12% em 12 anos, passando de 8.895 habitantes para 7.750.
·
Capital 'perdeu' 109 mil habitantes
Entre
as nove cidades da Região Metropolitana que diminuíram sua população, o maior
destaque ficou com a capital fluminense.
Em
2010, data do último Censo do IBGE, o município do Rio contava com 6.320.446
moradores. Agora, a cidade passou a ter 6.211.423. Uma redução de 109.023 pessoas, ou 1,7%.
A
capital sofreu com a maior queda populacional do estado em números absolutos.
Já a cidade de São Gonçalo teve um
índice proporcional maior.
Em
2010, o município contava com 999.728 habitantes. A população de São Gonçalo
chegou a 896.744, em 2022. A redução foi de 10,3%, a maior variação
negativa entre todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
Em
números absolutos, a redução populacional de São Gonçalo foi de 102.984 pessoas.
“Sao
Gonçalo é a mais precária do Sul e do Sudeste e precisa de prioridade nos
investimentos. O problema não é só segurança, é falta de emprego, falta de
infraestrutura, um problema sistêmico”, afirmou Mauro Osório.
·
6 cidades entre as 20 que mais reduziram
A
cidade de Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, a terceira maior do estado, também registrou queda de sua população
nos últimos 12 anos. O município passou de 855.048 moradores, para 808.152. Uma
variação negativa de 5,5%.
As
cidades de Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, São João de Meriti e Mesquita também
registraram redução populacional.
Entre
esses municípios, Nilópolis, na Baixada Fluminense, foi a que teve o maior
indicador de redução populacional, com uma variação de 6,8%, em 12 anos.
Fora
do Grande Rio, a cidade que mais perdeu moradores foi Petrópolis, na Região
Serrana, com redução de 5,8% da população, passando de 295.917 para 278.881
pessoas no município.
Segundo
o levantamento mais recente do IBGE, seis cidades do Rio de Janeiro ficaram
entre os 20 municípios que mais reduziram sua população em todo o Brasil. São
elas:
- São Gonçalo
reduziu sua população em 10,3%
- Nilópolis
reduziu sua população em 6,8%
- Petrópolis
reduziu sua população em 5,8%
- Duque de
Caxias reduziu sua população em 5,5%
- Barra Mansa reduziu
sua população em 4,5%
- São João de
Meriti reduziu sua população em 3,9%
>>>> População de Maricá cresce 54,8%
Na
contramão das maiores cidades do Rio de Janeiro está o município de Maricá, que
aumentou sua população em 54,8%,
nos últimos 12 anos.
O
município que tinha 127.461 habitantes em 2010, passou a ter 197.300 moradores,
segundo a última pesquisa do IBGE, em 2022. No período, o município cresceu sua
população em 69.839 pessoas.
Marica
foi a 9ª cidade brasileira que mais aumentou sua população, entre os municípios
com mais de 100 mil habitantes.
O
município de Rio das Ostras, na Região dos
Lagos, também aparece entre essas cidades. Com um aumento de 48,1% de sua população em 12
anos, Rio das Ostras é a 12ª cidade que mais viu sua população crescer em todo
o país.
O
município passou de 105.676 habitantes, em 2010, para 156.491 moradores em
2022.
Fonte:
g1
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