Grupo Wagner: Navio
Fantasma ou Cavalgada das Valquírias?
Nos
últimos tempos, vemos uma enxurrada de manifestações vindas dos países
interessados em derrotar a Rússia tentando influenciar na nossa tomada de
decisão. Em quem devemos confiar? Já definir que Putin está enfraquecido e
apostar todas as fichas que teremos uma derrota do país vermelho ou entender
quais rumos o país deve tomar? Afinal são terroristas sanguinários, heróis
libertários ou milicianos de Putin? Provavelmente aqueles que têm
posicionamento político definido, tomam partido imediatamente, mas devemos
pontuar melhor para tentar especular com mais segurança.
O
grupo Wagner, mercenários paramilitares, é criado em 2014, no momento em que a
Rússia anexa a Criméia, uma região que era da Ucrânia. Foi criada por Dimity
Utkin, coronel das Forças Especiais das Rússia, e apaixonado por Hitler que
também admirava o compositor antissemita Richard Wagner. Uns parênteses é
relembrar o famoso vídeo do ex-secretário de cultura de Bolsonaro, Ricardo
Alvim, que imitou a apresentação do nazista Goebbels, tendo Wagner ao fundo.
Pois bem, Yevgeny Prighozin, um industrial de São Petesburgo, amigo de Putin, é
a real conexão entre o Ministério da Defesa e o grupo Wagner. Prighozin é
famoso por suas conexões de fábrica de fakenews pelo mundo, levando políticos
com Trump e Bolsonaro ao poder.
Lembrando
da publicação de 2018, COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, do professor Steven
Levitsky, estudioso sobre sistemas políticos da América Latina com Daniel
Ziblatt, especialista de sistemas políticos do leste europeu. Esses dois
conjuntos de sistemas democráticos que estão vivendo essa dura realidade de
pressão de crise institucional, identificam a partir das eleições passadas, a
ascensão de figuras como líderes que querem corroer a democracia como nos
Estados Unidos e Brasil.
O
grupo Wagner é tal qual vários filmes de Hollywood sobre mercenários, que
entram em guerras civis pelo mundo em troca de dinheiro, como Líbia, Sudão,
Síria e Ucrânia. É perfeito para atuar, sem que culpem o país interessado na
guerra, seja qual for o país. A relação não oficial com diversos países é
clara, em troca de recursos naturais dos países atacados. Eles fazem o trabalho
sujo. Nos últimos meses, na guerra da Ucrânia, diversos atritos foram
acontecendo até que o Ministério da Defesa russo ordenou que todas as forças na
Ucrânia ficassem subordinadas ao Ministério da Defesa russo, incluindo os
chechenos, e o Wagner. Apenas a Chechênia aceitou. O Grupo Wagner não.
Questões
a serem pontuadas. Toda indignação partida dos Estados Unidos e colocando toda
comunicação internacional para esse tema acontece quando o Pentágono apresenta
um erro contábil de US$ 6,2 bilhões. Uma cortina de fumaça para que esse rombo
não seja identificado e comentado.
O
Grupo Wagner atua para quem pagar mais. Eles trabalham com ex militares
Russos e detentos que querem o perdão presidencial. Mas são
essencialmente mercenários e estão nesse momento aceitando pagamento do
ocidente para esse motim, para enfraquecer Putin. E por esse motivo, a Casa
Branca teve que soltar um comunicado dizendo que não tinha nada a ver com a
operação, ou seja, podem ter.
Com
a recente rebelião e ataque do Grupo Wagner ao avião que matou Tenente Coronel
Artem Milovanov, Majors Gennady Belyakin, Alexander Sviridov. Os Capitães
Viktor Popov Artem Sharoglazov, Igor Volochilov. Os Tenente Nikita Golubev,
Sargentos Alexey Skrykov, Viktor Podrepny e o Sr. Praporshchik Sergey
Starushok; e é possível que esteja tendo um pequeno levante a Rússia.
Devemos
ter as nossas convicções para melhor poder despreza-las depois.
Ø
O
que aconteceu na Rússia? Por Marcelo Zero
As
mídias ocidentais e brasileiras ficaram praticamente em êxtase com a fracassada
rebelião promovida por Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, que presta
serviços às forças armadas russas.
Alguns
“analistas” chegaram a prever que tal rebelião era o “começo do fim” do
“ditador” Putin, já que a insurreição demostrava as grandes “fraturas”
existentes nas forças armadas, no governo e na sociedade russa.
Entretanto,
a rebelião teve vida extremamente curta, com Putin retomando rapidamente o
controle da situação, o que parece ter frustrado as açodadas análises dos
“especialistas”.
Evidentemente,
uma rebelião desse tipo, ainda que limitada e de curtíssima duração, não é boa
para imagem da Rússia e de seu governo, envolvido numa guerra complexa, que
resulta em perigos para todo o mundo.
Mas
não creio que haja elementos concretos para sustentar que a rebelião demonstra
fraturas políticas expressivas e extensas na Rússia.
Comecemos
pela motivação. Prigozhin afirmou que insurreição fora ocasionada, em última
instância, por um ataque do exército russo contra elementos do Grupo Wagner.
Além disso, Prigozhin vinha reclamando há meses sobre uma suposta falta de
armamentos mais pesados para o seu grupo. Também discordava em como a campanha
vinha sendo conduzida. Enfim, reclamava autonomia, mais armamentos e, quem
sabe, mais dinheiro. Quanto ao suposto ataque contra seu grupo, a análise das
imagens divulgadas demonstrou que a uma acusação é de difícil sustentação,
embora não possa ser descartada, a priori.
Mas
o que parece que estava realmente incomodando Prigozhin era a exigência das
forças russas de que os militares do Grupo Wagner firmassem contratos com o
exército russo, submetendo-se diretamente à cadeia de comando das forças
armadas oficiais.
Tal
exigência retiraria parte significativa da autoridade do chefete sobre o grupo
e, possivelmente, também parte de seu lucro, pois o pagamento seria feito
diretamente aos militares que firmassem os contratos.
Ademais,
Prigozhin tinha interesses na exploração de minas de sal e de carvão na
Ucrânia. Como os “contractors” norte-americanos, queria participar
decididamente dos espólios da guerra. Afinal, é um mercenário.
A
rebelião não parece ter envolvido todo o grupo Wagner. Na realidade, as
movimentações da rebelião envolveram, no máximo, cerca de 12 mil homens, menos
da metade dos efetivos que o Grupo Wagner diz controlar (25 mil homens).
Do
ponto de vista militar, a insurreição não tinha a menor chance de representar
uma ameaça real às forças russas oficiais, que dispõem de aproximadamente 1
milhão de homes. A não ser, é claro, que tivessem apoio concreto nos
exércitos russos. Não tiveram.
Os
elementos do Grupo Wagner deslocaram-se sozinhos e não foram apoiados, na
prática, por nenhuma tropa.
A
Força Aérea russa poderia, se quisesse, ter dizimado todo o grupo, em poucas
operações. Porém, não houve embate algum.
E
não houve porque um enfrentamento ao Grupo Wagner só teria piorado a situação.
Num cenário de guerra, um embate entre russos seria o pior cenário possível.
Preferiu-se uma negociação rápida. Na realidade, nenhuma das partes queria uma
guerra fraticida, em um momento tão delicado como esse.
Além
de não ter tido apoio efetivo nos exércitos russos, a insurreição também não
teve apoio de relevo entre a maior parte da população, que viu com preocupação
a curta rebelião.
É
bem verdade que o Grupo Wagner tem alguma popularidade na Rússia. Apesar de
mercenários, são vistos como combatentes ferozes, que fazem bem seu trabalho. A
vitória em Bakhmut, conseguida após batalhas sangrentas, demonstrou sua
competência no cenário de guerra.
Essa
competência é contraposta, por alguns, na Rússia, à “inoperância” de alguns
generais, que não estariam conduzindo o conflito com a mesma agressividade e
empenho. Na realidade, a insurreição nutriu-se também dessa relativa
insatisfação com o alto comando russo.
Contudo,
a insurreição, como o próprio Prigozhin faz questão de assinalar de forma
reiterada, não foi contra Putin.
Conforme
o Instituto Levada Center, independente, a popularidade de Putin continua
elevada, e cerca de 80% da população russa aprovam sua administração. Embora
sempre se possa especular sobre tais pesquisas, não há indícios concretos, até
agora, que sugiram um desgaste expressivo da imagem e da autoridade de Putin.
Numa
situação de guerra, a tendência natural é que a população apoie o governante de
plantão. Evidentemente, isso poderá mudar com o tempo, caso a guerra não se
resolva e a população comece a ficar saturada com os sacrifícios que o conflito
impõe. Mas isso também se aplica à Ucrânia e à Europa.
Com
respeito ao cenário de guerra, a tão famosa contraofensiva da Ucrânia, feita
com apoio decidido da Otan, até agora não produziu resultados concretos e
significativos. As forças ucranianas, sem muita artilharia pesada e sem uma
força aérea efetiva, não estão conseguindo superar as primeiras linhas de
defesa russas, consolidando, assim, uma situação de impasse militar.
Independentemente
das análises, há uma grande lição a se tirar da insurreição do Grupo Wagner.
Cenários de guerra são sempre muito voláteis e imprevisíveis. E há situações
que podem escapar do controle, ainda que seja por períodos curtos. A rebelião
do Grupo Wagner, mesmo que contida rapidamente, poderia ter tido consequências
potencialmente desastrosas. Caso tivesse tido algum apoio nas forças oficiais,
tal grupo poderia ter tido acesso a armas destruição em massa, até mesmo, em
última instância, armas nucleares.
Por
isso mesmo, os esforços pela paz têm de ser redobrados. Quanto mais esse
conflito dure, maior a probabilidade de um descontrole muito perigoso, que
exporia o mundo a uma guerra de grandes proporções.
Lula
e o Papa têm razão.
Pepe Escobar: Quando o relâmpago da
História cai, o melhor é ir direto ao ponto logo de partida
Quando
o relâmpago da História cai, o melhor é ir direto ao ponto logo de partida.
Lá
vamos nós.
Após
os extraordinários acontecimentos que tiveram lugar na Rússia no decorrer de
seu Dia Mais Longo, o Presidente Putin saiu vitorioso em todas as frentes.
Entre
outras façanhas, ele expôs a um ridículo absoluto e intergaláctico toda a mídia
convencional do Coletivo Ocidental – mais uma vez.
Ele
convocou virtualmente todos os russos a porem fim mais rapidamente à Operação Militar
Especial (OME) – ou a "quase guerra" (segundo alguns círculos
empresariais).
Ele
– e a FSB – coletaram uma formidável lista de traidores e de 5ª e 6ª
colunistas, que receberão o tratamento devido.
E
ele agora conta com liberdade ilimitada para usar poderes de Lei Marcial em uma
Operação Antiterrorismo (OAT).
Tanto
quanto Putin ajudou o perene Lukashenko em agosto de 2020, evitando uma mudança
de regime em Belarus, o bom e velho Luka evitou que a Rússia descambasse para
uma guerra civil em junho de 2023.
Uma
complexa e ampla operação de antiterrorismo está agora em vigor e Moscou e mais
além, enquanto espécimes subzoológicos ocidentais se veem atordoados, ofuscados
e confusos: não era para Putin ter ido encontrar o Czar Nicolau II?
Uma
primeira olhada no tabuleiro nos mostra que todas as peças parecem estar se
posicionando nos seus lugares corretos.
Prigozhin
conseguiu um paraquedas dourado em Belarus. Shoigu talvez esteja em vias de ser
despedido, e talvez Gerasimov também (sim, há camadas profundamente
disfuncionais no interior do Ministério da Defesa). Os músicos da Wagner serão
incorporados como um corpo regular do Exército russo. Talvez eles continuem a
atuar na África: a demanda é enorme.
Então,
o que realmente aconteceu após o Dia Mais Longo? Gigantescas verbas da CIA
talvez tenham mudado de mãos. Mas, no final das contas, o "golpe"
pode acabar sendo a Maior Trolagem do Ocidente pelos Russos de todos os tempos.
A
Mãe de Todas as Maskirovkas - Mais uma vez, os fatos no terreno provam que
Putin é o incontestável paladino da Rússia. Após manter-se em um silêncio
estratégico por algumas horas, sua intervenção reuniu o pleno apoio da
população civil, da FSB, dos chechenos, do Exército, dos comunistas, de todo
mundo.
Os
termos exatos do acordo entre Luka e
Prigozhin, com o auxílio do governador da região de Tula, Alexey Dyumin, ainda não estão claros.
Prigozhin
disse que os termos o satisfaziam. Peskov confirmou oficialmente que o processo
penal contra Prigozhin será suspenso. Uma exigência importante de Prigozhin era
a dupla renúncia do Ministro da Defesa Shoigu e do Comandante do Estado-Maior
Gerasimov. O que talvez venha – ou não – acontecer no futuro imediato.
O
que nos leva à ainda fascinante possibilidade de essa ter sido a Mãe de todas
as Maskirovkas. Prigozhin monta todo esse circo só para conseguir um encontro
com Shoigu e Gerasimov em Moscou.
Pensem
em alguém armando-se até os dentes só para ir a um encontro.
O
cenário da Mãe de Todas as Maskirovkas implica também uma jogada digna de
xadrez 5D.
No
sábado, o Wagner estava a 200 quilômetros de Moscou.
Mas,
no domingo, o Wagner estava a 100 quilômetros de Kiev.
Alguém
topa subir de nível no jogo da Arte da Guerra de Sun Tzu?
Entre
a soberania e a traição - Alexander Dugin está certo ao apontar que esse foi
também um exercício de Soberania: "Apenas o Lukashenko soberano,
juntamente ao próprio Putin soberano confrontaram-se com [Prigozhin]…Vimos que
muitos podem tramar contra o Presidente e o povo, agindo nas sombras e
aparentemente em seu nome, mas salvar a Pátria em uma situação crítica não é
especialidade dessas pessoas".
O
corolário é que a Rússia precisa de "uma elite soberana, do contrário tudo
irá se repetir".
Quanto
ao atordoado e confuso Coletivo Ocidental, em especial a junta OTAN-Kiev, que
de uma hora para a outra deixaram de taxar o Wagner de "terroristas"
para vê-los como "combatentes pela liberdade", atolar-se em seu
próprio charco é uma arte que eles dominam à perfeição.
A
mídia convencional urdiu a narrativa de que as proverbiais "autoridades
ocidentais" haviam sido "tomadas de surpresa" pelo motim. Isso
depende da quantia do dinheiro que mudou de mãos, e em qual direção, durante os
preparativos.
A
OME, agora OAT, continua de vento em popa. O Exército Russo prossegue lutando,
imperturbável. A "contraofensiva"
ainda tropeça à beira do abismo, pronta para ir beijar a escuridão do
vazio.
Putin
vencendo em todas as frentes implica a totalidade da população civil – e os
militares – engajados em preservar a ele e às instituições russas, bem como no
aperfeiçoamento dessas instituições. Em absolutamente nenhuma nação de todo o
Coletivo Ocidental é possível encontrar esse nível de apoio dos cidadãos.
A
política russa é um tipo especial de animal. Ela funciona no nível mais alto e
também na base – diferentemente do Ocidente, onde a norma é um profundo ódio
entre as elites e o povo.
É
claro que deve ser ressaltado que são sempre os menos patrióticos dos oligarcas
russos que fogem quando algo parecido com o Dia Mais Longo acontece.
Por
algumas horas, o Ocidente apostou pesadamente no desmembramento da Rússia. Isso
não vai acontecer agora. Nem em um futuro previsível.
A
sucessão já vem sendo preparada pela Equipe Putin e por alguns oligarcas
patrióticos escolhidos a dedo. Entre os candidatos, há um nome secreto que
deixará a todos estarrecidos quando for revelado. Ele ainda é invisível em
termos de opinião pública, e trabalha nas sombras. Seu nome deve permanecer em
segredo por enquanto.
Nas
atuais circunstâncias, o importante é que a Rússia emergiu ainda mais forte do
Dia Mais Longo. O homem e a mulher do povo, mais uma vez, mostraram ser
verdadeiros patriotas, prontos para defender a Pátria custe o que custar.
Não
houve confronto entre aqueles que são a favor das instituições russas e aqueles
que são a favor do Wagner. A verdade é que as pessoas apoiam a ambos. Elas viam
o Wagner como os "bem-educados homens verdes" que ajudaram a retomar
pacificamente a Crimeia em 2014. Nenhum policial ou militar os enfrentou.
Putin,
portanto, está mais forte do que nunca. Mas as pessoas devem sempre ter em
mente que há uma coisa que ele não consegue perdoar: a traição.
Fonte:
Brasil 247
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