Líder do Grupo
Wagner planejou capturar principais oficiais de defesa russos, diz jornal
O
líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, planejava prender
dois altos oficiais militares russos quando lançou uma rebelião de curta
duração no último sábado.
A
trama de Prigozhin envolvia a captura do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e do general
do Exército, Valery Gerasimov,
quando a dupla visitou uma região ao longo da fronteira com a Ucrânia.
As
informações são do jornal Wall Street Journal (WSJ), com dados da quarta-feira
(28), citando autoridades ocidentais.
O
Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em inglês) soube da
conspiração dois dias antes da data prevista, forçando Prigozhin a mudar seus
planos no último minuto e lançar uma marcha em direção a Moscou, de acordo com o relatório.
Os
mercenários de Wagner assumiram o controle de uma importante base militar na
cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e suas tropas estavam se aproximando
da capital Moscou quando Prigozhin cancelou seu motim.
Quando
questionados sobre o relatório do WSJ, duas fontes de segurança europeias
disseram à CNN que,
embora fosse provável que Prigozhin tivesse expressado o desejo de capturar
líderes militares russos, não havia avaliação sobre se ele tinha um plano
confiável para fazê-lo.
Há
especulação sobre o papel dos comandantes russos quando o motim começou na
noite de sexta-feira. O New York Times, citando autoridades americanas que
disseram ter sido informadas sobre a inteligência americana, informou que o
comandante da força aérea russa, o general Sergey Surovikin, “tinha
conhecimento prévio dos planos de Yevgeny Prigozhin de se rebelar contra a
liderança militar da Rússia”.
Surovikin
apelou a Prigozhin para interromper o motim logo após o início, em uma mensagem
de vídeo que deixou claro que ele estava do lado de Putin.
Questionado
sobre a história do New York Times, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: “Haverá agora muita
especulação e rumores em torno desses eventos. Acredito que este seja apenas
mais um exemplo disso.”
Um
oficial de inteligência europeu disse à CNN que havia indícios de que altos funcionários de segurança
russos tinham algum conhecimento dos planos de Prigozhin e podem não ter
repassado informações sobre eles, preferindo ver como eles se desenrolaram.
“Eles
podem ter sabido, e podem não ter contado sobre isso, [ou] tido conhecimento
sobre isso e decidiram ajudá-lo a ter sucesso. Existem algumas dicas. Pode ter
havido conhecimento prévio ”, disse o funcionário.
Embora
o motim tenha falhado, o prestígio de Putin foi prejudicado, disse o
funcionário. “Se é isso que as facções queriam, então é isso que elas
conseguiram.”
Viktor
Zolotov, diretor da Guarda Nacional da Rússia, afirmou na segunda-feira que
altos funcionários russos sabiam dos planos de Prigozhin para uma rebelião
porque pessoas próximas ao chefe de Wagner os vazaram, informou a agência de
mídia estatal russa TASS.
Zolotov
também afirmou que o motim foi “inspirado pelos serviços de inteligência
ocidentais” porque “eles sabiam com semanas de antecedência”.
No
início desta semana, a CNN informou
que funcionários da inteligência dos EUA reuniram uma imagem detalhada e
precisa dos planos de Prigozhin que levaram à sua rebelião de curta duração,
incluindo onde e como Wagner planejava avançar.
Mas,
de acordo com fontes familiarizadas com o assunto, a inteligência era tão
secreta que era compartilhada apenas com aliados selecionados, incluindo altos
funcionários britânicos, e não no nível mais amplo da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan).
O
desentendimento de Prigozhin com o alto comando de Moscou parece ter se
originado de uma declaração do Ministério da Defesa russo de que empregaria
diretamente os contratados do grupo de mercenários. A mudança teria
essencialmente dissolvido as operações lucrativas de Prigozhin na Rússia.
Prigozhin
chegou à Belarus na terça-feira (27), disse o presidente do país, Alexander Lukashenko. A Rússia diz que
Lukashenko intermediou o acordo que acabou com a rebelião.
·
Rússia
prende general acusado de colaborar com o Grupo Wagner, diz jornal
As
autoridades da Rússia promoveram, nesta quarta-feira, a prisão do general
Sergei Surovikin, sob a acusação de ter colaborado com o motim protagonizado no
último sábado pelo Grupo Wagner. As informações são do jornal russo The Moscow
Times. A publicação cita duas fontes do ministério da Defesa.
Segundo
a publicação, a detenção decorreu “no contexto da situação com Yevgeny Prigozhin“, com uma das
fontes alegando que o general, que já chegou a chefiar a “operação militar
especial”, teria “escolhido o lado” do grupo Wagner durante a rebelião.
A
informação da detenção de Surovikin começou a circular na quarta-feira em
várias páginas de Telegram com ligações à Rússia. De acordo com os bloggers
militares russos, o general foi detido no domingo.
Mais
cedo, o jornal The New York Times informou que um general russo sênior
sabia dos planos do
líder do Grupo Wagner, Yevgeny
Prigozhin, de desencadear um motim contra os líderes militares da Rússia. As
informações foram obtidas pela publicação a partir de declarações de
autoridades de inteligência dos Estados Unidos.
A
notícia coloca em xeque, mais uma vez, a unidade das forças militares russas em
relação à operação na Ucrânia e também as opiniões do alto oficialato em
relação à influência que o Grupo Wagner desempenhava em relação ao governo
Putin. E as declarações reforçaram as suspeitas sobre Surovikin.
Também
nesta quarta, o Wall Street Journal informou que Prigozhin planejava prender dois dos principais
oficiais militares da Rússia quando lançou o motim. A trama de
Prigozhin envolvia a captura do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e do general
do Exército, Valery Gerasimov, quando a dupla visitou uma região ao longo da
fronteira com a Ucrânia, escreveu o WSJ.
O
Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) soube da conspiração dois dias
antes da data prevista, forçando Prigozhin a mudar seus planos no último minuto
e lançar uma marcha em direção a Moscou, de acordo com o relatório.
Os
mercenários do Grupo Wagner assumiram o
controle de uma importante base militar na cidade de Rostov-on-Don, e suas
tropas estavam se aproximando da capital russa quando Prigozhin cancelou seu
motim.
Onde estavam os apoiadores de Putin após
a rebelião do Grupo Wagner?
Os
eventos que se desenrolaram na Rússia no fim de semana paralisaram e
confundiram o mundo. Ainda há muito que não sabemos, depois que o chefe do
grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, enviou suas forças na estrada
para Moscou no que parecia ser o início de uma tentativa de golpe ou mesmo de
uma guerra civil. A rebelião de curta duração provocou uma reação furiosa de
seu patrono, o presidente russo Vladimir Putin, o normalmente frio czar
moderno.
Há
uma razão para as declarações oficiais mais comuns em todo o mundo serem do
tipo “estamos monitorando os eventos”. E, no entanto, sob a espessa névoa da
rebelião, algumas coisas eram totalmente visíveis. Ou devo dizer… invisíveis.
Em
um breve e irado discurso à nação na noite de segunda-feira (26), Putin afirmou
que o motim acabou porque “toda a sociedade russa se uniu e reuniu todos”.
Apontando para a “solidariedade civil”, ele insistiu que a “rebelião armada
teria sido reprimida de qualquer maneira”. Mas esses comentários não combinam
com o que o mundo inteiro testemunhou.
Onde
estavam as multidões de apoiadores de Putin? Putin não é o presidente com
índices de aprovação consistentemente estratosféricos?
Ao
longo dos meus muitos anos no ramo jornalístico, testemunhei vários golpes,
tentativas de golpe e insurreições. Várias vezes, quando eu fazia parte da
equipe da CNN, fui acordada por um telefonema me instruindo a ir para Moscou
naquele mesmo dia porque um golpe estava em andamento. A implantação rápida na
Rússia tornou-se quase rotineira. A palavra “putsch” entrou no meu vocabulário.
Em
1991, eu estava em Moscou com Wolf Blitzer e uma equipe de lendários, corajosos
e brilhantes jornalistas da CNN quando a KGB, trabalhando com o ministro da
defesa e outros funcionários do alto escalão soviético, tentou depor o
presidente soviético Mikhail Gorbachev, que estava tentando reformar o União
Soviética em um esforço inútil para evitar seu colapso. Os líderes do golpe
prenderam Gorbachev em sua casa de férias na Crimeia.
Os
golpistas impuseram toque de recolher, mas o povo ignorou. Centenas de milhares
foram às ruas, construindo barricadas e desafiando os tanques.
Nosso
escritório da CNN em Moscou fervilhava de ação. Equipes iam e vinham.
Trabalhamos o tempo todo, como sempre fizemos com as principais notícias de
última hora. O mundo pôde ver na CNN, em tempo real, o que estava acontecendo
na Rússia. Foi a história sendo feita.
A
equipe local estava mais tensa do que qualquer um. Para nós, foi um grande
acontecimento noticioso, um ponto de inflexão geopolítico. Para esses russos,
era sua vida, seu país.
Desta
vez, os russos pareciam bastante desengajados. Incrivelmente, até os moscovitas
brincaram sobre comprar pipoca para acompanhar o drama, como os ucranianos, sem
surpresa, fizeram.
O
golpe de 1991 foi reprimido pelo povo russo, liderado pelo recém-eleito
presidente da Rússia, a república mais importante da União Soviética, que
abraçava a democracia. Boris Yeltsin ficou famoso sobre em um tanque,
desafiando aqueles que impediriam a transformação da Rússia.
Gorbachev
voltou a Moscou; Yeltsin e as forças da democracia saíram vitoriosos. Alguns
dias depois, a Ucrânia declarou sua independência.
Grandes
multidões ajudaram a derrotar golpes em outros lugares. Em 2016, tanques
invadiram as ruas de Ancara, a capital turca. Os militares anunciaram que a
administração do presidente Recep Tayyip Erdogan havia “perdido toda a
legitimidade”.
O
povo turco estava – e ainda está – profundamente dividido sobre Erdogan. Mas
mesmo muitos de seus oponentes rejeitaram a ideia de um golpe militar. Os
manifestantes saíram correndo, deitando-se na frente dos tanques, subindo neles
para forçá-los a parar. Erdogan sobreviveu.
Da
mesma forma, os apoiadores também salvaram o venezuelano Hugo Chávez em 2002,
depois que líderes militares o forçaram a renunciar.
Não
se deve deixar de notar que os golpes fracassados não enfraqueceram Erdogan ou
Chávez. Erdogan expurgou os militares, a academia, os tribunais e a polícia,
removendo seus críticos. O golpe deu a ele a desculpa de que precisava para
solidificar seu domínio. Ele chamou isso de “um presente de Deus”. Ele agora
começou sua terceira década no poder.
Chávez
também permaneceu no poder até sua morte, pouco mais de uma década depois, e
seu sucessor escolhido a dedo, Nicolás Maduro, governa a Venezuela hoje.
Putin
pode muito bem usar a experiência para apertar seu controle e se vingar. Mas se
ele quiser remover supostos leais que não o apoiaram, ele pode ficar ocupado
por muito tempo.
Não
eram apenas os russos comuns que pareciam desinteressados em defender seu
presidente, mesmo depois que ele apelou aos cidadãos para unir forças em um
discurso inflamado na manhã de sábado condenando a “traição” de Prigozhin, sem
nomeá-lo, e alertando que “a Rússia está lutando ferozmente por seu futuro”
contra “uma ameaça mortal ao nosso estado, a nós como nação”.
Os
mercenários de Prigozhin entraram na cidade-chave de Rostov-on-Don –
quartel-general do comando sul da Rússia, que dirige a operação na Ucrânia –
sem enfrentar qualquer resistência. O povo apertou as mãos dos lutadores do
grupo Wagner e trouxe-lhes comida e água.
A
marcha do grupo Wagner em direção a Moscou parecia enfrentar pouca resistência
dos militares ou do povo. E mais tarde naquele dia, quando o drama parecia
terminar tão repentinamente quanto começou, e Prigozhin ordenou que suas forças
invertessem o curso e partissem, algumas pessoas de Rostov pareciam totalmente
desapontadas, aplaudindo calorosamente seus invasores que partiam.
Assim
como a invasão não provocada de Putin na Ucrânia revelou a incompetência das
outrora respeitadas forças armadas da Rússia, a rebelião de Prigozhin revelou o
vazio do apoio de Putin.
E,
no entanto, qualquer um que pense que a fraqueza de Putin anuncia um futuro de
democracia e paz para a Rússia e seus vizinhos fariam bem em adiar os planos de
colocar a champanhe para gelar.
Putin
praticamente esmagou a oposição liberal e democrática. Seus líderes mais
proeminentes foram assassinados, presos ou levados ao exílio. Um grande número
de russos, incluindo críticos de Putin, deixou o país.
Prigozhin,
que foi aplaudido, é um criminoso condenado. Claro, ele revelou que a invasão
da Ucrânia foi lançada sob falsos pretextos, que a Ucrânia e a Otan não eram
uma ameaça para a Rússia. Mas sua principal crítica é que o exército corrupto
tem sido incompetente e que deveria lutar mais e melhor contra a Ucrânia.
A
Rússia – um país com armas nucleares – está agora mais instável do que antes no
fim de semana passado. Putin provavelmente tentará reprimir e mostrar que ainda
está no controle. Mas quanto suporte ele tem? Quantos outros pretensos homens
fortes irão conspirar para ultrapassá-lo? Ao mesmo tempo, a perspectiva de
mudança abre outros caminhos, inclusive mais positivos.
Depois
de cada golpe, cada revolução, cada revolta que testemunhei, a realidade
inevitável é que não sabemos como isso vai acabar.
A
Rússia permanece um enigma, e os eventos que acabaram de acontecer ainda estão
envoltos em mistério. Se até o passado recente permanece um mistério, o futuro
é ainda mais irreconhecível.
Fonte:
CNN Brasil
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