quinta-feira, 29 de junho de 2023

Guerra às drogas custa R$ 15 bilhões por ano em recursos públicos

A guerra às drogas tem servido de álibi para a polícia brasileira matar ou encarcerar a população jovem e negra, causando – além de dor para uma grande fatia da população – desperdício de bilhões reais a cada ano em recursos públicos.

Segundo a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Julita Lemgruber, os gastos anuais – para colocar em operação a lei de drogas – chegam a R$ 5,2 bilhões apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Julita participou da abertura de seminário promovido nesta terça-feira (27) pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir a regulação da Cannabis – planta popularmente conhecida como maconha.

“Se nós estendermos esse cálculo para todo o Brasil, veremos que o país tem R$ 15 bilhões de seu orçamento direcionados à implementação da lei de drogas”, acentuou a socióloga, que foi diretora do Departamento do Sistema Penitenciário Nacional.

Os valores apresentados por ela constam da pesquisa Um Tiro no Pé: Impactos da proibição das drogas no orçamento do sistema de justiça criminal do Rio de Janeiro e São Paulo.

•        Verdadeiro genocídio

Na avaliação da especialista, “a guerras às drogas é o álibi perfeito para a polícia exercer seu poder de causar mortes e encarcerar a população jovem e negra nesse país”, disse ela, ao classificar a forma como a lei de drogas tem sido implementada como um “verdadeiro genocídio da população negra”.

“Como não se emocionar com a quantidade de mortes que a polícia provoca; e com a quantidade de pessoas que vão para cadeia hoje. Não à toa, o Brasil é atualmente o terceiro maior encarcerador do planeta. Isso é uma barbaridade”, argumentou.

Segundo ela, a polícia no Brasil mata cinco pessoas negras por dia apenas no Rio de Janeiro. “Nos últimos anos, a polícia matou mais de mil jovens negros moradores de favela, em nome da guerra às drogas”, revelou.

“Se isso não mobiliza os corações das pessoas, então vamos começar a pensar que isso tem a ver com orçamento público”, acrescentou,  ao ressaltar que o impacto da chamada guerra das drogas nas áreas de favela do Rio de Janeiro vai além da questão da saúde, prejudicando também o desempenho das crianças nas escolas.

 

       Fim de rede de comunicação de criminosos levou a 6,5 mil prisões

 

O desmantelamento do sistema de comunicações móveis encriptadas EncroChat, bastante utilizado por organizações criminosas, já levou à detenção de mais de 6,5 mil pessoas em todo o mundo, revelou hoje a Europol.

Segundo um balanço divulgado hoje (27) pela entidade europeia, apresentado pelas autoridades francesas e holandesas em Lille, na França, foram detidas 6.558 pessoas, das quais 197 eram consideradas alvos muito importantes, na sequência da eliminação da ferramenta apelidada de Whatsapp dos Criminosos.

Entre os elementos detidos a partir do EncroChat está o português Rúben Oliveira, também conhecido como Xuxas, em um processo de tráfico de droga que está atualmente na fase de instrução e cujo debate instrutório está agendado para quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Ao falar sobre o impacto da eliminação deste sistema de comunicações, como os quase € 900 milhões em ativos criminosos congelados ou apreendidos, a Europol informou ainda que essa operação “ajudou a prevenir ataques violentos, tentativas de homicídio, corrupção e transportes de droga em grande escala”, tendo sido interceptadas mais de 115 milhões de conversas de teor criminoso entre cerca de 60 mil usuários.

Segundo os números revelados por nota à imprensa, o fim do EncroChat conduziu também à apreensão de 103,5 toneladas de cocaína, 163,4 toneladas de maconha, 3,3 toneladas de heroína e mais de 30 milhões de comprimidos de drogas químicas.

Foram ainda apreendidos mais de 900 veículos, quase 1 mil armas, 83 barcos e 40 aviões com os criminosos, que desde então já foram condenados a penas que somam mais de 7 mil anos.

Investigação

A investigação ao sistema começou na França em 2017, e descobriu que a empresa responsável operava via servidores baseados naquele país.

Em 2019 foi aberto, pelas autoridades francesas, um processo na Eurojust, a agência europeia para a cooperação judiciária, e no ano seguinte foi criada uma equipa de investigação conjunta, cujos resultados sobre as atividades criminosas passaram a ser compartilhados pelas autoridades europeias.

A Europol explicou que os telefones EncroChat eram apresentados com garantia de total encriptação e não rastreabilidade das comunicações, além de disporem de um PIN especificamente criado para apagar todo o conteúdo do equipamento, caso os usuários se vissem na iminência de serem apanhados pelas autoridades.

Os critptotelefones vendidos pela EncroChat custavam cerca de € 1 mil euros e eram ainda oferecidas assinaturas com cobertura mundial a um custo de € 1,5 mil euros por seis meses.

 

       Golpe do falso anúncio: 28 são presos no Rio por sequestro, tortura e extorsão via PIX

 

A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta quarta-feira (28) 28 pessoas na Operação Market Fake, contra o golpe do falso anúncio. Segundo as investigações, criminosos atraíam compradores com ofertas de carros inexistentes e os sequestravam. As vítimas eram obrigadas, sempre sob muita violência, a fazer Pix para os bandidos e até a passar cartões em máquinas da própria quadrilha.

Algumas vítimas relataram que os criminosos as sufocaram com sacos plásticos. Outras contaram terem sido agredidas a tijoladas.

Agentes da 58ª DP (Posse) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) saíram para cumprir 54 mandados de prisão.

De acordo com a força-tarefa, a quadrilha postava anúncios de venda de veículos na internet e marcava com os interessados próximo a algum acesso do Parque São José, no Complexo de Santa Tereza, em Belford Roxo.

No local, os compradores eram rendidos por homens armados e levados para dentro da comunidade. Lá, os bandidos pegavam os celulares das vítimas e faziam transações e empréstimos. Cartões bancários também eram passados em máquinas registradas no nome de integrantes da quadrilha.

Enquanto as vítimas eram torturadas, bandidos faziam videochamadas para familiares exigindo mais dinheiro.

 

       Polícia diz que jovem preso em PE é mentor intelectual de ataque a escola em Cambé (PR)

 

A Polícia Civil do Paraná disse que o mentor intelectual do ataque à escola de Cambé, no norte do Paraná, foi o jovem de 18 anos preso em Gravatá, em Pernambuco, no último dia 21. Ele e o atirador se conheceram em 2021.

Segundo os investigadores, o jovem de Pernambuco tinha um grupo que estimulava atos de violência e pagava bônus para quem cometesse atos de crueldades. O atirador já tinha preparado o atentado por três vezes e desistiu do ataque no dia 20 de abril, data do massacre de Columbine (ocorrido em 1999).

Na manhã do dia 19 de junho, um ex-aluno de 21 anos entrou sozinho no Colégio Estadual Professora Helena Kolody e atirou contra dois estudantes. Karoline Verri Alves, 17, e Luan Augusto da Silva, 16, que eram namorados, morreram.

Segundo a Polícia Civil, antes de começar a disparar contra os estudantes, o atirador entrou no banheiro da escola, onde ficou por quatro minutos. Nesse tempo, publicou nas redes sociais documento escrito por ele e pelo jovem apontado como mentor do ataque, intitulado "manifesto contra o estado opressor". Na publicação, ele ainda cita o bullying sofrido como motivação para o crime. Após a prisão, a polícia conseguiu derrubar o perfil dele no Facebook.

Ainda no banheiro, o atirador vestiu uma beca preta, segundo a investigação. O traje, que costuma ser usado em formaturas, foi repassado a ele pelo outro suspeito (de 21 anos) preso em Rolândia (PR) — como num rito de passagem.

De acordo com o delegado de Cambé, Paulo Henrique Costa, responsável pelo inquérito, foi "tudo planejado via aplicativos e inspirados em atos cruéis compartilhados na deepweb".

"Todos alegam ser vítimas de bullying. A questão da perversidade fica clara, eles falam muito em mortes, suicídios, psicopatias, serial killer, e buscam esses ataques como símbolos e heróis. Possuem ideologias, que seriam referentes a morte, certos preconceitos", diz Costa.

"Na deepweb, eles vão tratando questões como a construção de artefatos explosivos, compra de munições, compra de armas, de como eles vão agir. Buscam muitas informações de como vão se esquivar da segurança", afirma o delegado.

Costa afirma que era como se o atirador tivesse duas vidas. "Eles se preparam e vivem neste mundo paralelo virtual, vivem especialmente para isso. O executor tinha uma vida em Rolândia aparentemente normal. Ele estudou, trabalhava com o pai no campo, e paralelamente, tinha essa outra vida", diz o investigador.

Após o atentado, cinco suspeitos foram presos.

O atirador foi preso em flagrante após o crime e levado para a Casa de Custódia de Londrina, cidade vizinha. Um dia depois do ataque, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que ele foi encontrado morto na cela. Há suspeita de suicídio, mas as investigações ainda não foram concluídas.

Na mesma unidade prisional estava detido outro homem de 21 anos suspeito de ajudar no plano de ataque à escola. Ele foi preso ainda na noite do dia 19.

No último final de semana, ele passou por uma avaliação médica e na manhã desta segunda-feira (26) foi encaminhado para o CMP (Complexo Médico Penal), na região metropolitana de Curitiba.

No dia 21, um terceiro jovem, de 18 anos, também foi preso por suspeita de ligação com o caso, na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Agora, os investigadores revelam que o rapaz atuou como mentor intelectual dos crimes.

A quarta prisão relacionada ao ataque aconteceu dia 23, em Rolândia –um homem de 35 anos. A quinta prisão foi de um homem de 39 anos, também em Rolândia, na segunda (26).

Os dois homens de 35 anos e de 39 anos foram detidos pela venda da arma utilizada no crime, mas não teriam conhecimento de como ela seria utilizada, segundo o delegado Paulo Henrique Costa.

 

Fonte: News Rondonia/g1/FolhaPress

 

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