Reposição hormonal:
o que levar em consideração após a menopausa
Ao
passar dos 40 anos, a aproximação da menopausa começa a fazer parte das
preocupações das mulheres. Recentemente, a atriz Luana Piovani, 46 anos,
compartilhou que tem sentido zumbidos no ouvido e lapsos de memória. A
apresentadora Angélica, 49, disse ter percebido a chegada da menopausa aos 43
anos. Michelle Obama, 59, viveu ondas de calor e suores noturnos.
O
fato é que a menopausa é inevitável. Todas as mulheres vão passar por ela, e há
estratégias para que o período de transição seja mais suave, sem causar tantos
desconfortos.
A
terapia de reposição hormonal já foi um dos métodos mais populares em uso, mas
um estudo publicado em 2002 encontrou ligação entre a aplicação de hormônios e
o aumento do risco de câncer de mama, o que levou a um abandono maciço do
tratamento.
“Há
muitas controvérsias em relação a esse estudo, e de lá para cá houve muita
evolução na técnica. Mas a questão é que cada mulher precisa ser avaliada
individualmente”, afirma a professora aposentada da Universidade de Brasília
(UnB) Lívia Penna Firme Rodrigues, doutora em ciências da saúde.
Em
2019, uma pesquisa maior, chamada de meta-análise por usar várias estudos, foi
publicada na revista The Lancet e concluiu que o risco de câncer varia de
acordo com uma série de fatores, como a formulação da reposição e o tempo de
exposição à terapia hormonal.
“As
pacientes que receberam (reposição hormonal) por um a quatro anos tinham o
risco aumentado em 17% de desenvolver câncer de mama; de cinco a nove anos, o
risco subia para 22%; acima de 10 anos, o risco era de 43%”, explica a
oncologista Elisa Porto, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro).
De
maneira geral, prevalece a indicação de que a paciente recorra aos métodos em
caso de sintomas pronunciados e de acordo com seu histórico médico. Segundo a
oncologista, o ideal também é que a solução hormonal seja usada pelo mínimo de
tempo possível.
• Menopausa
A
menopausa ocorre, em geral, entre os 45 e os 55 anos de idade, com a queda da
produção do hormônio estrogênio. Esse processo resulta em uma série de sintomas
que podem persistir ao longo de 10 a 15 anos após a última menstruação, no
período chamado climatério.
“No
fim da vida fértil, quando os folículos estão acabando, o corpo da mulher
produz menos estrogênio, resultando em todos os sintomas clássicos da
menopausa”, explica o ginecologista Rafael Lobo, médico da clínica Tivolly, de
Brasília.
Cada
mulher enfrenta a menopausa de maneira diferente. Enquanto algumas podem
atravessar o período sem desenvolver quaisquer sintomas, outras acabam sofrendo
alterações no fluxo menstrual – com ciclos intensos e espaçados, névoa cerebral
– com a perda da memória recente, leve alteração cognitiva, estresse acentuado,
instabilidade emocional, perda da qualidade do sono, falta de energia ao longo
do dia, perda da libido e fogachos – as famosas ondas de calor.
São
sintomas que, muitas vezes, passam despercebidos porque as pacientes os normalizam.
A queda do estrogênio também está relacionada à perda de massa muscular,
ressecamento da pele e mudanças na distribuição da gordura, resultando em maior
acúmulo na região abdominal.
Há
ainda os sintomas menos comuns, como zumbidos no ouvido e labirintite.
• Reposição hormonal
Na
hora de decidir pela reposição hormonal, é necessário levar em consideração a
vontade da paciente, os sintomas apresentados e as contraindicações devido ao
histórico médico. Quando há recomendação, o tratamento deve começar nos 10
primeiros anos após a última menstruação. “Depois disso, o risco cardiovascular
aumenta muito”, afirma o médico.
Para
o ginecologista Rafael Lobo, três fatores devem ser levados em consideração: a
presença de sintomas vasomotores, como os fogachos; a osteoporose, pacientes
com fraturas por falta de estrogênio; e a síndrome geniturinária (SGU),
caracterizada por um conjunto de sintomas que afetam a vida sexual e os hábitos
urinários.
“Em
muitos momentos, a reposição hormonal é a melhor solução para a mulher. Se ela
tiver muitos sintomas desconfortáveis ou estiver vivendo uma menopausa precoce,
é importante avaliar para que tenha uma vida mais tranquila”, afirma Lívia
Penna Firme Rodrigues, da UnB.
·
Opções
de tratamento
O
tratamento dos sintomas da menopausa evoluiu bastante nos últimos anos. Ele
pode ser feito por meio de reposição hormonal com hormônios sintéticos ou
bioidênticos, não hormonais, e de forma natural, com mudanças no estilo de
vida.
Os
hormônios bioidênticos são feitos em farmácias de manipulação e são muito
similares aos produzidos pelo corpo humano. A reposição é feita geralmente por
gel ou implante. “A paciente passa por exames para avaliação antes da reposição
de hormônios sexuais, como o estradiol, estriol, progesterona e testosterona”,
explica Lívia.
A
reposição ocorre por via transdérmica, a partir da aplicação de géis ou
adesivos na pele. Essa é considerada a alternativa mais segura e eficaz porque
libera hormônios sem que eles passem pelo fígado, evitando a metabolização
deles e uma série de efeitos colaterais.
Há
ainda os implantes hormonais, trocados a cada seis meses, e a utilização de um
dispositivo intrauterino (DIU) específico, que combina anticoncepcional e
estrogênio. A técnica é indicada para as mulheres na transição entre o fim da
vida reprodutiva e a menopausa porque combina contracepção e reposição
hormonal.
·
Contraindicação
Mulheres
que param de menstruar, mas não apresentam sintomas vasomotores, como os
fogachos, ou osteoporose, não necessitam de fazer a reposição hormonal.
Durante
a avaliação, é levado em consideração se a mulher tem histórico de câncer de
mama na família, trombose, varizes, hipertensão mal controlada, tabagismo e
doenças autoimunes como fatores importantes.
Quando
ela não tem nenhuma contraindicação, a orientação é observar como ela reage a
cada uma das estratégias de reposição hormonal e entender em que fase ela se
encontra.
Ø
Menopausa:
especialista indica 6 plantas para reposição hormonal
Para
oito em cada dez mulheres que atravessam a menopausa, o período é marcado
por sintomas
desconfortáveis relacionados
ao desequilíbrio hormonal do fim da vida reprodutiva, com prejuízos na
qualidade de vida.
Existem
vários métodos de reposição hormonal para prevenir ou curar
sintomas como
os fogachos – as famosas ondas de calor –, instabilidade emocional e perda da
qualidade do sono.
Porém,
as mulheres com fatores de risco que as impeçam de fazer a reposição com
hormônios sintéticos ou que buscam métodos naturais de tratamento têm como
opção a fitoterapia, homeopatia, medicina tradicional
chinesa,
massagem, aromaterapia e
florais,
por exemplo.
“Geralmente,
para observar melhora, devemos optar por mais de um tipo de recurso
terapêutico”, esclarece a professora aposentada da Universidade de Brasília
(UnB) Lívia Penna Firme Rodrigues, doutora em ciências da saúde. Segundo ela,
essas estratégias devem ser usadas como um complemento ao tratamento ou como
forma de prevenir e amenizar os sintomas mais comuns dessa fase.
·
Fitoterapia
A
fitoterapia trata do uso das ervas, plantas, vegetais e frutas. As mais usadas
na menopausa são ricas em fitoestrogênios, que têm ações similares ao
estrogênio no corpo, suavizando os desconfortos devido à falta do hormônio.
“Existem
várias plantas ricas em fitoestrogênios que podem contribuir muito para o
desequilíbrio hormonal”, afirma Lívia.
O efeito das ervas na menopausa
é mais lento e gradual, podendo levar de três a quatro semanas para ser
sentido, dependendo da planta utilizada. Por isso, elas costumam ser usadas em
combinação para produzir melhores resultados.
As
plantas podem ser ingeridas em pó, extratos secos e alcoólicos. Caso não sejam
manipuladas, ainda há no mercado opções prontas, com fórmulas específicas para
determinados sintomas.
“O
importante é optar por aquelas de boa qualidade, marcas reconhecidas,
produzidas com ervas orgânicas e dentro do prazo de validade estabelecido”,
afirma Lívia.
Antes
de começar a tomar qualquer uma das opções, a indicação é procurar um
especialista para avaliar a segurança do fitoterápico.
Getty
Images
·
Amora
A amora é a fruta mais
popular e fácil de usar, devido à disponibilidade no Brasil. Estudos mostram
que tanto o fruto quanto as folhas secas ou frescas da amoreira ajudam na
regulação dos hormônios, e são eficientes para controlar os calores.
A
fruta pode ser consumida in natura ou em sucos; e as folhas, usadas no preparo
de chás ou em extratos disponíveis em cápsulas comercializadas nas farmácias.
·
Cimicifuga
racemosa ou black cohosh
As
propriedades da Cimicifuga racemosa amenizam as ondas de calor, suores
noturnos, depressão, palpitações, atrofia e secura vaginal, tonturas e zumbidos
em seis a oito semanas de uso.
Lívia
destaca que a suplementação com a planta torna-se ainda mais eficaz quando é
feita em conjunto com a isoflavona da soja. Esta opção pode ser consumida em
forma de chá, tintura, gotas ou cápsulas manipuladas.
·
Dong
quai (Angelina sinensis)
A
Dong quai é uma planta asiática conhecida como ginseng feminina. Ela é indicada
para aliviar os fogachos, ressecamento vaginal e outros sintomas relacionados
ao desequilíbrio hormonal, controlando os níveis de estrogênio.
·
Erva-de-são-joão
(Hipericum perforatum)
A
erva-de-são-joão, também conhecida como hipericão ou hipérico, é utilizada como
remédio caseiro para depressão leve a moderada, pois estimula a produção de
serotonina; ansiedade e tensão muscular. Ela pode ser comprada seca, em tintura
ou em cápsulas, em lojas de produtos naturais e farmácias.
·
Ginseng
(Panax ginseng)
O
ginseng tem ação estimulante e revitalizante. Segundo Lívia, ela é uma ótima
opção para quando a mulher se sente muito cansada e estressada. A planta
consumida em pó, em forma de suplemento, chá ou em tintura, ajuda a regular a
pressão sanguínea, baixar o colesterol e melhorar a circulação, sendo
especialmente indicado para melhorar a libido.
“Pesquisas
mostraram que o ginseng tem propriedades similares ao estrogênio. Melhora a
libido, o humor, a memória e diminui a insônia na menopausa”, afirma a
professora aposentada.
·
Maca
peruana (Lepidium peruvianum)
A maca peruana é considerada
o ginseng peruano. Suas ações incluem a regulação hormonal e benefícios para a
memória, além de funcionar como estimulante sexual.
Fonte:
Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário