quinta-feira, 29 de junho de 2023

Líderes europeus como Scholz e Macron dizem que vão ligar a Putin para se exibirem, diz Lavrov

Na visão do ministro das Relações Exteriores da Rússia, líderes ocidentais usam do conflito e da influência de Putin para "se exibirem a eleitores" uma vez que dizem que vão ligar para o líder russo "e não o fazem".

Em diversas declarações nesta quarta-feira (28), o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que algumas "abordagens desonrosas" foram usadas para persuadir países a apoiar o plano do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, na reunião que aconteceu em Copenhague.

"Ouvi dizer que tais abordagens desonrosas ocorreram lá, quando, em resposta a objeções sobre o realismo desse plano de Zelensky – o qual significa rendição – eles disseram: 'Você não o apoia, há pontos aí que não se relacionam com o conflito, mas que se relacionam com a segurança alimentar e energética'", disse Lavrov em entrevista hoje (28).

O ministro se refere à reunião promovida pelos Estados Unidos e União Europeia que teve como convidados países do Sul Global e aqueles que ainda não aderiram "a um lado", ou seja, que prezam pelo conceito de neutralidade em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

Lavrov também disse que declarações feitas por líderes ocidentais sobre contatos com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a situação simplesmente não merecem respeito.

"Compare todas as declarações públicas de figuras ocidentais sobre contatos com Putin, elas simplesmente não merecem respeito. Se você estiver interessado em uma conversa, o presidente da Rússia nunca recusará tal contato", disse Lavrov durante a entrevista.

Lavrov lembrou que o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, disseram que planejam ligar para Putin, mas não o fizeram. Ao mesmo tempo, Lavrov acrescentou que os líderes europeus, que anunciam publicamente sua intenção de ligar para Putin, querem "se exibir diante de seus eleitores".

·         MRE russo rebate fala dos EUA sobre extradição de Prigozhin: Rússia não extradita seus cidadãos

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo Maria Zakharova, comentando a intenção dos Estados Unidos de extraditar Yevgeny Prigozhin, afirmou que qualquer cidadão da Federação da Rússia não está sujeito a extradição para outro país.

"Quanto ao aspecto legal geral da extradição, posso dizer: qualquer cidadão da Rússia não está sujeito à extradição para outro Estado e tem o direito de contar com a ajuda da Rússia para protegê-lo de tentativas ilegais de levá-lo à responsabilidade criminal no exterior", disse Zakharova em um briefing na quarta-feira (28).

Anteriormente, o porta-voz do Departamento de Estado Matthew Miller afirmou que os Estados Unidos buscariam a extradição de Prigozhin se ele estivesse em um país com o qual há um acordo de extradição, mas Belarus não está entre eles.

Na noite de sábado (24), na cidade russa de Rostov-no-Don, a sede do Distrito Militar do Sul foi tomada pelas forças e equipamentos do Grupo Wagner.

Isso aconteceu após as declarações de Yevgeny Prigozhin sobre os supostos ataques das Forças Armadas russas contra os campos do Grupo Wagner, tendo tanto o Ministério da Defesa da Rússia quanto o Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia negado isso.

A rebelião armada foi interrompida graças às difíceis negociações que o líder belarusso Aleksandr Lukashenko conduziu durante todo o sábado, em acordo com Vladimir Putin.

Como resultado, Prigozhin concordou em ir para Belarus, alguns dos combatentes que não participaram da rebelião se ofereceram para assinar um contrato com o Ministério da Defesa e o resto do Grupo Wagner não será perseguido.

·         UE vai discutir ativos russos congelados e ajuda à Ucrânia na próxima cúpula, diz funcionário

Os líderes da União Europeia (UE) pretendem discutir o conflito na Ucrânia, bem como os ativos russos congelados e a assistência a Kiev em uma cúpula em Bruxelas na próxima quinta-feira (29), disse um alto funcionário do bloco nesta quarta-feira (28).

Ao discutir a segurança com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, o tema das garantias de segurança para a Ucrânia também vai ser abordado, no entanto, a situação interna na Rússia não está na agenda da cúpula da UE do dia 29 de junho, embora possa ser levantada, disse o funcionário.

Ainda segundo o funcionário, a questão do uso de ativos congelados russos continua a ser um tema de controvérsia na UE devido aos seus possíveis efeitos colaterais.

Enquanto isso, o bloco europeu não tem o direito de simplesmente tomar posse dos ativos congelados da Rússia e deve estar preparado para um dia devolvê-los integralmente e com juros, observou a fonte da UE.

O funcionário acrescentou que as sanções não pretendem ser uma punição, mas sim uma mudança na política do Estado sancionado, pelo que devem ser retiradas logo que ocorra a mudança pretendida.

A UE deve encontrar uma maneira de obter mais dos ativos congelados da Rússia do que apenas juros mais os valores originais, disse o funcionário. No entanto, isso deve ser feito com muito cuidado, para que os potenciais investidores não pensem melhor em colocar seu dinheiro na UE por medo de acabar nas listas de sanções. Além disso, os proprietários dos ativos russos congelados podem tomar medidas legais contra as instituições financeiras do bloco, o que seria contraproducente, disse a fonte da UE.

O funcionário também disse que a UE estava relutante em impor impostos adicionais em favor da Ucrânia às empresas que atualmente lucram com os ativos russos congelados, pois podem deixar o mercado europeu. Portanto, tal decisão deve ser tomada em cooperação com todos os parceiros europeus.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no início desta quarta-feira que a comissão apresentaria uma proposta de uso de ativos russos congelados para apoiar a Ucrânia antes das férias de verão no Hemisfério Norte.

·         MRE russo: Rússia e China realizaram reunião com diálogo focado em defesa antimísseis

Pequim e Moscou realizaram consultas entre os Ministérios das Relações Exteriores, com foco na defesa antimísseis, informou a chancelaria nesta terça-feira (27).

O MRE russo especificou que a intenção de realizar consultas desse tipo de forma regular no futuro entre os dois países "foi confirmada".

"Na terça-feira [27 de junho], as consultas Rússia-China sobre defesa antimísseis foram realizadas em Moscou. Houve uma ampla troca de pontos de vista sobre vários aspectos desse problema, incluindo suas dimensões global e regional", disse o comunicado da pasta.

Em abril, os presidentes da Rússia e da China, Vladimir Putin e Xi Jinping, respectivamente, expressaram em uma declaração conjunta sua preocupação com a intenção dos Estados Unidos de implantar mísseis terrestres de curto e médio alcance na região da Ásia-Pacífico e na Europa.

O embaixador russo na China, Igor Morgulov, disse hoje (27) que Pequim e Moscou são capazes de frustrar os planos da OTAN de dividir o espaço euroasiático comum (pan-euroasiático) em uma rede de "clubes exclusivos" e blocos militares, conforme noticiado.

 

Ø  Kiev admite que Ucrânia não será oferecida como membro da OTAN nesta fase do conflito

 

O ministro da Defesa da Ucrânia, Aleksei Reznikov, afirmou em entrevista ao jornal Financial Times que Kiev admite o fato de que nesta etapa das ações militares, Ucrânia não vai receber o convite para aderir à OTAN.

"Estamos cientes de que durante a fase quente, é improvável a tomada de uma decisão política unânime", disse ele.

De acordo com a publicação, Reznikov afirma que o argumento para convidar Kiev para a Organização do Tratado do Atlântico Norte é o fato de que a Ucrânia é o único país do mundo que tem experiência em combate, "contendo russos" e usando armas da Aliança Atlântica para isso.

"Que outro argumento é necessário para convidar a Ucrânia para a OTAN?", indagou Reznikov.

Além disso, o chefe do Ministério da Defesa ucraniano estabeleceu fortes relações com colegas ocidentais, em particular com o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, que, segundo Reznikov, o chama de "seu amigo íntimo".

Por sua vez, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky disse que Kiev espera receber um convite claro para aderir à OTAN na reunião de julho em Vilnius, na Lituânia.

Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, o país não aceitará nenhuma outra decisão da cúpula do bloco, exceto um convite para se juntar a ela.

No final de maio, o chanceler russo Sergei Lavrov advertiu durante o discurso no XI Encontro Internacional de altos representantes encarregados de questões de segurança que os países da OTAN estão envolvidos no conflito ucraniano e essa linha irresponsável aumenta a ameaça de um confronto militar direto entre potências nucleares.

·         Em discurso ao parlamento, Zelensky insta OTAN a 'não temer Rússia' sobre adesão da Ucrânia

Presidente acredita que suas tropas estão mostrando que "não vale a pena ter medo" da Rússia, entretanto, contraofensiva ucraniana anda em marcha lenta e ritmo "não desejado" como declarado pelo próprio Zelensky.

Em discurso ao parlamento no Dia da Constituição da Ucrânia nesta quarta-feira (28), Vladimir Zelenksy disse que os países da OTAN devem parar de se preocupar com possíveis reações do Kremlin e do líder russo, Vladimir Putin, ao considerarem deixar a Ucrânia entrar na aliança militar, prevendo que suas forças prevalecerão contra a operação russa.

"Alguns países e alguns líderes mundiais, infelizmente, ainda olham por cima do ombro para a Rússia enquanto tomam decisões. Os ucranianos estão provando que não vale a pena ter medo da Rússia", afirmou o líder citado pela Bloomberg.

Segundo a mídia, o presidente delineou uma visão estratégica para a Ucrânia de se juntar à OTAN e à União Europeia como uma nação moderna e digitalizada, sem forças russas em seu território.

Ele também expressou que Kiev acabará triunfando em uma vitória que trará paz e segurança às nações da ex-União Soviética, incluindo Moldávia, Geórgia e Belarus. Ao mesmo tempo, Zelensky sinalizou que continua contrário a qualquer plano de paz que congele ganhos territoriais feitos pela Rússia.

"A Ucrânia não concordará com nenhuma das variantes para um conflito congelado", afirmou.

Apesar da retórica otimista do líder, a contraofensiva ucraniana não está saindo como esperado e se encontra em ritmo mais lento "do que o desejado", como o próprio Zelensky classificou na semana passada.

 

Ø  Entenda por que mais veículos blindados Bradley dos EUA não impulsionarão contraofensiva da Ucrânia

 

O que Washington entregou à Ucrânia é uma versão não atualizada dos veículos blindados Bradley com capacidades de combate restritas, disse à Sputnik a tenente-coronel aposentada da Força Aérea dos EUA Karen Kwiatkowski, ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA.

O governo Biden anunciou outro pacote militar de US$ 500 milhões (R$ 2,42 bilhões) para Kiev, que inclui, entre outros armamentos, 30 veículos de combate de infantaria Bradley fabricados nos EUA.

Pelo menos 17 veículos deste tipo já foram danificados ou destruídos pelas tropas russas na tentativa malsucedida de contraofensiva do Exército ucraniano.

Será que um lote adicional de veículos Bradley será útil para o Exército ucraniano? A ex-analista do Pentágono Karen Kwiatkowski tem suas dúvidas.

"Bem, se você já assistiu ao filme de 1998 'As Guerras do Pentágono' [The Pentagon Wars, em inglês], talvez se pergunte como conseguimos desenvolvê-los! E, é claro, eles são de tecnologia e design da década de 1980, por causa do tempo de atraso no sistema de aquisição militar dos EUA daquela época e também de hoje", disse ela à Sputnik.

A ex-analista disse que, com os Bradleys desativados entregues à Ucrânia, os Estados Unidos estão agora no processo de atualização desses veículos de combate de infantaria.

"Seu programa de substituição foi, na verdade, iniciado em 2010, e a produção pela empresa vencedora [ou uma combinação] não começará até 2027. Em um espaço de batalha terra-mar-ar abrangente, o Bradley acrescenta mobilidade e proteção a outras partes do conjunto de armas combinadas, mas sem o 'resto do sistema' suas capacidades são limitadas, como vemos na Ucrânia hoje", observou Kwiatkowski.

Ela deixou claro que os suprimentos de Bradleys para a Ucrânia são algo de que a divisão norte-americana da empresa de defesa alemã Rheinmetall e a General Dynamics se beneficiarão, pois "elas refinam e propõem seu melhor projeto" dos Bradley.

Quando perguntada se o desenvolvimento de um novo veículo poderia implicar um aumento no orçamento militar dos EUA, Kwiatkowski disse que "parte da estratégia de expansão e relevância da OTAN, que tem sido a história da Ucrânia por mais de uma década, é como atualizar sistemas de armas mais antigos com apoio e dinheiro europeus, além de manter o enorme complexo industrial-militar dos EUA no futuro previsível".

"O orçamento de defesa dos EUA cresceu todos os anos durante minha vida, e nenhuma guerra foi 'vencida'. O próximo orçamento do Pentágono é de US$ 842 bilhões [R$ 4,08 bilhões], e isso sem contar todo o orçamento de inteligência, portanto, estaremos bem acima de um trilhão de dólares [R$ 4,8 trilhões] anualmente em 2024. Devido à influência e à disseminação do setor de defesa em todos os Estados, esse orçamento continuará a crescer até a falência dos Estados Unidos", concluiu.

Tanto Kiev quanto Washington reconheceram que a contraofensiva ucraniana está progredindo mais lentamente do que o esperado, com um funcionário do Pentágono citando um representante militar americano que admitiu que a contraofensiva "não está atendendo às expectativas em nenhuma frente".

O presidente russo Vladimir Putin, por sua vez, enfatizou que Kiev não conseguiu atingir nenhum objetivo estratégico no início de sua contraofensiva, perdendo mais de 180 tanques e mais de 400 veículos blindados.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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