Pesquisa revela que
52% dos brasileiros não fazem atividades físicas
A
Pesquisa Saúde e Trabalho, feita pelo Serviço Social da Indústria (Sesi),
divulgada nesta segunda-feira (26), em Brasília, conclui que 52% dos brasileiros
raramente ou nunca praticam atividades físicas. Entre os que fazem atividades
físicas, 22% se exercitam diariamente, 13% pelo menos três vezes por semana e
8% pelo menos duas vezes semanais.
O
levantamento foi realizado entre 10 e 14 de março de 2023. Em todos os estados,
foram entrevistadas 2.021 pessoas com mais de 16 anos. A margem de erro é de
dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
A
prática regular de atividades físicas é considerada por especialistas como um
dos principais meios de promoção e cuidado com a saúde. A professora de
Educação Física do Rio de Janeiro, Alessandra Almeida, concordou.
“O
corpo humano foi feito para estar em movimento. Diante dessa realidade, minha
aposta é que cada vez mais as pessoas precisarão trocar medicamentos por
treinos. Tenho certeza que a atividade física é a mais eficaz prescrição
médica, uma vez que tem como benefícios, não só tratar, mas prevenir muitas
doenças”, enfatizou.
·
Atividades físicas e saúde
Além
da frequência da prática de atividades físicas, o estudo fez a associação entre
a prática delas e o adoecimento. Segundo o levantamento do Sesi, 72% das
pessoas que praticam exercícios com frequência não tiveram problemas de saúde
nos últimos 12 meses. Porém, entre os que nunca praticam atividades físicas,
42% sofreram problemas de saúde em 2022.
O
diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucches, destacou que “a promoção da
saúde e de comportamentos preventivos é fundamental para a redução de problemas
na vida das pessoas. Com a prática de atividades físicas, temos pessoas mais
saudáveis e dispostas para encarar os desafios do dia a dia”.
O personal
trainer de Minas Gerais, Fernando Carlos de Oliveira, o Nando ENoix,
viralizou na internet com o vídeo de uma aluna de 100 anos de
idade que
faz atividades físicas com cargas adaptadas que possibilitaram ganho de força
muscular e equilíbrio.
O
professor, que trabalha com o público da terceira idade, defende a prática
regular de exercícios físicos, principalmente, a musculação com orientação de
um profissional da área. “A musculação pode ajudar a manter a massa muscular,
aumentar a força, melhorar a flexibilidade e a coordenação, além de contribuir
para a saúde óssea”, declarou.
A
funcionária pública de Recife, Iva Souza, de 50 anos, conhece bem essa
realidade. Ela convivia, desde os 21 anos, com a depressão ferrenha, como ela
mesma define. Estava sem disposição para brincar com os três filhos, sobrepeso
e déficit de cálcio que poderiam lhe causar problemas no futuro.
Há
cinco anos, ela levantou do sofá, calçou o tênis e assumiu um estilo de vida
mais saudável, com reeducação alimentar e rotina de treinos, que começaram em
casa e seguiram para a academia.
Como
resultado, a vida dela mudou: Iva perdeu 27 quilos, diminuiu estresse,
ansiedade e a depressão e tem outra relação com os filhos Miguel, de 14 anos,
Jordana, 13, e Letícia, 6. Colocou até o marido Denilson para se exercitar. Os
dois vão juntos para musculação pelo menos três vezes por semana. “Minhas
prioridades de vida são ter qualidade de vida física e mental, não depender de
ninguém e ter autonomia”, preconizou.
Há
dois anos, ela ainda encarou o tratamento de um câncer de mama considerado
agressivo. A funcionária pública percebeu que a nova vida mais saudável a
ajudou a passar pelas sessões de quimioterapia do tratamento.
“Quando
eu me deparei com o diagnóstico [do câncer] já estava no ritmo de uma pessoa
saudável e isso me ajudou muito mesmo no tratamento”, recordou. Mas,
Iva não parou por aí. Escreveu dois livros com histórias de superação de
mulheres e dela própria. Iva ainda criou – em uma rede social – uma conta
voltada ao público de 40 e 50 anos, mostrando os resultados das mudanças de
hábito. Agora, no mundo digital, Iva é a Iva Fit 40/50 Mais e divulga os
benefícios de ter largado o sedentarismo.
Outro
caso de superação é do contador Felippe Ornellas, de 39 anos,
morador de São Paulo. Ele chegou a pesar 176 kg. Em 2016, fez cirurgia
bariátrica para enfrentar a obesidade mórbida e perdeu 72 quilos. E hoje,
mantém a saúde e peso com musculação.
“A
prioridade do meu dia é a minha atividade física. Eu levanto, tomo o meu café e
vou treinar para começar o meu dia. Quando eu vou treinar à noite, parece até
que está faltando alguma coisa. A musculação me trouxe de volta à vida. Não foi
só uma vez. Mas, toda a semana”, confessou.
O
Ministério da Saúde também disponibiliza o Guia de Atividade
Física.
Ele tem orientações para públicos de todas as idades, além de gestantes e
pessoas com deficiência.
Para
estimular mais pessoas a terem o hábito se exercitar, o Ministério da Saúde
tem, desde 2011, o Programa Academia da Saúde (PAS), que desenvolve ações em
polos construídos com recursos federais e mantidos com repasses mensais.
Atualmente, o PAS atende 1.829 estabelecimentos e os recursos somam R$ 51
milhões, informou o ministério.
·
Saúde no trabalho
A
relação entre trabalho e qualidade de vida também foi abordada pela pesquisa do
Sesi. Nesse aspecto, 94% concordaram que um profissional com a saúde física e
mental em dia é mais produtivo no seu trabalho. A pesquisa também apontou que
12% dos entrevistados têm hábito de realizar consultas regulares com psicólogo.
O
professor de Educação Física, Welson Araújo, entende que a prática frequente
está diretamente relacionada à saúde mental. “Dentre os benefícios para a
mente, estão a diminuição dos sintomas de depressão e ansiedade e a melhoria da
memória.”
E
para a grande maioria ouvida pelo Sesi, saúde não é somente a ausência de
doenças ou enfermidades. Para 88% dos entrevistados, a saúde é um estado
completo de bem-estar físico, mental e social.
Sobre
ambientes saudáveis para o trabalho, 66% dos trabalhadores disseram que as
empresas em que trabalham estabelecem limites de horas de trabalho ou número de
turnos e 55% permitem flexibilidade e pausas para descanso ou prática de
exercícios. E mais: 49% têm estrutura para prevenir violência, assédio e
discriminação, ambiente livre do fumo e política de jornada de trabalho
flexível, como home office.
Fonte:
Por Daniela Almeida em Agência Brasil
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