Sente dores nas
relações sexuais? Entenda problema e saiba quando buscar ajuda
Dores
nas relações sexuais, que podem ocorrer antes, durante ou após o sexo, pode ser
diagnosticadas como dispareunia.
Esta
é uma condição complexa, com variadas causas e que, de acordo com pesquisa
publicada pelo portal americano “ABC”, atinge 20% das mulheres contra 2% dos
homens.
Para
entender mais sobre essas dores no ato sexual e como você pode driblar isso,
a CNN conversou com
especialistas.
·
Sexo ainda é um tabu
“São
muitas as mulheres que sentem dor na relação sexual e não procuram ajuda”,
afirmou à CNN Claudia
Petry, pedagoga com especialização em sexologia clínica.
“Foi
muito trazido que a primeira relação sexual para uma mulher trará um
sangramento, que é uma coisa dolorosa. Aquela jovem que inicia as atividades
sexuais muitas vezes já escutou isso, então ela entende que vai doer mesmo e é
assim que funciona o sexo. Tem gente que acha que doer é normal a vida
inteira”, acrescentou a especialista.
A
ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Luana Gomes, relata que a queixa
de dor durante relações sexuais é muito comum em seus atendimentos.
“A
grande maioria acha que é comum sentir dor e acaba não procurando ajuda muitas
vezes por vergonha.”
“O
sexo ainda é um tabu. Muitas mulheres seguem se privando de falar sobre o
assunto, por medo da exposição ao falar que têm um problema, crença religiosa e
até mesmo identificação e abertura durante a consulta médica”, acrescentou a
médica.
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Saúde mental também em foco
Quando
não investigada e tratada, a dor ocasionada pelo sexo pode gerar graves
consequências à saúde mental da mulher, além do desgaste na relação . “Pode
ocasionar em quadros depressivos e culpabilidade por não atingir o orgasmo”,
explica Luana.
“As
mulheres podem ficar muitos anos em sofrimento por conta da dor”, ressalta
Claudia.
“A
relação fica muito prejudicada. A relação sexual ao invés de trazer prazer traz
dor. E aí o impacto se dá principalmente na parceria humana, ela pode chegar
até a evitar estar em um relacionamento justamente porque quer evitar a relação
sexual”, completou a especiaista.
·
O que é dispareunia
A
dispareunia, dor no ato sexual, possui muitas camadas e sua investigação
precisa acontecer para além da melhoria no desempenho sexual.
“Ela
dificulta não só a relação sexual, como compromete a rotina da mulher porque
impede qualquer tipo de penetração, inclusive na colocação de um absorvente
interno e na hora de fazer exames ginecológicos”, explica Luana Gomes.
Ela
explica que a dispareunia pode ser classificada em dois tipos: superficial,
quando ocorre em torno da abertura da vagina, normalmente no momento da
penetração, ou profunda, quando a dor é sentida dentro da pelve, em geral
durante o movimento na penetração.
“Em
ambos os casos, as características da dor são as mesmas e se manifestam em
forma de ardência, pontada ou como uma cólica muito forte”, diz a
ginecologista.
·
Dores superficiais
Algumas
possíveis causas, explicadas por Luana, são infecções genitais como herpes e
candidíase, que costumam causar bastante ardência, já que a área da vulva fica
inflamada.
“A
mulher com tais patologias acabam apresentando pequenos cortes na região
genital, o que gera muito desconforto durante o ato sexual, algumas referem até
mesmo sangramento, então ao menor sinais de tais diagnósticos se faz necessário
o tratamento imediato”, disse a especialista.
Há
ainda o vaginismo, que também pode causar dores.
“Pelo
medo de dor na penetração, a mulher fica tensa e gera contratura muscular da
parte externa da vagina, por vezes de toda parte pélvica, causando dor. O
vaginismo é definido como espasmo involuntário recorrente ou persistente da
musculatura da vagina e o tratamento baseia-se com ajuda de fisioterapia e
acompanhamento psicológico”.
A
queixa de dor na vulva, parte externa da vagina, espontânea ou desencadeada
pelo toque, também é um sintoma.
“Seja
durante a relação sexual ou ao lavar, é chamada vulvodínia. Essa dor em
queimação e com persistência por mais de 3 meses ainda não tem origem
conhecida. Ela pode ser desencadeada, assim como a dispareunia, por infecções
ou por fatores psicológicos”, explicou Luana.
A
especialista explica que dores mais profundas ainda podem ter outras causas,
como a endometriose.
“Costuma
ser uma das grandes responsáveis pela dor durante o ato sexual por conta do
quadro inflamatório que provoca na pelve”, afirmou Luana.
A
menopausa também é um período na vida da saúde da mulher que pode causar dores
nas relações.
“Nessa
fase pode haver ressecamento vaginal por conta da diminuição do nível de
estrogênio, o que recomendamos é realizar uso de estrogênio tópico, naquelas
mulheres que não apresentam contra indicação a reposição, além de lubrificantes
e hidratantes a base de ácido hialurônico”, lembrou a especialista, que ainda
lembrou de outra possível causa.
“Cistos
no ovário e cicatrizes na região pélvica provindas de alguma infecção, cirurgia
ou radioterapia também podem se manifestar com dor durante o sexo”, afirma
Luana.
Quando
a mulher já foi vítima de violência sexual, sofre com problemas
socioeconômicos, repressão sexual, desconhecimento de seu corpo e disfunção
sexual prévia são fatores psicológicos chamados de dispareunia psicológica na
psicologia e também são fatores que devem ser levados em consideração quando há
dor no sexo.
“Quando
a dispareunia tem causa desconhecida ou de origem psicológica muitas vezes pode
exigir um tratamento multidisciplinar com ginecologista, fisioterapeuta,
psicólogo e psiquiatra”, aconselha Luana.
·
Atenção à mulher
É
importante entender que a mulher precisa de lubrificação para ter o ato sexual
de forma mais prazerosa e, para isso, são necessários estímulos adequados para
o momento.
Carlos
Moraes, ginecologista e médico no Hospital Albert Einstein, ressalta o problema
dessa situação.
“Mulheres
ficam com a vagina um pouco mais seca, não tem uma boa lubrificação e aí quando
isso acontece e ela tem relação, sente dor e faz com que ela tenha menos
vontade de fazer sexo”.
A
pedagoga Claudia Petry esclarece por qual motivo isso acontece.
“Essa
falta de estímulos que pode atrapalhar também vem da falta de educação sexual
do casal, do saber como trabalhar a sexualidade, da mulher saber que antes de
ela ser penetrada precisa ter esse movimento da excitação”.
As
dores nas relações sexuais não são incomuns, mas elas não podem ser
normalizadas.
“O
primeiro passo para buscar ajuda é entender que essa situação não é normal e
que existe tratamento, ele pode fazer com que sua vida seja melhor. A atividade
sexual pode e deve ser prazerosa”, diz Carlos Moraes.
”
O ideal é buscar ajuda nas primeiras sensações de dor, ajuda em área médica,
ajuda em educação e sexualidade, buscar um profissional dentro de sexologia
clínica faz muita diferença”, concluiu o médico.
Fonte:
CNN Brasil
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