Haja ilegalidade e
imoralidade! Bolsonaristas preparam projeto para salvar Bolsonaro
Com
o objetivo de poupar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da inelegibilidade,
bolsonaristas preparam um projeto de lei para anistiar todos os políticos que
cometeram crimes eleitorais em 2022. O projeto, de autoria do deputado Sanderson
(PL-RS), só excluiria da anistia aqueles que, eventualmente, cometeram crimes
hediondos ou terrorismo, tortura e racismo. O movimento, que deve enfrentar
dificuldades em plenário para ser aprovado, é visto como uma resposta de
bolsonaristas ao julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode
deixar o ex-presidente inelegível.
Nesta
terça-feira, em meio ao voto do relator, Benedito Gonçalves, na ação que pode
impedi-lo de concorrer nas próximas eleições, seus correligionários fizeram
ataques ao magistrado e reforçaram a tese de que uma condenação o fortaleceria
politicamente, caso se confirme. Antes, o próprio Bolsonaro havia admitido que
a tendência é se tornar inelegível. Para este projeto ser aprovado, além da
maioria nos plenários da Câmara e do Senado, seria necessária a sanção do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou da derrubada do veto.
Para
o deputado, pelo fato de Bolsonaro ser réu na esfera eleitoral, ele poderia ser
automaticamente anistiado, caso o projeto passe. O colegiado do TSE analisa uma
ação movida pelo PDT por questionamentos feitos pelo ex-mandatário ao processo
eleitoral, sem apresentar provas, em uma reunião com embaixadores realizada em
julho de 2022. Benedito julgou procedente o pedido para condenar Bolsonaro,
pela prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação
e pediu a sua inelegibilidade por 8 anos seguintes ao pleito de 2022.
Esta
não é a primeira vez que bolsonaristas preparam projetos de lei para anistiar
eventuais crimes cometidos por correligionários ou militantes. Em abril, o
deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) enviou um projeto para anistiar os
criminosos que cometeram os atos do dia 8 de janeiro de 2023. No mesmo dia, foi
aprovada a CPMI dos atos golpistas, incentivada pela bancada bolsonarista, para
investigar os ataques aos Três Poderes.
O
texto também foi sugerido depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar
réus os 100 primeiros denunciados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O
projeto de lei previa anistia aos bolsonaristas que participaram de atos
ocorridos desde 30 de outubro do ano passado, ou seja, incluía aqueles que
participaram dos bloqueios em estradas, dos protestos em quartéis e até presos
no dia 8 de janeiro.
Ø Aliados de Bolsonaro temem ‘efeito dominó' após voto no
TSE pela inelegibilidade
Parlamentares
bolsonaristas temem que o voto pela inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dado
pelo ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), abra a porta para punição semelhante ou cassação de
mandato de aliados do ex-presidente que também tentaram surfar em ataques à
Justiça Eleitoral e à integridade do sistema de votação.
“Efeito dominó é a busca de um precedente.
Podem usar a jurisprudência para outras pessoas, mesmo que situações não sejam
da mesma dimensão. O Direito e a doutrina evoluem assim”, afirmou ao Estadão o senador Espiridião Amin
(PP-SC), que critica o voto pela inelegibilidade de Bolsonaro.
“Quando
falta crime, tem que escrever bastante: 300 ou 400 páginas (em referência ao
tamanho do voto de Gonçalves). Acho que o voto, por não ser contemplado pela
clareza da causa, se embaraçou na profusão de argumentação. Sem esconder o
desejo, já manifesto, conhecido, de condenar à pena máxima”, acrescentou o
aliado de Bolsonaro.
Aliados
já expunham temor sobre o teor dos votos dos ministros do TSE ainda durante a
argumentação de Gonçalves. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) reclamou
da fundamentação jurídica do ministro em post no Instagram, no qual fala em
“efeito dominó” contra bolsonaristas.
“Inesperadamente
e sem embasamento jurídico, o relator do processo contra Bolsonaro no TSE
defende inclusão de minuta na ação, que veio posteriormente ao dia 08 e abre
precedente para cassar aliados de Bolsonaro”, reclamou a deputada bolsonarista.
·
“Lição de Zanin”
Depois
do voto de Gonçalves, o julgamento será retomado nesta quinta-feira, 29, para a
apresentação dos votos dos outros seis ministros do TSE. Mas Bolsonaro e
aliados já disseram nas últimas semanas que esperavam pelo pior resultado, a
inelegibilidade, e esse discurso fez parte de uma estratégia de vitimização do
ex-presidente. O objetivo político é retratar Bolsonaro como alvo de
perseguição e colher dividendos eleitorais pela exposição dele enquanto o PL
filia prefeitos para as eleições de 2024 e busca alternativas para a disputa
presidencial de 2026.
Ainda
assim, a defesa de Bolsonaro e aliados defendem que ele recorra ao Supremo
Tribunal Federal (STF) contra eventual punição do TSE e falam até em uma
odisseia internacional nos moldes da empreitada do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva contra a Operação Lava Jato.
“Acho
que vai dar margem a recursos ao STF. E se tiver bom advogado, como Cristiano
Zanin, à ONU também. Zanin nos ensinou uma coisa: recorre”, afirmou Amin.
·
Aliados
de olho em 2024
Como
mostrou o périplo de Bolsonaro pelo país nos últimos dias, aliados do
ex-presidente pretendem aproveitá-lo como cabo eleitoral para as eleições de
2024. A aposta é que, mesmo em caso de condenação no TSE, ele conseguirá
fortalecer candidaturas a prefeituras.
“Estamos
vendo uma tentativa de sepultar o bolsonarismo. Mas estão dando grande tiro no
pé, porque Bolsonaro vai sair muito fortalecido. Em 2024, vamos ver esse
resultado nas eleições municipais”, afirmou o deputado Carlos Jordy (PL-RJ),
líder da oposição ao governo Lula na Câmara dos Deputados.
Ø Bolsonaro acusa
Lupi de querer voto impresso, mas ele não era presidente
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recuperou um vídeo do ministro da Previdência
e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, para criticar o julgamento no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode torná-lo inelegível por oito anos.
Na publicação, divulgada nesta quarta-feira, 28, o ex-chefe do Executivo exibe
a declaração de Lupi defendendo o voto impresso para recontagem de votos.
O
PDT é o autor da ação que alega que Bolsonaro usou o cargo e a estrutura do
governo para espalhar informações falsas sobre o processo eleitoral e para
fazer campanha em reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2022,
enquanto ainda era presidente.
Nesta
terça-feira, 27, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE, votou
pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Em três horas de leitura dos
argumentos, afirmou que o então chefe do Executivo difundiu “pensamentos
intrusivos a respeito de fraudes eleitorais imaginárias” e que existiu um
“flerte perigoso com o golpismo”.
“No
dia de ontem, 27 de junho, o senhor ministro Benedito Gonçalves, relator, deu
seu voto para minha inelegibilidade por oito anos, sob a acusação de abuso de
poder político em uma reunião com embaixadores. Agora, o autor da ação é o
senhor Carlos Lupi, presidente do PDT, e atual ministro da Previdência Social
do Lula. Veja o que ele disse há poucos meses sobre esse mesmo assunto”, em
vídeo publicado nesta quarta nas redes sociais.
O
vídeo ao qual Bolsonaro se refere foi publicado por Lupi em fevereiro de 2022
nas redes sociais. Nele, o ministro de Lula diz que defende a recontagem de
votos para evitar fraudes eleitorais. “Desde o surgimento da urna eletrônica a
25 anos atrás, nosso líder, nossa referência no partido, Leonel de Moura
Brizola, já defendia uma coisa simples de se fazer, a impressão do voto. (…)
Sem a impressão do voto não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, a
fraude impera”, disse, na ocasião.
O
caso em análise pelos sete ministros do TSE investiga se houve abuso de poder
político e uso indevido dos meios de comunicação por Bolsonaro para obter
benefícios na eleição de 2022. O então presidente reuniu embaixadores
estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para atacar, sem
provas, o sistema de votação eletrônico brasileiro.
O
PDT afirmou que, embora Bolsonaro não estivesse em campanha, seu discurso teve
finalidade eleitoral. Aos mais de 70 diplomatas, o então presidente atacou a
credibilidade do processo de votação e o TSE, dizendo que o sistema eleitoral
brasileiro é “completamente vulnerável”. O discurso foi publicado em canais
oficiais de imprensa.
De
acordo com o TSE, suspeitas de fraude nas urnas eletrônicas foram frequentes
desde o início do uso do sistema, mas que “nenhum caso, até hoje, foi
identificado e comprovado” e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia
Federal “têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já
realizaram auditorias independentes”.
Ø Valdemar critica
exposição do voto de relator do TSE contra Bolsonaro
O
presidente do PL, Valdemar Costa Neto, criticou o que ele avalia estar sendo um
“Carnaval” com o voto do corregedor do TSE, ministro Benedito Gonçalves, pela
inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As declarações foram
dadas à CNN Brasil. O que aconteceu? Valdemar afirmou que o posicionamento
contra o ex-chefe do Executivo já era conhecido. “Estão fazendo um Carnaval com
o voto do relator que todos nós já esperávamos que vinha pela condenação”,
disse.
Para
o cacique do PL, o julgamento, na prática, começa a partir de agora para
Bolsonaro. “Agora é que começa o julgamento. Tenho confiança na justiça e vamos
ganhar essa loucura de processo que não era nem para existir”, acrescentou.
Benedito
Gonçalves votou pela inelegibilidade do ex-presidente. Ele disse que Bolsonaro
é integralmente responsável pela reunião com embaixadores há 76 dias das
eleições que lançou dúvidas sobre as urnas eletrônicas. O ministro, porém,
optou por salvar o general Braga Netto (PL), que foi vice na chapa
presidencial.
A
sessão durou cerca de três horas e foi totalmente ocupada pelo voto do
corregedor Benedito. O julgamento vai continuar amanhã, com os votos dos demais
ministros: Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares,
Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
Ø Malafaia pressiona
TSE por pedido de vista para Bolsonaro
O
pastor, empresário da fé, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas Malafaia usou suas redes sociais para pressionar
os sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que peçam vista do
processo contra Jair Bolsonaro (PL).
De
acordo com o líder evangélico, a ausência de uma solicitação de análise da ação
que pode tornar o ex-presidente inelegível seria “uma prova” de que a Corte não
opera de forma independente.
“VAMOS TER A PROVA ! Se tem ministros do TSE
independentes ou se são capachos do ditador da toga Alexandre de Moraes. Isso
será provado no pedido de vista do processo contra Bolsonaro . O parecer do
relator tem mais de 400 páginas . Ninguém vai pedir vista para analisar? É TSE
ou tribunal político com acertos antecipados ? VAMOS TER A PROVA!”, afirmou o
pastor bolsonarista.
Ferrenho
crítico do presidente Lula (PT) e aliado de Bolsonaro, Malafaia se referiu à
sessão do julgamento que ocorreu ontem, quando o ministro relator, Benedito
Gonçalves, proferiu seu voto pela inelegibilidade do ex-mandatário. Na sessão
que ocorre na manhã desta quinta-feira, os demais magistrados também darão o
seu parecer sobre o caso.
No
entanto, caso algum dos ministros peça vista, o andamento da votação será
suspenso. Pelas regras da Corte, os ministros terão prazo de 30 dias,
prorrogáveis por mais 30 dias, para devolver a julgamento o processo em mãos. A
defesa de Bolsonaro aposta em Raul Araújo, que será o primeiro a votar.
Fonte:
Agencia Estado/UOL/O Globo
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