sexta-feira, 30 de junho de 2023

Cinco curiosidades sobre a Independência do Brasil

"A Independência do Brasil foi um processo bastante complexo. No período em que D. João VI esteve no Brasil (de 1808 a 1821), no qual a nação passou de colônia a integrante do Reino Unido de Portugal e Algarves, surgiram as primeiras manifestações pelo desejo de independência total, algumas delas de caráter separatista regional e republicano, como a Revolução Pernambucana de 1817.

Ao mesmo tempo, após a queda de Napoleão em 1815, o clima político da Europa começou a sofrer grandes transformações. Em 1820, teve origem na cidade de Porto, em Portugal, uma revolução que exigia o retorno imediato de D. João VI e a convocação das cortes para decidir o destino do Império. Muitos políticos tradicionalistas portugueses defendiam a recolonização do Brasil e o fim do Reino Unido. Políticos brasileiros, por sua vez, passaram a defender a soberania da nação e a independência. A ruptura com Portugal, entretanto, dependia da adesão do então príncipe regente, D. Pedro I, que estava no Brasil, “à causa brasileira”.

1.    Maçonaria no processo de Independência do Brasil

A Independência do Brasil não teria sido possível sem a interferência da maçonaria. Desde o século XVIII havia maçons no Brasil, e muitos deles envolveram-se em movimentos políticos contra a Coroa Portuguesa. Foi o caso da Inconfidência Mineira, por exemplo.

Em 17 de junho de 1822, quando a reação brasileira às pretensões das cortes portuguesas já estava em seu auge, houve a criação da organização maçônica Grande Oriente Brasílico, que se apartava do Grande Oriente Lusitano, que já tinha lojas maçônicas no Brasil. D. Pedro I, em 2 de agosto de 1822, foi iniciado em uma das lojas tipicamente brasileiras, chamada Comércio e Artes, adotando o codinome de Guatimozin. Os articuladores da Independência eram maçons e faziam parte do Grande Oriente Brasílico. Entre os principais, estavam José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira. Os três foram responsáveis por convencer D. Pedro a aderir de vez à causa da Independência, ainda que Bonifácio fosse rival dos dois últimos.

2.    O “Fico” e a Rebelião de Avilez

Desde o fim do ano de 1821, Pedro I passou a receber sequenciais ultimatos das cortes portuguesas para voltar a Portugal. O então príncipe regente esteve prestes a regressar, mas foi convencido a permanecer no país por meio de uma mobilização organizada pelo mesmo grupo de maçons que mencionamos acima.

A oficialização da opção de Pedro I ocorreu no dia 9 de janeiro, que ficou conhecido como “dia do Fico”. O oficial português encarregado de ultimar Pedro I era Jorge Avilez Tavares, que era governador das Armas da Corte e Província do Rio de Janeiro. Após a decisão do príncipe, Avilez amotinou-se com cerca de 2.000 soldados a fim de tentar derrubar o príncipe. Pedro I, então, ordenou que cerca de 10.000 soldados da Guarda Real cercassem o motim. Derrotado, Avilez teve que acatar a ordem dada por D. Pedro de voltar para Portugal.

3.    Manifestos de Agosto de 1822

Os chamados Manifestos de Agosto de 1822 tiveram também grande importância no processo de Independência e foram redigidos por duas das principais lideranças desse processo, sendo elas dois maçons já mencionados aqui: Gonçalves Ledo e José Bonifácio. Cada um desses manifestos defendia uma orientação política a ser seguida pelo Brasil após a Independência.

O primeiro manifesto, datado de 1º de agosto, era de Ledo e possuía um teor radicalmente antilusitano, deixando explícito o anseio pela ruptura total com a Coroa Portuguesa. O segundo manifesto, de 6 de agosto, era de José Bonifácio e trazia uma defesa menos inflamada da Independência, levantando a característica de destaque que o Brasil independente e com regime monárquico teria diante das “Nações Amigas” no continente americano, repleto de repúblicas.

4.    Assinatura do decreto de Independência do Brasil

Em 13 de agosto de 1822, Pedro I nomeou sua esposa, Leopoldina da Áustria, chefe de Estado e princesa regente interina do Brasil. Fez isso porque precisava partir em viagem à província de São Paulo a fim de resolver por lá alguns conflitos políticos que poderiam inviabilizar o processo de Independência. Pedro I permaneceria em São Paulo até 5 de setembro. Entretanto, o clima nas cortes, em Lisboa, já estava bastante tenso, sobretudo após Pedro I ter se recusado a voltar para o país natal. Após receberem mais um ultimato, Leopoldina, na condição de chefe política interina, convocou o Conselho de Estado no Rio de Janeiro e assinou, em 2 de setembro, um decreto declarando o Brasil oficialmente separado de Portugal.

5.    Distúrbios intestinais de D. Pedro I no Dia da Independência do Brasil

Pedro I, como dissemos acima, estava em visita à província de São Paulo na ocasião da ruptura definitiva entre Brasil e Portugal. Em 5 de setembro, ainda sem lhe ter chegado a notícia, ele partiu de volta ao Rio de Janeiro. Entretanto, no dia 7 (dia do “grito do Ipiranga”), cavalgando com sua comitiva, o príncipe regente passou a sofrer recorrentes crises de disenteria, que são narradas pelo historiador Otávio Tarquínio de Sousa:

A mudança de alimentação, um gole de água menos pura, fosse o que fosse, a verdade é que suas funções intestinais acusavam distúrbios impertinentes, que o obrigavam a alterar o ritmo da marcha, a separar-se da comitiva, em paradas incoercíveis. Um dos companheiros de viagem, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, em depoimento prestado recorreu a curioso eufemismo para disfarçar o caráter rudemente prosaico do incômodo de D. Pedro. Aludindo à disenteria que afetara o príncipe, informa que isso forçava a apear-se da montaria a todo o momento “para prover-se”.

Foi nesse mesmo dia, em meio a essas crises, que D. Pedro recebeu a notícia da ruptura e proclamou o famoso “Independência ou Morte!”."

 

Fonte: Brasil Escola

 

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