Cinco curiosidades
sobre a Independência do Brasil
"A Independência
do Brasil foi um processo bastante complexo. No período em
que D. João VI esteve no Brasil (de 1808 a 1821), no qual a nação
passou de colônia a integrante do Reino Unido de Portugal e Algarves,
surgiram as primeiras manifestações pelo desejo de independência total, algumas
delas de caráter separatista regional e republicano, como a Revolução
Pernambucana de 1817.
Ao
mesmo tempo, após a queda de Napoleão em 1815, o clima político da
Europa começou a sofrer grandes transformações. Em 1820, teve origem na cidade
de Porto, em Portugal, uma revolução que exigia o retorno imediato de D.
João VI e a convocação das cortes para decidir o destino do Império.
Muitos políticos tradicionalistas portugueses defendiam a recolonização do
Brasil e o fim do Reino Unido. Políticos brasileiros, por sua vez, passaram a
defender a soberania da nação e a independência. A ruptura com Portugal,
entretanto, dependia da adesão do então príncipe regente, D. Pedro I,
que estava no Brasil, “à causa brasileira”.
1.
Maçonaria
no processo de Independência do Brasil
A
Independência do Brasil não teria sido possível sem a interferência da maçonaria.
Desde o século XVIII havia maçons no Brasil, e muitos deles envolveram-se em
movimentos políticos contra a Coroa Portuguesa. Foi o caso
da Inconfidência Mineira, por exemplo.
Em
17 de junho de 1822, quando a reação brasileira às pretensões das cortes
portuguesas já estava em seu auge, houve a criação da organização
maçônica Grande Oriente Brasílico, que se apartava do Grande Oriente
Lusitano, que já tinha lojas maçônicas no Brasil. D. Pedro I, em 2 de agosto de
1822, foi iniciado em uma das lojas tipicamente brasileiras, chamada Comércio e
Artes, adotando o codinome de Guatimozin. Os articuladores da
Independência eram maçons e faziam parte do Grande Oriente Brasílico.
Entre os principais, estavam José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim
Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira. Os três foram responsáveis
por convencer D. Pedro a aderir de vez à causa da Independência, ainda que
Bonifácio fosse rival dos dois últimos.
2.
O
“Fico” e a Rebelião de Avilez
Desde
o fim do ano de 1821, Pedro I passou a receber sequenciais ultimatos das cortes
portuguesas para voltar a Portugal. O então príncipe regente esteve prestes a
regressar, mas foi convencido a permanecer no país por meio de uma mobilização
organizada pelo mesmo grupo de maçons que mencionamos acima.
A
oficialização da opção de Pedro I ocorreu no dia 9 de janeiro, que ficou
conhecido como “dia do Fico”. O oficial português encarregado de ultimar Pedro
I era Jorge Avilez Tavares, que era governador das Armas da Corte e
Província do Rio de Janeiro. Após a decisão do príncipe, Avilez amotinou-se com
cerca de 2.000 soldados a fim de tentar derrubar o príncipe. Pedro I, então,
ordenou que cerca de 10.000 soldados da Guarda Real cercassem o motim.
Derrotado, Avilez teve que acatar a ordem dada por D. Pedro de voltar para
Portugal.
3.
Manifestos
de Agosto de 1822
Os
chamados Manifestos de Agosto de 1822 tiveram também grande
importância no processo de Independência e foram redigidos por duas das
principais lideranças desse processo, sendo elas dois maçons já mencionados
aqui: Gonçalves Ledo e José Bonifácio. Cada um desses manifestos
defendia uma orientação política a ser seguida pelo Brasil após a
Independência.
O
primeiro manifesto, datado de 1º de agosto, era de Ledo e possuía um teor
radicalmente antilusitano, deixando explícito o anseio pela ruptura total com a
Coroa Portuguesa. O segundo manifesto, de 6 de agosto, era de José Bonifácio e
trazia uma defesa menos inflamada da Independência, levantando a característica
de destaque que o Brasil independente e com regime monárquico teria diante das
“Nações Amigas” no continente americano, repleto de repúblicas.
4.
Assinatura
do decreto de Independência do Brasil
Em
13 de agosto de 1822, Pedro I nomeou sua esposa, Leopoldina da Áustria,
chefe de Estado e princesa regente interina do Brasil. Fez isso porque
precisava partir em viagem à província de São Paulo a fim de resolver por lá
alguns conflitos políticos que poderiam inviabilizar o processo de
Independência. Pedro I permaneceria em São Paulo até 5 de setembro. Entretanto,
o clima nas cortes, em Lisboa, já estava bastante tenso, sobretudo após Pedro I
ter se recusado a voltar para o país natal. Após receberem mais um ultimato,
Leopoldina, na condição de chefe política interina, convocou o Conselho de
Estado no Rio de Janeiro e assinou, em 2 de setembro, um decreto
declarando o Brasil oficialmente separado de Portugal.
5.
Distúrbios
intestinais de D. Pedro I no Dia da Independência do Brasil
Pedro
I, como dissemos acima, estava em visita à província de São Paulo na ocasião da
ruptura definitiva entre Brasil e Portugal. Em 5 de setembro, ainda sem lhe ter
chegado a notícia, ele partiu de volta ao Rio de Janeiro. Entretanto, no dia 7
(dia do “grito do Ipiranga”), cavalgando com sua comitiva, o príncipe regente
passou a sofrer recorrentes crises de disenteria, que são narradas pelo
historiador Otávio Tarquínio de Sousa:
A
mudança de alimentação, um gole de água menos pura, fosse o que fosse, a
verdade é que suas funções intestinais acusavam distúrbios impertinentes, que o
obrigavam a alterar o ritmo da marcha, a separar-se da comitiva, em paradas
incoercíveis. Um dos companheiros de viagem, o coronel Manuel Marcondes de
Oliveira Melo, em depoimento prestado recorreu a curioso eufemismo para
disfarçar o caráter rudemente prosaico do incômodo de D. Pedro. Aludindo à
disenteria que afetara o príncipe, informa que isso forçava a apear-se da
montaria a todo o momento “para prover-se”.
Foi
nesse mesmo dia, em meio a essas crises, que D. Pedro recebeu a notícia da
ruptura e proclamou o famoso “Independência ou Morte!”."
Fonte:
Brasil Escola
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