De volta à classe:
como fica a saúde mental de alunos que vivenciaram ataques
Um
filme de terror que não está em exibição no cinema, mas que existe na memória
de centenas de estudantes. Cada vez mais frequentes, ataques sangrentos em
escolas despertam e causam efeitos diversos na vida de crianças e adolescentes
que nunca associaram o local aos sentimentos de medo e luto. Para tentar mudar
o rumo desse drama, que se repete no Brasil há mais de 20 anos, o debate sobre
saúde mental no ambiente escolar tem ganhado força. Mesmo assim, a realidade
ainda deixa a desejar.
Entre
2002 e junho de 2023, foram registrados 25 ataques em unidades de ensino
brasileiras, segundo o estudo Raio-X de 20 anos de ataques a escolas no Brasil,
realizado pelo Instituto Sou da Paz. Os seis primeiros meses de 2023, no
entanto, já superaram o número de ocorrências do acumulado dos últimos 20 anos.
Nesse período, foram contabilizados sete atentados em seis Estados diferentes.
Um
deles chocou não só pela crueldade, mas pela idade das vítimas envolvidas. Na
creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, quatro crianças de 4 a
7 anos de idade foram mortas. Além do trauma para as famílias que perderam seus
filhos, surge a dúvida: como estão aqueles que sobreviveram?
Os
gêmeos Pedro e Miguel, de 6 anos, estavam no pátio da creche quando tudo
aconteceu. Na memória deles, um homem pulou o muro da escola com um "facão
na mão", machucou e matou seus amigos. Com a ajuda de uma professora, eles
conseguiram se esconder em uma sala. Foi assim que as duas crianças contaram
para a mãe, Camile Schlemper, de 37 anos.
Prestes
a se formar em psicologia, ela usou a sensibilidade que desenvolveu na
graduação para lidar com a situação. Optou por não fugir do assunto, caso ele
viesse à tona, e, depois de alguns dias em um sítio da família, Camile
retornou, logo que pôde, com os filhos à creche.
Em
entrevista ao Terra, ela conta a técnica que usou para que o ambiente escolar
não se tornasse uma ameaça no imaginário das crianças.
"Eles
viram as crianças que se machucaram. Muita informação visual, sensorial, e
muitas emoções foram evocadas ali. [...] Conversando com uma psicóloga, eu
trouxe a questão de levá-los para fazer uma dessensibilização do ambiente, para
que eles pudessem experienciar de novo o que ocorreu, mas na minha presença,
para que eu pudesse acolher. Meu medo era sobre quais sentimentos seriam
evocados no ambiente escolar que poderiam acabar fugindo do meu controle
enquanto eu não estivesse perto para tentar auxiliar eles", lembra Camile,
que foi para a creche enquanto ela ainda estava fechada e passando por reformas
de segurança.
A
mãe explica que os gêmeos não demonstraram ter medo da escola, mas deixaram
evidente que o receio era de que "o homem" voltasse. A questão foi
tratada ao longo desse processo de reaproximação com o ambiente, quando os
meninos tiveram contato com professoras e crianças, além do apoio de psicólogos
que foram alocados na unidade escolar. Nesse processo, ela diz que os filhos
não demonstraram indícios de que poderiam estar passando por "grandes
traumas".
• As crianças entendem?
De
acordo com o médico psiquiatra Gustavo Mechereffe Estanislau, especialista em
psiquiatria da infância e da adolescência, as crianças de até 8 anos de idade
tendem a ter uma visão mais distorcida da realidade. Dependendo do nível de
maturidade, como ele explica, nesse "mundo mágico", muitas vezes, a morte
é vista de forma fantasiosa, como se a pessoa se transformasse em uma estrela
ou pudesse voltar à vida. Isso pode fazer com que a criança não entenda o real
risco da situação.
Já
com os adultos, por outro lado, o risco é justamente o oposto. "Às vezes,
começamos a projetar na criança uma realidade que ela não entende. Isso pode
gerar uma reação muito angustiante, fazendo ela ter uma nova interpretação
muito mais grave da situação", explica.
Por
esse motivo, o médico recomenda que a criança seja estimulada a falar sobre o
assunto. No entanto, é preciso tomar cuidado com o excesso de estímulo sobre a
situação, para que a angústia, ansiedade e falta de esperança do adulto não
seja projetada na criança – que pode, como no caso dos gêmeos, estar lidando
com a situação sem grandes crises, por causa de seu entendimento de mundo.
Vale
destacar ainda que as reações de cada criança a situações extremas podem
variar. A diretora da creche Cantinho Bom Pastor, Alconides Ferreira,
compartilhou que conviveu com diferentes comportamentos na escola após o
ataque. Algumas crianças falam mais sobre o assunto, outras menos. Há, ainda,
aquelas que nem retornaram para a creche.
• Apoio psicológico é preciso
O
que não pode faltar após situações extremas, como a dos atentados em escolas, é
o apoio psicológico. O psiquiatra Gustavo Estanislau defende que esse suporte
seja institucionalizado nas redes de ensino, e não apenas uma ação para
"apagar o incêndio".
Diferentemente
da realidade geral das escolas públicas, a Cantinho Bom Pastor, unidade
particular, até contava com uma psicóloga escolar específica da unidade. Porém,
como explicou a diretora Alconides, o investimento havia sido cortado durante a
pandemia. Após o ataque, o suporte foi feito por uma equipe de psicólogos da
rede pública, que foi enviada para a unidade.
Atualmente,
por meio de projeto da rede estadual de ensino, segundo dados obtidos pela
reportagem, há 64 psicólogos e 64 assistentes sociais, para um universo de
aproximadamente 520 mil estudantes, entre os ensinos Fundamental e Médio do
Estado de Santa Catarina. As creches e pré-escolas são de gestão das
prefeituras. Ou seja, são mais de 8.000 alunos matriculados para um psicólogo.
A
presença de psicólogos e assistentes sociais nas redes públicas de educação
básica é determinada em lei federal desde 2019. Mas essa implementação segue
lenta e ainda é pouco acompanhada pelo governo. Em contato com o Ministério da
Educação (MEC), o Terra foi informado que não há um controle nacional sobre
esses processos e que as responsabilidades são de cada Estado.
• Em abril deste ano, o MEC criou um grupo
de trabalho interministerial para discutir ações de enfrentamento e prevenção à
violência nas escolas do País. A proposta, segundo o ministério, é que também
aconteça um acompanhamento das ações de apoio psicológico nas escolas. Em 90
dias, um relatório final sobre o tema, com propostas de ações, será
apresentado.
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Há psicólogos nas escolas públicas?
Para
entender a implementação da legislação federal, o Terra fez um levantamento
inédito com as secretarias de Educação dos 26 Estados brasileiros e do Distrito
Federal. Desse total, 14 já contam com algum projeto em andamento, e cinco
informaram que estão em fase de implementação. As demais secretarias não
retornaram ao pedido, feito entre maio e junho deste ano.
Com
sete ocorrências desde 2023, São Paulo é o Estado com maior número de atentados
a escolas. A rede de ensino paulista só passou a contar com um programa de
psicólogos escolares em 2020. O Programa Psicólogos da Educação, que se estabeleceu,
de fato, no início de 2021, recebeu R$ 21 milhões em investimentos. Para 2023,
estão previstos mais R$ 56 milhões. (Veja no mapa interativo abaixo como o
programa funciona)
• Sobrevivente
Adna
Isabella, de 20 anos, é uma das sobreviventes de São Paulo. Ela viu de perto o
atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, um dos que registrou mais
vítimas fatais no País. Ao todo, dez alunos foram mortos, entre eles um
ex-namorado da jovem, que morreu na sua frente.
Na
época com 16 anos, Adna foi atingida com um tiro no pulmão e passou por
cirurgia para retirar a bala. As cicatrizes não foram só físicas. A tragédia do
dia 13 de março de 2019 também impactou sua saúde mental.
Mais
de quatro anos depois, ela ainda precisa recorrer a medicamentos para ter uma
noite de sono completa e sem reviver as cenas de horror em pesadelos. Uma
experiência traumática que mudou sua vida. "Tudo volta muito forte. E aí
eu tomo a medicação para poder pelo menos aliviar", contou ela, que
assumiu ter relutado contra a necessidade médica.
O
que a auxiliou nesse processo foi, após o ataque, ter insistido no suporte
psicológico. Há anos, ela é acompanhada pela mesma terapeuta em um Centro de
Atenção Psicossocial (Caps) em Suzano. Mas essa relação não é linear. Adna
admite que de vez em quando acaba se distanciando do atendimento e, nesses
momentos, sente que as crises pioram e os sintomas voltam a assombrá-la.
Desde
o atentado, Adna passou a conviver com um quadro depressivo, ansiedade e
pânico. O retorno para a escola demorou, pois bastava ela sair na rua e ver
adolescentes com mochilas para o medo voltar. A jovem chegou a se formar no
Ensino Médio na Escola Raul Brasil, mas, depois, não conseguiu frequentar
presencialmente uma graduação. Agora, adulta, ela faz faculdade de Gestão de
Recursos Humanos à distância e celebra quando consegue apresentar trabalhos
presencialmente.
Na
opinião de Adna, o apoio por parte da escola não foi o suficiente. Ela diz
acreditar que, se tivesse sido acolhida em uma estrutura melhor, provavelmente
boa parte do que viveu após o trauma poderia ter sido evitada.
"O
primeiro mês teve o acolhimento. Depois, todo mundo da coordenação vivia como
se nada tivesse acontecido e os alunos, totalmente devastados. Só na minha sala
eu tive duas perdas. Acho que teve um desfalque ali. Poderia ter sido melhor,
tanto que até hoje eu acho que isso é um assunto que deve ser debatido, deve
ser acolhido nas escolas”, diz.
Segundo
a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação de São Paulo, após o
atentado, foram disponibilizados emergencialmente psicólogos para dar o suporte
aos professores e alunos da escola. Não foi informada a quantidade de
profissionais, nem por quanto tempo permaneceram na unidade. Segundo a
sobrevivente, o apoio seguiu por 30 dias. Mas, por ela estar hospitalizada
nesse período, acabou não conseguindo acessar a rede disponibilizada.
Adna
conta que a maior parte dos seus colegas de escola não procurou ajuda
psicológica. Sem o suporte do Estado nesse aspecto, o que restou foi buscar
ajuda um no outro. Um de seus melhores amigos na época, Igor Felipe Oliveira,
de 21 anos, foi quem a incentivou a ir para a escola e não deixou que ela
desistisse. Hoje eles são noivos.
“Quando
eu tinha crise em casa, eu tocava violão para me acalmar. Foi aí que o Felipe
entrou na história. Ele me visitava em casa e, para me motivar a ir para a
aula, ele falava para eu levar o violão. Ele esteve comigo em todo meu processo
de volta à escola. A gente tocava e levantava louvores. Esses louvores que
tinham como intuito me acalmar se tornaram movimentos de oração que envolveram
a escola inteira. Aí, eu entendi que não era sobre mim, mas sobre um propósito
muito maior.”
4 anos após ataque em Suzano (SP),
sobrevivente ainda luta contra pesadelos
Adna
Isabella é uma das sobreviventes do atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em
Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo. O caso aconteceu em 2019 e foi um
dos ataques escolares que deixou mais vítimas fatais no País. Dez alunos
morreram, entre eles um ex-namorado da jovem, que foi alvejado em sua frente.
Na época com 16 anos, Adna foi atingida com um tiro no pulmão e passou por uma
cirurgia para retirar a bala. Mais de quatro anos depois, lembranças do ataque
continuam vivas - e parte delas, ressignificadas.
Agora
Adna tem 20 anos, terminou a escola, iniciou uma graduação em Gestão de
Recursos Humanos à distância e é noiva de outro sobrevivente do marcante dia. A
vida seguiu acontecendo, mas com rumos diferentes do que planejava na
adolescência. Antes do atentado, ela nunca havia sido atendida por psicólogos.
Agora, desde que tudo aconteceu, o acompanhamento psiquiátrico é fundamental
para sua saúde. Para dormir, a jovem precisa recorrer a medicamentos, já que,
sem isso, ela tem pesadelos com as cenas de horror. "Tudo volta muito
forte. E aí eu tomo a medicação para poder pelo menos aliviar”.
Tudo
começou por volta das 9h30 da manhã do dia 13 de março de 2019, quando dois
homens entraram armados na escola. Ouvindo a gritaria, Adna correu para os
fundos da instituição, onde ficava o centro de línguas, e se jogou no chão
junto com outros alunos. Ali, ela olhou nos olhos de um dos invasores, que
atirou contra ela. Do seu lado, estava Douglas, um ex-namorado do começo da
adolescência, que também foi atingido.
"E
aí, o portão abriu e um pessoal conseguiu levantar, conseguiu se esconder. Uma
menina me levantou, eu já com muita dificuldade pra respirar, só que o Douglas
ficou. Eu vi tudo, vi ele sendo morto na minha frente, mas no meu coração ainda
tinha esperança dele estar vivo", relembra.
Os
dias que sucederam o atentado foram torturantes para Adna, que, agora, convive
com um quadro depressivo, de ansiedade e de pânico. Ao olhar no espelho, a
imagem que ela via era a do ex-namorado. Dormir também não conseguia, já que os
flashbacks da cena eram recorrentes. Sem contar no medo ao sair na rua,
principalmente quando se deparava com qualquer imagem que remetesse à escola.
Até alunos andando com mochila nas costas era um alerta. O atentado gerou sua
primeira experiência com o luto e provocou sensações nela que poucos de nós
conhecemos.
"Quando
eu paro [o acompanhamento psicológico], eu sinto a diferença, porque é quando
as crises pioram. É quando eu volto a sentir alguns sintomas do início",
diz Adna, que continua se consultando com a mesma terapeuta em um Centro de
Atenção Psicossocial (Caps) em Suzano.
• Apoio psicológico
Por
parte da escola, Adna acredita que o apoio não foi o suficiente. Ela desabafa
que, se tivesse sido acolhida em uma estrutura melhor, provavelmente, boa parte
do que ela viveu após o trauma poderia ter sido evitada, tendo uma
ressignificação diferente.
"O
primeiro mês teve o acolhimento. Depois, todo mundo da coordenação vivia como
se nada tivesse acontecido. E os alunos totalmente devastados. Só na minha sala
teve duas perdas. Acho que teve um desfalque ali. Poderia ter sido melhor,
tanto que até hoje eu acho que isso é um assunto que deve ser debatido, deve
ser acolhido nas escolas", diz.
Segundo
a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação de São Paulo, após o
atentado, foram disponibilizados emergencialmente psicólogos para dar o suporte
aos professores e alunos da escola. Não foi informada a quantidade de
profissionais, nem por quanto tempo permaneceram na unidade. Segundo a
sobrevivente, o apoio seguiu por 30 dias. Mas, por ela estar hospitalizada
nesse período, acabou não conseguindo acessar a rede disponibilizada.
Foi
no fim de 2019 que uma lei, que tramitava há cerca de 20 anos, foi promulgada e
passou a exigir a atuação de psicólogos escolares nas redes públicas de ensino.
Em São Paulo, onde aconteceu o ataque de Suzano e outros seis casos, a rede de
ensino só passou a contar com um programa de psicólogos escolares em 2020. O
Programa Psicólogos da Educação se estabeleceu, de fato, no início de 2021, 18
anos após o primeiro registro de atentado no Estado.
<<<<
Lei quase foi vetada; entenda
• - A Lei nº 13.935, que prevê a prestação
de serviços de psicologia e serviço social nas redes públicas de educação
básica, foi promulgada em dezembro de 2019.
• - O projeto havia sido aprovado em
setembro pela Câmara dos Deputados. Mas, em outubro, o então presidente Jair
Bolsonaro (PL) vetou integralmente a
medida.
• - Bolsonaro alegou que havia
inconstitucionalidade no projeto e contrariedade ao interesse público. O veto
dizia que a lei criaria despesas obrigatórias ao Poder Executivo sem ser
indicada a respectiva fonte de custeio.
• - O veto, porém, foi derrubado em
novembro pelo Congresso Nacional.
• - Foi dado o prazo de um ano, a partir
de dezembro de 2019, para que as redes públicas de educação básica se
alinhassem à medida. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, o prazo foi
estendido para o final de 2021 por conta da pandemia de Covid-19.
• - Esse projeto tramitou por cerca de 20
anos antes de ser instituído como lei. O processo foi acompanhado por
iniciativas como o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Associação
Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrape) e a Associação
Brasileira de Ensino da Psicologia (Abep), a Federação Nacional de Psicólogos
(Fenapsi).
<<<<
Quer que história vire livro
Adna
diz ser evangélica desde pequena. Na adolescência, estreitou ainda mais os
laços com a religiosidade. No dia do atentado, inclusive, ela conta ter sentido
"a presença de Deus" enquanto ouvia um louvor na sala de aula.
"Foi
muito impactante para mim, deu vontade de chorar e tudo. Passaram alguns
minutos e eu li a Bíblia no celular, estava em uma passagem que diz 'Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna'. Foi muito bom, mas se
resumiu a isso. Depois eu desci para o intervalo e foi quando tudo
aconteceu".
Ela
conta que foi esse momento de fé que a manteve de pé, deu força e coragem para
enfrentar o que veio em seguida. Essa relação com Deus também foi o que a
aproximou de Igor Felipe Oliveira, de 21 anos, seu atual noivo e melhor amigo
desde a época do Ensino Médio. Felipe não se feriu fisicamente no atentado e,
de maneira geral, vê a situação como "uma lembrança normal".
Quando
Adna voltou da internação do hospital, o processo de retorno ao convívio
escolar foi lento. A cumplicidade de Felipe, quando ainda eram só amigos, foi
fundamental. "Ele me visitava e, para me motivar a ir para a aula, ele
falava para eu levar o violão. Ele esteve comigo em todo meu processo de volta
à escola. A gente tocava e levantava louvores. Esses louvores, que tinham como
intuito me acalmar, se tornaram movimentos de oração que envolveram a escola
inteira. Aí, eu entendi que não era sobre mim, mas sobre um propósito muito
maior", conta Adna.
Esse
movimento de oração na escola ressignificou a situação, diz acreditar Adna.
Apesar das dificuldades que ela ainda enfrenta, vê que o que se resumia apenas
a dor e medo tomou outro caminho, ganhou um propósito maior. Toda essa
história, agora a de sua vida, está sendo transposta para um livro, adiantou a
jovem ao Terra. "Agora, Deus me deu uma história para contar", disse
ela, se referindo ao sonho de escrever um livro que a acompanha desde a infância.
• Gatilhos
Entre
2002 e junho de 2023, foram registrados 25 ataques em unidades de ensino
brasileiras, segundo o estudo Raio-X de 20 anos de ataques a escolas no Brasil,
realizado pelo Instituto Sou da Paz.
Além
de gatilhos que surgem por outras ocorrências, lidar com o
"aniversário" do atentado também é difícil. Felipe pensa mais em
estar ali para dar suporte a ela do que em suas próprias feridas. "O
aniversário a gente passa sempre juntos. Quando está chegando perto do dia, e
ela está sentindo bastante, lembrando, eu sempre estou ali para
acalmá-la", diz.
Ao
falar sobre o futuro, o casal afirma querer ter pelo menos dois filhos. Para
Adna, porém, já é doloroso pensar em como vai ser a ida dessas crianças para a
escola. Mesmo com medo, ela não imagina privá-los do ambiente escolar. "Eu
acredito muito que filhos são flechas, e eu acredito que eles vão ser luz onde
eles estiverem", afirma.
Fonte:
Terra
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