Vitiligo: entenda o
que é e quais são os tratamentos indicados
O
vitiligo tem ganhado mais visibilidade em todo o mundo, sendo destacado em
capas de revistas, nas passarelas de renomados estilistas e até mesmo na pele
de bonecas. Estimativas revelam que essa condição afeta cerca de 2% da
população mundial, o que equivale a aproximadamente 1 milhão de brasileiros. No
dia 25 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Vitiligo, uma data importante
para conscientização sobre essa doença.
Nesse
contexto, o Dr. Amilton Macedo, dermatologista especializado em Medicina
Preventiva, Dermatologia e Cosmiatria, oferece esclarecimentos sobre sintomas,
tratamentos disponíveis e os impactos que o vitiligo pode ter na vida dos
pacientes.
·
Tratamentos indicados
No
que diz respeito ao tratamento, o Dr. Amilton Macedo explica que não há uma
cura definitiva para o vitiligo, mas existem opções terapêuticas que podem
ajudar a controlar os sintomas e melhorar a aparência da pele. O tratamento pode incluir o uso de medicamentos
tópicos, como corticosteroides, imunomoduladores e calcineurina, além de
terapias com luz ultravioleta.
Ademais,
técnicas avançadas como a microenxertia de melanócitos e o transplante de
melanócitos podem ser consideradas em casos selecionados. Esses procedimentos
visam repigmentar as áreas afetadas pelo vitiligo, restaurando a cor da pele.
·
Importância da conscientização
O
impacto psicossocial do vitiligo também é uma preocupação importante. Muitos
indivíduos com a doença enfrentam desafios emocionais e sociais devido às
alterações na aparência da pele. O Dr. Amilton Macedo ressalta a importância de
um suporte psicológico adequado para auxiliar os pacientes a lidarem com as
questões emocionais e para promover uma autoestima saudável.
“A
conscientização sobre o vitiligo é fundamental para combater o estigma e
promover a compreensão e aceitação”, destaca o médico. “É essencial que os
pacientes procurem um dermatologista para obter um diagnóstico preciso e um
plano de tratamento individualizado, considerando as particularidades de cada
caso”, completa.
Ø
Doença
não é transmitida entre pessoas; mitos reforçam discriminação
A
despigmentação provocada pela ausência ou diminuição da melanina leva à
característica principal do vitiligo: as manchas na
pele.
Embora
a doença não ofereça limitações físicas ou cognitivas e também não seja
transmitida de uma pessoa para outra, a desinformação e o preconceito
contribuem para o estigma associado à condição.
O Dia Mundial do Vitiligo, que foi
celebrado neste domingo (25), promove a conscientização sobre o tema,
destacando que o entendimento errôneo de que o vitiligo é contagioso contribui
para a discriminação dos pacientes.
·
Entenda o que é o vitiligo
O
vitiligo é uma manifestação não contagiosa, autoimune e que pode ser causada
por diversos fatores. Embora as causas não sejam totalmente esclarecidas pela
comunidade científica, o surgimento pode estar relacionado a uma predisposição
genética.
Segundo
a Sociedade Brasileira de Dermatologia, fatores externos podem contribuir para
o aparecimento ou agravamento das manchas que decorrem da perda gradativa da
pigmentação devido à formação de linfócitos T que destroem os melanócitos,
células responsáveis pela produção de melanina no organismo.
A
dermatologista Renata Janones, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU), afirma que o desenvolvimento da doença também pode ser
influenciado por fatores genéticos e impactos emocionais.
“Existe
uma predisposição genética: cerca de 30 a 40% dos indivíduos com diagnóstico de
vitiligo conseguem identificar um histórico familiar. Como qualquer doença
autoimune, não sabemos exatamente o fator que a desencadeia. Pode ser uma
infecção ou estresse emocional, como a perda de um parente ou mudança de
cidade”, explica.
O
vitiligo afeta homens e mulheres de qualquer etnia e de todas as idades.
“Os
sinais costumam aparecer, em média, aos 24 anos. Dados de prevalência podem se
diferenciar de um país para outro. Nos países anglo-saxões, em média, 1%
desenvolvem a doença, já no Brasil, 0,5% da população manifesta a condição,
enquanto na China esse percentual chega a 0,1% e na Índia a 5%”, afirma o dermatologista
Caio Castro, especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O
vitiligo pode se apresentar em pelo menos seis formas clínicas:
- Focal: manchas
pequenas em uma área específica do corpo;
- mucosal:
manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital;
- segmentar:
manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo;
- crofacial:
manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais;
- comum: manchas
no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas
acrofaciais;
- universal:
manchas espalhadas por quase todas as regiões do corpo.
<<<< Impactos para a saúde mental
O
psicólogo Leonardo Alves, do Centro de Tratamento do Vitiligo, no Rio de
Janeiro, afirma que as manchas na pele ocasionadas pelo vitiligo são causa de
quadros de ansiedade constante.
“O
vitiligo não dói, não coça, não arde e não apresenta nenhum risco real à
integridade física do paciente. O que, na maioria das vezes, acontece é um
quadro onde o doente sofre um abalo em sua autoimagem, e essa sim pode ser uma
enorme fonte de sofrimento”, afirma. “É correto dizer que os sintomas
psicológicos são os que mais afetam quem sofre com a doença. A vida da pessoa
passa a girar em torno das manchas e os sentimentos mais comuns são: angústia,
fobia social e depressão”, completa.
O
especialista recomenda o reforço da autoestima dos pacientes, com abordagens
que possam ressignificar a relação do indivíduo com as próprias manchas.
“Qualquer
que seja a abordagem utilizada, o acompanhamento psicológico contribui no
acolhimento do sofrimento do paciente. É importante oferecer condições de focar
no futuro e envolver-se plenamente no próprio tratamento. Apresentar
ferramentas para administrar os enfrentamentos sociais que a doença pode
trazer. E, principalmente, dar a chance do paciente falar e elaborar seus
sentimentos de modo franco e genuíno, permitindo que suas emoções se expressem
por seu discurso e não por manchas em sua pele”, diz Alves.
·
Como é feito o diagnóstico
Em
geral, os pacientes com vitiligo apresentam como sintoma apenas as manchas
brancas na pele. Em alguns casos, pode haver sensibilidade e dor na área das
lesões. O diagnóstico deve ser realizado por dermatologistas durante a consulta
clínica.
“O
diagnóstico clínico é feito, a princípio, a olho nu, apenas com o auxílio de
uma lâmpada especial. Quando há dúvidas, é realizada biópsia das lesões, já que
as manchas do vitiligo podem se confundir com as de outras doenças de pele,
como a micose fungoide hipocromiante ou lúpus discoide”, diz Castro.
A
médica Renata Janones afirma que as manchas não apresentam sinais como
irritação ou coceira. Além disso, a doença não provoca outros sintomas, como
adoecimento ou perda de função.
“Os
lugares mais comuns são ao redor dos olhos, nas pálpebras, perto da boca e nos
genitais. As manchas também podem aparecer nas extremidades, nas mãos e nos
pés, embora possam acontecer em qualquer lugar”, explica Renata.
·
Cuidados básicos e tratamento do vitiligo
O
vitiligo não tem cura, mas tem controle. Abordagens terapêuticas podem ser
utilizadas a partir da avaliação do perfil do paciente pelo médico
dermatologista.
Entre
as terapias disponíveis para o controle da doença estão o uso de medicamentos
que induzem a repigmentação da pele afetada, cremes à base de corticoides e
outros anti-inflamatórios, tecnologias como laser e fototerapia, além de
cirurgia e transplante de melanócitos.
“Com
a ajuda médica, fazendo uso de medicamento e terapias reconhecidos
cientificamente, alguns pacientes podem repigmentar a áreas afetadas ou mesmo despigmentar
o corpo por inteiro”, afirma Castro.
Além
do tratamento, os pacientes devem seguir uma rotina de cuidados que envolve
principalmente a prevenção à exposição das áreas afetadas ao sol. As
orientações incluem o uso de protetor solar (com fator de proteção acima de
50), além de roupas e acessórios como chapéus e bonés que protejam a pele.
“Os
pacientes dessa condição têm uma maior tendência de envelhecimento na pele, em
especial nas áreas despigmentadas, além de maior propensão a sentir os efeitos
de ‘queimaduras’ no local por conta de exposição excessiva ao sol”, diz Castro.
Fonte: NSC Total/CNN Brasil
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