FELIPE NETO CRITICA LULA E OPOSIÇÃO POR
TAXAÇÃO DE IMPORTADOS
O influenciador e
empresário Felipe Neto criticou
duramente o presidente Lula pelo apoio dado pela base governista ao fim da isenção do imposto de importação para compras internacionais de até US$ 50. Felipe havia apoiado Lula por ter criticado a proposta e ter
dito que sua tendência era vetar o projeto em discussão na Câmara. “Oh, Lula,
eu fico com qual cara, Lula?”, questionou o influenciador. “Eu fico com cara de
otário”, respondeu.
No vídeo publicado em
suas redes sociais, Felipe Neto culpou todos os partidos, inclusive o PT e o
PL, pela aprovação do imposto de importação em 20% desses produtos. Em
comentário publicado logo abaixo do vídeo, o X classificou o conteúdo como
inverídico, ao relatar que o PL, de Jair Bolsonaro, votou contra a medida e
indicou uma emenda que estaria relacionada à votação. Na verdade, a aprovação
do projeto foi simbólica, ou seja, não houve declaração individual de voto. O
destaque apontado pelo X tratava de assunto completamente diferente. Nesse caso, o PT votou a favor, e o PL, contra. Em seguida,
Felipe Neto apagou o vídeo, acusou o X de mentir e chamou a checagem da
plataforma, feita de modo colaborativo por usuários previamente cadastrados, de
“vergonha”.
Ainda no vídeo, o
influenciador criticou a aliança de Lula com o Centrão e a extrema direita em
busca de uma “pseudo governabilidade”, segundo ele. “Ora, o acordo foi entre
todos os partidos. Só quem não participou foi a galerinha neoliberal. Então
você tem todos os políticos do seu lado votando sim para esse projeto. Mas você
quer culpar a esquerda por esse projeto. Toma vergonha na cara, extrema
direita. A culpa é de todos eles”, disse. “A diferença é que você passador de
pano de Bolsonaro, que ama o PL, que lambe a bota dos militares, você diz que
não, que a culpa é só da esquerda porque você é burro. É uma vergonha essa
taxação e é uma tristeza que o governo fale uma coisa e faça outra. Não sou
passador de pano de governo nenhum”, emendou.
O nome do
influenciador apareceu durante toda a manhã entre os temas mais comentados do
X. Depois de apagar o vídeo, ele voltou à plataforma para justificar sua
decisão.
O “notas da
comunidade” ao qual Felipe Neto se refere permite que usuários comuns possam
avaliar postagens. Disponível desde março no Brasil, o recurso permite que um
conjunto de usuários comuns, previamente cadastrados e aprovados pela rede,
possa inserir e avaliar textos em postagens de terceiros com o objetivo de
“contextualizar” conteúdos. O mecanismo, no entanto, tem sido usado também para
desinformação com interesses políticos.
O destaque citado pelo
X para dizer que o PL tinha sido contra a taxação de importação sobre produtos
de até US$ 50 foi apresentada por partidos do Centrão. A emenda pretendia
incluir no projeto de lei o estabelecimento da política de conteúdo local para
as atividades de exploração e produção de petróleo, gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos, aplicável ao regime de concessão.
A isenção de imposto
de importação para compras internacionais de até US$ 50 estava em vigor desde
agosto de 2023. A medida era parte do programa Remessa Conforme, criado pela
Receita Federal. As sete empresas que aderiram ao programa eram isentas do imposto
de importação desde que nacionalizassem as remessas antecipadamente. São elas:
Aliexpress, Shopee, Shein, Sinerlog Store, Amazon, Magazine Luiza e Mercado
Livre. Era cobrado apenas o ICMS na alíquota de 17% do valor do produto.
A taxação foi incluída
no projeto de lei do Mover, o Programa Mobilidade Verde e Inovação, de
incentivos à indústria automotiva, o PL 914/2024. O programa reduz o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) para estimular a produção de veículos
menos poluentes e concede incentivos financeiros para investimentos em pesquisa
e tecnologias limpas, descarbonização e inovação.
¨ Oposição sai da toca no Congresso. Por Lydia Medeiros
O PT e Lula cresceram
na política com um discurso nacionalista, de defesa da indústria nacional. Em
julho do ano passado, o presidente disse que havia voltado ao Planalto não para
se repetir, mas para promover “a revolução industrial”. E declarou que estava
na hora de o “desenvolvimentismo ganhar” a disputa ideológica com os
“financeiristas” para que o país volte a gerar oportunidades. Nos últimos dias,
Lula irritou setores da indústria nacional, ao questionar a taxação de compras de até US$ 50 em sites estrangeiros, sobretudo chineses. “Eu nem sei se essas bugigangas competem
com as coisas brasileiras”, disse, adiantando que poderia vetar uma lei nesse
sentido.
A Câmara aprovou, na
terça-feira, a cobrança de imposto de importação de 20% sobre essas compras — o
relator do projeto defendia 25%. A medida foi um “jabuti” incluído
durante a votação da nova política para o setor automotivo, o Mover. A alíquota final, que terá de ser
aprovada ainda pelo Senado, foi resultado de muita negociação com Arthur Lira,
que pregava o fim da isenção. E Lula teve que se comprometer a não vetar a lei.
Ninguém saiu satisfeito.
No ano passado,
Fernando Haddad anunciou que acabaria com a isenção dessas importações entre
pessoas físicas. Desistiu, a pedido do próprio Lula, que achou a medida
impopular e preferiu evitá-la. À época, a primeira-dama, Janja, levou o assunto
à discussão nas redes sociais e, aparentemente, influenciou no recuo de Lula.
Com as dificuldades
para zerar o déficit nas contas públicas, a Fazenda insistia na taxação dos
importados de baixo valor. E a indústria aumentou a pressão protecionista,
alegando que a falta de isonomia tributária levava as empresas brasileiras a
prejuízos “exponenciais”.
Com popularidade em
declínio e às vésperas da eleição municipal, Lula achou melhor fazer um acordo.
Não foi o seu pior revés da semana, que terminou com derrotas em série para o
governo e mostrou sua fragilidade no Congresso. Também ficou evidente a capacidade
da oposição em mobilizar votos para aprovar projetos que incomodam o governo,
sobretudo na área de costumes e de defesa de uma suposta “família
tradicional”, considerados prioritários para os grupos religiosos com poder de
influência nos plenários da Câmara e do Senado.
Nesses casos, a
extrema-direita reivindica a paternidade da vitória, mas ela permanece
dependente do centro liberal e conservador, mais interessado mesmo em forçar o
governo à negociação, em especial sobre as verbas do Orçamento. A união desses
dois agrupamentos, ainda que eventual, indica um cenário de dificuldades para
Lula e seus aliados nas eleições deste ano e de 2026.
¨
O QUE MUDA COM O FIM
DA ISENÇÃO PARA COMPRAS INTERNACIONAIS DE ATÉ US$ 50
A Câmara dos Deputados
aprovou na última terça-feira (28) o fim da isenção de imposto de importação
para compras internacionais de até US$ 50. Para entrar em vigor, a medida precisa ser aprovada pelo
Senado e sancionada pelo presidente Lula. O texto foi apelidado de “taxa das
blusinhas”.
A isenção de imposto
de importação para compras internacionais de até US$ 50 estava em vigor desde
agosto de 2023. A medida era parte do programa Remessa Conforme, criado pela
Receita Federal. As sete empresas que aderiram ao programa eram isentas do imposto
de importação desde que nacionalizassem as remessas antecipadamente. São elas:
Aliexpress, Shopee, Shein, Sinerlog Store, Amazon, Magazine Luiza e Mercado
Livre. Era cobrado apenas o ICMS na alíquota de 17% do valor do produto.
Com a nova lei, as
compras internacionais de até US$ 50 passarão a ter um imposto de importação de
20%. Isso significa que, além do valor do produto, o consumidor também pagará
20% de imposto sobre o valor total da compra. O ICMS, que é imposto estadual,
continuará a ser cobrado com alíquota padrão de 17%.
Para compras acima de
US$ 50, o imposto de importação continua sendo de 60%. Haverá um
desconto de US$ 20 do valor do imposto a pagar. O limite para remessas
internacionais continua sendo de US$ 3 mil.
A medida é vista como
um golpe para o e-commerce internacional, principalmente para sites asiáticos
como Shein, Shopee e AliExpress.
O varejo nacional
defende o fim da isenção para garantir um equilíbrio entre a carga tributária
cobrada de empresas nacionais e estrangeiras, sob o argumento de que sofrem
hoje concorrência desleal. Já as empresas internacionais alegam que os
principais consumidores desses produtos são de baixa renda e que o fim da
isenção vai afetar os mais pobres.
“Com o fim da isenção,
a carga tributária que recairá sob o consumidor final, passará a ser de 44,5%,
o que com a isenção se mantinha em torno de 20,82%, no valor de 17%”, afirma a
Shein. O percentual citado pela empresa se refere à incidência de um imposto
sobre o outro.
A votação só ocorreu
após acordo entre os líderes partidários, o presidente Lula e o presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lula já havia indicado que vetaria a taxação. O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no entanto, apoia a medida. O relator, Átila
Lira (PP-PI), previa inicialmente uma taxação de 60%, mas cedeu após a
intervenção de Lira.
A taxação foi incluída
no projeto de lei do Mover, o Programa Mobilidade Verde e Inovação, de
incentivos à indústria automotiva, o PL 914/2024. O programa reduz o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) para estimular a produção de veículos
menos poluentes e concede incentivos financeiros para investimentos em pesquisa
e tecnologias limpas, descarbonização e inovação. São cerca de 19 bilhões em
créditos até 2028 que as empresas poderão usar para abater impostos. Para este
ano, estão previstos 3,5 bilhões em créditos para investimentos em
descarbonização.
¨ IMPASSE NA TAXAÇÃO DE IMPORTADOS INTERROMPE INCENTIVO À
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
O Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) confirmou a suspensão do programa Mover, um
projeto de incentivo à descarbonização da indústria automotiva brasileira, a
partir desta sexta-feira (31). A medida se deve ao impasse na aprovação da taxação de compras internacionais online de até US$ 50, incluída no projeto de lei que regulamenta o programa.
O Mover, originalmente
proposto pelo governo federal, visa estimular a produção de veículos mais
sustentáveis no país. Para isso, oferece incentivos fiscais às montadoras que
investem na descarbonização de seus produtos.
No entanto, a
aprovação do projeto de lei que regulamenta o programa foi adiada no Senado
devido à inclusão da medida de taxação. Parlamentares da oposição e do PT
criticaram a inclusão do “jabuti”, argumentando que a taxação não se relaciona
com os objetivos do programa Mover e que pode prejudicar a competitividade da
indústria nacional.
O governo, por outro
lado, defende a taxação como forma de aumentar a arrecadação e combater a
sonegação fiscal. O presidente Lula chegou a anunciar que pretendia vetar a
medida, mas voltou atrás durante as negociações com o Congresso.
Com a suspensão do
programa, as empresas que já se cadastraram no Mover não terão seus benefícios
afetados. No entanto, a concessão de novos créditos está suspensa até que o
projeto de lei seja aprovado no Senado e sancionado pelo presidente. A votação
deveria ter ocorrido no Senado na última quarta-feira (29), mas os senadores
pediram mais tempo para analisar o texto, o que deve ocorrer na próxima semana.
Se o Senado modificar, a proposta voltará à Câmara para nova apreciação.
O impasse na taxação
gera incertezas para o futuro do programa Mover. A expectativa no Congresso é
de que o Senado aprove o projeto na próxima terça-feira (5), para que o
programa possa voltar a funcionar. Empresas cadastradas não têm benefícios
afetados, mas novos créditos estão suspensos. O Mover prevê um incentivo fiscal
de R$ 19,3 bilhões até 2028 para as montadoras que cumprirem critérios de
descarbonização. O objetivo do programa é reduzir as taxas de emissão de
carbono da indústria automobilística até 2030. A equipe econômica do ministro
Fernando Haddad buscava uma forma de acabar com a isenção federal para aumentar
a arrecadação.
Fonte: Congresso em
Foco
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