segunda-feira, 3 de junho de 2024

Covid: uma em cada 20 pessoas apresenta sintomas três anos depois

Um estudo, publicado na revista Nature Medicine, na última quinta (30/5), monitorou as sequelas da Covid em um grupo de 135 mil pessoas por três anos. A pesquisa norte-americana descobriu que os problemas respiratórios e os neurológicos foram os mais comuns entre os infectados pelo vírus em 2020.

“Não sabemos ao certo por que os efeitos do vírus duram tanto tempo. Possivelmente, tem a ver com persistência viral, inflamação crônica, disfunção imunológica ou tudo isso junto”, disse Ziyad Al-Aly, epidemiologista clínico da Universidade de Washington e autor-sênior do estudo.

•        Sequelas após Covid

Cerca de 135 mil norte-americanos foram acompanhados por três anos. Eles foram divididos da seguinte forma:

•        Grupo não hospitalizado com Covid–19: 114.864 participantes, sendo 12% mulheres e 88% homens;

•        Grupo hospitalizado com Covid–19: 20.297 participantes, sendo 5,8% mulheres e 94,2% homens;

•        Além de 5.206.835 dos participantes de grupo controle (sem infecção), onde 9,7% mulheres e 90,3% homens.

Os resultados indicaram que pessoas hospitalizadas devido à Covid-19 apresentaram um risco 34% maior de desenvolverem sintomas persistentes. Além disso, o risco de ainda estarem com sintomas um ano após a infecção era de 23% e, passados dois anos, de 16%.

Mesmo os que não foram foram hospitalizados, apresentaram problemas de saúde que já foram relacionados à Covid. Neste grupos, os pesquisadores verificaram doenças que surgiram após a infecção, como a diabetes, que são capazes de diminuir a expectativa de vida em até dez anos. “Embora a prevenção de doenças graves seja importante, também são necessárias estratégias para reduzir o risco de perda de saúde pós-aguda e de longo prazo em pessoas com Covid leve”, escreveram os pesquisadores.

“A Covid é uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar das pessoas a longo prazo. Mesmo três anos depois, você pode ter esquecido da Covid, mas ela não esqueceu de você. As pessoas podem pensar que estão fora de perigo, porque tiveram o vírus e não tiveram problemas de saúde. Mas, mesmo após a infecção, o vírus pode estar causando estragos e doenças no intestino, pulmões ou cérebro”, afirmou o epidemiologista Ziyad Al-Aly.

Os autores observaram que o estudo analisou dados de veteranos militares, uma amostra composta por homens mais velhos e brancos e, por isso, os resultados podem não refletir a realidade de outras populações.

•        Covid-19 ainda mata mais do que a dengue em 2024

Apesar de o Brasil enfrentar uma epidemia de dengue em 2024, com um recorde histórico de mais de 4,9 milhões de casos, o número de mortes causadas pela Covid-19 ainda é maior do que o de mortes ocasionadas pela doença transmitida pelo Aedes aegypti.

Conforme informações da Plataforma Coronavírus do Ministério da Saúde, desde o começo do ano até a 20ª semana epidemiológica, finalizada em 18 de maio, foram contabilizados 3.567 óbitos por Covid-19. No mesmo intervalo, as arboviroses, como a dengue, resultaram em 2.899 mortes.

O maior número de óbitos por Covid-19 foi registrado nas primeiras 12 semanas do ano, com uma média semanal de 217 mortes. Após a 13ª semana epidemiológica, essa média caiu para 119 óbitos por semana.

•        Vacinação contra a dengue e Covid

Na rede pública, a vacinação contra a dengue é oferecida apenas a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, devido à quantidade limitada de doses produzidas pela farmacêutica Takeda.

A campanha de vacinação contra a Covid-19 inclui uma gama mais ampla de faixas etárias, abrangendo crianças de 6 meses até 4 anos, gestantes, puérperas e idosos. As vacinas para a Covid-19 estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em centros de atendimento ambulatorial.

•        PNAD: 36% dos não vacinados contra Covid não acreditam nos imunizantes

Até o primeiro trimestre de 2023, 11,2 milhões de brasileiros com 5 anos ou mais não tinham tomado nenhuma dose das vacinas contra a Covid-19. Os motivos para não se imunizar contra a doença que matou 712.205 pessoas no Brasil são os mais diversos, incluindo crenças pessoais, medo de reações adversas ou recomendação de um profissional da saúde.

O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (24/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. Na última edição da pesquisa, realizada no primeiro trimestre de 2023, foi incluído no questionário um módulo suplementar de perguntas para a investigação de aspectos relacionados à Covid-19, incluindo a vacinação, a ocorrência da infecção e a persistência dos sintomas.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) considera como indivíduo vacinado aquele que tem o esquema primário de duas doses de vacina contra a Covid-19. A meta é vacinar 90% da população para manter a circulação do vírus controlada — 58,6% da população completou o esquema vacinal, de acordo com os dados da PNAD.

•        Motivos para não se vacinar contra a Covid-19

Durante a pesquisa do IBGE, os brasileiros foram questionados sobre quantas doses da vacina tinham tomado até aquela data e, caso não tivessem nenhuma, o que levou à decisão de não se vacinar.

Entre os adultos, o principal motivo mencionado foi “não confia ou não acredita na vacina” (36%), seguido por “medo de reação adversa ou de injeção” (27,8%) e “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve Covid” (26,7%). Em menor proporção foram citados “por recomendação de profissional de saúde”, “não tinha a vacina que queria tomar” disponível ou outros motivos não listados.

Entre os mais jovens – com idades entre 5 a 17 anos –, o “medo de reação adversa ou de injeção” foi o mais citado (39,4%), seguido por “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve Covid” (21,7%) e “não confia ou não acredita na vacina” (16,9%). Os pesquisadores destacam que para as crianças e adolescentes, a decisão de não se vacinar pode ter partido dos próprios pais ou responsáveis.

•        Crianças estão mais desprotegidas

Entre as 11,2 milhões de pessoas não vacinadas, correspondente a 5,6% da população brasileira com 5 anos ou mais, 6,3 milhões eram homens e 4,9 milhões eram mulheres. Desses, 5,7 milhões eram crianças ou adolescentes, com idades entre 5 a 17 anos; e 5,5 milhões eram adultos, com 18 anos ou mais.

Proporcionalmente, o grupo mais jovem foi o que teve uma proporção maior de não vacinados: 14,8% do total das crianças e adolescentes não tinham tomado nenhuma dose do imunizante contra a Covid-19 até a data da pesquisa. Entre os adultos, apenas 3,4% deles não se vacinaram.

•        Vacinação incompleta

Embora ainda haja quem não queira se vacinar contra a Covid-19, 58,6% da população afirmou ter tomado todas as doses recomendadas até o primeiro trimestre de 2023.

Os pesquisadores também procuraram entender os motivos que levaram as pessoas que tinham tomado a primeira dose a não voltar para completar o esquema vacinal. O principal motivo foi o “esquecimento ou falta de tempo” (29,2%).

Mas também houve quem não fosse por “não achar necessário, tomou as duas doses que gostaria e/ou não confia na vacina” (25,5%), porque “está aguardando ou não completou o intervalo para tomar a próxima dose” (17,5%), por ter “medo de reação adversa ou teve reação forte em dose anterior” (16,5%), por outros motivos (6,8%), ou porque “a vacina que queria não estava disponível” (4,6%).

 

Fonte: Metrópoles

 

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