Covid: uma em cada 20 pessoas apresenta
sintomas três anos depois
Um estudo, publicado
na revista Nature Medicine, na última quinta (30/5), monitorou as sequelas da
Covid em um grupo de 135 mil pessoas por três anos. A pesquisa norte-americana
descobriu que os problemas respiratórios e os neurológicos foram os mais comuns
entre os infectados pelo vírus em 2020.
“Não sabemos ao certo
por que os efeitos do vírus duram tanto tempo. Possivelmente, tem a ver com
persistência viral, inflamação crônica, disfunção imunológica ou tudo isso
junto”, disse Ziyad Al-Aly, epidemiologista clínico da Universidade de
Washington e autor-sênior do estudo.
• Sequelas após Covid
Cerca de 135 mil
norte-americanos foram acompanhados por três anos. Eles foram divididos da
seguinte forma:
• Grupo não hospitalizado com Covid–19:
114.864 participantes, sendo 12% mulheres e 88% homens;
• Grupo hospitalizado com Covid–19: 20.297
participantes, sendo 5,8% mulheres e 94,2% homens;
• Além de 5.206.835 dos participantes de
grupo controle (sem infecção), onde 9,7% mulheres e 90,3% homens.
Os resultados
indicaram que pessoas hospitalizadas devido à Covid-19 apresentaram um risco
34% maior de desenvolverem sintomas persistentes. Além disso, o risco de ainda
estarem com sintomas um ano após a infecção era de 23% e, passados dois anos,
de 16%.
Mesmo os que não foram
foram hospitalizados, apresentaram problemas de saúde que já foram relacionados
à Covid. Neste grupos, os pesquisadores verificaram doenças que surgiram após a
infecção, como a diabetes, que são capazes de diminuir a expectativa de vida em
até dez anos. “Embora a prevenção de doenças graves seja importante, também são
necessárias estratégias para reduzir o risco de perda de saúde pós-aguda e de
longo prazo em pessoas com Covid leve”, escreveram os pesquisadores.
“A Covid é uma séria
ameaça à saúde e ao bem-estar das pessoas a longo prazo. Mesmo três anos
depois, você pode ter esquecido da Covid, mas ela não esqueceu de você. As
pessoas podem pensar que estão fora de perigo, porque tiveram o vírus e não
tiveram problemas de saúde. Mas, mesmo após a infecção, o vírus pode estar
causando estragos e doenças no intestino, pulmões ou cérebro”, afirmou o
epidemiologista Ziyad Al-Aly.
Os autores observaram
que o estudo analisou dados de veteranos militares, uma amostra composta por
homens mais velhos e brancos e, por isso, os resultados podem não refletir a
realidade de outras populações.
• Covid-19 ainda mata mais do que a dengue
em 2024
Apesar de o Brasil
enfrentar uma epidemia de dengue em 2024, com um recorde histórico de mais de
4,9 milhões de casos, o número de mortes causadas pela Covid-19 ainda é maior
do que o de mortes ocasionadas pela doença transmitida pelo Aedes aegypti.
Conforme informações
da Plataforma Coronavírus do Ministério da Saúde, desde o começo do ano até a
20ª semana epidemiológica, finalizada em 18 de maio, foram contabilizados 3.567
óbitos por Covid-19. No mesmo intervalo, as arboviroses, como a dengue, resultaram
em 2.899 mortes.
O maior número de
óbitos por Covid-19 foi registrado nas primeiras 12 semanas do ano, com uma
média semanal de 217 mortes. Após a 13ª semana epidemiológica, essa média caiu
para 119 óbitos por semana.
• Vacinação contra a dengue e Covid
Na rede pública, a
vacinação contra a dengue é oferecida apenas a crianças e adolescentes de 10 a
14 anos, devido à quantidade limitada de doses produzidas pela farmacêutica
Takeda.
A campanha de
vacinação contra a Covid-19 inclui uma gama mais ampla de faixas etárias,
abrangendo crianças de 6 meses até 4 anos, gestantes, puérperas e idosos. As
vacinas para a Covid-19 estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs)
e em centros de atendimento ambulatorial.
• PNAD: 36% dos não vacinados contra Covid
não acreditam nos imunizantes
Até o primeiro
trimestre de 2023, 11,2 milhões de brasileiros com 5 anos ou mais não tinham
tomado nenhuma dose das vacinas contra a Covid-19. Os motivos para não se
imunizar contra a doença que matou 712.205 pessoas no Brasil são os mais
diversos, incluindo crenças pessoais, medo de reações adversas ou recomendação
de um profissional da saúde.
O dado é da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta
sexta-feira (24/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
em parceria com o Ministério da Saúde. Na última edição da pesquisa, realizada
no primeiro trimestre de 2023, foi incluído no questionário um módulo
suplementar de perguntas para a investigação de aspectos relacionados à
Covid-19, incluindo a vacinação, a ocorrência da infecção e a persistência dos
sintomas.
O Programa Nacional de
Imunizações (PNI) considera como indivíduo vacinado aquele que tem o esquema
primário de duas doses de vacina contra a Covid-19. A meta é vacinar 90% da
população para manter a circulação do vírus controlada — 58,6% da população completou
o esquema vacinal, de acordo com os dados da PNAD.
• Motivos para não se vacinar contra a
Covid-19
Durante a pesquisa do
IBGE, os brasileiros foram questionados sobre quantas doses da vacina tinham
tomado até aquela data e, caso não tivessem nenhuma, o que levou à decisão de
não se vacinar.
Entre os adultos, o
principal motivo mencionado foi “não confia ou não acredita na vacina” (36%),
seguido por “medo de reação adversa ou de injeção” (27,8%) e “não acha
necessário, acredita na imunidade e/ou já teve Covid” (26,7%). Em menor
proporção foram citados “por recomendação de profissional de saúde”, “não tinha
a vacina que queria tomar” disponível ou outros motivos não listados.
Entre os mais jovens –
com idades entre 5 a 17 anos –, o “medo de reação adversa ou de injeção” foi o
mais citado (39,4%), seguido por “não acha necessário, acredita na imunidade
e/ou já teve Covid” (21,7%) e “não confia ou não acredita na vacina” (16,9%).
Os pesquisadores destacam que para as crianças e adolescentes, a decisão de não
se vacinar pode ter partido dos próprios pais ou responsáveis.
• Crianças estão mais desprotegidas
Entre as 11,2 milhões
de pessoas não vacinadas, correspondente a 5,6% da população brasileira com 5
anos ou mais, 6,3 milhões eram homens e 4,9 milhões eram mulheres. Desses, 5,7
milhões eram crianças ou adolescentes, com idades entre 5 a 17 anos; e 5,5 milhões
eram adultos, com 18 anos ou mais.
Proporcionalmente, o
grupo mais jovem foi o que teve uma proporção maior de não vacinados: 14,8% do
total das crianças e adolescentes não tinham tomado nenhuma dose do imunizante
contra a Covid-19 até a data da pesquisa. Entre os adultos, apenas 3,4% deles
não se vacinaram.
• Vacinação incompleta
Embora ainda haja quem
não queira se vacinar contra a Covid-19, 58,6% da população afirmou ter tomado
todas as doses recomendadas até o primeiro trimestre de 2023.
Os pesquisadores
também procuraram entender os motivos que levaram as pessoas que tinham tomado
a primeira dose a não voltar para completar o esquema vacinal. O principal
motivo foi o “esquecimento ou falta de tempo” (29,2%).
Mas também houve quem
não fosse por “não achar necessário, tomou as duas doses que gostaria e/ou não
confia na vacina” (25,5%), porque “está aguardando ou não completou o intervalo
para tomar a próxima dose” (17,5%), por ter “medo de reação adversa ou teve
reação forte em dose anterior” (16,5%), por outros motivos (6,8%), ou porque “a
vacina que queria não estava disponível” (4,6%).
Fonte: Metrópoles
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