sábado, 1 de junho de 2024

Acabou o amor? Clã Bolsonaro se cala sobre condenação de Donald Trump

Em setembro de 2019, ainda deslumbrado por ter chegado à Presidência da República, um servil Jair Bolsonaro (PL) declarou seu amor ao então presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, nos bastidores da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde passou seu primeiro grande vexame internacional ao mentir e distorcer informações durante seu discurso de 13 minutos.

"I love you", disse o constrangido Bolsonaro ao se encontrar com o ídolo, que o desdenhou.

Nos quatro anos em que esteve à frente da Presidência, Bolsonaro reiterou a submissão a Trump por diversas vezes e tentou até alçar o filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como embaixador do Brasil em Washington, com o apoio do bilionário fasctista estadunidense.

No entanto, passadas mais de 12 horas da condenação de Trump nas 34 acusações por falsificação de registros para encobrir um escândalo sexual, Jair Bolsonaro e os filhos seguem calados.

O ex-presidente brasileiro, que faz um périplo pelo interior paulista para promover candidaturas neofascistas sob a justificativa de arrecadar doações ao Rio Grande do Sul, preferiu publicar o seu boletim do segundo ano no Grupo Escolar Cel Siqueira de Moraes nas redes, em vez de declarar apoio a Trump.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que esteve na Argentina de Javier Milei, em sua saga para propagar a narrativa da "ditadura comunista" no Brasil também segue calado sobre o ex-presidente dos EUA, de quem ganhou apoio para a nomeação frustrada para a embaixada.

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se ocupa em construir narrativas contra Lula e Carlos Bolsonaro (PL-RJ), especialista em redes da família, se ocupa em tentar derrubar a tag "Bolsonaro taxou você". Sobre Trump, nada.

Em 2019, Eduardo chegou a dizer que "acontece nos EUA, acontece no Brasil". Condenado, Trump pode ir para a prisão - mesmo que com chances remotas disso acontecer.

Pode ser que o medo da condenação de um ex-presidente fascista, como ocorre nos EUA, aconteça no Brasil tenha feito com que o amor dos Bolsonaro por Trump chegasse ao fim.

•        Condenação de Trump manda recado para Bolsonaro: O próximo é você

Desde 2016 coincidências históricas têm feito com que acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos sejam replicados aqui no Brasil pouco depois:

Naquele ano, um outsider, tido pelos próprio estadunidenses como um bilionário fanfarrão, apresentador histriônico de um reality show, se transformou em presidente dos Estados Unidos: Donald Trump.

Ninguém acreditava que aquele"palhaço" (como o definiu o ator Robert De Niro num discurso indignado) poderia se eleger, mas aconteceu.

Dois anos depois, o Brasil elegia um tipo ainda pior: um político fracassado, sem nenhuma expressão, que sempre viveu de pequenos expedientes, usando apartamento funcional como motel, "para comer gente", fazendo rachadinhas e se apropriando de dinheiro em combustível suficiente para ir e voltar à Lua de carro: Jair Bolsonaro.

Os dois enfrentaram a pandemia da Covid-19 da mesma forma. Primeiro Trump lá, depois Bolsonaro aqui: com negacionismo, remédios inúteis sem comprovação científica, recusa em comprar vacinas, até que tiveram o mesmo resultado sinistro: EUA e Brasil foram os dois países com mais mortes pelo coronavírus no planeta.

Em 2020, Trump tentou a reeleição. Jogou com todos os artifícios, mentiu, lançou suspeitas contra o sistema eleitoral, e ao final perdeu. Inconformado, inflamou seus seguidores a não aceitarem o resultado das urnas, que teria sido roubado. Como consequência, em 6 de janeiro de 2021 fanáticos de Trump invadiram o Capitólio e tentaram barrar o anúncio da vitória de Joe Biden.

Em 2022, o Brasil novamente repetiu os acontecimentos dos Estados Unidos, como se seguissem um mesmo roteiro escrito. Bolsonaro tentou de tudo para se reeleger, distribuiu milhões e milhões em benefícios, pôs a Polícia Rodoviária Federal para bloquear e atrapalhar eleitores de Lula de votarem em seu candidato. Mas ainda assim perdeu, por escassa margem.

Exatamente como Trump fizera dois anos antes nos Estados Unidos, Bolsonaro desacreditou as eleições e insuflou seus apoiadores, ao mesmo tempo em que, nos bastidores, tramava um golpe de Estado. Até que houve o 8 de janeiro, cópia do 6 de janeiro dos EUA, quando bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, que daria início ao golpe frustrado.

Ontem, Donald Trump foi declarado culpado de 34 crimes. Sua condenação é ainda mais veemente quando sabemos que no julgamento por lá não pode haver divergência entre os membros do júri. Eram12 pessoas e os 12 tinham que concordar com a declaração de culpado ou não. Bastaria um voto discordante para que Trump fosse salvo. Mas ele foi condenado por unanimidade nos 34 crimes.

A salvação não veio e Trump é o primeiro ex-presidente dos EUA condenado na História daquele país. E manteve a arrogância costumeira na declaração à imprensa, logo após a decisão do júri.

Ao ofender o juiz, Trump joga para seu eleitorado, mas, ao mesmo tempo, pode estar piorando sua sentença, que será anunciada no dia 11 de julho pelo juiz que ele ofendeu.

Hoje, o principal jornal dos EUA, The New York Times, estampa em sua primeira página a palavra GUILTY (culpado), com uma imagem de Trump abaixo.

Pela sequência natural do roteiro que vêm seguindo EUA e Brasil, o próximo é Bolsonaro, que já foi declarado inelegível pelos próximos oito anos e logo vai começar a ser julgado pelos inúmeros crimes de que é acusado. A tentativa de golpe de Estado provavelmente será o primeiro deles, seguido pelo do roubo de jóias.

A principal diferença entre Trump e Bolsonaro (além das evidentes) é que os crimes de que Trump foi considerado culpado não são quase nada comparado ao de que Bolsonaro é acusado: tentativa de golpe de Estado.

O destino deve ser o mesmo: GUILTY. Culpado.

•        Discurso de Robert De Niro sobre Trump alerta sobre perigos no Brasil

O super premiado ator Robert De Niro resolveu fazer um  pronunciamento público diante da ameaça que representa uma possível reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Ameaça não apenas aos Estados Unidos, mas ao mundo e à vida no planeta.

Trump é um negacionista e um narcisista que é capaz de qualquer coisa para chamar atenção e fazer valer seus desejos. Não admite ser contrariado e tem uma visão particular do que seja realidade: é sempre aquilo que atende a seus interesses. O que não for assim, deve ser destruído.

Foi assim quando se recusou a aceitar a derrota para Joe Biden em 2020 e insuflou seus apoiadores à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para que não permitissem a posse do presidente eleito. Semelhante ao nosso 8 de janeiro aqui.

Robert De Niro, milionário graças a seu trabalho como um ator genial de filmes inesquecíveis, decidiu que aos 80 anos de idade deveria sair do conforto a que poderia estar recolhido para expor ao público o perigo que representa gente como Donald Trump e a extrema direita que o apoia.

Para nós brasileiros, as palavras de De Niro sobre Trump soam estranhamente familiares. Se trocarmos o nome de Trump pelo de Jair Bolsonaro, o discurso segue válido palavra a palavra, exceto pelo poder de destruição do planeta — recurso só disponível a quem possua armamentos nucleares, como os Estados Unidos.

Aqui no Brasil a mídia corporativa mandou às favas a moderação e partiu para guerra aberta ao governo do presidente Lula, para uma tentativa de passada de pano na História apoiando agora até em editoriais a candidatura de um Bolsonaro de sapatênis — o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas.

Mas não tenham dúvidas: não hesitarão em lançar mão de nova candidatura do próprio Inelegível, caso a opção com sapatênis não decole.

Nossa mídia vocaliza o mercado financeiro, de que é não apenas porta-voz mas ativa participante, sendo que o dono da Folha hoje é mais conhecido por ser banqueiro do que jornalista — o que se reflete diretamente na linha editorial do jornal.

Pesquisas mostram a desaprovação do governo Lula pelo mercado financeiro, mesmo diante de todas as concessões do ministro Haddad à banca. Isso acontece graças aos "gastos" (como eles chamam) com programas sociais, com a melhoria do salário mínimo, ou qualquer coisa que não seja garantir ganhos financeiros sempre e cada vez maiores.

Como eles não precisam de governo e, em última instância, do país, preferem um presidente que ceda tudo ao mercado financeiro, como o de Bolsonaro, mesmo que mate de fome a população, destrua Pantanal, Cerrado e Amazônia, queimem matas, sequem rios.

Temos que fazer como De Niro: denunciar e dizer que não permitiremos, que desejamos a punição de todos os criminosos. Sem anistia.

Ou, como alerta o ator:

"Nós não queremos acordar depois da eleição dizendo: o quê, de novo?! Meu Deus, o que diabos fizemos?! Nós não podemos permitir que isso aconteça novamente."

Definitivamente: Nós não podemos permitir que isso aconteça novamente.

<><> ‘Dudu Bananinha’ se revolta

Após manter silêncio diante da condenação de Donald Trump nas 34 acusações por falsificação de registros para encobrir um escândalo sexual, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se revoltou nas redes sociais e, em longo texto, disse que os EUA viraram "republiqueta de bananas".

O termo usado pelo filho "03" de Jair Bolsonaro (PL) foi criado justamente para identificar os países latino-americanos submissos à United Fruit Company, empresa estadunidense fechada nos anos 1970 após explorar por décadas o então chamado "terceiro mundo".

"Ontem os EUA se rebaixou a uma republiqueta de bananas, tal qual ocorre em ditaduras que perseguem os opositores usando as ferramentais estatais para dar ares de democracia - Cuba e Venezuela, por exemplo, têm parlamento e STF", surtou o deputado, que esteve na Argentina, de Javier Milei, em sua saga para denunciar a "ditadura comunista" no Brasil.

Na publicação, Eduardo se lembrou dos "elogios" recebidos de Trump quando o pai tentou emplacar o nome dele, que nunca tece carreira diplomática, a embaixador do Brasil em Washington, um dos principais cargos do Itamaraty.

"Quando fui indicado para a embaixada elogiou, pois sabe que além das relações institucionais é na família que estão as pessoas de maior confiança - algo raro na política", escreveu.

Primeiro do clã a se pronunciar sobre a condenação do ex-presidente estadunidense, Eduardo divulgou uma série de fotos ao lado de Trump e disse que "hoje como pai de menina imagino que eu serei igual".

 

Fonte: Fórum

 

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