Por que vitória de Trump em New Hampshire
praticamente decide escolha republicana
O ex-presidente dos
Estados Unidos Donald Trump venceu as
primárias de New Hampshire, derrotando sua última rival pela indicação
presidencial republicana de 2024, a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley. Essa vitória
significa que a disputa pela indicação está praticamente encerrada, mesmo que
Haley ainda não esteja pronta para encerrar sua campanha — um fato que
claramente irritou o ex-presidente em uma noite que, de outra forma, seria de
celebração. "Ela está fazendo... um discurso como se tivesse
vencido", disse ele sobre sua rival, que prometeu permanecer na corrida
mais cedo na noite. "Ela não venceu. Ela perdeu."
Uma revanche nas
eleições gerais de novembro com o presidente Joe Biden, o provável candidato
democrata, agora parece mais certa.
Embora a vitória de
Trump em New Hampshire não tenha correspondido à margem de 20 pontos prevista
por pesquisas recentes, deve ser mais do que suficiente para manter a atual
direção da corrida. Trump venceu por uma margem significativa na primeira
disputa em Iowa. E os estados que se seguem no calendário das primárias
republicanas favorecem mais fortemente a ele do que New Hampshire, sugerindo
que sua marcha em direção à indicação em breve vai se acelerar. A cada voto que
passa, uma verdade se torna cada vez mais clara. Como as pesquisas mostraram
por muitos meses, o Partido Republicano ainda é o partido de Donald Trump.
A lealdade de sua base
é inabalável, apesar de dramas legais e políticos. Seu estilo de populismo
conservador está em sintonia com os eleitores de seu partido, assim como seu
foco em questões como imigração, crime e energia. Isso pode não desencorajar
Haley a curto prazo, mas a realidade é que New Hampshire era a melhor chance
dela de interromper a marcha constante de Trump em direção à indicação
presidencial republicana. Ela gastou dezenas de milhões de dólares aqui e
contou com o apoio do popular governador republicano do estado, mas os
eleitores independentes de New Hampshire e a grande proporção de graduados
universitários não foram suficientes para garantir sua vitória.
Haley agora está de
olho nas primárias em seu estado natal, na Carolina do Sul, no próximo mês.
Para chegar lá, no entanto, ela precisará que as contribuições de campanha
continuem fluindo. Mesmo com um desempenho melhor do que o esperado, isso não é
garantia, dado que suas chances já reduzidas de vencer a indicação acabaram de
ficar ainda menores, com enormes lideranças de Trump nas pesquisas em muitos
dos estados restantes. Se ela continuar na disputa, talvez não receba uma
recepção particularmente calorosa em casa. Trump tem o apoio da maioria do
establishment republicano da Carolina do Sul, e ele lidera com folga nas
pesquisas.
Foi um ponto que o
ex-presidente fez questão de destacar em seu discurso na noite de terça-feira. "Vamos
para a Carolina do Sul, onde acho que vamos vencer facilmente", disse ele
diante de uma multidão animada na cidade de Nashua. Uma derrota em seu antigo
reduto seria uma maneira humilhante de encerrar o que tem sido uma campanha
relativamente bem-sucedida para Nikki Haley. É um destino que ela pode optar
por evitar, mas ela tem um mês para tentar reverter essa situação.
Mesmo que Haley acabe
jogando a toalha nos próximos dias, os resultados de New Hampshire deveriam
causar alguma preocupação na equipe de Trump. Uma análise de votos da Fox News
descobriu que 32% dos que participaram das primárias republicanas não votariam
nele na eleição geral de novembro, caso ele vença a indicação. Apenas 49% se
consideravam apoiadores do "Maga", referindo-se ao slogan de campanha
do ex-presidente: Make America Great Again, ou "Tornar a
América grande novamente".
Uma pesquisa da CBS
também retrata o perfil da base de apoio do Trump, mas também mostra suas
limitações. Entre os eleitores autodeclarados "muito conservadores",
o ex-presidente teve 88% de apoio. Ele conquistou 66% dos eleitores das
primárias sem diploma universitário e eleitores evangélicos com margens
semelhantes. Ele obteve apenas 23% dos votos dos moderados e 39% dos graduados
universitários — grupos aos quais ele terá que apelar se quiser vencer Joe
Biden. E após os resultados da noite de terça-feira, a revanche presidencial de
2020 parece muito mais provável, mesmo que seja uma perspectiva que as
pesquisas indicam que muitos americanos não recebem com entusiasmo.
·
O que vem após vitória de Trump em primária
de New Hampshire
O ex-presidente dos
Estados Unidos Donald Trump venceu as
primárias presidenciais republicanas de New Hampshire, que ocorreram na
terça-feira (23/01). Foi a segunda disputa estadual para escolher o candidato
do partido para as eleições de novembro.
Com quase 90% dos
votos apurados, o ex-presidente tem 12 pontos de vantagem sobre sua última
rival remanescente, Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul.
Segundo Anthony
Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, a primária em New Hampshire
era a "melhor chance" de Haley para conter a corrida de Trump rumo à
disputa presidencial, já que algumas pesquisas indicavam queda na posição de liderança
dele no Estado — embora o ex-presidente ainda fosse o franco favorito.
A campanha de Haley
contava também com uma parcela significativa de eleitores independentes e de
republicanos moderados no Estado. "Haley gastou dezenas de milhões de
dólares aqui, mas os eleitores independentes e a grande parcela de estudantes
universitários não foram suficientes para lhe render a vitória", escreveu
Zurcher.
Os democratas também
realizaram primárias no Estado, onde Joe Biden venceu — mesmo que seu nome não
estivesse nas cédulas, por conta de uma discordância sobre a data das prévias.
Seus eleitores precisaram escrever o nome do presidente à mão. Esta foi a
segunda prévia da temporada de primárias nos Estados Unidos, na qual
serão definidos os candidatos que disputarão a Presidência na eleição de 5 de
novembro. Na semana passada, Trump venceu com folga as
primeiras prévias do Partido Republicano no Estado de Iowa, historicamente o
primeiro a votar.
Trump obteve 51% dos
votos, contra 21% de DeSantis e 19% de Haley. Ninguém havia vencido uma disputa
no Iowa por mais de 12 pontos de diferença para o segundo candidato antes. O
resultado mostrou que, apesar de ser alvo de diversas ações judiciais e de
tentativas de barrar seu nome das cédulas de votação – cujo desfecho vai depender da Suprema Corte do país –, Trump continua disparado na frente na corrida para conquistar
a nomeação republicana. Após a vitória esmagadora do ex-presidente em
Iowa, Ron DeSantis desistiu da corrida à Presidência e anunciou na segunda-feira (22/1) que apoiará Trump.
Na votação geral,
várias pesquisas mostram o ex-presidente republicano empatado ou até à frente
de Joe Biden — o presidente democrata que deve ter seu nome confirmado para
concorrer à reeleição. Apesar de pesquisas de opinião indicarem que muitos
democratas gostariam que o partido fosse representado por outro nome, os demais
pré-candidatos até agora não oferecem ameaça a Biden.
As eleições
presidenciais americanas, realizadas a cada quatro anos, são um processo longo
e complexo, que começa quase dois anos antes da votação, quando pré-candidatos
costumam formar comitês exploratórios para analisar suas chances na disputa e
arrecadar fundos para a campanha. Diferentemente do Brasil, onde há várias
siglas importantes, nos Estados Unidos o sistema político é dominado por apenas
dois grandes partidos: Democrata e Republicano. Candidatos de agremiações
menores ou independentes podem concorrer, mas não costumam ter chance.
O sistema eleitoral
americano é descentralizado, a cargo de cada um dos 50 Estados. O calendário de
prévias se estende até o meio do ano, quando os escolhidos para representar
cada partido terão seus nomes oficializados em convenções nacionais.
Os eleitores
americanos não escolhem seus candidatos à Presidência de maneira direta. Nas
primárias, os votos elegem delegados partidários, que se comprometem em apoiar
o pré-candidato que venceu na votação dos eleitores naquele Estado. Esses
delegados irão participar da convenção nacional de seu partido. O pré-candidato
que receber os votos da maioria dos delegados na convenção nacional será
coroado como candidato oficial do partido.
Na eleição geral, a
decisão também fica a cargo de delegados, que formam o chamado Colégio
Eleitoral, composto por 538 pessoas. Chega à Casa Branca o candidato que
receber pelo menos 270 votos (a maioria) do Colégio Eleitoral.
<<< Veja
abaixo as principais etapas do processo eleitoral americano.
·
Os candidatos
A Constituição
determina que qualquer cidadão americano nascido nos Estados Unidos que tenha
no mínimo 35 anos e tenha vivido no país por pelo menos 14 anos pode concorrer
à Presidência. A cada eleição, centenas de pessoas preenchem o formulário da
Comissão Federal Eleitoral (FEC, na sigla em inglês) para disputar o cargo,
muitas em tom de brincadeira e outras de maneira séria, mas sem chances de irem
adiante.
Apesar da facilidade
para se inscrever, disputar a Presidência americana para valer é tarefa
difícil. Candidatos que não são nomeados pelos dois grandes partidos enfrentam
diversos obstáculos para incluir seus nomes nas cédulas de votação. As regras
variam em cada Estado, mas costumam exigir dezenas de milhares de assinaturas
de eleitores registrados. É comum que mesmo candidatos de partidos conhecidos,
mas que não fazem parte das duas siglas principais, enfrentem dificuldades para
aparecer nas cédulas de todos os 50 Estados.
No caso de democratas
e republicanos, a disputa para ser o representante do partido nas cédulas
costuma ser acirrada, e muitos dos que anunciaram ainda no ano passado sua
intenção de concorrer à nomeação já desistiram antes mesmo do início das
primárias.
·
Entre os principais nomes que permanecem na
corrida estão:
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REPUBLICANOS
-Donald
Trump: O ex-presidente, que perdeu a eleição
em 2020 e se recusou a admitir a derrota, lidera com folga as pesquisas. No
entanto, enfrenta diversos processos na Justiça e é alvo de um esforço para
barrar seu nome nas cédulas sob a acusação de que teria cometido insurreição.
-Nikki
Haley: Ex-governadora da Carolina do Sul e
ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, vem ganhando terreno nas pesquisas
como possível segunda colocada
-Ryan
Binkley: Empresário e pastor
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DEMOCRATAS
-Joe
Biden: O presidente americano é o favorito
de seu partido, mas também enfrenta resistência por conta de sua idade avançada
e de algumas de suas políticas. Caso reeleito, terá 82 anos na posse.
-Marianne
Williamson: Autora de livros de autoajuda, que
concorre pela segunda vez
-Dean
Phillips: Deputado federal por Minnesota
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INDEPENDENTES E DE OUTROS PARTIDOS
-Robert F.
Kennedy Jr.: Membro da poderosa família Kennedy e
sobrinho do presidente John Kennedy, é advogado ambiental respeitado, mas
ganhou fama como ativista anti-vacinas. Iniciou a campanha como democrata, mas
depois decidiu concorrer como independente. Algumas pesquisas dão a ele mais de
20% das intenções de voto em uma eleição geral contra Biden e Trump
-Cornel
West: Professor universitário com passagem
pelas mais prestigiosas universidades americanas e ativista progressista,
concorre como independente
-Jill
Stein: Médica que disputa a indicação do
Partido Verde e já concorreu em 2012 e 2016. Em 2016, foi acusada por alguns
democratas de atrapalhar o desempenho de Hillary Clinton, ao atrair votos que
poderiam ter ajudado a candidata democrata a vencer.
>>>> As
pendências judiciais de Trump
Na maioria dos anos
eleitorais, o suspense em torno das primárias é sobre que candidatos ganharão
ou perderão força ao longo da temporada. Neste ano, no entanto, uma das
principais questões se refere aos processos judiciais enfrentados por Donald
Trump. Nas últimas semanas, vários Estados iniciaram esforços para barrar o
nome de Trump das cédulas das primárias, sob a acusação de que ele teria
cometido insurreição após perder a eleição de 2020. Trump não aceitou aquela
derrota e, em 6 de janeiro de 2021, milhares de seus apoiadores invadiram o
Capitólio, sede do Congresso americano. Alguns desses esforços já fracassaram,
e outros continuam pendentes. Mas em dois desses Estados, Colorado e Maine, a
Justiça estadual decidiu pela retirada do nome de Trump das cédulas.
O ex-presidente
apelou, e a Suprema Corte do país anunciou que vai se pronunciar sobre a
questão, com a apresentação oral de argumentos marcada para 8 de fevereiro. A
decisão da Suprema Corte valerá para todos os outros Estados e será a palavra
final sobre se o nome de Trump pode ou não aparecer nas cédulas das primárias.
Mas essa disputa não é
o único problema legal de Trump. O ex-presidente e favorito à nomeação
republicana enfrenta 91 acusações em quatro processos criminais, sendo que dois deles têm chance de serem decididos antes da
votação em 5 de novembro, o que poderia ter impacto na eleição.
O julgamento federal
sobre os esforços de Trump para permanecer no poder apesar de ter perdido a
eleição de 2020 deve começar em 4 de março, em Washington. Essa data, porém,
pode mudar, e os juízes estão analisando os argumentos da defesa de que Trump
seria imune porque as acusações se referem ao período em que ocupava a
Presidência. Também em março, no dia 25, deve começar em Nova York o julgamento
do caso em que Trump é acusado de falsificar registros comerciais para ocultar
dinheiro pago à estrela pornô Stormy Daniels e encobrir um suposto caso com a
atriz. Mas essa data também pode ser adiada,
dependendo do andamento do julgamento em Washington.
Em 20 de maio deve
começar o julgamento federal na Flórida, em que Trump é acusado de levar
documentos governamentais, muitos deles confidenciais, para sua residência
privada após deixar a Casa Branca e obstruir esforços do governo para recuperar
os papéis. Mas analistas acham pouco provável que esse caso seja decidido antes
da eleição. Há ainda o julgamento na Geórgia, em um caso em que Trump é acusado
de interferir na eleição naquele Estado, e outros casos não criminais, entre
eles um de difamação. Segundo analistas, se Trump for reeleito, os processos ainda
pendentes poderão se tornar irrelevantes enquanto ele estiver no poder.
Tantos processos
judiciais fazem com que Trump seja novamente o foco da cobertura da imprensa
durante a campanha, roubando a atenção dos adversários e garantindo a
solidariedade de seus apoiadores.
·
Primárias e caucus
Há dois tipos de
votação nas prévias que definem os candidatos de cada partido: primárias e
caucus. Os detalhes dessas prévias variam de acordo com a lei do Estado e com
cada partido, que pode determinar seu próprio calendário de votação. As
primárias seguem um formato de votação tradicional, no qual os eleitores
escolhem seu candidato por meio de cédulas, em voto secreto, e são divididas em
diferentes tipos. Nas primárias fechadas, os eleitores só podem votar em
candidatos do partido em que forem registrados. Nas abertas, podem votar
independentemente do partido, mas apenas em uma das primárias, não em ambas. Em
outros Estados, podem votar nos candidatos dos dois partidos.
Os caucus, como ocorre
em Iowa, seguem um formato diferente, que inclui reuniões políticas realizadas
em residências, escolas e outros prédios públicos, nas quais os eleitores
debatem sobre seus candidatos e temas eleitorais. Ao fim das discussões, os
eleitores em cada uma dessas reuniões escolhem um candidato e os delegados, que
prometem apoiá-lo. Esses delegados participam de convenções nos condados, nas
quais são eleitos os delegados que irão às convenções estaduais, que por sua
vez definem os delegados que irão à convenção nacional.
Uma das críticas
feitas aos caucus é a de que exigem que os eleitores disponham de horas para
participar fisicamente dos debates, o que restringiria a participação no
processo. Depois do caucus em Iowa, a primeira primária do país aconteceu em
New Hampshire.
O fato de Iowa e New
Hampshire, dois Estados pequenos, rurais e pouco representativos da população
do país, terem peso tão importante ao abrir a temporada de prévias é criticado
há anos. Mas ambos defendem arduamente suas posições e têm leis estaduais que
determinam que suas votações devem ocorrer antes das de outros Estados.
Neste ano, porém, o
Partido Democrata decidiu alterar seu calendário, colocando a Carolina do Sul
como a primeira primária, em 3 de fevereiro. Mas New Hampshire não seguiu a
determinação, e manteve sua data de votação, contrariando a decisão do partido.
Em reação, Biden retirou seu nome das cédulas na primária de New Hampshire, mas
os eleitores ainda puderam votar no presidente escrevendo seu nome à mão.
A mudança de
calendário democrata também significa que a prévia do partido em Iowa será em
um processo diferente, pelos correios, com resultado divulgado somente em
março. Uma das datas mais importantes do calendário de prévias é a chamada
Super Terça-Feira, quando diversos Estados realizam votações simultâneas. Neste
ano, está marcada para 5 de março, em mais de 10 Estados.
Um candidato com bom
desempenho na Super Terça pode assumir a liderança na disputa e, dependendo do
número de delegados conquistados, pode já garantir a nomeação antes mesmo da
convenção nacional.
·
As convenções
nacionais
As regras sobre
quantos delegados cada candidato recebe variam dependendo do Estado e do
partido. À medida que vencem as primárias, os pré-candidatos vão aumentando sua
contagem de delegados, e muitas vezes alcançam a maioria necessária para a
nomeação antes mesmo da convenção nacional.
Neste ano, a Convenção
Nacional Republicana será realizada de 15 a 18 de julho em Milwaukee, no Estado
de Wisconsin. A Convenção Nacional Democrata ocorre de 19 a 22 de agosto, em
Chicago.
Durante as convenções,
os delegados do partido votam nos nomes escolhidos pelos eleitores de seus
Estados, oficializando a escolha do candidato a presidente. Os nomeados também
anunciam oficialmente o vice de sua chapa, muitas vezes escolhido entre os pré-candidatos
derrotados. As convenções servem ainda para salientar a agenda política de cada
partido, e muitas vezes são palco para que novas estrelas em cada partido
ganhem projeção nacional.
·
Estados decisivos
A partir da
oficialização de seus nomes, os candidatos de cada partido se lançam na reta
final da campanha, que inclui viagens por todo o país e debates transmitidos
pela TV.
É comum que os Estados
americanos sejam fortemente democratas ou republicanos, e nesses locais os
candidatos do partido dominante costumam vencer sem problemas. Mas em alguns
Estados, nenhum dos partidos tem maioria clara na preferência dos eleitores, o
que os torna mais competitivos e cruciais para uma vitória e faz com que sejam
foco importante das campanhas. Esses Estados são chamados de swing
states, ou "Estados pêndulo", porque a cada eleição podem pender
para um lado diferente, elegendo um democrata ou um republicano.
Neste ano, entre os
principais swing states estão Arizona, Carolina do Norte,
Geórgia, Michigan, Minnesota, Nevada, Pennsylvania e Wisconsin.
·
A votação
O voto é facultativo
nos Estados Unidos, e cidadãos com idade de 18 anos ou mais podem votar. Mais
de 158 milhões de pessoas votaram na eleição presidencial de 2020, o
equivalente a 62,8% da população em idade eleitoral.
A lei determina que as
eleições presidenciais sejam realizadas sempre "na terça-feira seguinte à
primeira segunda-feira de novembro", que neste ano cai no dia 5 de
novembro. O dia de votação não é feriado, mas os eleitores americanos têm
outras opções além do comparecimento às urnas na data marcada. Dependendo do
Estado, podem antecipar seu voto ou até votar pelo Correio.
Além do presidente e
do vice-presidente, neste ano os americanos também irão eleger governadores de
11 Estados e dois territórios e prefeitos de dezenas de cidades, além de outros
cargos estaduais e locais. Também estão em disputa todas as 435 cadeiras da
Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) e um terço das
100 vagas no Senado.
·
O colégio eleitoral e
o voto popular
Assim como nas
primárias, também na eleição geral os americanos não elegem o presidente de
maneira direta. O voto vai para os chamados "eleitores", delegados
que formam o Colégio Eleitoral, responsável pela escolha do presidente.
"Você está dizendo ao seu Estado em qual candidato deseja
que o Estado vote na reunião do Colégio Eleitoral", explica o site do
governo dos Estados Unidos.
"Os Estados
utilizam os resultados das eleições gerais (também conhecidos como voto
popular) para nomear os seus 'eleitores'. O partido político estadual do
candidato vencedor seleciona os indivíduos que serão os eleitores."
O Colégio Eleitoral
tem 538 votos e, para ser o vencedor, um candidato precisa conquistar pelo
menos 270 votos. Se nenhum candidato conquistar os 270 votos, a decisão ficará
a cargo da Câmara dos Representantes.
O número de delegados
é proporcional ao tamanho da população do Estado. As regras variam, mas em 48
dos 50 Estados o vencedor leva todos os votos do Colégio Eleitoral daquele
Estado, mesmo que a vitória tenha sido por margem apertada.
Com isso, é possível
que um candidato vença o voto popular nacionalmente mas mesmo assim perca a
eleição. Isso aconteceu com Hillary Clinton em 2016.
É comum que o nome
projetado para ser o vencedor seja conhecido na própria noite da eleição, mas
às vezes isso leva mais tempo. O voto do Colégio Eleitoral, no entanto, só
ocorre em meados de dezembro.
Após essa etapa, os
votos são enviados dos Estados ao Congresso, em Washington, que faz a leitura e
contagem dos votos e certifica a vitória do eleito. O novo presidente toma
posse no dia 20 de janeiro do ano seguinte à eleição.
Fonte: BBC News Mundo
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