quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Mauro Cid contou em delação que Bolsonaro pretendia esconder alvos da PF no Alvorada, diz site

O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse em depoimento que faz parte do acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF), que o ex-presidente tentou abrigar na residência oficial, o Palácio do Alvorada, dois blogueiros que foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com Cid, a intenção era impedir que Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza fossem presos. A informação é do colunista Aguirre Talento, do UOL.

Fugazza é um dos donos do canal de humor de direita Hipócritas e foi preso no Paraguai em março com o cantor gospel Salomão Vieira. Em junho, o humorista foi colocado em liberdade.

Eustáquio já havia sido preso em 2020 por envolvimento com atos antidemocráticos e, no final do ano passado, teve uma nova ordem de prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele fugiu para o Paraguai e a polícia do país vizinho busca prendê-lo. A última tentativa foi no dia 16 de setembro. O próprio blogueiro narrou o episódio nas redes sociais e pediu aos correligionários doações via Pix.

De acordo com o UOL, Cid afirmou que Bolsonaro teria cogitado colocar os dois blogueiros dentro do Alvorada para impedir que fossem presos, mas foi dissuadido pelo ex-ajudante de ordens. No dia 13 de dezembro, Eustáquio e Fugazza foram à residência oficial para pedir ajuda, mas saíram na mesma noite.

Apoiadores do ex-presidente registraram a entrada dos dois em vídeo e comemoraram o episódio. A PF investiga se eles instigaram, ajudaram e financiaram atos antidemocráticos em 2022.

Mauro Cid foi preso pela Polícia Federal no dia 3 de maio, durante as diligências da Operação Venire, que coletava provas sobre uma fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura. Depois disso, o ex-ajudante de ordens foi vinculado a outra investigação contra o ex-presidente, o caso das joias sauditas.

A PF suspeita que Bolsonaro coordenava e se beneficiava de um esquema internacional de venda de presentes de alto valor que ganhou em agendas oficiais. Entre eles, está um Rolex cravejado de diamantes que foi recomprado pelo advogado Frederick Wassef.

Um dos presentes vendidos é uma estatueta de coqueiro, que teria sido negociada por Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid. O reflexo do general aparece nas fotos que ele tirou da caixa do objeto para enviar ao filho.

Os termos totais da delação de Mauro Cid permanecem em segredo de Justiça, mas alguns pontos já foram revelados. O acordo o colocou em liberdade, mas ele cumpre restrições, como usar tornozeleira eletrônica, não poder ter redes sociais e ter que se recolher em casa.

O ex-ajudante de ordens teria dito que Bolsonaro é o mandante da fraude nos cartões de vacinação e que o ex-presidente recebeu, em mãos, dinheiro vivo oriundo da venda das joias. Até o momento, Bolsonaro é investigado. Não há ação penal contra ele por causa de nenhum desses episódios. Os advogados do ex-presidente tentaram ter acesso ao acordo de colaboração, mas não tiveram êxito.

 

       Oswaldo Eustáquio admite que conversou com Mauro Cid no Alvorada

 

Citado por Mauro Cid em delação à Polícia Federal, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio admitiu ter entrado no Palácio da Alvorada junto com o youtuber Bismark Fugazza no dia 12 de dezembro, data em que terroristas atacaram a sede da corporação em Brasília. Ele nega, no entanto, ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro ou pedido proteção e abrigo a ele. A informação é da coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo.

Eustáquio disse ter usado o veículo oficial da Presidência para entrar no palácio por estar em cadeira de rodas à época. Ele também relatou ter sido recebido por Mauro Cid e Vinicius Coelho, então ajudantes de ordens de Bolsonaro.

Na ocasião, o blogueiro passava o dia em acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Coelho teria questionado na data: “O que esse povo quer?”. Em resposta, Eustáquio disse que eles queriam que ele tomasse uma medida contra “abusos” do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 “Este povo que está na frente dos quartéis espera ansiosamente que haja uma investigação real e profunda sobre a lisura das urnas eletrônicas e se for comprovado qualquer tipo de indício de fraude, que seja tomada medida legal para conter esse avanço da esquerda sobre o comando do Foro de São Paulo”, afirmou o blogueiro. Cid, na sequência, teria dito: “Pô, Eustáquio, isso está um barril de pólvora”.

Eustáquio diz que foi ao banheiro após o diálogo e Cid acompanhou Bismark. Ele relata que não sabe para onde a dupla foi ou sobre qual tema conversou, mas que ouviu uma orientação de Coelho para que os bolsonaristas deixassem o acampamento e voltassem para casa.

Horas depois, no entanto, terroristas atacaram a sede da Polícia Federal em Brasília. O indígena bolsonarista José Acácio Xerere foi preso na data e um grupo de cerca de 200 apoiadores do ex-presidente tentou invadir o prédio da corporação.

 

       Lula diz que Bolsonaro ficou 'preparando golpe' após 2º turno

 

O  presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta terça-feira (31) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou "chorando" por um mês após perder as eleições de 2022, além de ficar "preparando um golpe". O ex-mandatário ficou 40 dias em silêncio após o pleito do ano passado.

"Quando ele [Bolsonaro] perdeu, ele entrou em parafuso. Ele se trancou dentro de casa, ficou chorando, lamentando. Tem gente que diz que tem dia que ele falava, tem dia que ele não falava. E, na verdade, ele tava preparando um golpe. Tava preparando um golpe que era para ser no dia da minha diplomação", disse Lula durante a live Conversa com o Presidente .

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"Mas eles foram pegos de surpresa porque mudei do dia 18 [de dezembro] para o dia 12. Mesmo assim, quando fui diplomado, fizeram aquele carnaval, enfrentaram a PF, tacaram fogo em ônibus aqui no centro de Brasília com a proteção da polícia", completou o chefe do Executivo.

Ontem (30), fez um ano da vitória de Lula contra Bolsonaro no segundo turno . Segundo o petista, no período de transição de governo ele descobriu "todas as falcatruas que tinham nesse país".

"O gasto de quase R$ 300 bilhões em políticas nesse país, o dinheiro jogado pela janela. Se distribuía dinheiro para motorista de táxi, motorista de caminhão que não tinha nem carteira de motorista. Tudo isso está sendo apurado, investigado, vai virar uma denúncia", afirmou.

"Nosso adversário contava mentira por segundo. Ele acordava mentindo e ia deitar mentindo. Ele fazia questão de inventar coisa para contar para o povo, inventar remédio para quem tava doente com covid, mentira sobre a economia. Fazia parte do DNA dele. [...] Pegamos esse país semidestruído do ponto de vista de políticas públicas", acrescentou Lula durante a live.

Ao fim do segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições com 50,90% (60,3 milhões de votos), enquanto Jair Bolsonaro alcançou 49,10% (58,2 milhões de votos).

<><> TSE retoma julgamento de Bolsonaro por suposto abuso de poder

O  Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou nesta terça-feira (31), às 19h, o julgamento de duas ações e de uma representação especial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas quais ele é acusado de  abuso de poder político e econômico durante as  comemorações de 7 de setembro de 2022.

O  julgamento foi interrompido na última quinta-feira (26) e é retomado hoje, com os votos dos ministro Ramos Tavares, da ministra Cármen Lúcia, do ministro Nunes Marques e, por último, do ministro Alexandre de Moraes. O placar está 2 a 1 até o momento.

Além de Bolsonaro, seu então candidato a vice-presidente, Braga Netto, também é acusado de abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Eles teriam, segundo a acusação, supostamente se beneficiado com os  atos da comemoração do Bicentenário da Independência.

O ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, foi o primeiro a votar para a condenação e ainda pediu a aplicação de uma multa de R$ 425 mil ao ex-chefe do Executivo. O ministro também impôs multa de R$ 212 mil ao general Walter Braga Netto, mas não o condenou pela inelegibilidade.

Floriano Marques concordou em partes com o voto de Benedito Gonçalves em relação à condenação do ex-presidente, mas disse que Braga Netto também deve ser considerado inelegível.

O único voto até o momento contra a condenação de Bolsonaro e de Braga Netto é do ministro Raul Araújo, que afirmou que "não se constata qualquer conduta típica vedada pela legislação eleitoral".

À época, os eventos foram realizados em Brasília e no Rio de Janeiro, e foram pagos com dinheiro público. As solenidades ainda foram transmitidas pela TV Brasil.

Durante os eventos, Bolsonaro participou de atos de campanha que haviam sido montados de forma paralela às celebrações oficiais.

As ações foram movidas pelo PDT e pela senadora  Soraya Thronicke (Podemos-MS), que alegam desvirtuamento na finalidade dos eventos e uso do 7 de Setembro para realizar atos de campanha, utilizando a "máquina pública em benefício próprio".

Eles pedem a inelegibilidade de Bolsonaro, além da aplicação de uma multa.

Em caso de condenação,  Bolsonaro pode ficar inelegível por oito anos pela segunda vez. Contudo, o prazo de oito anos continua valendo em função da primeira condenação e não será contado duas vezes. A punição também pode atingir o general Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro.

Em junho deste ano, o  ex-presidente foi condenado pela Corte Eleitoral à inelegibilidade por oito anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao usar uma reunião com embaixadores, em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de votação.

 

       Senador quer punição mais severa para atos golpistas

 

Na contramão do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) que quer anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), pretende endurecer a punição para quem praticar crimes contra o Estado Democrático de Direito. O objetivo do parlamentar é evitar a concessão de anistia e aumentar o tempo para o direito de progressão de regime a quem for condenado por atos antidemocráticos. O projeto altera a Lei de Crimes Hediondos (n° 8.072), de 25 de julho de 1990, e prevê, entre outras medidas, a inafiançabilidade, a impossibilidade de anistia, graça ou indulto, o regime inicial fechado e a progressão de regime mais lenta para os condenados por esses crimes. “A inclusão dos crimes contra o Estado Democrático de Direito no rol de crimes hediondos é um passo necessário frente à gravidade dessas condutas. Com isso, espera-se que atos dessa natureza sejam prevenidos e reprimidos com maior eficácia, protegendo-se assim os pilares da nossa democracia e da nossa cidadania”, justifica o senador.

•        Pressão

Há uma pressão entre deputados distritais para que não haja indiciamento de generais ouvidos na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa.

 

Fonte: Agencia Estado/DCM/iG/Agencia Brasil/Correio Braziliense

 

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