quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Thiago Trindade Lula da Silva: Bolsonaro, Abin e sua Liberdade

A liberdade é um conceito fundamental na ciência política, sempre existiram várias definições e, por isso, é tão confusa e complexa. Para os capitalistas, a liberdade do mercado, aquela que faz o dinheiro circular entre um empreendimento e outro, se mistura à liberdade individual, aquela que permite ao indivíduo escolher seu trabalho.

Para um socialista, a liberdade de escolha do trabalho só pode ser possível se o indivíduo tem garantias fundamentais de vida, como moradia, comida, acesso à saúde etc. Pois, quem passa fome não tem liberdade para escolher seu trabalho.

A economia-política são essas estruturas ideológicas e suas experiências construídas na realidade, tentativas de organizar a sociedade para produzir e distribuir a produção. O grande desafio sempre foi encaixar a ideia de liberdade na vida da população.

A sensação de liberdade pode nos prender a uma vida de exploração. Um exemplo clássico é o motorista da Uber que acha que é empreendedor ou trabalhador autônomo e trabalha para si mesmo.

Liberdade é tão fundamental que até nos discursos mais extremistas e radicais esse conceito precisa ser trabalhado e, normalmente, é visto como um fim a ser alcançado. No entendimento da extrema direita brasileira, o fantasma do comunismo ataca diretamente sua família, seus costumes e sua liberdade. Mesmo não sabendo exatamente o que significa, existe uma ideia geral: a do Estado opressor.

Muita gritaria se ouviu nos últimos anos sobre um fantasma do comunismo e seu Estado opressor. Um Estado tão inchado e controlador que tiraria as liberdades individuais, amarraria a mão invisível do mercado e impossibilitaria uma economia saudável e próspera. E essa gritaria ecoava por todo o Brasil dois nomes como garantia de crescimento econômico e liberdade. Bom, economia próspera e saudável foi exatamente o que não aconteceu durante o governo Bolsonaro com seu posto Ipiranga Paulo Guedes, ex-ministro da Economia.

O governo Bolsonaro cometeu muitos crimes, muitos deles para enriquecimento próprio, como venda de joias, e outros de ordem social, como aumento das queimadas e desmatamento da Amazônia. Só para citar alguns, pois a lista é extensa e as investigações não param, e a cada semana surge um novo crime absurdo.

Dessa vez descobrimos que Bolsonaro usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para espionar mais de 30 mil adversários. São eles advogados, juízes, políticos, jornalistas ou qualquer pessoa com notoriedade que faça críticas às suas ideias. Monitoramentos absolutamente ilegais que visavam exatamente o controle desses cidadãos para manutenção no poder.

Esse é um dos crimes de Bolsonaro que vão de encontro ao seu próprio discurso e que tem bom potencial para condená-lo e dividir seus apoiadores. Mas assim como os crimes de peculato, como no caso das joias, e tantos outros, é preciso fazer um grande esforço para espalhar a informação.

Esse movimento de extrema direita não é homogêneo, ou seja, existem grupos internos com seus próprios interesses. Usar do Estado para espionagem é algo que parte de seus apoiadores repudiam e apostaram na figura de Bolsonaro exatamente para fazer o oposto. Seria Bolsonaro o garantidor da mínima interferência do Estado na economia e, principalmente, na vida privada da população. Atacar os direitos individuais com uso da máquina é algo que causa calafrios na sociedade brasileira. Mesmo dentro do discurso confuso que Bolsonaro criou, onde mistura ditadura militar com liberdade individual, a parte da liberdade é um pilar fundamental para aglutinar parte considerável de seus apoiadores.

Além de desmobilizar esse movimento de extrema direita a partir da derrocada da figura de Bolsonaro e sua família, é fundamental conquistar os 30% da população historicamente disputados nas eleições. Enterrar essa ideologia extremista passa pela condenação de seus crimes, mas também passa pelo esforço coletivo da memória e denúncia diária. Denunciar, apontar os crimes, incoerências, hipocrisias e abusos é um trabalho de formiguinha necessário para a democracia e o processo civilizatório.  

É claro que cabe ao governo atual o papel essencial de reconstruir o país, crescer a economia, melhorar a vida da população e comunicar de maneira clara todos esses avanços, mas cabe também à sociedade civil fazer seu papel no dia a dia. Trabalho que muitos de nós já estamos cansados exatamente pela maratona dos últimos anos, mas não podemos baixar a guarda. Mesmo que não seja na militância ativa de algum movimento social, que seja pela insistência e introdução de assuntos importantes no dia a dia.

A típica tática do arrependido é o desinteresse, finge não se importar mais. Muitos dos que estão quietos hoje gritaram sobre liberdade enquanto tentavam abolir a democracia. Se seu plano tivesse funcionado, estaríamos sob uma ditadura sendo espionados e perseguidos.

Nós que sobrevivemos os últimos anos no Brasil, apesar da fome, apesar da doença, apesar da falta dos direitos humanos, tivemos mais sorte que juízo. Mas é melhor sempre ter juízo, porque ninguém pode garantir que teremos sorte novamente.

O fascismo não acabará com a provável prisão de Bolsonaro e os seus. A frase “A cadela do fascismo está sempre no cio”, de Bertolt Brecht, continua verdadeira, ainda mais num país que nada fez para punir seus ditadores.

Mesmo assim, acredito, nesse caso, que bater nas bases é a forma mais eficaz de derrubar a estrutura. Conscientizar o povo brasileiro que a extrema direita é corrupta e sempre acaba em ditadura. Por isso, os casos do roubo das joias e esse agora da espionagem são potencialmente os mais poderosos para combater a estrutura confusa e complexa do bolsonarismo.

•        Moraes atende pedido da PGR e manda PF analisar doações via Pix para Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou que a Polícia Federal (PF) analise o caso das doações realizadas, via Pix, para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro do governo federal, apontou que Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix em sua conta pessoal nos primeiros seis meses do ano.

Parlamentares pediram ao STF que Bolsonaro fosse investigado no caso da “vaquinha” feita por seus apoiadores. Em seu parecer ao STF, o subprocurador Carlos Frederico Santos defendeu que o caso fosse enviado para a PF para que os investigadores pudessem apurar se há conexão entre a “vaquinha” para o ex-presidente e o inquérito das milícias digitais, relatado por Moraes.

A PGR quer saber especialmente se as transações atípicas, noticiadas pelo Coaf à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de janeiro, foram realizadas por doadores envolvidos na organização criminosa investigada no inquérito das milícias digitais.

Os dados do Coaf mostram que entre 1º de janeiro e 4 de julho o ex-presidente recebeu mais de 769 mil transações por meio do Pix que totalizaram R$ 17.196.005,80. O valor corresponde à quase totalidade do movimentado pelo ex-presidente no período, de R$ 18.498.532,66.

O órgão de combate à lavagem de dinheiro afirma no relatório que as transações atípicas podem estar relacionadas à campanha de doações organizada por aliados de Bolsonaro com o objetivo de pagar as multas impostas ao ex-presidente ao longo dos últimos anos.

A vaquinha foi organizada para levantar dinheiro para que o ex-presidente pudesse arcar com o pagamento de multas aplicadas e eventuais novas punições por ter desrespeitado o uso obrigatório de máscara em espaços públicos durante o auge da pandemia do novo coronavírus.

 

       Bolsonaristas voltam a atacar vacinas e brasileiros respondem que imunização ‘é vida’

 

Mesmo após 700 mil mortes, muitas delas evitáveis, e o controle da pandemia de covid-19 graças às vacinas, bolsonaristas seguem com a sanha negacionista. Parlamentares, incluindo filhos do ex-presidente extremista Jair Bolsonaro (PL), estão atacando o governo federal. O motivo é o reforço nas campanhas de vacinação. Entre os esforços estão o acréscimo das vacinas contra o coronavírus no Programa Nacional de Imunização (PNI).

Trata-se de um profundo descolamento da realidade pela extrema direita. Isso porque são consenso absoluto na comunidade científica a segurança e eficácia das vacinas. Além disso, pesquisa nova divulgada pela Universidade de São Paulo (USP) revela que 98% dos pais e mães de filhos menores de 14 anos são favoráveis à vacinação de seus filhos. Além disso, mais de 83% dizem que já levaram seus filhos para atualizar os imunizantes.

Contudo, a proteção das crianças, para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é “um ataque frontal contra a família”. “Nunca um ataque foi tão frontal contra a família e a liberdade geral. Se executada mesmo esta política em 2024, para picar bebês de 6 meses de vida (…) estará aberta a porteira para absolutamente qualquer coisa, bastando apenas um desculpa para deixar sem ação parte da população”, disse o político radical.

•        Vacina é vida

Então, os políticos radicais que desprezam a vida das crianças em nome de “família e liberdade” apresentaram requerimentos junto à Mesa diretora da Câmara dos Deputados para tentar intimidar a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Nísia, profissional com vasta experiência, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, limitou-se a dizer hoje (7) que “Vacina é vida. Vamos proteger quem amamos, nossas famílias, crianças e adolescentes. Bora vacinar”.

Logo, o termo “vacina é vida” entrou para os assuntos mais comentados nas redes sociais. As palavras ficaram toda a manhã e a tarde entre os principais temas no X, antigo Twitter.

Órgãos ligados ao governo também manifestaram apoio às vacinas. Em seu perfil oficial, a Presidência da República alertou que “qualquer campanha contra a vacinação de crianças é uma campanha contra a vida”.

A biomédica e neurocientista Mellanie Fontes-Dutra também apelou aos brasileiros contra as mentiras divulgadas por negacionistas. “Só no 1º ano da vacinação contra a covid-19, 20 milhões de vidas foram salvas. A desinformação contribui para que brasileiros deixem de se vacinar, e a covid-19 traz riscos muito maiores para a saúde. Não deixe a desinformação decidir o que é melhor pra ti.”

 

       Ex-ministro da Defesa será ouvido em ação que pode cassar Mourão

 

O ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, será ouvido em uma ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode declarar a inelegibilidade do senador Hamilton Mourão.

A ação, sobre a suspeita de que bolsonaristas atuaram para transformar o bicentenário da Independência em 2022 em um comício eleitoral, mira também o empresário Luciano Hang — que subiu na tribuna ao lado de Bolsonaro —, o pastor Silas Malafaia, o ruralista Antônio Galvan, entre outros.

Bolsonaro foi condenado na semana passada por outra ação sobre o bicentenário, que analisava o uso da máquina pública para insuflar o ato. Já nessa, são investigados aqueles que ajudaram a promover o evento.

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Benedito Gonçalves, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a oitiva de Paulo Sérgio Nogueira, pois os eventos oficiais naquele dia foram organizados pelas Forças Armadas.

 

Fonte: Fórum/CNN Brasil/RBA/Metrópoles

 

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