Nos bastidores, EUA
e Ucrânia trocam farpas sobre fracasso da contraofensiva
Norte-americanos
e ucranianos estão trocando acusações mútuos sobre os fracassos das Forças
Armadas da Ucrânia no campo de batalha, informou o colunista Max Boot do
veículo estadunidense Washington Post.
Para
o jornalista, o fracasso da contraofensiva, lançada pelas Forças Armadas
Ucranianas em 4 de junho, exacerbou as contradições entre Washington e Kiev.
"Nos
bastidores, as autoridades ucranianas e americanas frequentemente apontam o
dedo umas para as outras. Os americanos reclamam em particular que os
ucranianos fizeram um péssimo trabalho ao montar uma ofensiva de armas
combinadas ao estilo das praticadas pela OTAN", afirmou.
Por
sua vez, os ucranianos se queixam de que o Ocidente não providenciou armas
suficientes para investir contra as fortificações russas, e que muitas das
armas recebidas estavam em mau estado de funcionamento.
"A
Ucrânia carece de equipamento de remoção de minas e de veículos blindados e,
mais importante ainda, de poder aéreo suficiente", disse Booth.
Treinadas
e armadas pelo ocidente, em 4 de junho as Forças Armadas da Ucrânia lançaram
uma contraofensiva nas regiões de Zaporozhie, no sul Donetsk e Artyomovsk.
Desde o início da operação a Ucrânia já perdeu 90 mil soldados, entre mortos e
feridos, além de 600 tanques e 1.900 veículos blindados, segundo o Ministério
da Defesa russo.
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Zelensky
rejeita que conflito está em impasse, mas as previsões podem ser ainda piores
A
afirmação do líder ucraniano Vladimir Zelensky de que a Ucrânia não está em uma
"situação de impasse" não corresponde inteiramente à realidade,
escreve o colunista Gideon Rachman em seu artigo no Financial Times.
"Vladimir
Zelensky, presidente da Ucrânia, rejeitou furiosamente a ideia de que a guerra
está se transformando em um impasse. Mas as previsões de um impasse poderiam
realmente ser otimistas demais", escreveu Rachman.
Ele
observou que a Rússia está se tornando mais forte e, no próximo ano, só
aumentará sua distância em vantagem da Ucrânia, em particular em termos de
armamento.
Segundo
o jornalista, Kiev, por sua vez, continua dependente do apoio do Ocidente, que
não foi capaz de aumentar a produção militar para o nível da Rússia.
Rachman
também destacou o impacto do conflito no Oriente Médio sobre o apoio mundial à
Ucrânia. Ele chamou atenção para a competição direta entre Kiev e Tel Aviv por
armas e munições.
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Analista
dos EUA revela futuro líder de possível golpe na Ucrânia: 'Uma ameaça real'
O
ex-secretário adjunto de Defesa dos EUA, Stephen Bryen, afirmou que Kirill
Budanov, chefe do serviço de inteligência da Ucrânia, é uma das principais
ameaças para Vladimir Zelensky, podendo ser capaz de liderar uma conspiração
contra o presidente ucraniano.
"Se
existe uma ameaça real para Zelensky, ela vem de Budanov e de qualquer aliança
entre ele e os generais ucranianos", escreveu o especialista em seu blog
Armas e Estratégia, ressaltando que a principal motivação pela substituição do
presidente ucraniano seria a busca por um acordo de paz com a Rússia.
Para
Bryen, tanto a Diretoria Principal de Inteligência (GUR, na sigla em
ucraniano), serviço de inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia em que
Budanov é líder, quanto o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), agência de
segurança e inteligência do governo, serão importantes em uma eventual mudança
de poder na Ucrânia.
Segundo
o analista norte-americano, os conspiradores podem obrigar Zelensky a entrar em
negociações de paz com a Rússia, ou ainda substituí-lo por outro presidente.
"A
tendência atual é de piora para Zelensky e para a Ucrânia. Os soldados no campo
de batalha já sabem disso", concluiu Bryen. Recentemente o presidente da
Ucrânia entrou em uma disputa pública com o comandante das Forças Aramadas da
Ucrânia, Valery Zaluzhny, pelo general ter afirmado que os esforços militares
chegaram a um beco sem saída.
·
Como
o conflito em Gaza está afetando a Guerra da Ucrânia
No
início de novembro, a Ucrânia informou que quase 120 áreas tinham sido
bombardeadas nas 24 horas anteriores, o maior ataque individual desde o início
do ano.
No
entanto, a atenção do mundo continuou centrada em Gaza e em Israel.
A
possibilidade de diminuição do apoio global tem sido o maior receio da Ucrânia
desde o início da invasão russa.
Sem
o apoio militar e financeiro dos seus parceiros, Kiev teria poucas chances de
resistir à Rússia no campo de batalha e de manter as suas defesas aéreas,
cruciais para proteger as cidades da Ucrânia.
Vejamos
algumas das principais mudanças que ocorreram no último mês na linha de frente
Rússia-Ucrânia.
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Guerra
de atrito
Muitos
analistas acreditam que o lado que conseguir suportar perdas durante mais tempo
vai acabar vencendo a guerra.
O
comandante-em-chefe da Ucrânia, Valery Zaluzhny, também falou em "guerra
de desgaste".
"Assim
como na Primeira Guerra Mundial, atingimos um nível de tecnologia que nos
coloca num impasse", disse ele num artigo para a revista The Economist.
Ele
expressa preocupação com a contraofensiva de cinco meses para retomar o
território ocupado pela Rússia, dizendo que os militares ucranianos conseguiram
avançar apenas 17 km.
A
Rússia controla atualmente cerca de 17,5% do território internacionalmente
reconhecido da Ucrânia, com poucas mudanças significativas ao longo da linha de
frente em 2023.
Nas
últimas semanas, os combates intensificaram-se em torno da cidade de Avdiivka,
no leste da Ucrânia, onde ambos os lados estão sofrendo grandes perdas, mas
fazendo poucos progressos. O Ministério da Defesa do Reino Unido estima que as
perdas russas em Avdiivka podem ser as piores em 2023.
O
General Zaluzhny prosseguiu descrevendo como ambos os lados estão agora
equipados com tecnologia igualmente avançada que lhes permite ver o que o outro
lado está fazendo. Como resultado, disse ele, nenhum dos dois é capaz de
avançar e alcançar os seus objetivos.
Ele
apelou aos parceiros para que forneçam à Ucrânia ainda mais armas de precisão,
com tecnologia anti-artilharia e equipamento de desminagem, incluindo robótica.
·
Os
EUA e a Ucrânia
A
rapidez e a facilidade com que os parceiros ocidentais da Ucrânia lhe fornecem
novas armas e apoio financeiro estão sendo revisadas - diante da eleição de um
novo presidente do Congresso dos EUA.
O
deputado Mike Johnson, um republicano da Louisiana, foi eleito para o cargo
principal no dia 25 de outubro.
Anteriormente,
o presidente dos EUA, Joe Biden, tinha pedido ao Congresso que aprovasse um
pacote de financiamento de segurança de US$ 106 bilhões (R$ 520 bilhões), que
incluía US$ 61 bilhões (R$ 300 bilhões) em assistência à Ucrânia.
O
novo porta-voz priorizou o apoio dos EUA a Israel, dizendo que, embora os EUA
"não possam permitir que Vladimir Putin prevaleça na Ucrânia, devemos
apoiar o nosso importante aliado no Oriente Médio, que é Israel".
Mike
Johnson disse que, embora apoiasse mais ajuda à Ucrânia, também era necessário
que houvesse responsabilidade e objetivos claros por parte da Casa Branca.
A
principal autoridade de segurança de Kiev, Oleksiy Danylov, ignorou:
"Estamos felizes em fornecer todas as informações sobre a ajuda, não há
segredos".
No
entanto, mesmo que seja aprovada mais ajuda, pode haver atrasos que custem
vidas no campo de batalha.
Alguns
membros do Congresso dos EUA já querem cortar a ajuda à Ucrânia e desviá-la
para Taiwan.
O
presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, negou notícias da imprensa de que as
autoridades dos EUA e da União Europeia estariam pressionando Kiev para
negociar com Moscou.
"Todos
conhecem a minha atitude, que coincide com a atitude da sociedade ucraniana...
Ninguém está pressionando (para que eu negocie), nenhum dos líderes da UE ou
dos Estados Unidos", disse ele em entrevista coletiva ao lado da chefe da
Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Kiev, no sábado (4/11).
Ele
descartou qualquer negociação com a Rússia, mas admitiu que a guerra no Oriente
Médio está tirando o foco da Ucrânia.
Ecoando
um apelo do seu principal general, ele fez um pedido aos parceiros globais —
"os Estados Unidos, a Europa, a Ásia" — para continuarem ajudando a
Ucrânia porque Kiev "está defendendo valores em comum", como a
democracia.
Falando
em entrevista à norte-americana NBC, ele disse que a alternativa era muito
perigosa: "Se a Rússia matar todos nós, atacará os países da Otan".
A
Ucrânia prometeu retomar todo o território ocupado pela Rússia, incluindo a
Crimeia, que foi anexada em 2014.
Moscou
descreveu a invasão em grande escala da Ucrânia como uma "operação militar
especial", lançada em resposta ao que considera um Ocidente hostil e
agressivo.
O
porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, insiste que a guerra "não estava em
um impasse" e que as tropas russas continuam avançando no campo de
batalha.
As
atualizações diárias do Ministério da Defesa russo não contêm referências a
vítimas ou problemas na linha de frente. Em vez disso, listam as perdas de
soldados e equipamentos sofridas pela Ucrânia.
Mas
os bloggers militares russos criticam fortemente os principais comandantes por
não fornecerem treino e apoio suficientes às unidades que lutam em torno de
Avdiivka.
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Ampliação
dos ataques a civis
Uma
das principais preocupações para a Ucrânia, à medida que o inverno se aproxima,
é o aumento dos ataques russos a infra-estruturas civis essenciais, como fontes
de energia e rotas de transporte.
A
ampliação dos ataques torna difícil para as defesas aéreas da Ucrânia se
protegerem.
A
Ucrânia enfrenta bombardeamentos diários, realizados por artilharia, foguetes,
mísseis e drones. As áreas mais próximas da linha de frente e dentro do alcance
da artilharia russa sofrem altos níveis de baixas humanas e destruição.
No
dia 31 de outubro, um alto funcionário da ONU disse ao Conselho de Segurança da
ONU que "os ataques russos estão causando um sofrimento inimaginável ao
povo da Ucrânia e mais de 40% deles precisam de assistência humanitária".
Ramesh
Rajasingham, diretor de coordenação do escritório humanitário da ONU, disse que
milhares de civis foram mortos em ataques desde a invasão da Rússia em
fevereiro de 2022.
A
ONU confirmou formalmente 9,9 mil civis mortos, mas disse que "o número
real é certamente maior".
Os
ucranianos também têm de lidar com a diminuição dos cuidados de saúde. Desde a
invasão, a Organização Mundial da Saúde da ONU registrou mais de 1,3 mil
ataques a infraestruturas de saúde, como hospitais. O número representa mais de
55% de todos os ataques em todo o mundo durante o mesmo período.
Segundo
a ONU, desde o início de setembro deste ano, 13 instalações de saúde foram
atacadas e 111 profissionais da área e pacientes foram mortos.
·
Acordo
de exportação de grãos
No
mês passado, as autoridades ucranianas conseguiram transportar grãos através de
um corredor estreito ao longo do lado ocidental do Mar Negro, através das águas
territoriais romenas e búlgaras até à Turquia, numa tentativa de se protegerem
dos ataques russos.
Esse
acordo permite que apenas quantidades limitadas de grãos sejam exportadas.
Estima-se que cerca de 1 milhão de toneladas de cereais teriam saído dos portos
ucranianos através da nova rota desde agosto.
Antes
da invasão em grande escala, a Ucrânia exportava até 6 milhões de toneladas.
Embora o nível atual de exportações seja metade do que era em outubro de 2022,
ainda é maior que o esperado.
·
Atenção
do Ocidente se desloca para o Oriente Médio e Ucrânia está sendo esquecida, diz
jornal
O
Ocidente está mudando a atitude em relação ao presidente da Ucrânia Vladimir
Zelensky, escreve jornal britânico The Telegraph.
"O
olhar do Ocidente se deslocou [para o Oriente Médio], para decepção do
presidente Zelensky, precisamente no momento quando a guerra terrestre [das
Forças Armadas da Ucrânia] está prestes a ser concluída, já que as chuvas de
outono [no Hemisfério Norte] dificultam a movimentação das tropas",
escreve a mídia.
O
artigo observa que, apesar de todas as promessas de apoiar a Ucrânia "o
tempo que for preciso", a fadiga do conflito entre os países da OTAN
sempre foi um risco, e os republicanos nos EUA, que mais contribuem para o
esforço militar da Ucrânia, estão céticos sobre os compromissos contínuos.
"Sem
fornecimento constante de armas, a Ucrânia enfrentará um momento perigoso na
próxima primavera. Atualmente as forças ucranianas precisam de uma melhor
defesa antiaérea", aponta o jornal.
Segundo
o artigo, em meio ao caos no Oriente Médio, a Ucrânia está começando a ser
esquecida. Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin declarou que em
nenhuma parte do front o Exército ucraniano conseguiu alcançar sucessos
significativos. De acordo com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, desde o
início da contraofensiva Kiev perdeu até 90 mil homens e cerca de 600 tanques.
·
'OTAN
não deve estabelecer metas financeiras irrealistas' de gastos militares, diz MD
italiano
A
Itália está "muito longe" dos planos adotados pela Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de elevar os gastos militares para 2% do
Produto Interno Bruto (PIB). A aliança não deve estabelecer metas irrealistas,
disse o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto.
A
meta de aumentar os gastos com a defesa para 2% do PIB é "impossível em
2024" e será "difícil também até 2028", afirmou o ministro
italiano.
"Eu
fui o mais honesto dos ministros da Defesa e disse: 'Talvez não possamos fazer
isso' dada a situação orçamentária", destacou Guido Crosetto, citado pela
agência de notícias Nova.
"A
OTAN não deve estabelecer metas financeiras irrealistas", acrescentou.
Segundo
o ministro, um aumento nos gastos com a defesa pode ser visto "como um
objetivo imposto externamente", que não deve entrar em contradição com as
necessidades de gastos em outros setores, como o da saúde.
Anteriormente,
a Itália prometeu aumentar os gastos com a defesa em 1,8 bilhão de euros (R$
9,6 bilhões) no próximo ano, mas a porcentagem destes gastos em relação ao PIB
cairá de 1,38% para 1,26% em 2025.
·
Sistema
antiaéreo espanhol fornecido à Ucrânia provou ser ineficaz contra drones russos
As
Forças Armadas da Ucrânia usaram pela primeira vez o sistema de defesa antiaérea
Hawk fornecido por Espanha para repelir um ataque russo, escreve o jornal
Izvestia.
De
4 a 6 novembro, as Forças Armadas da Rússia conduziram vários ataques maciços
contra alvos militares nas regiões ucranianas de Odessa e Nikolaev. Foram
atingidos locais de concentração de tropas ucranianas, depósitos de armas,
equipamentos militares e munições.
Pela
primeira vez, a Ucrânia usou os sistemas antiaéreos Hawk fornecidos pela
Espanha. Como resultado, enquanto protegiam instalações em Odessa e Nikolaev,
os complexos provaram ser ineficazes, sendo incapazes de enfrentar os drones
russos.
Em
conversa com o portal Lenta.ru, o especialista militar e coronel aposentado
Yuri Knutov disse que a Espanha está fornecendo à Ucrânia armas retiradas de
serviço para não pagar por este processo e ainda receber compensações de fundos
internacionais.
Knutov
explicou também que o Hawk é um complexo desenvolvido nos anos 60 e 70, que
mais tarde foi modernizado. Este complexo é incapaz de derrubar mísseis de
cruzeiro, drones ou aeronaves manobráveis.
"A
única coisa em que ele pode ser usado é modernizá-lo para disparar contra
mísseis de cruzeiro: se isso não for feito, será uma coisa inútil", disse
o especialista.
Fonte:
Sputnik Brasil/Deutsche Welle/BBC News Brasil
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