Galeano: 'Quem deu
a Israel o direito de negar todos os direitos?'
Este
texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido escrito agora, embora
infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha é a atualidade, não
apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá para dizer que o
genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora, mas um projeto
que não vem de hoje. Este texto é de 2012.
Para
justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe
pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores
quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.
Desde
1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem
respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua
liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando
votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada.
Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as
eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido
Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os
salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a
ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
São
filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas,
encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que
foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem
da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de
Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de
extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.
Já
resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os
colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas
sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.
Não
há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia
para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para
evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas,
Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite
devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou,
pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que
geram os palestinos à espreita.
Israel
é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas,
que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis
internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de
prisioneiros.
·
Quem lhe deu esse direito, Israel?
Quem
lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que
Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu
bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo
britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do
Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém
da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus
vassalos?
O
exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não
mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos
colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada
dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados,
vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está
ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.
E
como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos
mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos
meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense
vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a
acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma
potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.
A
chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de
mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os
Estados Unidos adotam quando fazem teatro?
Diante
da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre,
a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações
altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.
Diante
da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como
sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de
beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto
secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi
sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo
cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são,
antissemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta
alheia.
Ø Hamas é pretexto
justificador do Holocausto em Gaza. Por Jeferson Miola
O
objetivo genuíno e essencial do regime sionista de apartheid não
é o de acabar com o grupo Hamas, como alega o criminoso de guerra Benjamim
Netanyahu, mas sim o de exterminar o povo palestino.
A
satanização do Hamas serve à propaganda nazi-sionista para justificar a
terrível devastação e limpeza étnica que Israel está executando na Faixa de
Gaza.
O
plano consiste em substituir inteiramente a demografia dos territórios
palestinos por uma ocupação “limpa e pura”, livre dos “animais selvagens”, como
proclamam os condutores da ofensiva genocida em Gaza. Não é uma mera
coincidência: os nazistas se referiam aos judeus como “ratos que deveriam ser
eliminados”.
A
agressão terrorista e criminosa de Israel não foi desatada em reação aos
ataques do Hamas de 7 de outubro, como querem fazer crer os sionistas, os EUA e
a mídia mundial hegemônica.
O
ódio, o racismo e a desumanização dos palestinos são a marca congênita do
sionismo. Este sentimento vem de longe. Para o sionismo, a eliminação do povo
palestino é pré-requisito para a concretização do Estado Judeu.
Na
Carta do secretário britânico de Assuntos Estrangeiros Arthur James Balfour
enviada há 106 anos [2/11/1917 – Declaração de Balfour] ao Barão
Rothschild, líder da Federação Sionista da Grã-Bretanha, a Inglaterra assegurou
aos sionistas o compromisso com o estabelecimento do “Lar Nacional para o Povo
Judeu”.
E
este “Lar Judeu” prometido pela potência européia não seria criado em algum
lugar do extenso território europeu, mas na Palestina – nação exposta à
usurpação, à violação e à colonização.
A
Declaração de Balfour, de mais de um século atrás, foi uma senha das
atrocidades, martírios e provações pelas quais padece o povo palestino até
hoje, inapelavelmente condenado ao confinamento em campos de concentração para
seu banimento final.
O
texto menciona apenas “coletividades não-judaicas existentes na Palestina”, mas
não cita nominalmente os árabes e os próprios palestinos que habitavam aquele
território há mais de mil anos.
“Mas o que é um ‘Estado Judeu?”, pergunta o
intelectual trotskista Daniel Bensaïd no prefácio do livro Abril em
Jenin.
É
“um
Estado étnico-teocrático fundado sobre o direito do sangue e sobre a recusa do
direito de chão para os palestinos; um Estado condenado à fuga para a frente
[…] a uma espiral mortífera que leva ao impasse não somente o povo palestino,
mas o próprio judeu”, conclui Bensaïd.
A
expansão permanente da colonização territorial e o morticínio palestino
programado –que seletivamente assassina de modo majoritário crianças e
mulheres– se amparam na justificação da existência de um Estado Judeu erguido
sobre o signo da violência, do racismo, do nazismo e do apartheid.
Ano
após ano nos últimos 75 anos, Israel se distancia da resolução da ONU de 1948 e
torna cada vez mais distante a possibilidade de coexistência de dois Estados
soberanos para dois povos.
Até
hoje Israel desobedeceu a todas as resoluções das Nações Unidas. E,
impunemente, com a cumplicidade dos EUA, segue avançando o regime sionista e
genocida de apartheid até alcançar a “solução final”.
O
Hamas é mero pretexto justificador do Holocausto em Gaza.
Ø
Congressista
dos EUA acusa Biden de apoiar o 'genocídio' na Faixa de Gaza
Rashida
Tlaib, a primeira integrante palestino-americana da Câmara dos Representantes
dos EUA, prevê que Biden sofra consequências em 2024 se não apoiar um
cessar-fogo.
A
primeira mulher palestino-americana no Congresso dos EUA acusou o presidente
Joe Biden de apoiar um "genocídio" dos palestinos e alertou sobre as
repercussões nas eleições do próximo ano.
"Joe
Biden apoiou o genocídio do povo palestino", disse Rashida Tlaib, uma
congressista democrata do Michigan, em um vídeo publicado no X (antigo
Twiitter), mostrando imagens de mortos e feridos em bombardeios em Gaza,
manifestações pró-palestinas nos Estados Unidos, Biden declarando apoio a
Israel e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu agradecendo ao
presidente dos EUA.
A
congressista repetiu assim seus apelos para que Biden apoie um cessar-fogo nas
hostilidades entre Israel e Hamas, que começaram em 7 de outubro.
"O
povo americano não vai se esquecer. Biden, apoie o cessar-fogo agora ou não
conte conosco em 2024", afirmou Tlaib.
A
Casa Branca reiterou sua posição sobre uma pausa temporária nos combates.
"Como
vocês já nos ouviram dizer, apoiamos pausas humanitárias nos combates para que
a ajuda humanitária que salva vidas seja recebida e distribuída aos
necessitados em Gaza, e para que os reféns sejam libertados", disse um
porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
"O
que não apoiamos são os pedidos para que Israel pare de se defender dos
terroristas do Hamas, que é o que seria um cessar-fogo permanente",
sublinhou ele.
Ø
África
do Sul pede que Israel 'cumpra suas obrigações internacionais' e proteja civis
em Gaza
O
Ministério das Relações Exteriores da África do Sul solicitou, neste sábado
(4), que Israel "cumpra suas obrigações internacionais e garanta a
proteção dos civis" durante o conflito entre o governo e o Hamas.
Via
comunicado, o governo pede que a nação israelense respeite o direito
internacional humanitário.
"A
África do Sul apela mais uma vez a Israel para que cumpra as suas obrigações ao
abrigo do direito internacional e proteja os civis, conforme exigido pelas
Convenções de Genebra e pelo Direito Internacional Humanitário. Não são apenas
os cidadãos estrangeiros que devem ser autorizados a sair livremente da Faixa
de Gaza em tempo hábil, mas é um crime de guerra Israel atacar diretamente
civis palestinos em hospitais, ambulâncias, escolas, apartamentos e em seus
carros particulares", apela o ministério em comunicado.
O
ministério também observou que a comunidade internacional deveria condenar as
ameaças israelenses de realizar ataques aos hospitais al-Shifa e Al-Quds na
Faixa de Gaza.
Grupo
militar islâmico afirmou que, no intervalo de 7 de outubro até o momento,
ataques aéreos israelenses vitimaram 60 reféns na Faixa de Gaza.
Novos
ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza mataram mais de 60 reféns dentro de
um intervalo de quase quatro semanas, informou nesse sábado (4), em declaração,
o braço militar do Hamas.
"Desde
7 de outubro, os ataques sionistas em Gaza mataram mais de 60 reféns inimigos.
Após as operações de busca, os corpos de 23 deles permanecem sob os escombros e
parece que não seremos capazes de recuperá-los devido à continuação horrível
agressão contra Gaza", disse o grupo palestino em comunicado.
O
aviso oficial acontece logo após o premiê israelense Benjamin Netanyahu, em
declaração, afirmar que Israel não concordaria com nenhum tipo de cessar-fogo.
Netanyahu
declarou ainda o contrário: o país vai continuar os ataques "com todo o
seu poder" para eliminar o Hamas e disse que "rejeita uma trégua
temporária que não inclua a devolução de nossos reféns".
Conforme
Israel, são pelo menos 220 pessoas, muitas em situação debilitada de saúde. O
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediu uma pausa
humanitária em Gaza, principalmente para a retirada dos civis. Ao todo, o
território conta com cerca de 2,3 milhões de pessoas.
Ø
Ministro
alemão sugere eliminar o Hamas e diz que grupo declara guerra 'ao mundo
civilizado'
O
vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, disse nesse
sábado (4), que o ataque do movimento palestino Hamas a Israel foi uma
declaração de guerra ao "mundo civilizado" e que o próprio movimento
deve ser destruído.
''Basicamente,
o Hamas deve ser destruído porque destruiu o processo de paz no Oriente
Médio'', disse Habeck, citado pelo portal de notícias alemão Welt.
"Eles
[o Hamas] não estão lutando para que o povo palestino tenha o seu próprio
Estado. Eles estão lutando por uma guerra. Eles querem começar uma guerra e
destruir Israel, o que, claro, não vai acontecer, mas trará um sofrimento
insuportável para sua própria população", disse Habeck.
Habeck
observou que 'os palestinos têm o direito de criar o seu próprio Estado,
portanto a criação de dois Estados é a solução política correta para o
conflito. No entanto, tal decisão não é do interesse do Hamas', acrescentou o
ministro.
''Esta
não é uma proposta política, é uma declaração de guerra ao mundo civilizado'',
disse ele.
Ø
Presidente
do Irã: EUA 'incentivam assassinatos e ações brutais contra o povo palestino'
por Israel
Segundo
Ebrahim Raisi, Tel Aviv e Washington não têm qualquer interesse em minimizar as
baixas civis na Faixa de Gaza, algo que qualificou de genocídio e infanticídio.
As
ações contraditórias dos EUA e seu veto às resoluções do Conselho de Segurança
da ONU deram autorização a Israel para matar mais palestinos, contradizendo
suas alegações de que busca um cessar-fogo na Faixa de Gaza, declarou nesta
segunda-feira (6) Ebrahim Raisi, presidente do Irã.
A
declaração foi dada durante uma entrevista coletiva com Mohammad al-Sudani,
primeiro-ministro do Iraque, em Teerã.
"Infelizmente
as armas, a inteligência e a ajuda financeira dos americanos ao regime sionista
[Israel] incentivam assassinatos e ações brutais contra o povo palestino",
lamentou ele, citado pela agência iraniana Tasnim.
Raisi
descreveu os ataques de Israel como um crime contra a humanidade e um exemplo
de genocídio e infanticídio, realizado com o apoio dos EUA e de vários países
europeus.
"Ambos
os países sublinham claramente que os ataques do regime sionista a Gaza devem
ser interrompidos o mais rápido possível, e que o povo deve receber alívio com
o levantamento do bloqueio", disse ele.
Para
o presidente iraniano, Israel "entrou em colapso e os americanos querem
manter esse regime de pé. A estimativa do mundo inteiro é que a nação palestina
venceu, e matar crianças e mulheres e destruir as casas das pessoas não é
considerado uma vitória para o regime sionista; em outras palavras, os crimes
contra a humanidade e o genocídio não podem compensar o fracasso vergonhoso do
regime sionista".
"A
República Islâmica do Irã está pronta para cooperar com qualquer ação a nível
de países islâmicos, países regionais e no cenário internacional para impedir a
continuação dos crimes do regime sionista e do corpo governante americano, […]
[que está levando ao] assassinato do povo inocente, oprimido e poderoso de
Gaza", afirmou.
Desde
o início da guerra, no mês passado, na Faixa de Gaza foram mortas 9,7 mil
pessoas e mais 24,8 mil ficaram feridas. Israel reportou mais de 1,4 mil
mortos, entre soldados e civis, nos ataques lançados pelo Hamas.
Fonte:
Fórum/Brasil 247/Sputnik Brasil
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