Joaci Góes: A hora e a vez da Bahia e do Nordeste
Sem dúvida, do ponto de vista político, a Bahia e o
Nordeste Brasileiro vivem um dos momentos mais favoráveis de sua história para
conquistar as melhorias de que tanto necessitamos para elevar as baixas taxas
de bem-estar da grande maioria de nossas populações, vitimadas pela pobreza e
doenças que resultam, sobretudo, da precariedade educacional e da estrutura de
saneamento básico.
Na votação com que o Nordeste, elegeu o Presidente
da República, a contribuição da Bahia representou, no mínimo, o dobro, do
estado que figura em segundo lugar, daí resultando, a expressiva participação
regional na cúpula dos poderes Executivo e Legislativo, fato que minora, mas
não elide a pequena presença, da Região, na curul do Judiciário. O último
baiano a integrar o STF foi Aliomar Baleeiro, há 60 anos, uma vez que Ilmar
Galvão não conta, porque, apenas, nasceu na Bahia. A consistente expectativa de
que o deputado Antônio Britto ou Elmar Nascimento venha a presidir a Câmara dos
Deputados, a partir de fevereiro próximo, aumenta a euforia dos baianos que já
ocupam a Casa Civil e a liderança no Senado, nas pessoas, respectivamente dos
ex-governadores Rui Costa e Jaques Wagner.
Coroando essa conjuntura promissora, o empresário
baiano Ricardo Alban tomou posse, em Brasília, na última terça-feira, com pompa
e circunstância, na presidência da Confederação Nacional das Indústrias, a mais
importante entidade, do gênero, em todo o hemisfério sul. De Ricardo Alban,
dono de biografia que lhe confere inegável competência, no exercício de suas
atividades como empresário ou gestor da FIEB - Federação das Indústrias do
Estado da Bahia, a Bahia e o Nordeste esperam uma contribuição maiúscula que
contribua, de modo decisivo, para reverter a crescente perda de seu significado
político, econômico e social, no contexto da União, fato contributivo para a
diminuição de nossa autoestima coletiva.
Além, obviamente, de coordenar uma política que
eleve o padrão de competitividade da Indústria Nacional, Ricardo Alban terá a
possibilidade de gravar o seu nome no bronze da História, apoiando o programa
Economia do Mar, para o qual a Bahia vem de despertar com o recente engajamento
da Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Prefeitura de Salvador,
Governo do Estado e Segundo Distrito Naval, além de marcantes personalidades e
instituições da sociedade civil.
Para o cumprimento de projetos tão ambiciosos
quanto necessários e viáveis, Alban poderá colocar a sua liderança a serviço do
cumprimento do artigo 165 e seus parágrafos 5° e 7°, da CF, que asseguram às
Regiões do País, uma participação no orçamento da União proporcional ao
percentual que representam no contexto da população total do País, dispositivo
por nós conquistado com muita luta, durante a Constituinte, mas transformado em
letra morta por desídia das lideranças da Região. Estima-se que desde a
vigência da Constituição Cidadã, cerca de três trilhões de Reais (isso mesmo,
três trilhões de Reais) deixaram de ser aplicados no Nordeste, valor suficiente
para extinguir nossas carências maiores que respondem pela baixa longevidade e
produtividade dos nordestinos, vitimados por doenças causadas pela falta de
saneamento, e ultrajantes sub-habitações.
Coroando sua promissora administração, Ricardo
Alban poderá assoalhar e expandir a presença e significado do CIMATEC, como
fator de desenvolvimento, modelo do que pode ser feito para integrar o Brasil
na sociedade do conhecimento em que estamos, inapelavelmente, imersos.
O
semiárido nordestino tem uma janela de oportunidade para a promoção de
desenvolvimento sustentável e includente", destacou Danilo Cabral
No Seminário de Políticas Públicas de Combate à
Desertificação do Semiárido, o superintendente da Sudene, Danilo Cabral,
destacou que o Nordeste tem, pela imposição da agenda ambiental, uma janela de
oportunidade para a promoção do desenvolvimento regional. “Nós temos um
conjunto de ameaças que estão postas para o nosso semiárido, para a nossa
Caatinga, sendo a principal delas a desertificação. Ao mesmo tempo, há
oportunidades para que possamos promover um desenvolvimento sustentável e
includente para a nossa região”, disse durante a abertura do evento realizada
na capital paraibana, nesta segunda-feira (6).
O seminário é uma iniciativa do Tribunal de Contas
da Paraíba a partir das conclusões de uma Auditoria Operacional Regional
Coordenada em Políticas Públicas de Combate à Desertificação do Semiárido, em
2022, pelos Tribunais de Contas dos Estados do Ceará (TCE-CE), do Rio Grande do
Norte (TCE-RN), da Paraíba (TCE-PB), de Pernambuco (TCE-PE) e de Sergipe
(TCE-SE). Participaram o governador João Azevedo, conselheiros, cientistas,
pesquisadores e parlamentares.
De acordo com o presidente do TCE-PB, Nominando
Diniz Filho, a desertificação atinge 13% do semiárido. Ele ressaltou a
necessidade de fortalecer a participação e o engajamento da sociedade civil na
formulação e implementação de políticas públicas voltadas para o semiárido. Já
o presidente do TCE-RN, Gilberto Jales, falou sobre a necessidade de buscar o
incremento de atividades econômicas que convivam com o solo e o clima da
região.
“É
importante entendermos que temos um bioma dentro de uma região em que pelo 660
mil quilômetros quadrados são de áreas suscetíveis à desertificação,
concentrados em oito estados do Nordeste. Essa não é uma questão só nossa, 110
países também convivem com esse problema, mas nós temos a possibilidade de
buscar ações para a mitigação e convivência com o semiárido”, afirmou o
governador João Azevedo. Ele ainda comentou sobre a criação de um Fundo da
Caatinga, uma proposta apresentada pelo Consórcio Nordeste, que visa buscar
investimentos internacionais para a região.
Danilo Cabral frisou a importância do debate
regional para criar oportunidades de inclusão das pessoas que residem na região
do semiárido no processo de desenvolvimento econômico do Nordeste. “No Plano
Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), o semiárido é um território
estratégico, a partir dos eixos da inovação, desenvolvimento produtivo, meio
ambiente, desenvolvimento social, capacidade governativas, educação e infraestrutura
econômica e urbana”, comentou. Ele acrescentou que a Sudene está em um processo
de reconexão com a sociedade para cumprir o papel idealizado por Celso Furtado
para a Autarquia. “O Nordeste é parte da solução do Brasil”, encerrou o
superintendente.
Fonte: Tribuna da Bahia/Ascom Sudene
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