terça-feira, 7 de novembro de 2023

FEPAL elenca 10 motivos para Brasil e o mundo romperem com Israel; íntegra da nota

O Brasil e o mundo não podem seguir fazendo de conta que o regime sionista colonial degenerado, supremacista, racista, de apartheid e genocida autodesignado “estado” e autodenominado “israel”, que age na Palestina ocupada há 76 anos, é normal.

As demonstrações de selvageria genocida deste regime, que busca o extermínio da população palestina em Gaza, deixam claras as reais intenções históricas do sionismo, uma ideologia colonial baseada no racismo e limpeza étnica.

Diante das atrocidades israelenses na Palestina, transmitidas ao vivo para um mundo incrédulo, os governos de todo o mundo devem romper todas as relações políticas, diplomáticas, econômicas, científicas, acadêmicas e esportivas com este regime (veja PS do Viomundo), bem como revogar os acordos de cooperação, seja para frear o holocausto em andamento na Palestina, seja para impedir que o mundo sofra eventuais consequências decorrentes da delinquência e degeneração sionista.

>>>> E razões para tanto não faltam, dentre as muitas as que elencamos:

1. O regime colonial sionista se fez de plano por meio de genocídio, à base da tomada pela força e pelo terror da maior parte (78%) da Palestina a partir de dezembro de 1947, levando à limpeza étnica de 88% da população palestina originária desta parcela de sua terra primeiramente tomada;

2. Em nova agressão, em 1967, o regime colonial sionista ocupou o restante da Palestina Histórica, na qual aplica, desde então, um governo militar, confisca terras e implanta nelas, em lugar dos palestinos que expulsa, estrangeiros judeus extremistas, designados colonos, em desrespeito ao Direito Internacional e todas as resoluções da ONU aplicáveis à Questão Palestina;

3. O genocídio que o regime racista de “israel” pratica sobre o povo palestino ficou mais claro com a Resolução 260 da ONU (CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO), que define este crime de lesa-humanidade como conjunto de atos “cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, destacando-se dentre eles o “assassinato de membros do grupo”, o “dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo” e “submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial”;

4. O regime colonial sionista também desrespeita a Resolução 1514 da ONU (DECLARAÇÃO SOBRE A CONCESSÃO DA INDEPENDÊNCIA AOS PAÍSES E AOS POVOS COLONIAIS), para a qual a “subjugação, dominação e exploração” dos povos é “negação dos direitos humanos fundamentais” e “contrária à Carta das Nações Unidas”, além de asseverar que “os povos têm o direito de livre determinação” e a viverem sobre a base da igualdade, da não intervenção nos assuntos internos dos demais Estados e do respeito aos direitos soberanos de todos os povos e de sua integridade territorial;

5. O regime supremacista sionista em vigor na Palestina, conforme relatórios da ONU e das maiores ONGs internacionais de direitos humanos, aplica sobre todos os palestinos sistema de Apartheid, definido pela CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A SUPRESSÃO E PUNIÇÃO DO CRIME DE APARTHEID como “crime contra a humanidade” porque as “políticas e práticas de segregação e discriminação racial” são “crimes de violação os princípios do direito internacional” e constituem “séria ameaça à paz e segurança internacionais”.

Esta importante convenção manda declarar criminosas as “organizações, instituições e indivíduos que cometem o crime de apartheid”;

6. Para a CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A SUPRESSÃO E PUNIÇÃO DO CRIME DE APARTHEID, o crime de Apartheid se verifica quando se nega a grupo/os racial/ais o “direito à vida e à liberdade individual” por “assassinato de membros”, imposição de “sérios danos físicos ou mentais, por violação de sua liberdade ou dignidade”, assim como a “tortura ou a tratamentos cruéis”, a “prisão arbitrária ou aprisionamento ilegal”, e, também de “condições de vida calculadas para causar sua destruição física”;

7. É definido, ainda, como crime de Apartheid “medida legislativa e outras medidas calculadas para impedir grupo ou grupos raciais da participação social, econômico e cultural da vida política do país”, às quais se somam negar “direito de deixar e retornar ao seu país”, o direito a “uma nacionalidade”, à “liberdade de circulação e de residência”, bem como “dividir a população segundo critérios raciais”, a “proibição dos casamentos mistos”, a “expropriação de propriedades territoriais”, além da “exploração do trabalho” e da “Perseguição de organizações ou pessoas”;

8. Das centenas de resoluções da ONU que o regime sionista desrespeita, destacam-se a 181 (pela qual um estado palestino na própria Palestina teria ao menos 42,9% do território), 194 (que reconhece a limpeza étnica e determina o retorno dos atuais 6,2 milhões de palestinos refugiados), esta combinada com a 303, que reafirmou o direito de retorno, a 63/30 (“todas as ações de Israel… de impor suas leis, jurisdição e administração na Cidade Santa de Jerusalém são ilegais”), combinada com a 478, do Conselho de Segurança, para a qual a ocupação de Jerusalém é ilegal, a 2334, também do Conselho de Segurança, de 2016, cujo texto diz que a ocupação israelense de Jerusalém ““não tem validade legal e viola a lei internacional”;

9. A própria condição do regime racista de “israel” de estado-membro da ONU é ilegal, pois nunca cumpriu a Resolução 273/III, de sua admissão na organização, de 11 de maio de 1949, que tem por cláusula condicionante acatar e implementar as resoluções 181 e 194, o que não apenas descumpriu, como roubou mais território palestino e dali expulsou mais palestinos; e

10. Se faltassem provas cabais do quanto o regime supremacista sionista afronta o que é colocado, ele mesmo as dá, em especial com a adoção da chamada “LEI BÁSICA: ISRAEL – O ESTADO-NAÇÃO DO POVO JUDEU”, de 2018, na qual se lê que “A realização do direito à autodeterminação nacional no ‘Estado de Israel’ é exclusiva do ‘Povo Judeu’” (letra C do item 1, dos “Princípios básicos”), isto é, negada a não-judeus, bem como que “O Estado vê o desenvolvimento da colonização judaica como um valor nacional, e deve agir para incentivar e promover o seu estabelecimento e consolidação” (item 7, do “Assentamento judaico”), ou seja, roubar terras palestinas e colocar nelas colonos é ação obrigatória do regime.

Todos estes argumentos, que não abrangem senão milésimos da orgia criminosa do sionismo e sua forma estatal, são de conhecimento dos estados, de seus governos de plantão e de suas diplomacias perenes, o que nos leva a estranhar a normalização de “israel”.

Seria assim com uma nova Alemanha nazista?

O que o mundo viu hoje, 28º dia de orgia genocida sobre a população palestina de Gaza, seria o bastante para a exclusão de “israel” do mundo civilizado e de suas instituições, bem como prisão de todos os seus dirigentes, embaixadores incluídos, para julgá-los por crimes de lesa-humanidade.

Hospitais, ambulâncias com feridos e comboios com centenas de pessoas em fuga atacados, com centenas de mortos e feridos, a maioria, novamente, crianças e mulheres, foram a cena vampiresca proporcionada pelos assassinos sionistas hoje.

Já são quase 10 mil os assassinados. Podem chegar a 12 mil, considerados os desaparecidos, aproximando-se dos 15 mil mortos entre dezembro de 1947 e 1951, quando da limpeza étnica que levou à expulsão de 88% dos palestinos do que se tornou o encale colonial denominado “israel”, sobre 78% da Palestina Histórica, a maior remoção demográfica forçada da história.

As crianças assassinadas já arranham as 4 mil, ou 5 mil se consideradas as desaparecidas (1.050), dificilmente ainda com vida em meio aos escombros.

As mulheres assassinadas, consideradas as desaparecidas, podem já ter atingido 4 mil.

Quando se assassinam em escala industrial mulheres e crianças, claramente estamos diante da tentativa de esterilizar a sociedade palestina, evidente intento genocida.

Os feridos beiram os 25 mil, a maioria com gravidade ou mutilada. Novamente a maioria é de crianças e mulheres.

Considerando a destruição da maioria dos hospitais e demais estruturas de saúde, de água e esgoto, energia, casas, bloqueio de água, alimentos e remédios e demais insumos médicos, não há dúvidas de que estamos diante de um genocídio programado, de um holocausto sionista na Palestina.

A questão é: calaremos? Não podemos admitir que o mundo se cale, menos ainda o Brasil.

Por isso pedimos imediato rompimento de todas as relações com o regime genocida de “israel”, bem como a revogação de todos os acordos de cooperação, pois estes implicam o Brasil com os crimes de lesa-humanidade praticados pelos sionistas contra o povo palestino.

 

       Entenda o que foi a Nakba, a catástrofe do povo palestino

 

O conflito no Oriente Médio envolvendo palestinos e israelenses tem entre suas raízes a criação do Estado de Israel que – para os palestinos – causou o que eles chamam de Nakba, que em árabe significa “catástrofe” ou “desastre”. Por isso, para compreender a guerra travada na região é preciso entender esse episódio que segue vivo na memória do povo palestino.

A Nakba é lembrada todo 15 de maio, que é o dia seguinte ao da Independência de Israel, declarada em 1948 e baseada na Resolução 181 das Nações Unidas que recomendou a partilha da Palestina entre árabes e judeus. Em consequência, eclodiu o que ficou conhecida como a 1ª guerra “árabe-israelense”, quando Síria, Jordânia, Egito, Líbano e Iraque iniciaram uma ofensiva contra o novo país.

Como resultado desse conflito, estima-se que de 700 mil a 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras e entre 400 e 500 vilas palestinas foram destruídas. Por isso, seis meses depois, em dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU aprovou a Resolução 194, dando direito aos palestinos refugiados voltarem para suas terras se assim desejassem. Porém, essa resolução nunca foi cumprida.

Segundo a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina Ocupada, Francesca Albanese, cerca de 40% dos palestinos da Cisjordânia são refugiados desde 1948 “que fugiram da violência que acompanhou a criação do Estado de Israel”. Além disso, a maioria dos residentes da Faixa de Gaza é de refugiados ou descendentes de refugiados, segundo a especialista da ONU.

Desde 1998, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, tornou o Nakba uma data oficial no calendário palestino. Em 2011, o Parlamento israelense aprovou uma lei que permite a suspensão de recursos para instituições que celebram o Nakba.

Para entender como o povo palestino enxerga a criação do Estado de Israel, a Agência Brasil entrevistou dois especialistas sobre o tema.

A primeira é Soraya Misleh, filha de um sobrevivente e refugiado do Nakba, a jornalista palestino-brasileira é mestre e doutora em estudos árabes e diretora do Instituto da Cultura Árabe. O pai de Misleh, Abder Raouf, tinha apenas 13 anos quando foi expulso junto com toda a família da aldeia Qaqun, na Palestina.

O segundo entrevistado é o professor de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), Bernardo Kocher, especialista em história contemporânea.

>>>> Veja as entrevistas abaixo:

•        O que foi a Nakba?

Soraya Misleh: A pedra fundamental da Nakba é a formação do Estado de Israel mediante limpeza étnica planejada. A construção dessa Nakba é um projeto colonial que começou no fim do século 19 com o surgimento do sionismo político moderno e que visava a conquista da terra e do trabalho na Palestina histórica, via o que eles chamavam de transferência populacional. Afinal, no final do século 19, tinha só 6% de judeus na Palestina.

O que acontecia? Cada vez que eles chegavam lá constituíam um colonato, um assentamento, expulsando os palestinos nativos. Além disso, cada vez que se estabelecia uma fábrica ou um serviço, o trabalho era exclusivo para judeus. Teve várias revoltas contra isso. Em 1947, a ONU recomendou a partilha da Palestina. A resolução [181 da ONU] foi o sinal verde para que aqueles planos de limpeza étnica fossem executados. Em seguida, começou a fase mais agressiva da expulsão dos palestinos. Teve vários genocídios. O caso clássico era o que aconteceu com a aldeia da minha família, que tinha 2 mil habitantes e vivia de agricultura de subsistência. Eles cercavam as aldeias por três lados e deixando uma única saída para as pessoas irem embora. Em seguida, bombardeavam o centro da aldeia – que era a praça onde estava a escola, a Mesquita, a vida comunitária – matavam algumas pessoas, também teve casos de estupros. Em consequência, foram 800 mil palestinos expulsos e mais de 500 aldeias destruídas. Desde então, a sociedade está inteiramente fragmentada e se iniciou o problema dos refugiados.

Bernardo Kocher: É um contraponto à felicidade que os israelenses demonstraram ao criar seu Estado nacional. Com a partilha da ONU em maio de 1947, foi declarada a independência de Israel e as terras que os israelenses receberam tinham 50% de árabes. Com isso, os palestinos e o mundo árabe questionaram, como é que pode um Estado judeu criado com a metade da população de não judeus? A resolução da partilha, da qual o Brasil presidiu com o ministro Oswaldo Aranha, foi um equívoco brutal. Ela deu as melhores terras aos israelenses e, a partir de 1947, os israelenses, que já vinham fazendo isso lentamente, aceleraram o processo de expulsão de palestinos e de invasão de aldeias com massacres e ações terroristas. Portanto, israelenses apresentam isso como um feito e os palestinos, que foram expulsos, começaram a chamar a Independência de Israel como Nakba. É uma forma de manter essa memória porque muitas matanças foram feitas, aldeias inteiras foram dizimadas. Um dos exemplos mais conhecidos foi o massacre da aldeia de Deyr Yassin por grupos terroristas. Vários desses grupos terroristas depois foram incorporados ao Exército de Israel. A Nakba é a forma dos palestinos chamarem o início de sua diáspora.

•        E a comunidade internacional como reagiu a esses fatos?

Soraya Misleh: Infelizmente, o mundo saudou a colonização que resultou na catástrofe palestina. O mundo havia acabado de sair das atrocidades do nazismo na Europa e me parece que os europeus, para expiar sua própria culpa pelo que aconteceu no Holocausto, decidiram que as vidas palestinas não importavam. Foi uma decisão que não levou em conta a vida dos palestinos. Infelizmente, a cumplicidade internacional em relação ao que acontece com os palestinos é histórica, desde antes de 1948, e continua até hoje.

Kocher: Se não faz nada hoje, você acha que em 1948 que não havia meios de comunicação faria? O silêncio foi ainda maior, porque Israel teve o apoio inclusive da União Soviética, que enxergava o Estado de Israel como uma oposição ao imperialismo inglês. Os Estados Unidos apoiavam, mas não tinham o poder que têm hoje. A Europa, por causa do problema de consciência do Holocausto, também apoiava; o Brasil apoiou, a América Latina apoiou. Naquela época, parecia uma coisa progressista. Então, a questão Palestina foi invisibilizada e acabou tratada por países como Egito, a Jordânia e a Síria, que eram os maiores inimigos de Israel. Mas, com o tempo, eles foram neutralizados ou derrotados por Israel. A questão Palestina ficou abandonada até a criação da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), na década de 1960.

•        Qual a importância e o significado que o povo palestino dá a Nakba?

Soraya Misleh: Significa o presente na vida dos palestinos. A Nakba não acabou. O passado para os palestinos é o presente. Essa Nakba continua presente todos os dias e é a ameaça de apagamento existencial do futuro. Meu pai contava como era a Palestina antes de 1948. Meu pai é uma vítima e um sobrevivente da Nakba. Ele falava sempre como eles levavam uma vida simples, mas feliz. Não tinha tranca nas portas e a gente corria por aquele verde, tudo o que a gente precisava a terra dava. Era uma vida muito comunitária.

Kocher: Você já deve ter visto os palestinos portando aquelas grandes chaves antigas. É a chave de casa que eles esperam algum dia voltar. Eles enxergam esse processo de uma forma muito lúcida, sem nenhuma ilusão. Nós que estamos longe desse conflito, e os europeus que fingem que não veem, olhávamos para a situação de uma forma muito romantizada sobre o que é Israel. Para os palestinos, não foi dado esse direito de romantizar essa história e todos eles têm uma consciência muito clara do que se passou.

•        Acredita que a demanda de retorno dos palestinos expulsos na Nakba inviabiliza um acordo de paz com Israel?

Soraya Misleh: Sim, mas isso é um direito inalienável e inegociável do povo palestino reconhecido pela ONU na sua Resolução 194. Israel não quer a paz. Não existe paz sem justiça para a totalidade do povo palestino. Você tem 6 milhões de palestinos em campos de refugiados, milhares na diáspora, e se você não reconhece o direito humano internacional ao retorno à terra, não há qualquer tipo de acordo. O historiador israelense Ilan Pappé está falando há muitos anos que essa apregoada solução de dois Estados está morta pela expansão colonial agressiva israelense.

Kocher: Os judeus foram expulsos no século 3 antes de Cristo da Palestina pelos romanos e voltaram 2 mil anos depois. Os palestinos foram expulsos há 75 anos, por que eles não podem voltar? A questão não é o retorno, mas sim que Israel vai ter que abdicar de terras e é um volume de terras muito grande. A gente está conversando aqui e eles estão ocupando algum pedaço da Cisjordânia ou de Jerusalém Oriental. Como fazer os israelenses pararem e devolverem as terras? Não sei exatamente como isso vai ser feito.

 

Fonte: Viomundo/Agencia Brasil

 

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