FEPAL elenca 10
motivos para Brasil e o mundo romperem com Israel; íntegra da nota
O
Brasil e o mundo não podem seguir fazendo de conta que o regime sionista
colonial degenerado, supremacista, racista, de apartheid e genocida
autodesignado “estado” e autodenominado “israel”, que age na Palestina ocupada
há 76 anos, é normal.
As
demonstrações de selvageria genocida deste regime, que busca o extermínio da
população palestina em Gaza, deixam claras as reais intenções históricas do
sionismo, uma ideologia colonial baseada no racismo e limpeza étnica.
Diante
das atrocidades israelenses na Palestina, transmitidas ao vivo para um mundo
incrédulo, os governos de todo o mundo devem romper todas as relações
políticas, diplomáticas, econômicas, científicas, acadêmicas e esportivas com
este regime (veja PS do Viomundo), bem como revogar os acordos de cooperação,
seja para frear o holocausto em andamento na Palestina, seja para impedir que o
mundo sofra eventuais consequências decorrentes da delinquência e degeneração
sionista.
>>>>
E razões para tanto não faltam, dentre as muitas as que elencamos:
1.
O regime colonial sionista se fez de plano por meio de genocídio, à base da
tomada pela força e pelo terror da maior parte (78%) da Palestina a partir de
dezembro de 1947, levando à limpeza étnica de 88% da população palestina
originária desta parcela de sua terra primeiramente tomada;
2.
Em nova agressão, em 1967, o regime colonial sionista ocupou o restante da
Palestina Histórica, na qual aplica, desde então, um governo militar, confisca
terras e implanta nelas, em lugar dos palestinos que expulsa, estrangeiros
judeus extremistas, designados colonos, em desrespeito ao Direito Internacional
e todas as resoluções da ONU aplicáveis à Questão Palestina;
3.
O genocídio que o regime racista de “israel” pratica sobre o povo palestino
ficou mais claro com a Resolução 260 da ONU (CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A REPRESSÃO
DO CRIME DE GENOCÍDIO), que define este crime de lesa-humanidade como conjunto
de atos “cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
nacional, étnico, racial ou religioso”, destacando-se dentre eles o
“assassinato de membros do grupo”, o “dano grave à integridade física ou mental
de membros do grupo” e “submissão intencional do grupo a condições de
existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial”;
4.
O regime colonial sionista também desrespeita a Resolução 1514 da ONU
(DECLARAÇÃO SOBRE A CONCESSÃO DA INDEPENDÊNCIA AOS PAÍSES E AOS POVOS
COLONIAIS), para a qual a “subjugação, dominação e exploração” dos povos é
“negação dos direitos humanos fundamentais” e “contrária à Carta das Nações
Unidas”, além de asseverar que “os povos têm o direito de livre determinação” e
a viverem sobre a base da igualdade, da não intervenção nos assuntos internos
dos demais Estados e do respeito aos direitos soberanos de todos os povos e de
sua integridade territorial;
5.
O regime supremacista sionista em vigor na Palestina, conforme relatórios da
ONU e das maiores ONGs internacionais de direitos humanos, aplica sobre todos
os palestinos sistema de Apartheid, definido pela CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE
A SUPRESSÃO E PUNIÇÃO DO CRIME DE APARTHEID como “crime contra a humanidade”
porque as “políticas e práticas de segregação e discriminação racial” são
“crimes de violação os princípios do direito internacional” e constituem “séria
ameaça à paz e segurança internacionais”.
Esta
importante convenção manda declarar criminosas as “organizações, instituições e
indivíduos que cometem o crime de apartheid”;
6.
Para a CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A SUPRESSÃO E PUNIÇÃO DO CRIME DE
APARTHEID, o crime de Apartheid se verifica quando se nega a grupo/os
racial/ais o “direito à vida e à liberdade individual” por “assassinato de
membros”, imposição de “sérios danos físicos ou mentais, por violação de sua
liberdade ou dignidade”, assim como a “tortura ou a tratamentos cruéis”, a
“prisão arbitrária ou aprisionamento ilegal”, e, também de “condições de vida
calculadas para causar sua destruição física”;
7.
É definido, ainda, como crime de Apartheid “medida legislativa e outras medidas
calculadas para impedir grupo ou grupos raciais da participação social, econômico
e cultural da vida política do país”, às quais se somam negar “direito de
deixar e retornar ao seu país”, o direito a “uma nacionalidade”, à “liberdade
de circulação e de residência”, bem como “dividir a população segundo critérios
raciais”, a “proibição dos casamentos mistos”, a “expropriação de propriedades
territoriais”, além da “exploração do trabalho” e da “Perseguição de
organizações ou pessoas”;
8.
Das centenas de resoluções da ONU que o regime sionista desrespeita,
destacam-se a 181 (pela qual um estado palestino na própria Palestina teria ao
menos 42,9% do território), 194 (que reconhece a limpeza étnica e determina o
retorno dos atuais 6,2 milhões de palestinos refugiados), esta combinada com a
303, que reafirmou o direito de retorno, a 63/30 (“todas as ações de Israel… de
impor suas leis, jurisdição e administração na Cidade Santa de Jerusalém são
ilegais”), combinada com a 478, do Conselho de Segurança, para a qual a
ocupação de Jerusalém é ilegal, a 2334, também do Conselho de Segurança, de
2016, cujo texto diz que a ocupação israelense de Jerusalém ““não tem validade
legal e viola a lei internacional”;
9.
A própria condição do regime racista de “israel” de estado-membro da ONU é
ilegal, pois nunca cumpriu a Resolução 273/III, de sua admissão na organização,
de 11 de maio de 1949, que tem por cláusula condicionante acatar e implementar
as resoluções 181 e 194, o que não apenas descumpriu, como roubou mais
território palestino e dali expulsou mais palestinos; e
10.
Se faltassem provas cabais do quanto o regime supremacista sionista afronta o
que é colocado, ele mesmo as dá, em especial com a adoção da chamada “LEI
BÁSICA: ISRAEL – O ESTADO-NAÇÃO DO POVO JUDEU”, de 2018, na qual se lê que “A
realização do direito à autodeterminação nacional no ‘Estado de Israel’ é
exclusiva do ‘Povo Judeu’” (letra C do item 1, dos “Princípios básicos”), isto
é, negada a não-judeus, bem como que “O Estado vê o desenvolvimento da
colonização judaica como um valor nacional, e deve agir para incentivar e
promover o seu estabelecimento e consolidação” (item 7, do “Assentamento
judaico”), ou seja, roubar terras palestinas e colocar nelas colonos é ação
obrigatória do regime.
Todos
estes argumentos, que não abrangem senão milésimos da orgia criminosa do
sionismo e sua forma estatal, são de conhecimento dos estados, de seus governos
de plantão e de suas diplomacias perenes, o que nos leva a estranhar a
normalização de “israel”.
Seria
assim com uma nova Alemanha nazista?
O
que o mundo viu hoje, 28º dia de orgia genocida sobre a população palestina de
Gaza, seria o bastante para a exclusão de “israel” do mundo civilizado e de
suas instituições, bem como prisão de todos os seus dirigentes, embaixadores
incluídos, para julgá-los por crimes de lesa-humanidade.
Hospitais,
ambulâncias com feridos e comboios com centenas de pessoas em fuga atacados,
com centenas de mortos e feridos, a maioria, novamente, crianças e mulheres,
foram a cena vampiresca proporcionada pelos assassinos sionistas hoje.
Já
são quase 10 mil os assassinados. Podem chegar a 12 mil, considerados os
desaparecidos, aproximando-se dos 15 mil mortos entre dezembro de 1947 e 1951,
quando da limpeza étnica que levou à expulsão de 88% dos palestinos do que se
tornou o encale colonial denominado “israel”, sobre 78% da Palestina Histórica,
a maior remoção demográfica forçada da história.
As
crianças assassinadas já arranham as 4 mil, ou 5 mil se consideradas as
desaparecidas (1.050), dificilmente ainda com vida em meio aos escombros.
As
mulheres assassinadas, consideradas as desaparecidas, podem já ter atingido 4
mil.
Quando
se assassinam em escala industrial mulheres e crianças, claramente estamos
diante da tentativa de esterilizar a sociedade palestina, evidente intento
genocida.
Os
feridos beiram os 25 mil, a maioria com gravidade ou mutilada. Novamente a
maioria é de crianças e mulheres.
Considerando
a destruição da maioria dos hospitais e demais estruturas de saúde, de água e
esgoto, energia, casas, bloqueio de água, alimentos e remédios e demais insumos
médicos, não há dúvidas de que estamos diante de um genocídio programado, de um
holocausto sionista na Palestina.
A
questão é: calaremos? Não podemos admitir que o mundo se cale, menos ainda o
Brasil.
Por
isso pedimos imediato rompimento de todas as relações com o regime genocida de
“israel”, bem como a revogação de todos os acordos de cooperação, pois estes
implicam o Brasil com os crimes de lesa-humanidade praticados pelos sionistas
contra o povo palestino.
Entenda o que foi a Nakba, a catástrofe
do povo palestino
O
conflito no Oriente Médio envolvendo palestinos e israelenses tem entre suas
raízes a criação do Estado de Israel que – para os palestinos – causou o que
eles chamam de Nakba, que em árabe significa “catástrofe” ou “desastre”. Por
isso, para compreender a guerra travada na região é preciso entender esse
episódio que segue vivo na memória do povo palestino.
A
Nakba é lembrada todo 15 de maio, que é o dia seguinte ao da Independência de
Israel, declarada em 1948 e baseada na Resolução 181 das Nações Unidas que
recomendou a partilha da Palestina entre árabes e judeus. Em consequência,
eclodiu o que ficou conhecida como a 1ª guerra “árabe-israelense”, quando
Síria, Jordânia, Egito, Líbano e Iraque iniciaram uma ofensiva contra o novo
país.
Como
resultado desse conflito, estima-se que de 700 mil a 800 mil palestinos foram
expulsos de suas terras e entre 400 e 500 vilas palestinas foram destruídas.
Por isso, seis meses depois, em dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU
aprovou a Resolução 194, dando direito aos palestinos refugiados voltarem para
suas terras se assim desejassem. Porém, essa resolução nunca foi cumprida.
Segundo
a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina Ocupada, Francesca
Albanese, cerca de 40% dos palestinos da Cisjordânia são refugiados desde 1948
“que fugiram da violência que acompanhou a criação do Estado de Israel”. Além
disso, a maioria dos residentes da Faixa de Gaza é de refugiados ou
descendentes de refugiados, segundo a especialista da ONU.
Desde
1998, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, tornou o
Nakba uma data oficial no calendário palestino. Em 2011, o Parlamento
israelense aprovou uma lei que permite a suspensão de recursos para instituições
que celebram o Nakba.
Para
entender como o povo palestino enxerga a criação do Estado de Israel, a Agência
Brasil entrevistou dois especialistas sobre o tema.
A
primeira é Soraya Misleh, filha de um sobrevivente e refugiado do Nakba, a
jornalista palestino-brasileira é mestre e doutora em estudos árabes e diretora
do Instituto da Cultura Árabe. O pai de Misleh, Abder Raouf, tinha apenas 13
anos quando foi expulso junto com toda a família da aldeia Qaqun, na Palestina.
O
segundo entrevistado é o professor de História da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Bernardo Kocher, especialista em história contemporânea.
>>>>
Veja as entrevistas abaixo:
• O que foi a Nakba?
Soraya
Misleh: A pedra fundamental da Nakba é a formação do Estado de Israel mediante
limpeza étnica planejada. A construção dessa Nakba é um projeto colonial que
começou no fim do século 19 com o surgimento do sionismo político moderno e que
visava a conquista da terra e do trabalho na Palestina histórica, via o que
eles chamavam de transferência populacional. Afinal, no final do século 19,
tinha só 6% de judeus na Palestina.
O
que acontecia? Cada vez que eles chegavam lá constituíam um colonato, um
assentamento, expulsando os palestinos nativos. Além disso, cada vez que se
estabelecia uma fábrica ou um serviço, o trabalho era exclusivo para judeus.
Teve várias revoltas contra isso. Em 1947, a ONU recomendou a partilha da
Palestina. A resolução [181 da ONU] foi o sinal verde para que aqueles planos
de limpeza étnica fossem executados. Em seguida, começou a fase mais agressiva
da expulsão dos palestinos. Teve vários genocídios. O caso clássico era o que
aconteceu com a aldeia da minha família, que tinha 2 mil habitantes e vivia de
agricultura de subsistência. Eles cercavam as aldeias por três lados e deixando
uma única saída para as pessoas irem embora. Em seguida, bombardeavam o centro
da aldeia – que era a praça onde estava a escola, a Mesquita, a vida
comunitária – matavam algumas pessoas, também teve casos de estupros. Em
consequência, foram 800 mil palestinos expulsos e mais de 500 aldeias
destruídas. Desde então, a sociedade está inteiramente fragmentada e se iniciou
o problema dos refugiados.
Bernardo
Kocher: É um contraponto à felicidade que os israelenses demonstraram ao criar
seu Estado nacional. Com a partilha da ONU em maio de 1947, foi declarada a
independência de Israel e as terras que os israelenses receberam tinham 50% de
árabes. Com isso, os palestinos e o mundo árabe questionaram, como é que pode
um Estado judeu criado com a metade da população de não judeus? A resolução da
partilha, da qual o Brasil presidiu com o ministro Oswaldo Aranha, foi um
equívoco brutal. Ela deu as melhores terras aos israelenses e, a partir de
1947, os israelenses, que já vinham fazendo isso lentamente, aceleraram o
processo de expulsão de palestinos e de invasão de aldeias com massacres e
ações terroristas. Portanto, israelenses apresentam isso como um feito e os
palestinos, que foram expulsos, começaram a chamar a Independência de Israel
como Nakba. É uma forma de manter essa memória porque muitas matanças foram
feitas, aldeias inteiras foram dizimadas. Um dos exemplos mais conhecidos foi o
massacre da aldeia de Deyr Yassin por grupos terroristas. Vários desses grupos
terroristas depois foram incorporados ao Exército de Israel. A Nakba é a forma
dos palestinos chamarem o início de sua diáspora.
• E a comunidade internacional como reagiu
a esses fatos?
Soraya
Misleh: Infelizmente, o mundo saudou a colonização que resultou na catástrofe
palestina. O mundo havia acabado de sair das atrocidades do nazismo na Europa e
me parece que os europeus, para expiar sua própria culpa pelo que aconteceu no
Holocausto, decidiram que as vidas palestinas não importavam. Foi uma decisão
que não levou em conta a vida dos palestinos. Infelizmente, a cumplicidade
internacional em relação ao que acontece com os palestinos é histórica, desde
antes de 1948, e continua até hoje.
Kocher:
Se não faz nada hoje, você acha que em 1948 que não havia meios de comunicação
faria? O silêncio foi ainda maior, porque Israel teve o apoio inclusive da
União Soviética, que enxergava o Estado de Israel como uma oposição ao
imperialismo inglês. Os Estados Unidos apoiavam, mas não tinham o poder que têm
hoje. A Europa, por causa do problema de consciência do Holocausto, também
apoiava; o Brasil apoiou, a América Latina apoiou. Naquela época, parecia uma
coisa progressista. Então, a questão Palestina foi invisibilizada e acabou
tratada por países como Egito, a Jordânia e a Síria, que eram os maiores inimigos
de Israel. Mas, com o tempo, eles foram neutralizados ou derrotados por Israel.
A questão Palestina ficou abandonada até a criação da Organização pela
Libertação da Palestina (OLP), na década de 1960.
• Qual a importância e o significado que
o povo palestino dá a Nakba?
Soraya
Misleh: Significa o presente na vida dos palestinos. A Nakba não acabou. O
passado para os palestinos é o presente. Essa Nakba continua presente todos os
dias e é a ameaça de apagamento existencial do futuro. Meu pai contava como era
a Palestina antes de 1948. Meu pai é uma vítima e um sobrevivente da Nakba. Ele
falava sempre como eles levavam uma vida simples, mas feliz. Não tinha tranca
nas portas e a gente corria por aquele verde, tudo o que a gente precisava a
terra dava. Era uma vida muito comunitária.
Kocher:
Você já deve ter visto os palestinos portando aquelas grandes chaves antigas. É
a chave de casa que eles esperam algum dia voltar. Eles enxergam esse processo
de uma forma muito lúcida, sem nenhuma ilusão. Nós que estamos longe desse
conflito, e os europeus que fingem que não veem, olhávamos para a situação de
uma forma muito romantizada sobre o que é Israel. Para os palestinos, não foi
dado esse direito de romantizar essa história e todos eles têm uma consciência
muito clara do que se passou.
• Acredita que a demanda de retorno dos
palestinos expulsos na Nakba inviabiliza um acordo de paz com Israel?
Soraya
Misleh: Sim, mas isso é um direito inalienável e inegociável do povo palestino
reconhecido pela ONU na sua Resolução 194. Israel não quer a paz. Não existe
paz sem justiça para a totalidade do povo palestino. Você tem 6 milhões de
palestinos em campos de refugiados, milhares na diáspora, e se você não
reconhece o direito humano internacional ao retorno à terra, não há qualquer
tipo de acordo. O historiador israelense Ilan Pappé está falando há muitos anos
que essa apregoada solução de dois Estados está morta pela expansão colonial
agressiva israelense.
Kocher:
Os judeus foram expulsos no século 3 antes de Cristo da Palestina pelos romanos
e voltaram 2 mil anos depois. Os palestinos foram expulsos há 75 anos, por que
eles não podem voltar? A questão não é o retorno, mas sim que Israel vai ter
que abdicar de terras e é um volume de terras muito grande. A gente está conversando
aqui e eles estão ocupando algum pedaço da Cisjordânia ou de Jerusalém
Oriental. Como fazer os israelenses pararem e devolverem as terras? Não sei
exatamente como isso vai ser feito.
Fonte:
Viomundo/Agencia Brasil
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