As divergências na
América Latina sobre guerra Israel-Hamas
A guerra
entre Israel e Hamas,
desencadeada após os atentados
terroristas em 7 de outubro e a subsequente resposta do governo
israelense, agitaram o tabuleiro das relações diplomáticas na América
Latina. Ainda que, inicialmente, a maioria dos governos da região tenha condenado
os ataques a Israel, as reações
de cada país têm
nuances e divergências. Mas uma coisa é certa: ninguém ficou indiferente.
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Confira como cada país da América Latina vem se posicionando sobre o
conflito:
·
Argentina: país com a maior comunidade judaica da
região
Na
Argentina vivem mais de 300 mil pessoas de religião judaica. Nove
argentinos morreram nos ataques de 7 de outubro em Israel e, desde então,
outros 21 permanecem desaparecidos. O presidente Alberto Fernandez expressou
sua "enérgica condenação ao brutal ataque terrorista perpetrado pelo Hamas
na Faixa de Gaza contra o Estado de Israel", reiterada em diversas ocasiões.
Um
comunicado do dia 2 de novembro reforçou a condenação aos ataques terroristas e
reconheceu o direito de Israel à sua legítima defesa. No entanto, o
Ministério das Relações Exteriores do país acrescentou que "de toda
maneira, nada justifica a violação dos direitos humanos internacionais, e a
obrigação de proteger a população civil” e condenou também um ataque israelense
contra o campo de refugiados de Jabalia.
Em
reação, a Delegação de Associações Israelenses da Argentina (DAIA) repudiou as
alegações do ministério e pediu ao governo de Buenos Aires que se diferenciasse
das "posições pusilânimes de alguns países da região que decidiram romper
relações com Israel e condenar seu legítimo direito a defesa”.
·
Bolívia: a postura mais dura contra Israel
Inicialmente,
o governo da Bolívia publicou um comunicado que pedia a desescalada da
violência sem condenar abertamente os ataques terroristas. Mas sua postura foi
endurecendo-se até o rompimento das relações diplomáticas com Israel, que, por
sua vez, acusou a atual administração do presidente Luis Arce de
"render-se ao terrorismo" e de alinhar-se "com a organização
terrorista Hamas".
O
próprio grupo terrorista Hamas exaltou a medida. "Elogiamos fortemente a
postura corajosa adotada pelo governo boliviano de cortar relações com a
entidade sionista”, afirmou um comunicado do grupo palestino, citado por vários
meios de comunicação. O ex-presidente Evo Morales, líder do Movimento ao
Socialismo (MAS), que está no poder, considerou que a medida não seria
suficiente e pediu que o governo boliviano declarasse Israel um "Estado
terrorista” e apresentasse "uma denúncia ao Tribunal Penal
Internacional".
·
Chile: a maior comunidade palestina
Com
meio milhão de pessoas, a comunidade palestina no Chile é a maior fora de
países árabes. O país tem um morto e um desaparecido nos ataques do Hamas, que
condenou desde o princípio. O governo chileno também pediu que as partes
evitassem uma escalada do conflito que causasse mais danos e sofrimento à
população civil. O país pediu o retorno de seu embaixador em Israel para
consultas, e descreveu os bombardeios israelenses como "punição coletiva à
população civil palestina em Gaza".
·
Colômbia: fortes críticas de Petro a Israel
Ainda
que o governo da Colômbia tenha inicialmente condenado "com veemência o terrorismo
e os ataques contra civis" em Israel, posteriormente suavizou o seu
comunicado para referir-se apenas aos impactos na população civil. Em suas
declarações, o presidente Gustavo Petro insistiu que "se reconheça de
maneira integral o Estado palestino". Além disso, reuniu-se com o
embaixador palestino na Colômbia, Raouf Almalki. Em postagens nas redes
sociais, o presidente causou polêmica ao comparar a resposta de Israel com o
Holocausto e a Segunda Guerra mundial.
Israel
ameaçou suspender todas as exportações de tecnologias de segurança à Colômbia e
romper com a ajuda que vinha fornecendo ao país na sua luta contra grupos
armados. Petro, por seu lado, ameaçou suspender totalmente as relações
comerciais com Israel. Mais tarde, a Colômbia convocou o seu embaixador no país
para consultas.
·
Costa Rica: condenação enérgica dos atentados
O
Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica foi um dos primeiros a
publicar um comunicado oficial condenando de maneira enérgica o que denominou
como "atrozes e deploráveis ataques terroristas do Hamas a
Israel" e pedindo a liberação imediata dos reféns.
·
Cuba: apoio aos palestinos
O
governo de Havana expressou em um comunicado em 7 de outubro sua
"grave preocupação" pela escalada de violência entre Israel e
Palestina, que classificou como "consequência de 75 anos de permanente
violação dos direitos inalienáveis do povo palestino". Além disso, apelou
pela solução de dois Estados na região.
Uma
semana depois, em uma declaração do Ministério das Relações Exteriores,
publicado também em árabe, o governo cubano referiu-se aos bombardeios em Gaza
sem mencionar os ataques terroristas do Hamas e pediu pela "busca de uma
solução rápida por meio de negociação".
·
Equador: solução de dois Estados
O
Ministério das Relações Exteriores do país condenou imediatamente os "atos
de terror vividos em Israel" e pediu paz e diálogo.
Posteriormente, reiterou a sua condenação em um comunicado que também
manifestava "profunda preocupação" a respeito do bombardeio israelense
ao campo de refugiados de Jabalia e afirmava que o exercício da legítima defesa
deveria ser sempre feito de acordo com as regras do direito internacional.
O Equador está alinhado, de forma geral, com as resoluções das Nações Unidas
sobre a situação entre Israel e Palestina e defende a solução de dois Estados
seguindo as "fronteiras reconhecidas em 1967".
·
El Salvador: posicionamento forte de Bukele
O
posicionamento do presidente Nayib Bukele, de origem palestina, contra o Hamas
chamou atenção. Em uma mensagem escrita em inglês, ele estabeleceu um
paralelo entre o terrorismo da organização islâmica e o das gangues conhecidas
como "maras” em El Salvador.
"Qualquer
pessoa que apoie a causa palestina cometeria um grande erro ao se aliar a esses
criminosos. Seria como se nós, salvadorenhos, tivéssemos ficado do lado dos
terroristas da MS13, só porque compartilhamos ancestrais ou
nacionalidade", disse ele em referência ao grupo "Mara Salvatrucha” ,
considerado em El Salvador não só uma gangue criminosa, mas um grupo terrorista.
·
Guatemala: apoio irrestrito a Israel
O
país mantém relações estreitas com Israel, tanto históricas como atuais. A
Guatemala foi o segundo país, depois dos Estados Unidos, a votar nas Nações
Unidas a favor da criação do
Estado de Israel em 1947 (algo que fizeram 33 nações das 57
que então formavam a ONU). Ao lado do Paraguai, foi um dos
dois únicos países latino-americanos que votaram contra uma recente
resolução da Assembleia da ONU que pedia, por proposta dos países árabes, uma
"trégua humanitária" na Faixa de Gaza.
Desde
o início, o presidente Alejandro Giammattei manifestou seu apoio a Israel em
redes sociais, em inglês e espanhol. A Guatemala, que tem representação
diplomática em Israel desde 1956, mantém vários programas de cooperação com o
MASHAV (o departamento de cooperação internacional do Ministério das Relações
Exteriores de Israel) em áreas como turismo, investimentos, cooperação
acadêmica, tecnologia, saúde e segurança. Além disso, sob o presidente
anterior, foi o segundo país latino-americano a abrir uma embaixada em
Jerusalém.
·
Honduras: respeito aos direitos humanos
internacionais
O
governo de Xiomara Castro condenou os ataques do Hamas. Em relação aos bombardeios
sobre Gaza, Honduras aderiu à posição majoritária nas Nações Unidas, expressa
na última resolução, que reafirma a obrigação de respeitar os direitos humanos
internacionais em todas as circunstâncias e enfatiza a situação humanitária
catastrófica na Faixa de Gaza e as suas consequências para a população civil,
visão reverberada pelo Ministério das Relações Exteriores de Honduras. O
país também chamou o seu embaixador em Israel para consultas.
·
México: busca por equidistância
Um
comunicado do Ministério das Relações Exteriores do país no dia seguinte
aos ataques do Hamas afirmava: "A posição do México é clara (...) fiel ao
princípio constitucional da resolução pacífica de conflitos". Dois
mexicanos estão entre os reféns do Hamas e o governo tentou contato direto com
o grupo terrorista para promover sua liberação. A declaração ainda reconhecia o
direito de Israel à autodefesa, mas condenava "o uso da força,
independentemente de quem vier" e defendia uma "solução abrangente e
definitiva para o conflito, sob a premissa de dois Estados".
O
presidente Andrés Manuel López Obrador limitou-se a insistir que "não
queremos uma guerra" e condenou o uso da força contra civis. Ele
evitou "tomar partido" repetidas vezes, argumentando que essa atitude
poderia fazer do México um agente na busca de uma solução pacífica.
"Agradeceríamos
se o governo mexicano pudesse considerar uma posição que condene de maneira
contundente os atos bárbaros perpetrados pela organização terrorista
Hamas", manifestou em um comunicado a embaixada de Israel no México,
reagindo às declarações do presidente em sua primeira coletiva de imprensa após
os ataques de 7 de outubro.
·
Nicarágua: solidariedade com os palestinos
O
regime de Daniel Ortega condenou veementemente o agravamento do conflito israelo-palestino
em uma declaração no mesmo dia 7 de outubro, afirmando que ele "piora
continuamente, face à arrogância, cegueira, incompreensão e inação da
comunidade internacional e, particularmente, das Nações Unidas". O anúncio
não fazia referência aos ataques do Hamas. O governo se posicionou
ainda "sempre solidário à causa palestina" e ressaltou que
o problema seria o não reconhecimento do Estado palestino.
·
Panamá: firme condenação dos atentados
O
Panamá, que teve a morte de uma cidadã nos ataques terroristas do Hamas,
condenou a ação do grupo desde o primeiro momento. O presidente Nito Cortizo
expressou solidariedade com o povo israelense, e expressou repúdio a toda forma
de violência.
·
Paraguai: voto a favor de Israel
Junto
com a Guatemala, foi o único país da região que votou contra a resolução da ONU
que pedia um cessar-fogo humanitário, proposta pela Jordânia. O apoio do país a
Israel, no entanto, teve seus altos e baixos: em 2018, o governo de Horacio
Cartes anunciou a transferência da embaixada em Israel para Jerusalém no final
de seu mandato, uma medida que foi revertida por seu sucessor três meses
depois. Dois paraguaios estavam entre os mortos nos ataques do Hamas, e outros
dois continuam desaparecidos.
·
Peru: três peruanos mortos na "espiral de violência"
O
Peru inicialmente condenou os ataques do Hamas, mas recentemente também
repudiou a resposta de Israel. Em uma declaração, o Ministério das Relações
Exteriores lamentou que uma espiral de violência e uma escalada do conflito no
Oriente Médio tenham sido desencadeadas, resultando em inúmeras mortes,
incluindo três cidadãos peruanos.
·
Uruguai: rejeição absoluta ao terrorismo
O
Ministério das Relações Exteriores do país condenou os ataques desde o
início e disse "reafirmar sua rejeição absoluta ao terrorismo e seu
compromisso com a segurança de Israel". As declarações do presidente Luis
Lacalle Pou foram no mesmo sentido. Não houve vítimas uruguaias nos ataques,
mas o país confirmou que uma mulher uruguaia-israelense de 29 anos foi
sequestrada no kibutz de Nir Oz e está sendo mantida como refém.
·
Venezuela: chavismo pró-palestino
Juntamente
com Nicarágua e Cuba, a Venezuela está entre os três únicos países
latino-americanos que não condenaram expressamente os ataques terroristas do
Hamas em 7 de outubro. Em um comunicado naquele dia, o governo pediu
"negociações genuínas" e expressou sua "profunda
preocupação" com a situação, além de afirmar que a escalada da violência
era resultado da "impossibilidade do povo palestino de encontrar na
legalidade internacional multilateral um espaço para fazer valer seus direitos
históricos". O presidente Nicolás Maduro, cuja legitimidade é amplamente
questionada, chegou a falar em "genocídio" e "apartheid".
·
E o Brasil?
O
Brasil conta com a segunda maior comunidade judia da América Latina, depois da
Argentina, com mais de 100 mil integrantes. Além disso, os ataques terroristas
do Hamas deixaram três brasileiros entre as vítimas, assim como um ferido que
se recuperou e uma pessoa que segue desaparecida. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva condenou os ataques, assim como o Ministério das Relações Exteriores,
que pediu desde o início "moderação máxima" a todas as partes.
No
momento dos ataques, o Brasil estava na presidência
rotativa do Conselho de Segurança da ONU e redigiu uma proposta de cessar-fogo
para a região, defendendo a abertura de corredores diplomáticos em Gaza e
condenando os ataques do Hamas a Israel. A proposta foi vetada pelos EUA,
e o país e encerrou seu mandato na presidência do conselho em 31 de outubro.
Além
de ter repudiado os ataques do Hamas em 7 de outubro, classificando-os como
"atos de loucura e terrorismo", Lula também afirmou: "Não é porque
Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel que Israel tem que matar
milhões de inocentes".
·
Quais
países apoiam e quais condenam a resposta militar de Israel aos ataques do
Hamas
O
cenário internacional está mais uma vez abalado por um conflito armado.
Quase
dois anos após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o mundo está há um
mês dividido em outro conflito, de Israel contra o Hamas, depois dos ataques do
grupo islâmico no território israelense em 7 de outubro, que deixaram 1.400
mortos, segundo o governo israelense, e mais de 240 pessoas sequestradas.
À
medida que bombardeios e ataques israelenses na Faixa de Gaza se ampliam e o
número de vítimas civis cresce - já são mais de 10 mil, segundo autoridades
palestinas -, em diferentes partes do globo algumas nuances começaram a
aparecer em relação às posições assumidas no início do conflito, que consistiam
principalmente na condenação dos atos do Hamas e no apoio a Israel.
Isso
é o que revelam decisões tomadas no fim de outubro e início de novembro por
governos de vários países.
A
Bolívia rompeu relações diplomáticas com Israel em 31 de outubro ao criticar a
"ofensiva militar agressiva e desproporcional" contra Gaza,
tornando-se assim o primeiro país a fazer isso.
A
Colômbia e o Chile, por sua vez, convocaram os seus embaixadores em Israel para
consultas devido ao "massacre do povo palestino" e às "violações
inaceitáveis do Direito Internacional Humanitário que ocorreram na Faixa de
Gaza".
Dois
países muçulmanos - Jordânia e Bahrein - também retiraram os seus embaixadores
de Israel.
Entretanto,
vozes que pedem um cessar-fogo ou uma pausa nos bombardeios por razões
humanitárias começam a ser ouvidas em países que são aliados tradicionais do
governo israelense, à medida que se espalham protestos de cidadãos sobre a
situação desesperada vivida pelos habitantes de Gaza.
"Os
EUA estão com o povo de Israel, nunca deixaremos de apoiá-los (…) O apoio do
meu governo à segurança de Israel é sólido como uma rocha e inabalável."
Com
estas palavras, após os ataques de 7 de outubro, o presidente dos EUA, Joe
Biden, confirmou o lugar da superpotência como principal aliado político,
econômico e militar de Israel.
Desde
os ataques do Hamas, a Casa Branca tem demonstrado apoio inabalável ao governo
de Benjamin Netanyahu. Primeiro, o secretário de Estado, Antony Blinken,
visitou Israel e, mais tarde, o próprio Biden fez uma visita.
Além
disso, Washington enviou dois porta-aviões da sua frota à costa de Israel para
proteger o seu aliado no Oriente Médio.
O
presidente americano - que tem resistido a pedir um cessar-fogo em Gaza -
pressiona o Congresso do seu país para aprovar um pacote de ajuda de mais de
US$ 14 bilhões para a defesa militar de Israel.
Para
Mariano Aguirre, membro associado do think tank de política externa Chatham
House, no Reino Unido, o apoio dos EUA é "fundamental" para a
segurança de Israel.
Em
segundo lugar na lista dos aliados de Israel, Aguirre coloca o Reino Unido e
alguns membros da União Europeia (UE), como a Alemanha, França ou Itália, e
países do leste da Europa, como a Hungria ou a República Checa.
"A
UE apoia Israel sem nuances sobre o Hamas, mas não sobre os palestinos (…) A
sua posição não é tão definida como a dos EUA", diz Alfredo Rodríguez
Gómez, diretor do mestrado em Segurança Internacional da Universidad
Internacional de La Rioja, na Espanha, à BBC News Mundo, serviço em espanhol da
BBC.
Rodríguez
refere-se ao fato de países europeus considerarem o Hamas uma organização
terrorista, mas defender o direito do povo palestino a ter o seu próprio
Estado.
Aguirre
diz que o apoio de dois países europeus está condicionado pela exigência de que
Israel realize as suas operações contra o Hamas dentro do respeito ao Direito
Internacional Humanitário, ou seja, que "a população civil não seja atacada".
Isso
explicaria as mudanças em países como a Espanha, cujo presidente, Pedro
Sánchez, passou de condenar os ataques do Hamas e reafirmar os direitos de
Israel a defender-se "dentro do Direito Internacional" para pedir um
cessar-fogo urgente e expressar dúvidas sobre a legalidade das ações militares
israelenses.
Entretanto,
no Reino Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak e membros do seu gabinete têm
sido firmes na sua defesa de Israel e da sua campanha militar em Gaza.
Na
verdade, o deputado conservador Paul Bristow perdeu o cargo no governo por
pedir a Sunak que apoiasse um cessar-fogo por razões humanitárias.
À
medida que a campanha militar israelense avança e o número de mortes em Gaza
aumenta, líderes europeus e americanos começam a introduzir nuances nas suas
posições, como demonstra o fato de Biden ter pedido a Israel uma
"pausa" em suas ações em operações em Gaza para facilitar a entrega
de ajuda aos civis.
"A
causa palestina tem muito apoio internacional. Isto foi visto em 2012, quando a
Assembleia Geral da ONU aceitou a Palestina como Estado observador", diz
Aguirre, que afirma que este apoio não inclui o Hamas ou outros grupos, como a
Jihad Islâmica.
Por
sua vez, Rodríguez Gómez afirma que entre os principais aliados dos palestinos
estão "os países muçulmanos, mesmo aqueles que assinaram os Acordos de
Abraham em 2020 e estabeleceram relações com Israel [Emirados Árabes Unidos,
Marrocos, Bahrein e Sudão]".
Por
isso, a decisão da Jordânia e do Bahrein de retirarem os seus embaixadores de
Israel é considerada significativa.
A
Jordânia normalizou as relações com Israel com a assinatura de um acordo de paz
em 1994, enquanto o Estado do Golfo Pérsico o fez em 2020 com os acordos
promovidos pelos EUA.
Os
países muçulmanos manifestaram o seu apoio nas Nações Unidas a um cessar-fogo
em Gaza e em locais como o Egito, o Líbano e Marrocos têm havido manifestações
em apoio aos palestinos.
·
E
quem está com o Hamas?
O
principal aliado do Hamas é o Irã, de onde o grupo recebe recursos financeiros,
armas e formação para seus membros, segundo autoridades israelenses e
ocidentais.
Ter
o apoio do regime dos aiatolás significa, segundo os especialistas, ter também
o apoio de países como o Iraque ou a Síria, que estão na órbita de Teerã.
Mas
não só o Irã está por trás do Hamas - o Catar também. O Estado do Golfo é
considerado outro dos principais apoiadores do ponto de vista financeiro e
diplomático do grupo palestino.
"O
principal líder do Hamas (Ismail Haniyeh) está em Doha, embora o Catar seja
aliado dos EUA", lembra Aguirre.
Um
caso peculiar é o da Turquia. Apesar do seu país ser membro da Otan, o
presidente, Recep Tayip Erdogan, disse que "o Hamas não é um grupo
terrorista", mas sim "um grupo de libertadores", e acusou Israel
de cometer crimes de guerra em Gaza.
·
Rússia
e China
A
posição de outras duas potências nucleares nesta questão é guiada pelas suas
rivalidades e interesses econômicos.
"O
caso da Rússia é peculiar, pois sua posição responde ao seu confronto
geoestratégico com os Estados Unidos", afirma Ignacio Gutiérrez de Terán,
professor de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade Autônoma de Madri
(Espanha), que lembra que Moscou não condenou o ataque do Hamas, mas culpou
Washington pelo conflito.
Rodríguez
Gómez fala em termos semelhantes, assegurando que "o ataque do Hamas é
muito bom para a Rússia, porque serve para dispersar as forças dos Estados
Unidos e da Europa, e desviar a atenção do que faz na Ucrânia".
"Se
a Rússia tivesse que ser colocada num equilíbrio entre o Ocidente e o Hamas,
estaria mais próxima do Hamas", afirma o especialista.
O
governo de Netanyahu recentemente convocou o embaixador russo em Israel em
protesto contra a presença de líderes da organização islâmica na capital russa.
Quanto
à China, Rodríguez Gómez afirma que se trata de um caso "diferente".
"A
China precisa de um mundo estável. Os grandes projetos econômicos precisam de
estabilidade e a China quer levar a cabo o seu grande projeto da Rota da Seda e
uma desestabilização como a da Ucrânia ja basta", explica.
Fonte: Deutsche
Welle/BBC News Brasil
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