Descaso de Biden do sofrimento de palestinos pode lhe custar a
presidência, diz ex-senador dos EUA
A resposta do presidente norte-americano à crise na
Faixa de Gaza afundou seu apoio entre os árabes americanos, refere Richard
Black, que já foi senador pelo estado da Virgínia.
O fato de Joe Biden, presidente dos EUA, ignorar o
sofrimento dos árabes no Oriente Médio pode lhe custar a presidência, disse um
ex-senador pelo estado da Virgínia à Sputnik.
Mais de 9.000 palestinos foram mortos desde que
Israel lançou sua campanha militar em Gaza em resposta ao ataque terrorista do
Hamas em 7 de outubro, de acordo com os dados mais recentes das Nações Unidas.
Na sexta-feira (3) foi relatado que o governo Biden pediu a Israel que explicasse
um ataque ao campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, que deixou 400 pessoas
mortas ou feridas.
"O descaso do presidente Biden com o
sofrimento árabe pode lhe custar a presidência", segundo Richard Black.
"A [agência norte-americana] Associated Press
informa que a grande comunidade muçulmana de Michigan se voltou contra ele; se
Biden perder Michigan, ele pode perder a eleição", prevê.
Black acredita que a violência em Gaza dividiu o
Partido Democrata, causando um dilema incômodo para Biden.
"Os democratas não podem funcionar sem as
contribuições políticas dos judeus", disse ele.
"De acordo com o [jornal israelense] The
Jerusalem Post, suas contribuições constituem mais da metade de todas as
doações para o Partido Democrata. Os ricos doadores judeus insistem que Biden
permita que Israel continue sua campanha de bombardeio irrestrito na Faixa de
Gaza. Se ele não apoiar o bombardeio, eles podem não contribuir para sua
campanha de 2024."
Ele relatou que, "em 2020, os judeus votaram
75% nos democratas, e 65% dos muçulmanos americanos fizeram o mesmo. Em 31 de
outubro, a [agência britânica] Reuters informou que o apoio dos árabes
americanos a Biden e aos democratas havia caído para 17% nas pesquisas
recentes", observou ele, mas notou que, mesmo antes dos últimos
acontecimentos na Faixa de Gaza, os democratas já tinham perdido apoio dos
muçulmanos.
A desordem que se seguiu nas escolas públicas,
continuou Black, causou um declínio dramático nos resultados dos testes dos
alunos, incluindo a queda acentuada nos resultados de matemática e leitura.
"As políticas escolares fracassadas de Biden
já haviam lhe custado algum apoio muçulmano, mas o bombardeio impiedoso de Gaza
foi a gota d'água para muitos muçulmanos", afirmou ele.
"A raiva deles representa um grande desafio
para Biden em sua corrida para a reeleição."
Black concluiu que, embora a maioria dos americanos
considere que os israelenses eram justificados em responder após o ataque do
Hamas em 7 de outubro, permanece a questão: quanto é suficiente?
"Os americanos estão preocupados com o fato de
a resposta israelense ter se tornado excessiva, mesmo que, no início, tenha
sido garantida alguma margem de represália", destacou o senador.
"Nesta semana, um único bombardeio matou 400
palestinos, diminuindo ainda mais o apoio global ao ataque israelense. O líder
da maioria no Senado dos EUA, Dick Durbin, pediu um cessar-fogo imediato",
referiu Richard Black.
·
EUA e Reino Unido votam contra resolução da ONU que
condena o neonazismo
A resolução, que contou com 111 votos a favor e 50
contra, destaca a preocupação com o ressurgimento de ações e entidades
associadas ao nazismo.
A Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução de
consenso que censura a crescente incidência de neonazismo, discriminação racial
e outras manifestações de ódio, apesar da notável oposição das principais
nações ocidentais, que incluem aliados da Segunda Guerra Mundial, como os EUA,
o Reino Unido e o Canadá.
A resolução, apresentada por um grupo de 35 países,
incluindo a Rússia, foi aprovada com 111 votos a favor, 50 contra e 14
abstenções, e condenou "a persistência e o ressurgimento do neonazismo, do
neofascismo e de ideologias nacionalistas violentas baseadas no preconceito
racial e nacional".
Sem atribuir a questão a algum país específico, a
declaração alerta para o aumento do grau de reverência relativamente a pessoas
e grupos associados ao nazismo, principalmente ex-combatentes da Waffen SS e
fações semelhantes que se opuseram às forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.
Falando nas Nações Unidas em nome da Rússia,
Grigory Lukiantsev destacou a tendência preocupante da organização de comícios
neonazistas e da glorificação de colaboradores nazistas na Europa. Ele também
notou o voto da Ucrânia contra uma resolução da ONU que respondia a tais
reuniões.
A ovação de pé feita no parlamento canadense ao
ex-membro da Waffen SS ucraniana Yaroslav Hunka atraiu forte condenação de todo
o mundo. O incidente ocorreu durante a visita do presidente ucraniano Vladimir
Zelensky em setembro, e acabou por levar Anthony Rota a deixar o cargo de
presidente da Câmara dos Comuns do Canadá em meio a alegações de que ele não
tinha conhecimento do passado criminoso de Hunka.
Ø Memorando vazado dos EUA revela preocupações de diplomatas com a
política de Biden sobre Israel
Funcionários do Departamento de Estado, em um
memorando vazado, teriam criticado a abordagem do governo Biden ao conflito
Israel-Hamas, pedindo uma condenação mais pública das ações israelenses.
De acordo com o Politico, nesta segunda-feira (6),
um memorando dos EUA vazado detalhou dois pedidos de funcionários do
Departamento de Estado norte-americano: endossar um cessar-fogo e adotar uma
abordagem mais equilibrada nas comunicações públicas e privadas sobre Israel,
incluindo a discussão aberta das preocupações sobre as táticas militares
israelenses e o tratamento dos palestinos.
De autoria de dois funcionários de nível médio com
experiência em Oriente Médio, o memorando também reconhece o legítimo direito e
obrigação de Israel de buscar justiça contra o grupo militante Hamas durante o
ataque surpresa de 7 de outubro, ao mesmo tempo em que considera o subsequente
elevado número de vítimas palestinas — principalmente civis e muitos crianças —
como inaceitável.
"Devemos criticar publicamente as violações
das normas internacionais por parte de Israel, tais como a incapacidade de
limitar as operações ofensivas a alvos militares legítimos", afirma o
conteúdo do documento.
"Quando Israel apoia a violência dos colonos e
a tomada ilegal de terras ou emprega o uso excessivo da força contra os
palestinos, devemos comunicar publicamente que isso vai contra os nossos
valores norte-americanos, para que Israel não aja impunemente."
O memorando, que foi marcado como "sensível,
mas não classificado", destacou ainda que as falhas nas mensagens dos EUA
"contribuem para a percepção pública regional de que os Estados Unidos são
um ator tendencioso e desonesto, que na melhor das hipóteses não avança e, na
pior das hipóteses, prejudica interesses dos EUA em todo o mundo."
O Departamento de Estado não fez comentários ao
meio de comunicação à luz do documento vazado.
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa
com foguetes em grande escala contra Israel a partir da Faixa de Gaza e rompeu
a fronteira, matando e raptando pessoas nas comunidades israelenses vizinhas.
Israel lançou ataques retaliatórios e ordenou o
bloqueio total da Faixa de Gaza, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas,
cortando o fornecimento de água, alimentos e combustível. O bloqueio foi
posteriormente aliviado para permitir a entrada de camiões com ajuda
humanitária na Faixa de Gaza. A escalada do conflito resultou em milhares de
pessoas mortas e feridas em ambos os lados.
Ø 'Sonhavam com um futuro diferente': professora em Gaza relata tragédias
após bombardeios de Israel
Ruwaida Amer, uma professora no sul de Gaza,
ensinava alunos a criar projetos científicos, mas viu muitos de seus alunos
morrerem em meio ao recomeço do conflito entre Israel e Hamas.
Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque
terrorista surpresa em grande escala contra Israel, que deixou mais de 1.400
mortos. Desde então, Israel lançou uma campanha maciça de ataques retaliatórios
e ordenou um bloqueio total da Faixa de Gaza, onde vivem mais de dois milhões
de pessoas, cortando o fornecimento de água, alimentos e combustível.
A escalada do conflito resultou também em quase dez
mil pessoas mortas na Faixa de Gaza, além de feridos, com pelo menos 3.500
crianças mortas, de acordo com o UNICEF.
Assim, Ruwaida Amer, uma professora de ciências no
sul de Gaza, estava há algumas semanas aproveitando os dias ajudando crianças
da escola a criar projetos científicos, tirando uma selfie ocasional em um
parque com alguns de seus alunos alegres, mas todos esses momentos se
transformaram em lembranças distantes que se desintegram ante a nova realidade.
"Perdi muitos de meus alunos, três deles com
idades entre dez e 13 anos", contou Amer, 32 anos, à Sputnik.
"Essas crianças sonhavam com um futuro
diferente. Elas sonhavam em viver em paz", lamentou, lembrando que as
crianças ficam aterrorizadas com os sons de aviões e mísseis, algo que se
tornou familiar demais para elas ao longo dos anos, e especialmente no último
mês.
Israel tem como objetivo expulsar o movimento
palestino Hamas, mas os ataques aéreos parecem ter tido pouco efeito, pois os
disparos de foguetes em direção a Israel continuam.
"Israel não avisa os cidadãos antes de
bombardear suas casas, mas de repente lança mísseis sobre eles enquanto estão
dormindo", comentou Amer, que também perdeu seus vizinhos durante os ataques,
e se lembra de Odeh Abu Akar, um órfão de sete anos que ficou sem os seus país.
Ela condenou igualmente o corte da água para o
território palestino. Os residentes de Gaza, de acordo com Ruwaida Amer,
dependem de poços que são bombeados uma vez por semana para fornecer água às
comunidades. A falta de eletricidade impede igualmente que os prestadores de
serviços médicos em Gaza cuidem dos feridos, diz.
"Não há água, eletricidade, combustível e
alimentos. Como os cidadãos de Gaza podem viver sem essas necessidades básicas?
É um cerco injusto e maciço", explicou a professora sobre as consequências
dos ataques, incluindo os apagões. Ela referiu que isso também afetou a área da
saúde nos hospitais.
Embora milhares de residentes de Gaza tenham
conseguido escapar da "destruição e da morte" após fugirem do norte
da Faixa de Gaza antes da invasão israelense e a intensificação dos
bombardeios, eles seguem enfrentando condições desumanas, segundo Amer,
referindo o exemplo de Rawan Saed, de 35 anos.
Ela recentemente fugiu da cidade de Gaza para uma
escola de Al-Fokhari administrada pela Agência das Nações Unidas de Assistência
aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês) com
seus cinco filhos.
"Não podemos usar os banheiros adequadamente,
não tomei banho desde o início da guerra até agora, e me sinto mental e
fisicamente muito cansada. [...] Meus filhos não conseguem dormir por causa do
lugar lotado e do barulho aqui. Tento dar comida para eles, mas não há como
cozinhar aqui", detalhou ela.
Saed também se preocupa com o trauma psicológico de
seus cinco filhos.
"Todos os meus filhos são pequenos, o mais
velho deles tem 12 anos de idade, e eles urinam involuntariamente devido aos
sons intensos de bombardeios e mísseis", relatou Saed, conforme citada
pela Amer.
"Eles têm medo de qualquer som próximo a eles.
Eles não gostam nem um pouco da noite e não conseguem dormir durante ela. Há
dois dias, eu os deixei desenhando, e depois os encontrei desenhando a casa e o
jardim, e sonhando em voltar para sua casa", lembra.
Ø Secretário-geral da ONU diz estar 'horrorizado' com ataque de Israel a
ambulâncias
Depois de bombardear até ambulâncias usadas no
atendimento a feridos na Faixa de Gaza, Israel foi duramente criticado pelo
secretário-geral da ONU, António Guterres. Conforme a Sociedade do Crescente
Vermelho Palestino, um dos veículos foi atingido por um míssil disparado pelo
Exército do país a poucos metros da entrada de um hospital.
O ataque matou 15 pessoas e feriu mais de 60,
segundo a entidade. Em comunicado, Guterres disse que ficou
"horrorizado" e que o conflito "deve parar". Só na Faixa de
Gaza, quase 9,4 mil pessoas já morreram.
"Estou horrorizado com o ataque relatado em
Gaza a um comboio de ambulâncias fora do Hospital al-Shifa. As imagens de
corpos espalhados na rua fora do hospital são angustiantes", afirmou o
chefe das Nações Unidas.
A justificativa de Israel foi que lançou um ataque
aéreo contra "uma ambulância que foi identificada pelas forças como sendo
usada por uma célula terrorista do Hamas próxima à sua posição na zona de
combate".
Guterres voltou a lembrar que não esqueceu dos
ataques terroristas cometidos em Israel pelo Hamas, mas pontuou que "por
quase um mês, civis em Gaza, incluindo crianças e mulheres, têm sido sitiados,
negados de ajuda, mortos e expulsos de suas casas".
A relação entre Israel e a ONU está cada vez pior
por conta do conflito: além do país judeu cancelar o passaporte de funcionários
da entidade, o que inviabilizou a entrada em Tel Aviv, o governo israelense não
acatou a resolução da Assembleia Geral sobre um cessar-fogo e necessidade de
ajuda humanitária.
Situação humanitária em Gaza é 'horrível'
Segundo Guterres, não há "quase o
suficiente" de comida, água e medicamentos para a população de Gaza, que é
de quase 2,3 milhões de pessoas. Além disso, falta combustível para transportes
e até hospitais, além das usinas de dessalinização de água estarem quase
parando.
Com mais de um milhão de pessoas forçadas a se
deslocarem por conta do conflito, que iniciou no dia 7 de setembro, os abrigos
da ONU em Gaza estão com quase quatro vezes sua capacidade total e, mesmo
assim, são atingidos por bombardeios.
"Os necrotérios estão transbordando. As lojas
estão vazias. A situação de saneamento é abismal. Estamos vendo um aumento de
enfermidades e doenças respiratórias, especialmente entre as crianças. Uma
população inteira está traumatizada. Nenhum lugar é seguro", disse.
O secretário-geral da ONU voltou a pedir um
cessar-fogo, além da libertação dos mais de 220 reféns que estão sob o poder do
Hamas. A guerra começou após o ataque do movimento, que deixou mais de 1,4 mil
mortos no país.
Por fim, Guterres disse que as duas partes devem
respeitar o direito internacional humanitário e proteger os civis. "Todos
os que têm influência devem exercê-la para garantir o respeito às regras de
guerra, pôr fim ao sofrimento e evitar que o conflito se alastre e envolva toda
a região", alegou.
Ø Rússia admite possibilidade de envolvimento da OTAN no conflito do
Oriente Médio
Moscou admite a possibilidade de que o envolvimento
da OTAN no conflito no Oriente Médio se manifestará caso os EUA precisem
"legitimar" suas ações, declarou à Sputnik Aleksandr Grushko,
vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia.
"Neste momento a OTAN não é um jogador que
quer passar para o primeiro plano nesta questão. Provavelmente, o fator da OTAN
pode se manifestar se os EUA precisarem legitimar suas ações ou sua
posição", disse Grushko.
Ao mesmo tempo, ele observou que a Rússia e a OTAN
"não têm quaisquer contatos", inclusive sobre o conflito no Oriente
Médio.
"Mas o principal fator ocidental no Oriente
Médio são os EUA. Os EUA, quando precisam, nunca pedem permissão aos seus
aliados. Por exemplo, a guerra no Iraque – dois países da OTAN se opunham
categoricamente [à operação dos EUA]. Mas quando os EUA precisam de
'legitimação' de suas ações – quanto mais países as apoiam, mas legítima parece
– eles recorrem ao apoio dos aliados, ou tentam obtê-lo, às vezes impondo à
força sua vontade", concluiu Grushko.
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou, nesta
quinta-feira (2), um projeto de lei de ajuda à segurança de US$ 14,3 bilhões
(R$ 70 bilhões) para Israel.
Fonte: Sputnik Brasil
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