Nullos: cirurgia de
anulação sexual promove retirada total de genitais
Cresce
nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), a presença de pessoas
identificadas como nullos. Esses indivíduos querem fazer ou já fizeram uma
modificação corporal extrema: a retirada dos genitais com os quais nasceram,
mas sem a substituição por outro aparelho, como ocorre em pessoas trans.
O
procedimento visa deixar o paciente “liso” (smooth, como se definem em inglês),
com apenas pequenas aberturas para a uretra e sem sexo aparente — a ideia é
ficar sem genitais, como um boneco. A cirurgia é polêmica e pouco conhecida:
por isso, são poucos os médicos que se especializam na prática e a divulgam
publicamente.
No
continente americano, só um médico realiza o procedimento abertamente, o
urologista mexicano Iván Aguilar. Em entrevista ao Metrópoles, ele explica que
tem um compromisso com a saúde dos seus pacientes.
“Os
indivíduos que eu atendo têm uma disforia de gênero muito específica, uma
repulsa ao seu pênis ou à sua vagina, mas não se identificam com o gênero
oposto. Querem continuar sendo homens ou mulheres, ou mesmo pessoas
não-binárias. De certa forma, podemos dizer que o objetivo deles é ficar como a
Barbie: em vez de fazer uma cirurgia de confirmação de gênero, popularmente
conhecida como troca de sexo, o que fazemos é uma nulificação”, resume o
médico.
Aguilar
diz ter feito o procedimento em 170 pacientes desde 2013 e observa um aumento
de interesse recente, mas afirma que nada em sua clínica é feito com pressa.
Cada novo cliente passa por pelo menos um ano de acompanhamento psicológico
antes que o procedimento seja efetivamente realizado.
“Só faço a cirurgia quando tenho certeza que
meu paciente não irá se arrepender. Todos os que passaram pela minha sala de
operações se sentem muito gratos e satisfeitos com as modificações feitas”,
garante o médico.
O
urologista começou a se interessar pelo procedimento ao descobrir que muitos
pacientes nullos se automutilavam ou eram tratados por médicos e veterinários
sem experiência para fazer a castração. Em 2022, um homem foi preso no Reino
Unido por fazer a operação sem nenhuma formação médica.
“Minhas
ações são orientadas por princípios médicos. Tenho um compromisso com a saúde e
sei que há pacientes em casa que estão usando facas de cerâmica e nenhuma anestesia
para mutilar seus genitais. Se eu posso ajudá-los com conhecimento médico e uma
cirurgia segura, acredito que seja minha obrigação”, afirma.
• Como funciona a cirurgia?
A
cirurgia funciona de duas formas diferentes, a depender do gênero que será anulado.
O procedimento dura no máximo duas horas, mas em mulheres pode ser mais rápido,
concluído em 1h30.
Em
homens, é feito um corte no períneo que permite retirar todo o cordão
espermático e os testículos. O saco escrotal é removido e se separa a uretra do
pênis. O corpo cavernoso do pênis é ressecado e retirado, mantendo-se apenas
uma abertura pequena para a uretra. A depender da preferência do paciente,
pode-se manter a glande do pênis.
Nas
mulheres, a maioria das pacientes já retirou previamente o útero e os ovários.
O médico localiza o clítoris e o disseca até a sua base; os lábios da vagina
são retirados e se costura a antiga abertura, mantendo apenas a saída da
uretra.
• A vida dos nullos
As
comunidades on-line de nullos são, em sua maioria, frequentadas por homens, mas
também há mulheres que realizam o procedimento. Os dois grupos, porém, não se
misturam: as comunidades de mulheres geralmente são avessas a qualquer presença
masculina.
Os
homens são mais explícitos sobre os resultados dos procedimentos, muitos deles
divulgando as imagens em perfis de pornografia on-line. Um deles, identificado
como French Nullo, realizou a cirurgia em 20 de outubro com Aguilar.
“Tive
alguns vazamentos leves de sangue, nada preocupante. Posso andar com
facilidade, mas devagar, e consigo sentar, mas ainda não com facilidade”,
resumiu em seu Twitter na última sexta-feira (3/11). Ele postou um diário sobre
a cirurgia na rede social.
Outro
homem que passou pela operação, identificado como Layli Nullo, diz se sentir
“paradoxalmente mais masculino” depois de realizar o procedimento em maio de
2023. Segundo ele, a preparação para passar pela cirurgia começou em 2019 e
exigiu muita coragem, determinação e conhecimento de como gostaria de ser.
“Lembro
como era chato ter ereções inesperadas, além de ter um pênis grande pendurado
no meu corpo esguio. Não sei se estou começando a ter níveis menores de
testosterona, mas me sinto mais calmo, contente e, algumas vezes, mais sensível
e esperançoso”, explica.
• População invisível
Apesar
do orgulho e naturalidade com a qual Aguilar e os nullos on-line tratam o
procedimento, a cirurgia ainda é um tabu. As comunidades médicas internacionais
não reconhecem sua realização, embora estudos estimem que, até 2014, mais de 10
mil pessoas em todo o mundo já tinham voluntariamente retirado suas genitálias.
Apenas
em setembro de 2022 a Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero
(WPATH, em inglês) incluiu conselhos para nullos e eunucos em sua lista de
orientações.
“Devido
aos equívocos e preconceitos históricos, à invisibilidade dos eunucos
contemporâneos e ao estigma social que afeta todos os gêneros e minorias
sexuais, os poucos indivíduos nullos não contarão a ninguém e partilharão sua
experiência apenas com pessoas que pensam da mesma forma, mas eles precisarão
de atendimento médico e cirúrgico”, diz o documento.
Para
o urologista Aguilar, fingir que não existem interessados em uma tranformação
corporal tão extrema não fará sua existência sumir. “Há mais interesse recente,
certamente, e também mais consciência de que a cirurgia é uma possibilidade.
Isso tem atraído pessoas que antes achavam que a única opção possível era a
troca de sexo e não se identificavam com ela. Esses indivíduos devem ter um
atendimento adequado”, explica.
Mulher faz modificações corporais para se
transformar em gata humana
Uma
mulher italiana de 22 anos realizou 20 modificações corporais para se
transformar em uma gata humana. Apesar de ser rotulada como “psicótica” e
“perturbada”, Chiara Dell’Abate afirma nas redes sociais que se sente
perfeitamente bem com seu estilo de vida.
“Estou pensando que seria uma gata muito
legal”, disse Chiara, também conhecida pelo apelido de Aydin Mod, ao jornal
Media Drum World. Entre as modificações, estão piercings, tatuagens, implantes
subcutâneos, língua bifurcada, alongamento de orelha e remoção dos mamilos.
Além
disso, ela passou por uma blefaroplastia — cirurgia para retirar o excesso de
pele ou gordura das pálpebras — e colocou quatro chifres na cabeça. “É uma
loucura ver o quanto o corpo humano pode mudar e o que você pode realmente
conseguir com modificações corporais”, afirmou.
A
fanática por felinos ainda disse que sua “fantasia” permanente surgiu após
algumas pessoas a compararem com um gato. “Acho que me tornar uma gata é mais
apropriado para mim, pois não quero parecer um personagem de desenho animado.
Sempre adorei gatos e acho que vou parecer muito ousada e feroz”.
Instagram/Reprodução
Segundo
a própria jovem, ela começou a realizar modificações corporais aos 11 anos de
idade, quando colocou o primeiro piercing e fez alongamento de orelha. Cinco
anos depois, Aydin Mod tinha mais de 72 piercings, assemelhando-se ao
personagem Pinhead, do filme de terror Hellraiser.
Agora,
ela pretende fazer outras alterações, que incluem uma cirurgia plástica para
deixar os olhos mais alongados, uma remodelagem dos dentes, um corte no lábio
superior e um micro implante que permite prender uma cauda em seu corpo.
Após mutilar nariz e orelha, Caveira
queima o rosto: “Terror é lindo”
Um
homem morador de Tatuí, no interior de São Paulo, decidiu queimar o próprio
rosto com fins estéticos. Fernando Franco De Oliveira, ou Caveira, que se
intitula o homem mais tatuado do Brasil, decidiu passar por um procedimento
chamado escarificação, pelo qual queimou partes da bochecha e da testa para
ganhar cicatrizes personalizadas.
“Queria
que ficasse como uma queimadura mesmo. Doeu como se eu tivesse levado uma
patada de urso”, afirmou Caveira em suas redes sociais. Ele afirma ter feito as
queimaduras sem o uso de nenhum tipo de anestesia.
Caveira
compatilha o processo de cicatrização das feridas e afirma gostar da dor dos
procedimentos e também do impacto assustador que seu corpo tem nos demais.
“Gosto de chamar atenção”, afirmou ele, que é tatuador e tem aproveitado a
divulgação de suas modificações para promover o próprio trabalho.
O
homem de 46 anos já havia feito uma série de procedimentos polêmicos: ele
mutilou o nariz e a orelha para se parecer mais com uma caveira; tatuou o
interior dos olhos de preto; cortou a língua para torná-la bifurcada; inseriu
próteses metálicas por baixo da pele que simulam chifres e raspou os dentes
para colocar próteses metálicas que parecem com presas de vampiro.
“O
terror é lindo também”, disse ele, afirmando que não pretende parar nessa
mudança e que deve fazer mais modificações corporais no futuro. “Ficou muito
feliz com essa repercussão”, disse o tatuador.
Fonte:
Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário