terça-feira, 7 de novembro de 2023

Nullos: cirurgia de anulação sexual promove retirada total de genitais

Cresce nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), a presença de pessoas identificadas como nullos. Esses indivíduos querem fazer ou já fizeram uma modificação corporal extrema: a retirada dos genitais com os quais nasceram, mas sem a substituição por outro aparelho, como ocorre em pessoas trans.

O procedimento visa deixar o paciente “liso” (smooth, como se definem em inglês), com apenas pequenas aberturas para a uretra e sem sexo aparente — a ideia é ficar sem genitais, como um boneco. A cirurgia é polêmica e pouco conhecida: por isso, são poucos os médicos que se especializam na prática e a divulgam publicamente.

No continente americano, só um médico realiza o procedimento abertamente, o urologista mexicano Iván Aguilar. Em entrevista ao Metrópoles, ele explica que tem um compromisso com a saúde dos seus pacientes.

“Os indivíduos que eu atendo têm uma disforia de gênero muito específica, uma repulsa ao seu pênis ou à sua vagina, mas não se identificam com o gênero oposto. Querem continuar sendo homens ou mulheres, ou mesmo pessoas não-binárias. De certa forma, podemos dizer que o objetivo deles é ficar como a Barbie: em vez de fazer uma cirurgia de confirmação de gênero, popularmente conhecida como troca de sexo, o que fazemos é uma nulificação”, resume o médico.

Aguilar diz ter feito o procedimento em 170 pacientes desde 2013 e observa um aumento de interesse recente, mas afirma que nada em sua clínica é feito com pressa. Cada novo cliente passa por pelo menos um ano de acompanhamento psicológico antes que o procedimento seja efetivamente realizado.

 “Só faço a cirurgia quando tenho certeza que meu paciente não irá se arrepender. Todos os que passaram pela minha sala de operações se sentem muito gratos e satisfeitos com as modificações feitas”, garante o médico.

O urologista começou a se interessar pelo procedimento ao descobrir que muitos pacientes nullos se automutilavam ou eram tratados por médicos e veterinários sem experiência para fazer a castração. Em 2022, um homem foi preso no Reino Unido por fazer a operação sem nenhuma formação médica.

“Minhas ações são orientadas por princípios médicos. Tenho um compromisso com a saúde e sei que há pacientes em casa que estão usando facas de cerâmica e nenhuma anestesia para mutilar seus genitais. Se eu posso ajudá-los com conhecimento médico e uma cirurgia segura, acredito que seja minha obrigação”, afirma.

•        Como funciona a cirurgia?

A cirurgia funciona de duas formas diferentes, a depender do gênero que será anulado. O procedimento dura no máximo duas horas, mas em mulheres pode ser mais rápido, concluído em 1h30.

Em homens, é feito um corte no períneo que permite retirar todo o cordão espermático e os testículos. O saco escrotal é removido e se separa a uretra do pênis. O corpo cavernoso do pênis é ressecado e retirado, mantendo-se apenas uma abertura pequena para a uretra. A depender da preferência do paciente, pode-se manter a glande do pênis.

Nas mulheres, a maioria das pacientes já retirou previamente o útero e os ovários. O médico localiza o clítoris e o disseca até a sua base; os lábios da vagina são retirados e se costura a antiga abertura, mantendo apenas a saída da uretra.

•        A vida dos nullos

As comunidades on-line de nullos são, em sua maioria, frequentadas por homens, mas também há mulheres que realizam o procedimento. Os dois grupos, porém, não se misturam: as comunidades de mulheres geralmente são avessas a qualquer presença masculina.

Os homens são mais explícitos sobre os resultados dos procedimentos, muitos deles divulgando as imagens em perfis de pornografia on-line. Um deles, identificado como French Nullo, realizou a cirurgia em 20 de outubro com Aguilar.

“Tive alguns vazamentos leves de sangue, nada preocupante. Posso andar com facilidade, mas devagar, e consigo sentar, mas ainda não com facilidade”, resumiu em seu Twitter na última sexta-feira (3/11). Ele postou um diário sobre a cirurgia na rede social.

Outro homem que passou pela operação, identificado como Layli Nullo, diz se sentir “paradoxalmente mais masculino” depois de realizar o procedimento em maio de 2023. Segundo ele, a preparação para passar pela cirurgia começou em 2019 e exigiu muita coragem, determinação e conhecimento de como gostaria de ser.

“Lembro como era chato ter ereções inesperadas, além de ter um pênis grande pendurado no meu corpo esguio. Não sei se estou começando a ter níveis menores de testosterona, mas me sinto mais calmo, contente e, algumas vezes, mais sensível e esperançoso”, explica.

•        População invisível

Apesar do orgulho e naturalidade com a qual Aguilar e os nullos on-line tratam o procedimento, a cirurgia ainda é um tabu. As comunidades médicas internacionais não reconhecem sua realização, embora estudos estimem que, até 2014, mais de 10 mil pessoas em todo o mundo já tinham voluntariamente retirado suas genitálias.

Apenas em setembro de 2022 a Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero (WPATH, em inglês) incluiu conselhos para nullos e eunucos em sua lista de orientações.

“Devido aos equívocos e preconceitos históricos, à invisibilidade dos eunucos contemporâneos e ao estigma social que afeta todos os gêneros e minorias sexuais, os poucos indivíduos nullos não contarão a ninguém e partilharão sua experiência apenas com pessoas que pensam da mesma forma, mas eles precisarão de atendimento médico e cirúrgico”, diz o documento.

Para o urologista Aguilar, fingir que não existem interessados em uma tranformação corporal tão extrema não fará sua existência sumir. “Há mais interesse recente, certamente, e também mais consciência de que a cirurgia é uma possibilidade. Isso tem atraído pessoas que antes achavam que a única opção possível era a troca de sexo e não se identificavam com ela. Esses indivíduos devem ter um atendimento adequado”, explica.

 

       Mulher faz modificações corporais para se transformar em gata humana

 

Uma mulher italiana de 22 anos realizou 20 modificações corporais para se transformar em uma gata humana. Apesar de ser rotulada como “psicótica” e “perturbada”, Chiara Dell’Abate afirma nas redes sociais que se sente perfeitamente bem com seu estilo de vida.

 “Estou pensando que seria uma gata muito legal”, disse Chiara, também conhecida pelo apelido de Aydin Mod, ao jornal Media Drum World. Entre as modificações, estão piercings, tatuagens, implantes subcutâneos, língua bifurcada, alongamento de orelha e remoção dos mamilos.

Além disso, ela passou por uma blefaroplastia — cirurgia para retirar o excesso de pele ou gordura das pálpebras — e colocou quatro chifres na cabeça. “É uma loucura ver o quanto o corpo humano pode mudar e o que você pode realmente conseguir com modificações corporais”, afirmou.

A fanática por felinos ainda disse que sua “fantasia” permanente surgiu após algumas pessoas a compararem com um gato. “Acho que me tornar uma gata é mais apropriado para mim, pois não quero parecer um personagem de desenho animado. Sempre adorei gatos e acho que vou parecer muito ousada e feroz”.

Instagram/Reprodução

Segundo a própria jovem, ela começou a realizar modificações corporais aos 11 anos de idade, quando colocou o primeiro piercing e fez alongamento de orelha. Cinco anos depois, Aydin Mod tinha mais de 72 piercings, assemelhando-se ao personagem Pinhead, do filme de terror Hellraiser.

Agora, ela pretende fazer outras alterações, que incluem uma cirurgia plástica para deixar os olhos mais alongados, uma remodelagem dos dentes, um corte no lábio superior e um micro implante que permite prender uma cauda em seu corpo.

 

       Após mutilar nariz e orelha, Caveira queima o rosto: “Terror é lindo”

 

Um homem morador de Tatuí, no interior de São Paulo, decidiu queimar o próprio rosto com fins estéticos. Fernando Franco De Oliveira, ou Caveira, que se intitula o homem mais tatuado do Brasil, decidiu passar por um procedimento chamado escarificação, pelo qual queimou partes da bochecha e da testa para ganhar cicatrizes personalizadas.

“Queria que ficasse como uma queimadura mesmo. Doeu como se eu tivesse levado uma patada de urso”, afirmou Caveira em suas redes sociais. Ele afirma ter feito as queimaduras sem o uso de nenhum tipo de anestesia.

Caveira compatilha o processo de cicatrização das feridas e afirma gostar da dor dos procedimentos e também do impacto assustador que seu corpo tem nos demais. “Gosto de chamar atenção”, afirmou ele, que é tatuador e tem aproveitado a divulgação de suas modificações para promover o próprio trabalho.

O homem de 46 anos já havia feito uma série de procedimentos polêmicos: ele mutilou o nariz e a orelha para se parecer mais com uma caveira; tatuou o interior dos olhos de preto; cortou a língua para torná-la bifurcada; inseriu próteses metálicas por baixo da pele que simulam chifres e raspou os dentes para colocar próteses metálicas que parecem com presas de vampiro.

“O terror é lindo também”, disse ele, afirmando que não pretende parar nessa mudança e que deve fazer mais modificações corporais no futuro. “Ficou muito feliz com essa repercussão”, disse o tatuador.

 

Fonte: Metrópoles

 

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