quinta-feira, 13 de junho de 2024

Ultraprocessados à base de plantas podem aumentar risco cardiovascular

Diversos estudos já associaram alimentos ultraprocessados a diversos problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, metabólicas e obesidade. Agora, uma nova pesquisa liderada pela USP (Universidade de São Paulo) mostrou que mesmo os produtos de origem vegetal, mas que também são ultraprocessados, trazem riscos à saúde.

O trabalho, publicado na revista científica Lancet Regional Health, mostrou que alimentos ultraprocessados à base de plantas podem representar um risco maior de doenças cardiovasculares em comparação com alimentos de origem vegetal menos processados.

A pesquisa, que também envolveu pesquisadores do Imperial College London, do Reino Unido, utilizou dados de mais de 118 mil pessoas. O trabalho descobriu que a ingestão de ultraprocessados à base de plantas estava associada a um aumento de 7% no risco de doenças cardiovasculares, em comparação com a ingestão de alimentos não processados à base de plantas.

O estudo também descobriu que todo o consumo de ultraprocessados, seja de origem animal ou de origem vegetal, estava associado a um maior risco de doenças cardiovasculares e de morte por essas doenças.

Segundo os pesquisadores, as descobertas indicam que, embora ultraprocessados à base de plantas possam ser comercializados como alternativas saudáveis, eles podem estar associados a piores resultados de saúde.

“Os alimentos frescos à base de plantas, como frutas e vegetais, grãos integrais e leguminosas, são conhecidos por terem importantes benefícios ambientais e de saúde. Embora os alimentos ultraprocessados ​​sejam frequentemente comercializados como alimentos saudáveis, este grande estudo mostra que os alimentos ultraprocessados ​​à base de plantas não parecem ter efeitos protetores para a saúde e estão associados a maus resultados de saúde, afirma Eszter Vamos, co-autora do estudo e pesquisadora da Escola de Saúde Pública do Imperial College London.

Entre os alimentos ultraprocessados à base de plantas estão salsichas, hambúrgueres e nuggets vegetais. Geralmente, eles são mais ricos em sal, gordura, açúcar do que alimentos naturais e contêm aditivos artificiais. Pesquisadores anteriores associaram os ultraprocessados a uma série de doenças como obesidadediabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer.

“Apesar de serem de origem vegetal, esses alimentos podem contribuir para fatores de risco como dislipidemia e hipertensão devido à sua composição e métodos de processamento. Os aditivos alimentares e contaminantes industriais presentes nestes alimentos podem causar estresse oxidativo e inflamação, agravando ainda mais os riscos. Portanto, os nossos resultados apoiam a mudança para escolhas alimentares à base de plantas que consideram o grau de processamento para melhorar os resultados de saúde cardiovascular”, explica Fernanda Rauber, pesquisadora da USP e primeira autora do estudo.

·        Como o estudo foi feito?

Para chegar às conclusões, os pesquisadores usaram dados de 118 mil pessoas na Inglaterra, Escócia e País de Gales, que estavam registrados no UK Biobank. Esses dados foram vinculados aos registros hospitalares e de mortalidade para obtenção de informações sobre doenças cardiovasculares.

Os participantes tiveram suas dietas analisadas durante, pelo menos, dois dias. A equipe, então, classificou os alimentos como ultraprocessados e não ultraprocessados (ou minimamente processados). Os grupos também foram divididos entre “alimentos à base de plantas” e “alimentos à base de animais”.

Segundo a pesquisa, comer mais alimentos não processados foi associado a uma melhor saúde, e a substituição de alimentos ultraprocessados à base de plantas por alimentos naturais, pouco processados, esteve relacionado a um risco 7% menor de desenvolver doenças cardiovasculares e a um risco 15% menor de mortalidade associada a essas condições.

O estudo também mostrou que melhorar a alimentação daqueles que consumiam ultraprocessados de origem animal poderia reduzir em 13% a mortalidade por todas as doenças cardiovasculares, com uma redução de 20% na mortalidade causada por doenças coronárias.

“O estudo teve como objetivo preencher a lacuna nas evidências sobre o consumo de alimentos vegetais ultraprocessados ​​e seus impactos, principalmente quando se trata de doenças cardiovasculares. Pesquisas como essa são essenciais para orientar políticas públicas. Nesse caso, temos mais um forte argumento para incentivar a redução do consumo de alimentos ultraprocessados, sejam eles de origem animal ou vegetal, afirma Renata Levy, professora da USP.

 

¨      Dieta da saúde planetária pode reduzir risco de morte precoce; entenda o que é

Um novo estudo mostrou que as pessoas que seguem uma dieta saudável e sustentável, chamada “dieta da saúde planetária“, podem reduzir significativamente o risco de morte prematura, além do impacto ambiental. O trabalho, liderado pela Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan, é o primeiro a avaliar os efeitos desse tipo de alimentação e foi publicado na segunda-feira (10) no American Journal of Clinical Nutrition.

dieta da saúde planetária é um tipo de alimentação criada por uma equipe internacional de cientistas para melhorar a saúde e garantir a produção sustentável de alimentos, reduzindo os danos ao planeta. Ela se baseia no corte pela metade do consumo de carne vermelha e açúcar e no aumento da ingestão de frutas, legumes e nozes. A dieta foi apresentada pela primeira vez em estudo publicado na revista científica The Lancet, em 2019.

nova pesquisa usou dados de mais de 200 mil mulheres e homens inscritos no Nurses’ Health Study I e II e no Health Professionals Follow-Up Study. Os participantes não apresentavam doenças crônicas graves no início do estudo e preencheram questionários dietéticos a cada quatro anos por até 34 anos. As dietas dos participantes receberam pontuações com base na ingestão de 15 grupos de alimentos, incluindo grãos integrais, vegetais, aves e nozes, para quantificar a adesão à dieta de saúde planetária.

O estudo descobriu que o risco de morte prematura era 30% menor nos 10% dos participantes que mais aderiram à dieta sustentável e saudável, em comparação com aqueles 10% cuja adesão foi menor. Segundo os pesquisadores, todas as principais causas de morte, incluindo câncerdoenças cardíacas e doenças pulmonares, foram menores entre aqueles com maior adesão a esse padrão alimentar.

Além disso, os pesquisadores descobriram que aqueles com maior adesão à dieta da saúde planetária apresentavam um impacto ambiental menor do que os participantes com menor adesão, incluindo 29% menos emissões de gases com efeito estufa, 21% menos necessidades de fertilizantes e 51% menos utilização de terras agrícolas.

“As descobertas mostram quão interligadas estão a saúde humana e a saúde planetária. Uma alimentação saudável aumenta a sustentabilidade ambiental – que por sua vez é essencial para a saúde e o bem-estar de todas as pessoas na Terra”, afirma Walter Willett, professor de epidemiologia e nutrição e autor correspondente do estudo, em comunicado à imprensa.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: