Por que a
recuperação do agronegócio será lenta no RS
Na
vizinhança de Sérgio Renato de Freitas, em Santa Maria, Rio Grande do Sul,
propriedades rurais inteiras estão arrasadas. As perdas provocadas pelas chuvas
extremas do fim de abril vão muito além da atual colheita: grandes extensões de
solo fértil foram varridas pela água. No lugar, ficaram pedras e enormes rasgos
na terra.
Freitas,
produtor de médio porte, perdeu entre 20 mil e 24 mil sacas de soja. Os grãos
apodreceram com a umidade e não terão uso. Para reconstruir tudo, ele fará
empréstimos no banco e calcula que em cinco anos estará bem novamente.
"A
tragédia aqui foi algo que a gente nunca imaginou que pudesse acontecer. Eu
tive sorte, não perdi máquinas e não tive muita erosão. Mas se a gente conta
como está o entorno, as pessoas nem acreditam", narra Freitas à DW.
Por
onde anda desde as inundações, Guilherme Passamani, engenheiro agrônomo da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), vê desolação. Muitas
famílias de pequenos produtores perderam tudo – casa, animais de criação,
hortas, cultivos. Em muitos locais, por enquanto, não há esperança de
recuperação.
"Muitas
famílias não vão ter a capacidade de recomeçar e provavelmente sairão da
atividade agropecuária, promovendo um êxodo rural que é imensurável", diz
Passamani sobre os prejuízos materiais, sociais e os traumas psicológicos que a
tragédia deixou.
As
enchentes levaram uma camada muito importante do solo em algumas propriedades,
que foi trabalhado por milhares de anos até se tornar arável, diz Passamani.
Apesar de uma avaliação mais detalhada ainda estar em andamento, o especialista
afirma que, em algumas localidades, plantar e colher será impossível por muitos
anos.
• Cifras do prejuízo
O
primeiro levantamento feito pelo Emater e governo do estado estima que 206.604
propriedades foram impactadas. Isso equivale a quase a metade de todos os
imóveis rurais no Rio Grande do Sul – atualmente 536.510 estão registrados no
Cadastro Ambiental Rural (CAR).
"Se
nós formos trabalhar só a correção de solo, por exemplo, levando em conta esses
270 milhões de hectares impactados, estamos falando tranquilamente de um custo
de R$ 16 bilhões. Os números são bem impactantes", estima Ronaldo Santini,
secretário estadual de Desenvolvimento Rural, em entrevista à DW.
É
como se uma área equivalente a 54 vezes a cidade de Porto Alegre precisasse de
algum tipo de intervenção para voltar a ser fértil. Em muitas dessas terras
estavam os animais de criação perdidos – foram mais de 14 mil suínos e 2.400
cabeças de gado mortos.
Em
Bento Gonçalves, maior polo de processamento de uvas no estado e segundo maior
produtor da fruta, a maioria das vinícolas passou praticamente ilesa. O município tem cerca de 4.600 hectares de
cultivo da fruta e a estimativa, por enquanto, é que entre 180 e 200 hectares
tenham sido atingidos – menos de 5%.
Nas
poucas propriedades afetadas, os estragos foram severos. "Dos quatro
distritos, dois foram atingidos. Lá os impactos são tão fortes que os
produtores vão precisar de apoio para continuar na propriedade. O que sobrou
dos vinhedos vai ser de difícil manejo em virtude dos destroços que estão no
entorno", avalia Tompson Didione, da Emater.
O
setor sofreu 30% de queda na produção no ano passado. O motivo também está
ligado ao clima: o inverno registrou temperaturas mais altas que o normal.
Quando o frio tardio chegou, ele travou o crescimento das plantas. E depois foi
o excesso de chuva de setembro e novembro de 2023 que atrapalhou.
• O que aconteceu com a soja
No
estado, a maior perda de produção foi na cultura da soja: 2,71 milhões de
toneladas. A estimativa pré-catástrofe era de uma colheita de 22,24 milhões de
toneladas, que agora caiu para 19,5 milhões de toneladas.
A
safra de 2024 marcaria o retorno da pujança do setor no estado depois de dois
anos consecutivos de seca no Sul. Se tudo saísse como o planejado pelos
produtores, o aumento na colheita seria de 71,5% em relação ao ano anterior.
Mas a chegada do El Niño intenso com a influência das mudanças climáticas, como
mostrou uma pesquisa recente, dobrou a chance de um evento climático extremo de
chuvas acontecer.
Para
Irineu Orth, senador e atual presidente da Aprosoja do Rio Grande do Sul, a
próxima safra do grão é uma incógnita.
"Não
vai ter condições de recuperar tudo numa safra só. O estado é muito grande, não
tem nem fornecedores que vão ter os insumos suficientes para fazer isso. E o
maior problema: os agricultores não vão ter dinheiro para bancar isso",
diz à DW.
Apesar
dos anos em série de perdas por conta de extremos de seca ou de chuva, as
mudanças climáticas ainda não entraram na pauta do representante do setor no
estado – e no Congresso.
"Tem
esse pessoal que fica levantando essas hipóteses, é a atividade deles. Mas eu
não acredito nessa questão desse pessoal ambientalista aí, que tem outros
objetivos", responde Orth quando questionado sobre os impactos das
mudanças climáticas.
• Diálogo difícil
Todo
este solo fértil varrido apareceu na investigação das causas e extensão da
catástrofe feita por Eduardo Vélez, pesquisador que integra a rede Mapbiomas.
"A gente tem registros fotográficos, e a própria cor da água mostra que
teve uma perda de solos muito grande. Toda essa lama é solo agrícola que foi
varrido pelas enxurradas", explica à DW.
O
biólogo diz que o impacto do volume extremo de chuva poderia ter sido menos
severo se os limites exigidos pelas leis ambientais tivessem sido respeitados.
Em algumas bacias hidrográficas, como a do alto Jaqui, sobrou menos de 20% de
vegetação nativa. Pelo Código Florestal, incluindo área de preservação
permanente e reserva legal, essa taxa teria que ser em torno dos 30%.
"Se
a vegetação nativa estivesse em maior quantidade e melhor distribuída, com
todas as propriedades respeitando a área mínima de preservação, a enchente
teria menos velocidade. Haveria mais tempo para fugir, achar mecanismos de
resposta, menor altura da linha d'água e menor quantidade de solo
perdido", diz Velez à DW.
A
ciência mostra que a vegetação nativa (florestas, campos, brejos e pântanos,
entre outros) garante uma boa infiltração da água no solo e, consequentemente,
retarda inundações nos rios. Ela também protege o próprio solo, evitando que
ele seja arrastado com as águas.
No
Rio Grande do Sul, o Pampa tem enfrentado grande pressão. A maior perda tem
sido para grandes cultivos de soja nas últimas décadas, aponta o levantamento
anual do MapBiomas. Conservado, este bioma ajuda na infiltração de água, na
retenção dos sedimentos e impede erosão.
Heinrich
Hasenack, doutor em agronegócios e professor no Instituto de Biociências da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pontua que um mosaico de
áreas com vegetação nativa, onde a água demora mais pra escoar, com áreas de
lavoura, onde ela corre mais rápido, já teria grande efeito.
"Se
a legislação fosse seguida o mínimo possível, já seria um grande avanço. Para
aumentar a resiliência do estado frente às mudanças climáticas, a participação
das propriedades rurais é vital, porque só as áreas de conservação, que são
pequenas no estado, não são suficientes", afirma Hasenack.
Velez
reflete se, neste momento de emergência climática, o que a lei diz hoje é
suficiente para enfrentar o desafio. Mas a resistência dos produtores é grande.
"Sempre
o tema ambiental é difícil de ser assimilado pelo setor do agronegócio, que tem
dificuldade de reconhecer a importância da vegetação nativa. A gente produz os
dados, mas o diálogo é difícil", argumenta o biólogo.
• O custo de não preservar
Para
recompor o setor, o secretário Ronaldo Santini espera que o governo federal
mantenha linhas de crédito com juros subsidiados e perdoe dívidas passadas.
"É
a terceira vez que o produtor perde tudo e reconstrói tudo. Então, a capacidade
de endividamento já está comprometida. Sozinho, eles não vão conseguir",
justifica, sem conseguir estimar os prejuízos dos últimos desastres.
Ao
mesmo tempo, Santini reconhece que mudanças precisam entrar em definitivo para
a agenda. Por muitos anos, diz, os produtores seguiram o conceito de que a
ampliação da área plantada é garantia de sustento da família.
"Vamos
trabalhar mais com o tema da sustentabilidade. Nós vamos incentivar programas
de recuperação e preservação de nascentes, de florestas, de melhor manejo do
pasto", comenta.
O
reflorestamento teria que entrar neste planejamento desde o início, defende
Sérgio Leitão, do Instituto Escolhas. Um estudo recente da entidade apontou que
o estado tem 11.600 quilômetros quadrados de áreas de preservação permanente e
reserva legal para recuperar.
"Seriam
investidos cerca de R$ 20 bilhões neste plano, mas os benefícios são cinco
vezes maiores", diz Leitão à DW, mencionando a geração de empregos para
produção e plantio de cerca de um bilhão de mudas estimadas e a produção de até
nove milhões de toneladas de alimentos em sistemas agroflorestais.
"Recuperar
esta vegetação faz parte da recuperação econômica do estado e gera a
infraestrutura verde necessária para enfrentar a crise climática que se
agrava", conclui Leitão.
• Assentamento do MST em Eldorado
aguarda análise do solo para voltar a produzir: ‘começar antes do zero’
Grande
parte dos alimentos que abastecem as feiras ecológicas de Porto Alegre, como as
dos bairros Menino Deus e Auxiliadora, assim como a Feira de Agricultores
Ecologistas (FAE), no Bom Fim, é produzida no assentamento Integração Gaúcha,
em Eldorado do Sul. Assim como toda a cidade, a zona rural de Eldorado ficou
embaixo d’água por semanas no mês de maio, o que destruiu toda a produção de
hortaliças que estavam prontas para serem levadas para as feiras. A estimativa
é de a que produção das 64 famílias assentadas no local, que também tinha
lavouras de arroz agroecológico e uma agroindústria, só comece a ser retomada
em 90 dias.
“Agora
é mais do que começar do zero, porque, na semana passada, vieram pesquisadores
da UFRGS coletar amostra de solo para fazer análise. A gente não tem ideia do
que a enchente impactou na produção”, diz Márcia Riva, que trabalha na
agroindústria Pão da Terra e cultiva cogumelos na área do assentamento. “O que
a gente sabe é que as águas passaram por indústrias químicas, tem esgoto,
enfim. E a gente tem muito cuidado e muita responsabilidade na produção
agroecológica. Então, precisamos ter uma ideia do que tem no solo para tentar
fazer esse processo de regeneração e só depois cultivar e poder abastecer de
novo.”
O
Integração Gaúcha é um assentamento criado no início dos anos 1990, quando o
conflito agrário explodia em diversas partes do Brasil. No Rio Grande do Sul,
um confronto na Praça da Matriz entre policiais militares e militantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) resultou na morte do cabo
Valdeci de Abreu Lopes, em 8 de agosto de 1990.
Um
ano mais tarde, a família de Márcia, natural de Entre Rios do Sul, começaria a
se assentar na região de Eldorado do Sul, junto a outros militantes do MST. A
primeira a chegar foi a irmã dela, Marinês. “Nós plantávamos fumo na região
norte do estado e a gente largou tudo aquilo porque estávamos envenenados,
doentes. Uma família de seis filhos, sem perspectiva”, diz Márcia.
A terra foi conquistada em um espaço que antes
era usada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) para experiências, mas
foi abandonado. Era um campo vazio, com árvores esparsas, onde foram instaladas
as primeiras lonas pretas dos agricultores sem terra. No início, as mulheres
iam até a cidade trabalhar como domésticas. Já os homens se dividiam entre a
construção civil e os primeiros passos no trabalho na terra. Aquela renda
inicial foi sendo usada para comprar ferramentas, insumos e mudas. Trinta e três
anos depois, transformou-se em uma das principais regiões de produção de arroz
agroecológico e sede de uma agroindústria que ocupa um galpão de 165 m², além
da produção de leite e de mais de 100 variedades de hortaliças.
Então,
veio a água.
Em
linha reta, a Rua Che Guevara, que marca o início do assentamento, está 5 km
distante do Rio Jacuí. Ali, apesar de Eldorado ser uma cidade com histórico de
alagamentos, a água não costumava chegar. “A gente não estava acreditando na
situação, porque todo ano aqui dá enchente. Embora nesse ano tinha muita chuva,
mas a gente não imaginava que a água fosse chegar”, diz Márcia.
Começou
a subir ainda no dia 2 de maio. Às 10h da manhã daquele dia, integrantes da
Defesa Civil estiveram na sede da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da
Região de Porto Alegre (Cootap), localizada na Estrada da Arrozeira, para
alertar do risco de alagamento, mas sem informações precisas, recorda Márcia.
Às 16h, o local já estava inacessível.
Subiram
móveis dentro de casa, tentaram organizar a agroindústria colocando geladeiras
e freezers em cima de mesas de inox, levaram animais para um galpão em um
terreno mais alto. Nada adiantou. Márcia ficou entre os dias 2 e 18 hospedada
na casa de clientes da feira ecológica no bairro Jardim Lindóia, em Porto
Alegre. Na noite da quinta-feira, a água já passava por cima do portão e já não
dava mais pé. Um membro de cada família chegou a ficar para cuidar dos animais.
Precisaram ser resgatados de barcos e helicópteros.
“Os
cachorros, a gente salvou mais da metade. As vacas, a perda foi maior. Nós
temos um vizinho aqui que tinha 26 vacas, perdeu 14. E ele tentou por muito
tempo remanejar, levou até a BR com barco, mas a correnteza era muito forte
aqui”, diz Márcia.
As
perdas na agroindústria foram quase totais. Uma das salas armazenava três
toneladas de matérias primas, como açúcares, farinhas, nozes, castanha, uva
passa e cafés. As pilhas chegavam até a altura de um ar condicionado,
posicionado próximo ao teto. No entanto, como os açúcares estavam embaixo e
foram derretendo à medida que a água foi tomando conta do espaço, tudo se
perdeu. Outra sala abrigava uma tonelada de produtos prontos, já embalados.
Tudo perdido também. “Foram dois dias de carrinho de mão para tirar toda a
nojeira”, diz Márcia.
Alguns
dos equipamentos puderam ser salvos, mas a estimativa é de perdas de R$ 440 mil
na agroindústria, somando maquinário e estoques.
Márcia cultiva cogumelos do tipo Shimeji —
cinza, preto e salmão — e trabalha na agroindústria. A sua estufa tinha
capacidade de produção de 900 sacos de substrato simultâneos, posicionados em
esteiras colocadas sob taquaras. Tinha estrutura de controle de temperatura, de
umidade e de CO2, telas para impedir a entrada de organismos externos. Tudo foi
perdido ou jogado fora. Hoje, só resta a estrutura de fora e, mesmo a brita do
chão, ainda precisará ser trocada, porque está contaminada.
O
arroz agroecológico é a principal fonte de renda dos assentados. Márcia estima
que 60% da safra já tinha sido colhida. “A gente perdeu 40%, mais ou menos, na
lavoura, mais os maquinários que não deu tempo de tirar. Só que nos anos
anteriores, nessa época, o arroz já estava todo colhido, mas a enchente de
novembro atrasou o plantio. As hortas, a gente já tinha perdido no ano passado.
Fizemos de novo. Agora que tava tudo bonito, no ápice das colheitas”, diz.
A
produtora explica que o assentamento é dividido em duas agrovilas. Uma delas
localizada em uma área mais baixa, onde moram 36 famílias. “Todos os anos, a
água destrói as hortas nessa agrovila. É raro o ano que não dá enchente. E,
nesse ano, as famílias não querem mas nem voltar para as casas”, diz.
A
pauta, então, é a do reassentamento. Márcia explica que os ministros Paulo
Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do
Sul, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, assim
como os presidentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar
Pretto, e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César
Aldrighi, já estiveram na região nas últimas semanas para discutir, entre
outras coisas, a questão. Contudo, Márcia não crê que o tema seja resolvido
rapidamente. “E, nessa lógica de assentamento, como vai acontecer esse novo
reassentamento? Porque o projeto de reforma agrária não é mais o da década de
80, que tem uma fazenda em algum lugar, desapropria e joga as famílias lá”,
pontua.
Ainda
assim, outra parte das famílias, o que inclui a de Márcia, pretende ficar. Ela
destaca que o primeiro sentimento que teve ao chegar no assentamento em 18 de
maio foi de desespero ao se deparar com a destruição. “Era um lugar que a gente
não reconhecia”.
Aos
poucos, os primeiros a retornar foram limpando o local. Inicialmente, usando a
água que permanecia da enchente para tirar a lama, já que o abastecimento da
Corsan estava parado e não era possível acessar os poços artesianos. Foram
alguns dias dormindo em um salão utilizado para atividades holísticas, que está
em um ponto mais alto.
As lavouras agora já estão limpas e aguardando
o resultado das análises do solo para saber quando poderão ser retomadas. O
resultado deve sair já na próxima semana. Alguns produtores se antecipam e
iniciam o plantio de alimentos para subsistência.
“A
gente é muito corajoso no sentido de retomar o território, até por uma certa
desesperança de não termos expectativa de que esse reassentamento vai acontecer
tão cedo, por ter sido a primeira vez que nós pegamos a água. Então, o pessoal
aqui de cima vai cultivar as hortas tão logo a gente tenha os resultados.
Agora, é um pouco angustiante, essa visão de futuro a gente não tem. A gente
tinha até um mês e meio atrás. Hoje, até a gente está tentando recompor as
nossas casas, que foi a nossa prioridade e se perguntando: ‘Bom, eu vou botar
uma pia, eu vou botar um sofá, até quando?’ ‘Eu vou comprar uma cama boa, um
colchão bom para descansar depois de um dia de trabalho.’ ‘Mas eu vou pagar um
produto caro, talvez até o ano que vem ou talvez até setembro, que historicamente
setembro faz enchente’. Então, é um lugar de uma certa desesperança, sabe, e de
não ter perspectiva. Isso é um pouco assustador”, diz Márcia.
Por
outro lado, Márcia saúda o fato de existir uma organização que dê suporte para
as famílias assentadas. Com recursos angariados em uma vaquinha do MST,
contrataram máquinas para realizar a retirada dos entulhos da propriedade.
Também é esperado auxílio para compra de novas mudas para as hortas, de adubo e
outros insumos necessários. “Vocês não vão ver aqui as montanhas de lixo que
viram na cidade, aquilo é pavoroso. Isso tudo é fruto da nossa
auto-organização”, afirma.
A
visita dos ministros resultou na doação de cestas básicas distribuídas pela
Conab, mas há ainda a expectativa do apoio financeiro governamental para a
recuperação da produção. As famílias assentadas têm como grande parte de sua
renda a produção comprada pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A gente tem tido só ajuda de
parceiros, de outros agricultores feirantes. Infelizmente, até agora, do
governo do Estado a gente não espera nada mais, mas do governo federal não veio
nada ainda”, diz.
Fonte: Deutsche Welle/Sul 21
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