terça-feira, 25 de junho de 2024

O que se sabe sobre ataque a postos policiais, igreja e sinagoga que deixou vários mortos no sul da Rússia

Ataques a postos policiais, igrejas e uma sinagoga na república russa do Daguestão, no norte do Cáucaso, deixaram vários mortos, incluindo 15 policiais, além de homens armados e civis.

Pelo menos 16 pessoas foram levadas a hospitais com ferimentos.

Após os ataques, foram declarados três dias de luto no Daguestão, uma república predominantemente muçulmana no sul da Rússia, vizinha da Chechênia.

Os ataques aparentemente coordenados tiveram como alvo as cidades de Derbent e Makhachkala, durante o festival ortodoxo de Pentecostes. Um padre ortodoxo está entre os mortos.

Ele foi identificado pelo chefe da República do Daguestão, Sergei Melikov, como padre Nikolai Kotelnikov, que serviu em Derbent por mais de 40 anos.

Imagens publicadas nas redes sociais mostraram pessoas vestindo roupas escuras atirando contra carros da polícia, antes que veículos do serviço de emergência chegassem ao local.

Em Derbent – ​​lar de uma antiga comunidade judaica homens armados atacaram uma sinagoga e uma igreja, que foram então incendiadas.

No passado, o Daguestão foi palco de ataques islâmicos.

Embora os agressores não tenham sido oficialmente identificados, os meios de comunicação russos divulgaram amplamente que entre os homens armados estavam Osman e Adil, filhos do chefe do distrito de Sergokalinsky, perto de Makhachkala, Magomed Omarov.

Omarov foi detido pela polícia.

Em um vídeo publicado no Telegram, o presidente do Daguestão, Sergei Melikov, deu a entender que a Ucrânia estaria envolvida no ataque e que o Daguestão estava agora diretamente envolvido na guerra da Rússia na Ucrânia.

"Entendemos quem está por trás da organização dos ataques terroristas e qual o objetivo que perseguiram", disse ele.

O chefe do comitê de assuntos internacionais da Duma Russa (a câmara baixa do legislativo russo), Leonid Slutsky, apresentou afirmações semelhantes. Disse que os ataques no Daguestão e um ataque com mísseis que matou quatro pessoas em Sebastopol ocupada pela Rússia no domingo "não poderiam ser uma coincidência".

“Estes acontecimentos trágicos, tenho certeza, foram orquestrados a partir do exterior e têm como objetivo semear o pânico e dividir o povo russo”, disse Slutsky.

Mas um importante nacionalista russo na Ucrânia ocupada, Dmitry Rogozin, alertou que se todos os ataques fossem atribuídos às "maquinações da Ucrânia e da Otan", isso levaria a "grandes problemas".

Um ataque em Crocus, na região de Moscou, em março, que deixou 147 mortos, foi atribuído pelas autoridades russas à Ucrânia e ao Ocidente, embora o Estado Islâmico o tenha reivindicado.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu suas condolências àqueles que perderam entes queridos nos ataques à Crimeia e ao Daguestão.

Agências de notícias russas informaram na manhã de segunda-feira (24/6) que a operação antiterrorista lançada após os ataques havia chegado ao fim.

Entre 2007 e 2017, uma organização jihadista chamada Emirado do Cáucaso organizou ataques na área, além de mirar as repúblicas russas vizinhas da Chechênia, Inguchêtia e Kabardino-Balkaria.

À época do ataque em Crocus, o presidente Vladimir Putin insistiu que "a Rússia não poderia ser alvo de ataques terroristas perpetrados por fundamentalistas islâmicos" porque "demonstra um exemplo único de harmonia inter-religiosa e de unidade interétnica".

No entanto, há três meses, o serviço de segurança interna da Rússia, o FSB, informou que tinha frustrado uma conspiração do Estado Islâmico para atacar uma sinagoga em Moscou.

¨      Ataque ucraniano contra civis em Sevastopol demonstra 'desespero' em Kiev, diz especialista

Os ataques ucranianos contra civis na cidade russa de Sevastopol são crimes de guerra que poderiam ser levados ao Tribunal Penal Internacional (TPI), a Ucrânia e os Estados Unidos terão que responder por esses atos, afirmou David García, investigador da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), à Sputnik.

"Estamos diante de uma situação em que terão que responder diretamente, tanto a Ucrânia quanto os Estados Unidos", disse o acadêmico.

Além disso, o ataque ucraniano a Sevastopol demonstra que no regime de Zelensky há "sentimento de desespero", já que as forças ucranianas não têm conseguido avançar contra as tropas russas, assegura García.

Na manhã deste domingo (23), pelo menos quatro pessoas morreram (incluindo duas crianças) e 151 ficaram feridas em um ataque com mísseis das Forças Armadas da Ucrânia contra a cidade portuária de Sevastopol, na península da Crimeia. Entre os feridos, estão pelo menos 27 menores de idade hospitalizados, segundo as autoridades locais.

As Forças Armadas da Ucrânia tentaram atacar a região com cinco mísseis ATACMS com ogivas de fragmentação, fornecidos pelos Estados Unidos. A defesa antiaérea russa derrubou quatro deles, mas um explodiu sobre a cidade, de acordo com o Ministério da Defesa da Rússia.

Autoridades russas garantiram que os Estados Unidos são tão responsáveis quanto as autoridades ucranianas pelo ataque, pois todas as missões de voo dos mísseis táticos ATACMS são realizadas "por especialistas norte-americanos com base em dados de reconhecimento de satélites americanos".

·        Um ataque simbólico?

David García lembra que as Convenções de Genebra de 1949 e seus diferentes protocolos exigem que os beligerantes tomem todas as precauções necessárias para não atingir civis, "e aqui estamos vendo que os ataques deste domingo não foram contra militares, mas sim contra a população civil".

Segundo o analista geopolítico, outro elemento do ataque é que ocorreu em uma data importante para a Igreja Ortodoxa, o que implica um agravante.

"Eles aproveitaram um momento de descanso nacional, em alguns casos, por causa da festa ortodoxa, e isso tem um simbolismo também por ser contra Sevastopol, contra a Crimeia", explica o especialista.

"Além disso, devemos considerar que a cidade abriga a principal frota russa no mar Negro. Por isso, há vários elementos simbólicos, há coordenação nos atos perpetrados e é alarmante no sentido de serem ataques contra a população civil, que poderiam até ser levados ao Tribunal Penal Internacional", acrescenta García.

De acordo com o acadêmico, mesmo que a Ucrânia não tenha ratificado o tratado do Tribunal Penal Internacional, a Rússia poderia usar o direito internacional e levar Kiev a julgamento.

Segundo García, Moscou pelo menos teria que levar o assunto às Nações Unidas, pois a população civil, em qualquer caso, é protegida do ponto de vista do direito internacional humanitário.

Outro elemento destacado pelo analista é que o ataque ucraniano ocorreu apenas alguns dias após a realização de uma cúpula sobre a Ucrânia na Suíça. O especialista argumenta que esse encontro foi mais um "referendo pela guerra" do que uma tentativa de acordo de paz.

"A cúpula na Suíça foi uma ideia para fechar fileiras com a Ucrânia e rejeitar a proposta de paz do presidente Putin. Buscou-se reforçar a capacidade militar da Ucrânia e até se falou novamente sobre a possibilidade de a Ucrânia ingressar na OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e, posteriormente, na União Europeia", afirma.

Para García, o alinhamento do Ocidente com Kiev pode resultar em um recrudescimento do conflito, promovido pelos Estados Unidos e seus aliados por meio do fornecimento de armamento e assessoria militar à Ucrânia.

¨      Rússia responsabiliza EUA por ataque ucraniano em Sebastopol

Rússia acusou neste domingo (23/06) os Estados Unidos de serem responsáveis pelo ataque ucraniano que, segundo as autoridades russas, matou cinco pessoas, incluindo três menores, e feriu mais de uma centena em Sebastopol, na península anexada da Crimeia.

Segundo os militares russos, cinco mísseis ATACMS foram lançados pelas forças ucranianas, quatro dos quais foram interceptados.

"A responsabilidade pelo ataque deliberado com mísseis contra civis em Sebastopol cabe, em primeiro lugar, a Washington, que forneceu essas armas à Ucrânia", bem como às autoridades de Kiev, afirmou o Ministério russo da Defesa. "Tais ações não ficarão sem resposta", acrescentou.

Os dados de voo desses mísseis teriam sido inseridos "por especialistas dos EUA com base em dados de reconhecimento por satélite dos EUA", afirmou o ministério russo em apoio às suas acusações.

Em abril, Washington anunciou o envio de mísseis ATACMS de longo alcance à Ucrânia, que há muito os solicitava para poder atacar mais além da linha da frente.

Nem a Ucrânia nem os Estados Unidos comentaram o ataque em Sebastopol.

Depois de num primeiro momento as autoridades russas terem afirmado que o ataque com os mísseis balísticos provocara ao menos três mortos, o governador da cidade portuária, Mikhail Razvojaev, indicado pela Rússia, precisou que o ataque fez cinco mortos, incluindo três menores, e deixou uma centena de feridos.

Cinco outras crianças estão recebendo cuidados intensivos no hospital, disse Razvojaev num vídeo publicado na rede social Telegram.

¨      Scott Ritter: bombardeio ucraniano de Sevastopol é um ataque direto dos EUA e OTAN à Rússia

Ontem (23), as Forças Armadas da Ucrânia atacaram cidade russa de Sevastopol, situada na Crimeia, com mísseis ATACMS dos EUA munidos com ogivas de fragmentação, quatro dos quais foram abatidos, um se desviou da trajetória e acabou explodindo sobre a cidade.

Scott Ritter, ex-fuzileiro naval e inspetor de armas da ONU, comentou o ataque terrorista da Ucrânia contra Sevastopol.

"Os ucranianos tomaram a decisão de usar mísseis ATACMS equipados com munições de fragmentação contra uma cidade, uma cidade civil. Este é um ato de terrorismo", enfatizou Ritter.

"A Ucrânia, desde 2014, tem bombardeado locais civis russos, cidades, povoados, vilas com o único propósito de infligir morte e destruição a civis russos. Trata-se de um ato de terrorismo e, dado que os mísseis ATACMS não podem ser implantados pelos ucranianos sem amplo apoio da inteligência dos EUA, este é um ato de terrorismo dos Estados Unidos contra a Rússia", disse o analista.

Comentando os ataques terroristas no Daguestão, no sul da Rússia, Ritter disse que eles foram "deliberadamente planejados para desorganizar a vida civil na Rússia". Ele destacou que a CIA historicamente tem feito tentativas de "causar uma divisão entre os segmentos muçulmanos e não-muçulmanos da sociedade russa" e falhou.

"Esse esforço falhou e o esforço no Daguestão também falhará, mas isso não absolve as partes envolvidas da culpa de lançar o que é um ataque direto à Federação da Rússia", ressaltou Ritter.

¨      'Isto não devia ter acontecido': congressista americana condena ataque ucraniano na Crimeia

O ataque, que resultou em mortes e ferimentos em uma praia de Sevastopol, na Rússia, recebeu duras críticas de Marjorie Taylor Greene, membro da Câmara dos Representantes dos EUA.

A congressista norte-americana Marjorie Taylor Greene criticou duramente o ataque das Forças Armadas da Ucrânia a Sevastopol com mísseis americanos ATACMS.

Isto não devia ter acontecido. Imagine o que aconteceria se o Exército russo, usando seus satélites, lançasse munições de fragmentação em uma praia da Flórida. A única fronteira que nossos militares americanos deveriam defender é nossa própria fronteira, e a Constituição determina que o governo federal defenda os estados.

PROVOCAÇÃO? O fato de a Força Aérea dos EUA estar usando seus Global Hawk para direcionar o disparo de bombas de fragmentação fornecidas pelos EUA contra civis russos em Sevastopol é uma provocação? Estão conquistando corações e mentes? Com que intensidade Biden continuará atiçando o urso antes das eleições de novembro?

Greene usou uma foto do recurso de monitoramento Flightradar, que captura a trajetória de voo do drone dos EUA no mar Negro.

O ataque terrorista ucraniano ocorreu no domingo (23), às 12h15, horário local (06h15, horário de Brasília). De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, as Forças Armadas da Ucrânia tentaram atingir Sevastopol com cinco mísseis americanos ATACMS dotados de ogivas de fragmentação. Os militares russos abateram quatro deles, mas um se desviou por conta da defesa aérea e explodiu sobre a cidade.

Mikhail Razvozhaev, governador de Sevastopol, disse que uma praia onde pessoas com crianças estavam passando férias foi atacada pelas forças ucranianas.

Segundo os dados mais recentes, quatro pessoas morreram no ataque, incluindo duas crianças. Outras 151 pessoas ficaram feridas, 82 das quais foram hospitalizadas – 55 adultos e 27 crianças. Esta segunda-feira (24) foi declarada um dia de luto em Sevastopol e na República da Crimeia

 

Fonte: BBC News em Londres e Moscou/Deutsche Welle/Sputnik Brasil

 

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