Grupo de
Juscelino Filho, indiciado por corrupção, controla Codevasf do MA
O
grupo político do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil),
controla a superintendência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales
do São Francisco e do Parnaíba) no Maranhão.
O
ministro foi indiciado na quarta (12) pela Polícia Federal por suspeita de
corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O inquérito apurou
desvio de verba de contrato da Codevasf (leia mais abaixo). Em nota, ele
afirmou que "o indiciamento é uma ação política e previsível".
Em
março de 2023, a Codevasf passou a ser chefiada no Maranhão pelo ex-assessor
parlamentar Clovis Luiz Paz Oliveira.
Em
nota, Juscelino Filho nega que tenha indicado o ex-assessor para a
superintendência. "A autoria da indicação de Clovis Paz para o cargo já
foi largamente noticiada pela imprensa nacional e regional no ano passado, sem
qualquer menção ao ministro", afirmou.
Naquele
momento, a imprensa maranhense vinculou a indicação ao senador Weverton Rocha
(PDT-MA), aliado político e amigo pessoal de Juscelino. O ministro é padrinho
de um dos filhos do senador.
Em
maio, os dois estiveram juntos para o lançamento da pré-candidatura à reeleição
da prefeita de Timon (MA), Dinair Veloso (PDT-MA).
"Mais
uma demonstração de força e união do nosso grupo, bem como da aprovação de tudo
que temos construído por meio dessa parceria" Juscelino Filho
No
aniversário de Weverton do ano passado, Juscelino afirmou: "Dia de
celebrar a vida do meu irmão". "Estamos juntos! Sempre",
completou.
Ambos
são muito próximos do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), responsável
pela indicação do ministro para a pasta das Comunicações.
Ao
UOL, Juscelino Filho também disse que a informação relativa à presença de seu
grupo político na Codevasf não passa "de fantasia da reportagem e não
cumpre o dever do jornalismo com o rigor com a apuração dos fatos e a
imparcialidade". "Qualquer informação que tente relacioná-lo ao caso
é falsa e não passa de desvirtuamento dos fatos", declarou.
Weverton
Rocha declarou que conhece Clovis Paz "há muito tempo". "Sei da
capacidade dele e por isso o indiquei", disse ao UOL.
Segundo
o senador, o ex-assessor é engenheiro e foi responsável pela análise técnica de
obras da Caixa Econômica. Também atuou como assessor técnico da Secretaria de
Obras de São Luís e secretário adjunto do estado na pasta de Desenvolvimento
Social.
"Como
profissional, tenho certeza que ele faz a gestão da Codevasf no Maranhão se
guiando pelos critérios mais técnicos possíveis", declarou.
A
reportagem procurou a Codevasf, mas não houve retorno até o fechamento do
texto. O espaço segue aberto para manifestação.
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Verba da Codevasf para 'estrada particular'
Recursos
oriundos de emendas parlamentares indicadas por Juscelino Filho, no período em
que era deputado federal, foram transferidos pela Codevasf para a Prefeitura de
Vitorino Freire (MA), administrada pela irmã dele. O Executivo municipal, por
sua vez, pagou uma empresa, também investigada, para tocar obras de
pavimentação na cidade.
No
período em que esteve na Câmara, Juscelino Filho direcionou ao menos R$ 16
milhões do orçamento secreto para Vitorino Freire. Desse total, R$ 5 milhões
foram reservados para a pavimentação de uma estrada que passa na frente das
fazendas da família no município -R$ 1,5 milhão já foram pagos.
Com
o fim do inquérito, a investigação deve ser enviada à PGR (Procuradoria-Geral
da República), que vai decidir se apresenta ou não uma denúncia. O relator do
caso é o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, ex-colega de
Juscelino no governo Lula (PT).
Vinculada
ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, a Codevasf foi
turbinada com recursos públicos a partir da criação do orçamento secreto no
governo Jair Bolsonaro (PL). Naquele momento, chegou a ser chamada de
"estatal do centrão".
Com
a chegada de Lula ao Palácio do Planalto, a companhia preservou o mesmo status:
o presidente da sede foi mantido e o órgão continuou recebendo recursos
bilionários. No ano passado, o orçamento alcançou R$ 3,4 bilhões.
As
superintendências da Codevasf são cobiçadas pela classe política, pois fazem a
gestão de recursos enviados por parlamentares e pelo governo para obras nos
estados. Também podem planejar licitações e monitorar contratos e convênios
milionários.
• Quem é o chefe da Codevasf do
Maranhão
Clovis
Paz foi doador da campanha de Weverton ao Senado, em 2018, e teve duas
passagens pela Casa nos anos seguintes. Entre fevereiro e abril de 2019, atuou
no gabinete do próprio senador. Entre abril de 2022 e fevereiro de 2023, esteve
vinculado à Quarta-Secretaria do Senado, então comandada pelo parlamentar.
Engenheiro
de formação, Paz atuou na Prefeitura de São Luís entre 2015 e 2019. Também foi
subsecretário de Desenvolvimento Social no governo do estado entre 2019 e 2022.
Nas
eleições de 2018, Clovis Paz doou R$ 9.550 à campanha de Weverton Rocha ao
Senado. Na campanha de 2020, o ex-assessor fez doações no total de R$ 4.812 a
quatro candidatos a vereador e à direção municipal do então DEM (atual União
Brasil) em Igarapé Grande (MA).
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Unidades regionais podem fazer gestão de recursos
Superintendências
de órgãos vinculados à administração federal podem fazer a gestão de verba do
orçamento. Nesses casos, operações como reserva de recursos ou pagamento de
obras são descentralizadas dos ministérios para órgãos vinculados às pastas.
Em
agosto de 2020, por exemplo, coube à superintendência da Codevasf no Maranhão
reservar a verba para bancar a obra da estrada que passa na frente das fazendas
do ministro Juscelino Filho. Na ocasião, Clovis Paz não trabalhava na unidade
maranhense.
Durante
a investigação da PF, um gerente da Codevasf do Maranhão foi demitido. Ele deu
aval para a contratação de uma empresa para tocar as obras de pavimentação em
Vitorino Freire.
• Manuntenção de Juscelino Filho
causará dano político ao governo. Por Pedro do Coutto
O
presidente Lula da Silva terá que decidir sobre a permanência ou não no cargo
do ministro Juscelino Filho. Embora pareça incrível, a Polícia Federal indiciou
Juscelino Filho por crimes como corrupção passiva, fraude em licitações e
organização criminosa. O relatório da PF foi enviado nesta terça-feira ao
Supremo Tribunal Federal, e o relator é o ministro Flávio Dino. O caso está sob
sigilo.
Em
nota, o ministro disse que o indiciamento “é uma ação política e previsível,
que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu
a defesa sobre o escopo do inquérito”. O ministro é suspeito de participar de
um esquema de desvio de emendas parlamentares – quando era deputado federal –
para a cidade de Vitorino Freire, no interior do Maranhão, onde a irmã dele,
Luanna Rezende, é prefeita, e onde o pai já foi prefeito duas vezes. Segundo
revelou o jornal O Globo, o dinheiro teria sido enviado por meio da Companhia
de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para a
pavimentação de ruas.
A
empresa pública se tornou a menina dos olhos de parlamentares para a indicação
de verbas do orçamento secreto. Ainda segundo o jornal, um relatório da
Controladoria-Geral da União apontou que 80% da estrada que foi custeada com a
emenda beneficiou propriedades de Juscelino e de seus familiares na região.
A
obra em Vitorino Freire foi executada pela empresa Construservice, que tinha
como sócio oculto o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como
“Eduardo DP” e como “imperador”. O relatório da PF, segundo o Globo, aponta que
Juscelino integraria uma “organização criminosa” com esse empresário. A Polícia
Federal analisou mensagens entre Juscelino e o empresário entre 2017 e 2020.
Não
é possível que um ministro seja indiciado pela PF e permaneça no posto. Não é a
primeira vez que há acusações contra Juscelino Filho. O titular das
Comunicações, cargo que ocupa apesar de não ter afinidade com a matéria, torna
o ministro um problema grave para o governo. Parece complexo que Lula consiga
mantê-lo, mas as consequências de uma decisão ou outra estão à vista. O caso do
ministro Juscelino Filho é emblemático.
• Carlos Bolsonaro: "pegamos
ele", diz agente da PF sobre Abin Paralela
Alvo
de uma operação desencadeada em janeiro Polícia Federal (PF), que cumpriu
mandados de busca e apreensão do inquérito sobre a chamada "Abin
paralela", Carlos Bolsonaro (PL-RJ) vive a expectativa de um possível
indiciamento nas próximas semanas, quando os investigadores devem concluir a
investigação.
“Pegamos
ele”, teria dito um dos investigadores à coluna Radar, de Robson Bonin, na
revista Veja.
Com
o inquérito em fase de revisão, antes do relatório ser remetido a Alexandre de
Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), os agentes afirmam
que "as coisas se conectam: Abin Paralela e milícias digitais”, segundo a
reportagem.
Filho
"02" de Bolsonaro e suposto comandante do chamada Gabinete do Ódio,
Carlos Bolsonaro é investigado nos dois inquéritos.
Nesta
quarta-feira (12), o vereador se desesperou diante da informação de que a PF
deve negociar acordos de delações premiadas com investigados no inquérito que
apura o uso de um software espião para monitorar adversários e autoridades.
Nas
redes, Carlos publicou uma captura de tela de uma matéria da CNN Brasil sobre o
assunto destacando a possibilidade de delações no inquérito, que se aproxima de
sua conclusão.
"Vamos
lá, Polícia Federal. A gente sabe como o setor de inteligência trabalha muito,
a se ver pela conclusão da tentativa de assassinato do meu pai. Serviu pra
alguma coisa as buscas e apreensões em todo meu universo ou foi só o computador
da Daniella Lima que acharam na minha casa? Qualquer um sabe que vem mais
maldade direcionada por aí. Vamo democracia inabalável", escreveu.
• Delações
Em
café da manhã com jornalistas na sede da Polícia Federal em Brasília, nesta
terça-feira (11), o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, informou que
o inquérito sobre a "Abin Paralela" está caminhando para sua
conclusão e que, neste momento, tenta negociar delações premiadas com
investigados.
“Em
julho, agosto, a gente conclui o inquérito. Tem diligências finais, tem a
possibilidade de colaborações de investigados e que está em fase de discussão
interna com os possíveis colaboradores, e análise de material”, revelou
Rodrigues.
Na
decisão em que deu aval ao cumprimento dos mandados de busca e apreensão contra
o clã Bolsonaro, Alexandre de Moraes apontou um um núcleo político da OrCrim
bolsonarista em que Carlos Bolsonaro e seus assessores figuram como os
principais membros.
• Presidente do Solidariedade está
foragido e tinha viagem marcada para São Paulo
Considerado
foragido pela Polícia Federal, o presidente do Solidariedade, Eurípedes Júnior,
avisou a correligionários que viajaria nesta quarta-feira (12/6) para São
Paulo.
Aliados
não sabem, contudo, se o dirigente partidário conseguiu ou não embarcar antes
da deflagração pela PF da operação que tenta prender Eurípedes desde o início
da manhã.
A
PF, inclusive, parecia saber da viagem, tanto que prendeu assessores do
presidente do Solidariedade quando eles tentavam embarcar no Aeroporto de
Brasília, na manhã de quarta.
“Euripedes
tinha uma viagem para São Paulo. Não sei se foi ou não foi. O fato é que não
consegui falar com ele até agora”, relatou à coluna o deputado Paulinho da
Força, vice-presidente nacional do Solidariedade.
Na
terça-feira (11/6), véspera da operação, Eurípedes faltou a uma reunião com
outros dirigentes do partido. Alegou que não poderia participar da conversa
porque estaria doente.
A
operação da PF contra Eurípedes e outros dirigentes investiga desvios de R$ 36
milhões dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022 do Pros, antes
de o partido se fundir com o Solidariedade.
Fonte:
UOL/Tribuna da Internet/Fórum/Metrópoles
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