Conselho
Deliberativo da Sudene aprova financiamento do FNE para retrofit nos centros
urbanos
A
33ª Reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Sudene, realizada nesta quinta
(13), aprovou a possibilidade de o Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste (FNE) ser acessado para atividades voltadas a retrofit (processo que
visa revitalizar construções antigas) com fins residenciais, inclusive coliving
(forma de habitação compartilhada). A ideia é revitalizar centros históricos e
urbanos da área de atuação da Autarquia, proporcionando melhorias a esses
espaços e incentivando a ocupação dos imóveis, por meio de projetos de
interesse público. A proposta levada e acatada pelo colegiado é fruto do
diálogo que a Sudene vem mantendo com lideranças políticas e empresariais da
região. Neste caso específico, está sendo atendida uma demanda do setor da
construção civil. Os repasses de recursos do FNE para o comércio dessas áreas
já está previsto e continua em vigor.
A
ideia, segundo o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, é garantir que as
pessoas voltem a habitar e se apropriem dos espaços urbanos e dos centros
históricos. O gestor destacou a importância desse apoio do FNE, pois “o déficit
que nós temos no país hoje é superior a seis milhões de habitações”. Ele
ressaltou, também, que “há um consenso geral entre urbanistas de que essas
áreas têm infraestrutura, serviço, saneamento, transporte público, comércio,
lazer, mas falta uma moradia atrativa que atraia as pessoas para esses
espaços”.
Também
sobre o FNE, o Conselho da Sudene pôs fim às restrições relacionadas à
recuperação de capitais investidos ou pagamento de dívidas efetivadas para
ampliar o rol de modalidades contratuais de projetos de infraestrutura sob
concessão, permissão ou autorização de bens e serviços públicos. Atualmente, a
permissão é apenas para a modalidade contratual de leilão.
O
colegiado deliberou, ainda, sobre duas alterações referentes ao Fundo
Constitucional, entre elas a que trata da programação de financiamento deste
ano no âmbito do FNE Verde – Programa de Financiamento à Sustentabilidade
Ambiental. O Conselho aprovou incluir como finalidade do programa o
financiamento para investimento em empreendimentos de geração centralizada
voltados à locação e arrendamento, abrangendo os empreendimentos relacionados a
sistemas de micro e minigeração distribuída de energia.
Danilo
Cabral abordou o investimento feito em energia nos últimos dez anos na área de
atuação da Sudene, equivalente a R$ 130 bilhões, com recursos da Autarquia,
Banco do Nordeste e BNDES, ressaltando que é preciso ampliar as oportunidades
geradas pela transição energética que a região vem protagonizado “para os
pequenos, a exemplo das cooperativas e associações”. Essa preocupação foi
compartilhada também pelos representantes do Banco do Nordeste.
Ainda
em relação ao FNE, foi aprovada a criação de Grupo de Trabalho para elaboração
de proposta que altera a programação do Fundo Constitucional para este ano, no
que diz respeito aos repasses de recursos para programas de financiamento de
microcrédito produtivo orientado urbano e rural (PNMPO) por meio de entidades
autorizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O grupo é formado pelo MIDR,
Sudene, Banco do Nordeste e representantes dos demais conselheiros interessados
em participar.
Na
reunião também foi aprovada a proposta de atualização do regulamento dos
incentivos fiscais administrados pela Sudene para atender, entre outras coisas,
a necessidade de adequação ou modernização de alguns aspectos operacionais das
normas que regem os incentivos.
Houve
pedido de vista conjunto, por parte da CNI, da CNA e da CNC, em relação à
proposta que destina 30% da cota anual do Fundo Constitucional de Financiamento
do Nordeste (FNE) que cabe ao setor de infraestrutura, com o objetivo de apoiar
projetos definidos como prioritários pelos estados e municípios da área de
abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, com repasse de
verbas viabilizados por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs) e concessões.
O tema deve voltar à pauta da próxima reunião do Condel.
No
início da reunião, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional,
Waldez Góes, agradeceu o apoio dos nordestinos ao estado do Rio Grande do Sul,
atingido recentemente por inundações. Ele falou da necessidade de reforçar o
debate sobre as mudanças climáticas e citou que o Plano Nacional de Proteção e
Defesa Civil (PNPDC) deverá ser lançado nos próximos meses, trazendo diretrizes
e estratégias para gerenciamento de riscos integrado e coordenado entre União,
estados e municípios. Sobre a pauta da reunião, ele destacou que
o Ministério atua em todo o país, com prioridade para o Nordeste, a
Amazônia e o Brasil Central. "Os fundos constitucionais, incluindo o FNE,
são fundamentais para fomentar atividades produtivas e, consequentemente, gerar
emprego e renda. As ações tomadas hoje promovem o desenvolvimento regional,
seja por meio de incentivos fiscais que aumentam a atratividade dos
investimentos nas regiões menos desenvolvidas, seja pela contribuição para a
geração de emprego e renda", frisou.
Estavam
presentes a 33ª Reunião do Conselho Deliberativo da Sudene os governadores João
Azevêdo (PB), Elmano de Freitas (CE) e Renato Casagrande (ES); os
vice-governadores Priscila Krause (PE), Ronaldo Lessa (AL), Themístocles Filho
(PI) e Zezinho Sobral (SE). Também participaram os conselheiros Júlio Pinheiro
(ABM), Joacy Alves (CNM), José Vieira (CNA), Adauto Marques (CNI), Alexandre
Fiorot (CNC), Marcones Marinho (CNTI), Ângela Maria de Sousa e Silva (Contag) e
José Nascimento Coelho (CNTC). Os governos da Bahia, do Rio Grande Norte, do
Maranhão e Minas Gerais foram representados por secretários estaduais.
• Tecnologia de ponta e novos produtos:
os avanços do projeto Impacta Bioeconomia
Quem
tem a oportunidade de viajar pelo interior do Nordeste e observar a paisagem
típica da caatinga talvez não possa imaginar que este bioma é capaz de
sustentar uma cadeia produtiva que envolve alta tecnologia e muita inovação. Os
processos envolvidos na produção de medicamentos a partir de insumos típicos
deste território foram conferidos de perto por uma equipe da Sudene durante
visita técnica realizada ontem (11) à Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf). A instituição de ensino superior é parceira da autarquia
no Impacta Bioeconomia
Os
coordenadores da Sudene Beatriz Lyra e José Farias foram recebidos pelo
professor do Colegiado de Farmácia da Univasf, Jackson Guedes. O objetivo do
encontro foi demonstrar a infraestrutura que será utilizada para pesquisar
produtos fitoterápicos, dermatológicos, cosméticos e de suplemento alimentar a
partir do maracujá do mato, do licuri e do umbu.
A
equipe esteve presente nos laboratórios do Núcleo de Estudos e Pesquisas de
Plantas Medicinais (Neplame) da universidade. Na unidade de Bioquímica, serão
realizados os procedimentos de extração e isolamento dos princípios ativos de
origem vegetal. Nas instalações do laboratório de Fisiologia, ocorrem
experimentos para avaliação da atividade farmacológica das plantas medicinais.
Também
foram visitados os laboratórios da Central de Análise de Fármacos, Medicamentos
e Alimentos (CAFMA), que possui equipamentos como infravermelho, ultravioleta,
cromatografia líquida de alta eficiência e ressonância magnética nuclear (RMN).
Este equipamento é o único dessa natureza instalado no interior do Nordeste.
“Ele nos ajuda a avaliar a composição química dos extratos para relacioná-la
com os princípios ativos que compõem os medicamentos que poderão se originar a
partir desta pesquisa”, explicou o professor Jackson Guedes.
Além
de fármacos, o Impacta Bioeconomia poderá identificar o potencial de
desenvolvimento de itens das indústrias de cosméticos e alimentícia a partir de
insumos típicos da caatinga. “A tendência de mercado é retirar da composição
dos produtos os sintéticos como sulfatos, conservantes, silicones e incorporar
óleos vegetais, que são naturais. Uma das matérias-primas que iremos estudar é
o do maracujá”, destacou Guedes. A casca deste fruto pode ser transformada em
farinha, que funciona como um suplemento alimentar. Outro insumo a ser
pesquisado é o licuri, também conhecido como coco catolé, que pode dar origem a
produtos dermatológicos e para higiene dental.
O
Impacta Bioeconomia conta com R$ 553 mil em investimentos da Sudene. Além da
Univasf, a iniciativa conta com a participação da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), através do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do
Complexo Econômico Industrial da Saúde (iCeis). Para o início do projeto, a
rede conta com a parceria das cooperativas Coopercuc (Cooperativa Agropecuária
Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá), localizada na Bahia, e a Cooates
(Cooperativa de Trabalho Agrícola, Assistência Técnica e Serviços), de
Pernambuco.
Fonte:
Ascom Sudene
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