sexta-feira, 14 de junho de 2024

Conflito na Ucrânia e militarização da China geram dúvidas sobre poder bélico do G7

Já se passou uma década desde que o G7 expulsou a Rússia do grupo. Agora, "as maiores economias do mundo", que representam 44% da economia global, aceitaram as suas limitações e testam sua resiliência, escreve a Bloomberg.

Nesta quinta-feira (13), começa a cúpula do G7 no sul da Itália. O evento, que acontecerá até sábado (15), tentará elaborar uma solução criativa e primorosamente política sobre como usar os juros dos ativos congelados russos para apoiar a Ucrânia.

No entanto, mesmo com importantes líderes marcando presença para demonstrar força e unidade, muitos deles estão "em apuros em seu próprio país", escreve a mídia.

"O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está atrás de Donald Trump em muitas pesquisas antes das eleições de novembro. O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, está a caminho da derrota em julho. O francês Emmanuel Macron está afastando rumores de que renunciaria em uma eleição legislativa antecipada que não precisava convocar no próximo mês", lista a agência norte-americana.

Diante de tantos desafios, e confrontado com dois conflitos internacionais, conseguirá o G7 reunir poder econômico, militar e de persuasão suficiente?

Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento durante painel do

Na visão da Bloomberg, nenhuma questão ilustra melhor o isolamento do G7 do que o conflito na Ucrânia. O grupo e a União Europeia forneceram a grande maioria da ajuda e apoio militar estrangeiro – enquanto quase todas as outras nações evitaram a briga ou até se alinharam com a Rússia.

O conflito na Ucrânia, combinado com a intensificação militar da China, levantou dúvidas sobre o domínio militar do grupo, incluindo se os EUA seriam capazes de ajudar a defender Kiev e, ao mesmo tempo, responder a qualquer ação em Taiwan, escreve a agência.

"Para o G7, defender a Ucrânia é uma questão de princípio e uma defesa da própria democracia. Para muitas outras nações, é apenas mais um sinal de um mundo multipolar e do alcance cada vez menor do Ocidente."

As fortes sanções inicialmente uniram o grupo em torno do corte do seu comércio bilateral com a Rússia, mas o desvio de mercadorias através de países terceiros ainda permite a Moscou manter sua posição e avançar na meta da sua operação.

Além disso, Pequim preencheu as lacunas de que a Rússia necessita, impulsionando o seu comércio bilateral.

"Em ambos os aspectos – China e desvio comercial através de países terceiros – há um grande problema. A Rússia não está economicamente isolada", disse Robin Brooks, investigador sênior do Brookings Institution, em Washington, à mídia.

De acordo com uma análise da Bloomberg feita a partir de dados do Banco Mundial, as economias do G7 "estão em um bom caminho para serem eclipsadas pelo resto do G20 em termos de produto interno bruto (PIB) até 2030". Um número considerável desse "resto do G20", compreende os países do Sul Global – um contrapeso ao Ocidente liderado por Pequim e Moscou, destaca a mídia.

As economias asiáticas têm desfrutado de um rápido crescimento, impulsionado por uma população em expansão, pela globalização e por uma classe média emergente.

"Para a China em particular, e para outros grandes mercados emergentes de rápido crescimento, como a Índia, esse poder econômico em expansão é uma pré-condição necessária para a sua crescente influência geopolítica", disse Ben Bland, diretor do programa Ásia-Pacífico do think tank Chatham House, ouvido pela mídia.

Talvez, unindo-se em torno de tais preocupações, os chefes financeiros do G7 marcaram, está semana, uma mudança de estratégia ao destacar a China no seu comunicado e prometendo considerar medidas para garantir condições de concorrência equitativas.

Mesmo que haja alguma unidade dentro do G7 sobre a utilização destas ferramentas econômicas contra a China, não passou despercebido a Pequim que a ênfase está em punir os concorrentes – e não em recompensar os amigos.

Todos estão perfeitamente conscientes de que as "chamadas cenouras, bem como os castigos", terão de ser empunhados para trazer o Sul Global para o lado do Ocidente.

¨       já não são o que eram há 20-30 anos, diz mídia

O país norte-americano não tem o mesmo poder de há poucas décadas, e isso está forçando Washington a mudar sua abordagem, de acordo com a mídia norte-americana.

Os EUA não são mais os mesmos de 20 e 30 anos atrás, seu papel será relativamente reduzido, escreve na quinta-feira (13) o jornal norte-americano The New York Times (NYT), citando um funcionário da inteligência japonesa.

Como indica o artigo, a posição dos EUA na Ásia agora parece ser menos unilateral.

"As autoridades americanas estão cientes das dúvidas do mundo. Quando informados de que alguns colegas na Ásia viam humildade na resposta americana, alguns funcionários de Washington estremeceram, como se limão tivesse sido espremido em seus olhos. Parecia muito com fraqueza", segundo o NYT.

Fumio Kishida, o primeiro-ministro do Japão, afirmou em um discurso recente ao Congresso dos EUA que o Japão está pronto para ajudar Washington a manter a ordem mundial em um momento em que os americanos estão duvidando do papel de liderança de seu país e se sentindo cansados por causa disso.

"Os EUA não são mais o que eram 20 ou 30 anos atrás. Isso é um fato", disse um funcionário da inteligência japonesa.

"Independentemente de quem for o próximo presidente, o papel dos EUA será relativamente reduzido", avaliou ele.

 

¨      Em campanha russofóbica, 8 países pedem à UE que proíba diplomatas russos de circularem livremente

Uma carta enviada, há dois dias, ao chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, pela República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Letônia, Lituânia, Países Baixos, Polônia e Romênia, os Estados pedem à União Europeia que proíba diplomatas russos de circularem livremente.

Ao mesmo tempo, as nações citadas solicitaram que o bloco europeu restrinja os países nos quais os diplomatas de Moscou podem ser credenciados.

"A livre circulação de titulares de passaportes diplomáticos e de serviço russos, credenciados em um Estado anfitrião, em todo o espaço Schengen, está facilitando atividades malignas", diz uma parte da carta, datada de 11 de junho, e vista pela Reuters.

Os ministros das Relações Exteriores dos países citados também afirmaram no documento que "essa medida vai estreitar significativamente o espaço operacional para os agentes russos".

"Acreditamos que a UE deve seguir rigorosamente o princípio da reciprocidade e restringir a circulação de membros das missões diplomáticas russas e dos seus familiares apenas ao território de um Estado de seu credenciamento", diz o documento.

Desde o começo da operação russa na Ucrânia, o Ocidente aplicou uma série de sanções contra Moscou e começou uma verdadeira campanha russofóbica contra o país.

O Kremlin sinalizou diversas vezes que sua ação em território ucraniano decorre da necessidade de "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho, que tem uma grande fronteira com a Rússia.

¨      Musk sugere que ONGs ucranianas que 'difamam os conservadores americanos' sejam sancionadas

O bilionário e CEO de empresas como Tesla e SpaceX reagiu à introdução de uma emenda, que vem em meio à criação de uma lista ucraniana de críticos de ajuda a Kiev.

O empresário Elon Musk saudou a iniciativa do Congresso dos EUA de privar de financiamento as ONGs ucranianas que compilam "listas negras" de cidadãos norte-americanos.

O Comitê Seleto da Câmara dos Representantes incluiu anteriormente em sua versão do orçamento para o Departamento de Estado e outras agências de política externa a proibição de alocar fundos para organizações que "difamam os conservadores americanos, incluindo legisladores, por discordarem da política de [presidente dos EUA, Joe] Biden para a Ucrânia", disse o autor da emenda, o congressista Andrew Clyde.

É um bom primeiro passo. Eles deveriam ser incluídos na lista de organizações terroristas sancionadas.

Na semana anterior, ativistas ucranianos publicaram uma lista de críticos americanos da ajuda à Ucrânia. Ela incluía 76 entidades e 391 indivíduos, incluindo o ex-presidente Donald Trump, o jornalista Tucker Carlson, Musk, e membros do Congresso dos EUA: Marjorie Taylor Greene, Paul Gosar, Rand Paul, Anna Luna e Andy Biggs.

¨      Zakharova insta Armênia a expressar abertamente sua posição quanto à adesão à CSTO

A Armênia vem reduzindo gradualmente a sua participação na organização. "Se há algo a declarar, que digam direta e abertamente", afirmou Zakharova sobre a postura do governo armênio.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou nesta quinta-feira (13) que o governo da Armênia deveria expressar abertamente sua posição em relação à adesão à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), que tem entre os objetivos garantir o equilíbrio na região euro-atlântica e servir de contraponto à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

"Se há algo a declarar, que digam direta e abertamente. Já foi dito um milhão de vezes que a CSTO é uma estrutura à qual todos vêm voluntariamente. É um diálogo mutuamente respeitoso", enfatizou Zakharova em comunicado.

Segundo Zakharova, "ninguém mantém ninguém à força" na CSTO. Ela também se perguntou por que os políticos na Armênia têm especulado sobre esse tema há tantos anos.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores sublinhou que se envolver em um "jogo de palavras" é um direito do governo armênio, mas afirmou que, em sua opinião, isso é algo "indigno" e "barato".

A Armênia tem criticado constantemente a CSTO, reduzindo gradualmente a sua participação na organização.

No final de maio, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, disse que "pelo menos dois países da CSTO" ajudaram o Azerbaijão a se preparar para a guerra com a Armênia em Nagorno-Karabakh. Ele não citou nomes, mas afirmou que as ações militares em Nagorno-Karabakh, em 2020, visavam minar a soberania da Armênia e que tais tentativas continuaram depois disso. O político acrescentou ainda que estes dois países alegadamente criaram uma imitação de assistência à Armênia durante o conflito.

Em novembro, Nikol Pashinyan recusou-se a participar da cúpula da CSTO em Minsk. E em meados de fevereiro, ele anunciou a suspensão da adesão do país à organização. Na ocasião, Pashinyan alegou que o Tratado de Segurança Coletiva em relação à Armênia não foi implementado, "especialmente em 2021-2022".

Em março, Pashinyan disse que a Armênia poderia deixar a CSTO se a organização não respondesse às questões levantadas por seu governo sobre o território soberano do país.

Ademais, no início de maio, a Armênia se absteve de aderir à decisão sobre o orçamento da CSTO para 2024 e de participar no financiamento das atividades da organização previstas na decisão.

 

Fonte: Sputnik Brasil


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