Acordo
entre Índia e Rússia para compra de petróleo por rublos é mais um sinal da
desdolarização
Nesta
semana, foi relatado que a maior corporação privada da Índia, Reliance
Industries, e a empresa de energia russa Rosneft assinaram um acordo de um ano
para o fornecimento de até três milhões de barris de petróleo por mês que serão
pagos em rublos russos, colocando mais um prego no caixão da hegemonia do dólar
dos EUA.
As
transações serão tratadas pelo banco da Índia HDFC e pelo Gazprombank da
Rússia, fora do sistema de pagamento interbancário ocidental SWIFT e imune às
sanções unilaterais ilegais impostas à Rússia pelo Ocidente.
Após
o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, os países
ocidentais reduziram muito suas compras de petróleo e gás russos em uma
tentativa que visava destruir a economia russa e que, entretanto, fracassou.
"Desde
que a guerra econômica existencial ocidental de sanções [contra a Rússia]
começou em 2022, as importações da Índia de petróleo russo dispararam. Na
verdade, as importações de petróleo russo pelo país subiram dez vezes apenas em
2023", explicou o especialista em segurança e relações internacionais Mark
Sleboda em entrevista à Sputnik.
"Então
eles estão comprando petróleo russo. Estão [conseguindo] um bom preço por ele,
tornando seus produtos mais competitivos e a Europa não está obtendo esse
petróleo barato e confiável."
A
decisão de fazer transações em rublos em vez de rúpias indianas ou dólares
americanos representa outro passo na desdolarização que tem se espalhado por
todo o mundo.
Se
os EUA continuarem nesse caminho, mais países seguirão o exemplo, prevê
Sleboda. Quanto mais o Ocidente usa sanções e sistemas de pagamento como uma
arma na política externa, "mais da economia mundial [afastar-se-á] para
fora do seu alcance."
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Rússia trabalha para
excluir sanções às exportações agroalimentares para a Ásia e África
As
restrições ocidentais impedem que os produtos agrícolas russos cheguem aos
outros continentes, "provocando o crescimento de riscos e ameaças
relevantes", segundo o Ministério das Relações Exteriores russo.
As
sanções seguem bloqueando o fornecimento de produtos agrícolas da Rússia, o que
afeta negativamente os consumidores da Ásia, África e América Latina, contou na
sexta-feira (31) o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Segundo
o Ministério das Relações Exteriores, as consultas foram realizadas na
sexta-feira (31) com a participação de Sergei Vershinin, vice-ministro das
Relações Exteriores da Rússia, agências e empresas russas, mas também com uma
delegação da ONU chefiada por Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.
As
partes discutiram a situação da segurança alimentar global "com foco nas
questões de normalização do acesso sem obstáculos dos produtos agrícolas russos
aos mercados mundiais". Ambos os lados reafirmaram seu compromisso de
garantir a implementação do memorando agroalimentar Rússia-ONU.
"Foi
notado do lado russo que as sanções unilaterais ilegais continuam bloqueando o
suprimento de produtos domésticos, o que tem um impacto negativo sobre os
consumidores dos países da África, Ásia e América Latina, provocando o
crescimento de riscos e ameaças relevantes", afirmou o ministério após
consultas especializadas com os representantes das Nações Unidas.
Além
disso, foram discutidas em detalhe questões de organização de suprimentos
humanitários de grãos e fertilizantes russos para os países necessitados com o
envolvimento da ONU.
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G7 e UE estão
preparando sanções contra bancos que usam o SWIFT russo, diz mídia
Os
países do G7 e da União Europeia estão discutindo a introdução de sanções
contra bancos e instituições financeiras de países que utilizam o Sistema de
Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em russo), alternativa
ao SWIFT, criado pela Rússia.
"Há
medidas que serão discutidas contra instituições financeiras em países que usam
o sistema similar ao SWIFT para transmitir mensagens financeiras e contornar
restrições ao Banco Central da Federação da Rússia", informou a Bloomberg,
citando fontes.
As
medidas restritivas estão sendo discutidas logo antes da reunião do G7 na
Itália, que ocorrerá em junho. No entanto, os países ainda não chegaram a um
consenso sobre as ações a tomar.
As
medidas estão sendo discutidas em conjunto com a União Europeia, disse a
publicação.
No
início de maio, a Bloomberg informou que a União Europeia, como parte de um
novo pacote de sanções contra a Rússia, poderá proibir o uso do SPFS do Banco
Central da Federação da Rússia.
Há
alguns anos, o SWIFT era o principal sistema de processamento de pagamentos.
Quase todas as transações bancárias no mundo passavam por ele. Contudo, em
2014, quando os países ocidentais ameaçaram pela primeira vez isolar a Rússia
do sistema, os principais países do mundo começaram a criar alternativas.
Na
Rússia, surgiu o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS). Na
China, o Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla
em inglês). A Índia também possui seu próprio sistema de transferências.
Conforme
afirmado anteriormente pela chefe do Banco Central da Federação da Rússia,
Elvira Nabiullina, 160 participantes estrangeiros de 20 países já se conectaram
ao sistema russo.
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Sanções anti-Rússia
fortaleceram os laços com a China e minaram o Ocidente, diz analista francês
As
sanções ocidentais contra a Rússia reforçaram os laços entre Moscou e Pequim,
ao mesmo tempo que privaram a União Europeia (UE) de vantagens estratégicas e
diminuíram sua autoridade sobre o mundo, afirma o cientista político francês
Alexandre del Valle.
"O
principal resultado da guerra econômica do Ocidente contra a Rússia foi o
fortalecimento da parceria com a China e, em seguida, o alargamento do fosso
entre o Ocidente e o resto do mundo", escreveu del Valle para a publicação
Valeurs Actuelles.
"A
nova convergência de interesses econômicos e políticos entre países não
ocidentais, centrados na Rússia e na China, representará um sério desafio ao
futuro domínio do Ocidente no sistema global."
Em
seu texto, o cientista político detalha que os mercados emergentes já
compensaram a maior parte das perdas comerciais entre a Rússia e o Ocidente,
indicando uma reorientação significativa dos mercados globais.
Segundo
o especialista, a "guerra econômica total" do Ocidente contra a
Rússia "privou a União Europeia das suas vantagens geoeconômicas e
estratégicas, bem como da sua autoridade perante todo o mundo não
ocidental".
"O
abandono do gás russo barato e mais ecológico em favor do gás do Catar e do
Azerbaijão e do gás de xisto dos Estados Unidos minou a indústria
europeia", disse, observando que a UE agora paga cinco vezes mais pelo gás
do que os Estados Unidos.
"Moscou
está aprofundando a cooperação com parceiros, como a China, que dão prioridade
aos interesses econômicos nas suas relações com Moscou. A Europa é a única no
mundo […] que sacrifica suas vantagens competitivas industriais."
Segundo
Del Valle, ao tentar prejudicar a Rússia, a própria Europa caiu numa armadilha.
A Rússia tomou a iniciativa no campo de batalha e está preparando uma ofensiva
em grande escala em muitas frentes, enquanto Kiev enfrenta uma grave escassez
de recursos e de pessoas.
Del
Valle lembra ainda que o apoio da população ao presidente russo, Vladimir
Putin, só se tornou mais forte e que o crescimento econômico da Federação da
Rússia supera os indicadores europeus.
O
especialista alerta que o afastamento de uma estratégia de maior integração
global poderá eventualmente levar ao abandono do dólar como moeda de reserva.
"A
Rússia e os seus parceiros, incluindo os países produtores de petróleo do golfo
Pérsico, a Índia e os países da Ásia Central e do Cáucaso, sem esquecer a
Turquia, estão cada vez mais realizando pagamentos sem dólares, enfraquecendo
assim o monopólio americano."
Mesmo
que ainda esteja longe, em última análise isso poderá levar à destruição
gradual do atual sistema regulatório global, à "desdolarização",
aponta Del Valle.
O
analista também destacou a imoralidade das sanções, que são "percebidas
por muitos países não ocidentais como uma contradição óbvia das regras de
direito e da moralidade consideradas sagradas para a Europa".
"Os
países em desenvolvimento (China, Índia, Brasil e outros) ou a Ásia Central
consideram essas sanções, que continuam aumentando (o 14º pacote está em
desenvolvimento) e que não tiveram impacto na guerra, como minando os direitos
de propriedade."
"Por
isso eles deviam ser cautelosos com a possibilidade de que um número de países
se recuse cada vez mais a aprofundar a cooperação com a Europa no futuro",
acredita o cientista político.
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Aumento de presença
dos EUA no Pacífico força outras nações a 'escolher um lado', diz general
chinês
Os
EUA estão aumentando a sua presença militar na região do Pacífico, em uma
tentativa de vincular os vizinhos de Pequim à máquina de guerra
norte-americana, disse um importante general chinês.
O
ministro da Defesa chinês, Dong Jun, já havia conversado com o secretário de
Defesa dos EUA, Lloyd Austin, nas margens do Diálogo de Shangri-La, em
Singapura, sobre as pressões militares na Ásia-Pacífico. Agora, foi a vez do
tenente-general Jing Jianfeng, vice-chefe do Departamento de Estado-Maior
Conjunto da Comissão Militar Central da China, dar o alerta.
"O
verdadeiro motivo é convergir vários pequenos círculos em um grande círculo que
é uma versão Ásia-Pacífico da Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN],
para manter a hegemonia norte-americana", disse Jianfeng em comunicado na
cúpula de segurança em Singapura.
"Os
EUA estão reforçando a sua presença militar para forçar outros países a
escolherem um lado e avançando na expansão da OTAN para leste", disse
Jing, acrescentando que tais manobras criam o caos e "ligam os países
regionais à máquina de guerra norte-americana".
Ele
também chamou os EUA "do maior desafio à paz e estabilidade
regionais".
Jing
disse que a estratégia de Washington no Indo-Pacífico visa "trazer a
divisão, provocar o confronto e minar a estabilidade".
O
discurso de Jing veio em resposta à declaração do secretário de Defesa dos EUA,
Lloyd Austin, de que a guerra com a China não era iminente nem inevitável. Jing
acusou os EUA de procurarem uma aliança semelhante à OTAN na Ásia.
Os
EUA procuraram recentemente aprofundar a cooperação com todos os possíveis
aliados na região Ásia-Pacífico para apoiar os seus próprios interesses e
conter a China. Junto com a Austrália e o Reino Unido, os Estados Unidos
formaram a aliança político-militar AUKUS — sob a qual estão expandindo sua
frota de submarinos com propulsão nuclear.
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EUA voltam a ameaçar
China com sanções contra empresas e bancos chineses por apoio à Rússia
Os Estados
Unidos e outras nações poderiam tomar medidas contra empresas e instituições
financeiras chinesas devido ao apoio de Pequim à Rússia, disse uma importante
autoridade norte-americana nesta sexta-feira (31).
Em
dezembro, a administração Biden intensificou as advertências sobre o apoio de
Pequim a Moscou e emitiu uma ordem executiva que ameaçava medidas punitivas
contra instituições financeiras que ajudassem a Rússia a contornar as sanções
ocidentais.
"Acho
que estamos principalmente focados nas empresas chinesas que têm estado
envolvidas de forma sistemática no apoio à Rússia. Também analisamos
atentamente as instituições financeiras", disse o vice-secretário de
Estado dos EUA, Kurt Campbell, quando questionado se a liderança chinesa e os
bancos poderiam ser visados, segundo a Reuters.
No
início desta semana, Campbell disse que havia "uma necessidade
urgente" de os países europeus e da OTAN enviarem uma mensagem coletiva de
preocupação à China.
"Haverá
medidas que serão tomadas, não apenas pelos Estados Unidos, mas por outros
países, sinalizando o nosso profundo descontentamento com o que a China está
tentando fazer em sua relação com a Rússia no campo de batalha na
Ucrânia", acrescentou o vice-secretário de Estado norte-americano.
Anteriormente,
Pequim classificou as sanções já impostas pelos EUA e pela União Europeia como
"ilegais", conforme noticiado.
Fonte:
Sputnik Brasil
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