‘ACM Neto
tem a responsabilidade de cobrar governo eficaz na Bahia’, diz Paulo Azi
Em
uma entrevista concedida à Tribuna, o deputado federal Paulo Azi (União Brasil)
fez uma avaliação crítica dos primeiros meses do mandato do governador da
Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e defendeu o papel que o vice-presidente do
União Brasil, ACM Neto, tem tido ao fazer críticas contra a gestão. Segundo
Azi, o petista ainda não assumiu plenamente suas responsabilidades
administrativas, focando mais em se tornar conhecido do que em governar
efetivamente. O parlamentar destacou que a Bahia continua a enfrentar graves
problemas de segurança pública, educação e saúde, com indicadores sociais
alarmantes, e criticou a falta de novas iniciativas e programas. Além disso,
Azi comentou sobre a recente derrota do governo Lula no Congresso e a
necessidade de uma melhor articulação política.
LEIA
A ENTREVISTA:
• Deputado,
como é que o senhor avalia esse um ano e meio de gestão de Jerônimo Rodrigues?
Quais pontos o senhor acredita que o governador precisa melhorar ao longo do
mandato?
Paulo
Azi - Eu acho que o governador precisa sentar e realmente governar o Estado.
Esse um ano e meio de gestão, o que parece é que ele faz um esforço enorme para
se tornar conhecido da população baiana. Ele foi eleito sem absolutamente
nenhum conhecimento da população, que votou no 13, que votou em um partido, e
ele parece que está se dedicando exclusivamente a esse esforço de se tornar
conhecido - e, assim, parece que continua em campanha política. Não senta na
cadeira para planejar o Estado, elaborar novos projetos, novos programas e
daqui a pouco a gente já está aí com quase metade do tempo do mandato dele e a
gente não viu absolutamente nada de novo acontecer no estado.
• Tem
algum ponto que o senhor acredita que é mais urgente assim o governo melhorar?
Paulo
Azi - A Bahia vem há muitos anos sofrendo com a qualidade dos serviços públicos
que são ofertados à população. Isso quem diz não é o deputado Paulo Azi, quem
diz são os indicadores sociais do estado que colocam a Bahia como o estado mais
violento do país, com um número recorde de mortes violentas. Então essa questão
da segurança está posta, você vê aí quase que diariamente relatos de situações
em que a criminalidade das ordens está a frente do aparato policial e a gente
não vê absolutamente nada nenhuma ação efetiva do governador pra enfrentar
isso, pelo contrário, fica transferindo a responsabilidade, chegou ao ponto de
um dia desse dizer que a Europa também sofre, aquilo que a Bahia da parte
deles. Se você vai pra educação, a mesma coisa, a Bahia está ostentando aí, e
repito, os dados oficiais, os piores indicadores na área de educação, ocupando
aí praticamente a lanterninha entre os diversos estados brasileiros quando se
fala em qualidade do ensino. Na saúde, o eterno problema da regulação, as pessoas
aí desesperadas na busca de um internamento sem conseguir. Então, são problemas
que estão aí postos, que, repito, não é de hoje e que ele não senta, né, pra
tentar efetivamente buscar programas que venham responder e pelo menos diminuir
esses péssimos índices que, infelizmente, a Bahia continua a ostentar.
• Deputado,
ontem o governo Lula sofreu uma série de derrotas no Congresso. O exemplo é a
proibição da saída de presos. O senhor inclusive chegou a se manifestar nas
redes sociais sobre esse assunto. A quem o senhor atribui essas derrotas do
governo? Acredita que tenha faltado uma articulação melhor?
Paulo
Azi - Na realidade, o governo não tem maioria no Congresso Nacional. A bancada
de apoio do governo, a bancada da esquerda, ela é hoje minoritária. O governo
tem tido algum sucesso em algumas votações, especialmente na pauta econômica,
porque os partidos do centro muitas das vezes apoiam essas pautas. Mas em
termos relacionados principalmente a costumes, E essa questão aí da saidinha
tem muito a ver com essa questão da segurança pública. O governo, efetivamente,
não consegue construir maioria. Ele tem a sorte, tem tido a benevolência do
Congresso de dar a ele as condições para governar. Repito, aquilo que é mais
importante para o país, as questões ligadas à economia, controle de orçamento,
isso o Congresso tem feito. Insistir em pautas que efetivamente não encontram
ressonância na sociedade e que se reflete isso no Congresso Nacional,
efetivamente ele não vai conseguir ter sucesso nesse tipo de ação e o que
aconteceu ontem foi mais uma prova de.
• Deputado,
qual será a postura do senhor em relação à sucessão na Câmara dos Deputados?
Paulo
Azi - Nós temos um candidato, um pré-candidato, né, o deputado Elmar
Nascimento, companheiro do nosso partido, baiano, que tem feito um belo
trabalho à frente da liderança do partido. Hoje ele é um nome nacional, o seu
nome está colocado. É claro que é uma eleição dificílima para qualquer um que
queira postular essa posição, mas hoje nós estamos muito confiantes pelo poder
de articulação que o deputado Elmar tem, pelas relações que ele construiu ao
longo desse tempo, ao longo desses três mandatos. Que ele tenha todas as
condições de se consolidar como candidato e vencer as eleições no 2 de
fevereiro do próximo ano.
• Como
é que o senhor avalia a postura que o prefeito ACM Neto adotou após a eleição?
Ultimamente ele tem intensificado as críticas contra o governador Jerônimo
Rodrigues.
Paulo
Azi - Olha, é natural que um candidato que não vence as eleições, no primeiro
momento ele se resguarde, ele fica em silêncio e dê àquele que venceu as
eleições o tempo necessário para que esse candidato vencedor possa efetivamente
colocar em prática as suas propostas, aquilo que ele prometeu ao eleitorado. E
é por isso que acredito que o ACM Neto tenha ficado nesse primeiro ano aí que
veio depois da eleição, um pouco resguardado, retraído, né, até pra dar aí ao
governador as condições pra que ele possa efetivamente fazer as suas políticas.
Agora, nós já estamos aí há quase dois anos de governo Jerônimo e é claro, a
ACM Neto como o principal líder da oposição. Ele que teve quase metade dos
votos dos baianos, 47% dos votos baianos. Ele tem a responsabilidade de
efetivamente chamar a atenção da sociedade e principalmente do próprio
governador pra que ele realmente comece a governar o estado. E é isso que ele
tem feito, fazendo críticas contundentes, mas todas elas com alicerce na
realidade daquilo que efetivamente está acontecendo no estado e com a
responsabilidade que ele tem de ser, como disse, o principal líder das
oposições na Bahia.
• Sobre
o 2026, o senhor acredita que a ACM Neto precisaria de um nome como Tarcísio de
Freitas ou até Ronaldo Caiado para se fortalecer na disputa pelo governo?
Paulo
Azi - Olha, a gente observa que as eleições para governador, para deputado,
para senador, elas estão muito fortemente relacionadas ao cenário nacional. As
eleições para presidente da república, diferentemente do que acontece nas
eleições municipais. Mas nas eleições majoritárias para governo e proporcionais
para deputado, o peso das candidaturas presidenciais é muito forte. Se você for
avaliar o resultado das últimas eleições, vai verificar isso com muita
transparência. Nos estados em que Lula foi vencedor, os governadores que
estavam no campo de apoio a Lula, quase que na totalidade, também venceram. Da
mesma forma, nos estados em que Bolsonaro saiu vencedor, os candidatos a
governador no campo de Bolsonaro também venceram. Então existe realmente um
alinhamento muito expressivo nessas eleições. Então é claro que para 2026 vai
ser muito importante que ACM Neto, em sendo candidato, possa ter também é um
candidato a presidente da república que represente as suas ideias, o candidato
que ele realmente possa confiar e se alinhar pra que possa fazer uma campanha
na Bahia também reverberando aquilo que ocorrerá na eleição presidencial. E é
claro que hoje os dois nomes que realmente despontam como possíveis são o
governador Tarcísio de Freitas de São Paulo e o governador Ronaldo Caiado de
Goiás, não desconsiderando o peso político que é inegável que hoje tem o
ex-presidente Bolsonaro.
• E
o senhor tem alguma preferência entre os dois nomes?
Paulo
Azi - Olha, é claro que se eu fosse puxar para a minha sardinha eu ia preferir
que o candidato fosse o Ronaldo Caiado pelo nosso partido. Mas eu acho que
nesse momento, quando as conversas, as negociações começarem, nós precisamos
efetivamente escolher aquele que esteja reunindo as melhores condições para
fazer esse enfrentamento. Eu acho que tanto um como outro tem totais condições
de ser presidente da República. Tem outros aí também que podem surgir nesse
campo, mas o mais importante é que se possa efetivamente construir um projeto,
um programa de governo e que seja bem recebido pela população e que e que não
represente apenas os extremos de um país que se encontra.
• O
senhor acredita que o vice-governador Geraldo Júnior apresenta risco à
reeleição de Bruno Reis? O que seria diferente em relação a este ano e em
relação a 2022?
Paulo
Azi - Olha, não vejo risco, primeiro porque as eleições municipais, em relação
ao que ocorreu há dois anos atrás. Não há um alinhamento e essa questão de 'ah,
porque candidato A tem apoio de ABC, de governador, de presidente'... isso
nunca teve resultado prático aqui em diversos municípios do estado,
especialmente aqui em Salvador, né? Na eleição municipal, as pessoas ficam
muito atentas àquilo que os a história política de cada um e o grau de
confiança que os eleitores terão nas propostas que esses candidatos vão
apresentar à população. Então eu entendo que, por exemplo, em Salvador, o
prefeito Bruno Reis conclui esse primeiro período de gestão muito aprovado pela
população. Aliás, acima da expectativa de muitos. Ele tinha um enorme desafio,
que era suceder aquele que foi considerado o melhor prefeito do Brasil por oito
anos consecutivos, o ex-prefeito ACM Neto, e sucedeu com muita competência, com
muito equilíbrio. Hoje é um líder inconteste, com um posicionamento político
reconhecido hoje não só em Salvador, mas por todo o estado da Bahia e na minha
visão a população vai fazer a avaliação da sua gestão. E como a gestão está
sendo muito bem recebida pela população, eu não tenho dúvidas que ele haverá de
ter o direito de continuar governando Salvador por mais quatro anos. E, como
disse, a diferença para 22 é que não existe esse alinhamento automático das
eleições estaduais com as eleições presidenciais, porque as eleições ocorrerão
unicamente nos municípios dos diversos estados da federação.
• Muito
tem se falado nessa questão sobre Bruno Reis, sobre a questão da vice. O senhor
também acredita que a permanência da atual vice-prefeita Ana Paula Matos seria
o caminho mais viável?
Paulo
Azi - Ana Paula é uma grande revelação. Primeiro como gestora, depois como
política. Representa um dos principais partidos da base de apoio do prefeito
Bruno Reis, o PDT. Eu sinceramente não vejo motivos pra que haja uma alteração,
é claro que todos os partidos tem o direito legítimo de a posição de vice é
legítimo isso, mas eu acho que nesse momento a Ana por tudo aquilo que
colaborou com a gestão do de força, até mesmo política que hoje ela exerce, é
natural e acredito que seja tendência a sua permanência como vice-prefeita da
nossa capital.
• Deputado,
o senhor acredita que a pré-candidata Débora Regis larga na frente diante do
candidato de nome de Antônio Rosalvo em Lauro de Freitas?
Paulo
Azi - Não tenho dúvidas disso, aliás, todas as pesquisas que estão sendo
feitas, algumas publicizadas, outras pesquisas internas, já demonstram o enorme
desejo da população de Lauro de Freitas de mudar. Efetivamente, a atual
prefeita da cidade, que já foi prefeita por quatro mandatos, hoje ostenta uma
enorme taxa de rejeição, ela está nesse momento sendo reprovada pela população.
Nós construímos a alianças entre as principais lideranças em Lauro de Freitas,
que tiveram a inteligência de perceber que a unidade é essencial para fazer
esse enfrentamento. A vereadora Débora Regis tem um passado de luta,
combatente, se colocou e se posicionou como uma liderança efetiva. Foi a
vereadora mais votada da história de Lauro de Freitas. Então, se iniciou um
desejo claro da população para voos maiores. Tenho muita confiança de que ela
vencerá as eleições e será uma grande prefeita.
Fonte:
Tribuna da Bahia
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