sábado, 25 de maio de 2024

Tudo o que se sabe sobre a KP.2, nova variante da Covid

Há uma nova variante do coronavírus circulando. A KP.2, membro das chamadas variantes FliRT, apelidadas por causa de suas mutações, tornou-se a cepa dominante do coronavírus nos Estados Unidos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Essas variantes FliRT têm certas mutações em comum, mas ainda fazem parte da família Ômicron do coronavírus.

No período de 28 de abril a 11 de maio, quase 30% dos novos casos nos Estados Unidos foram causados pela KP.2, um aumento em relação a menos de 16% no período de duas semanas anteriores.

O que as pessoas devem saber sobre essa nova variante? Quais são os sintomas da infecção? As vacinas ainda funcionam contra a nova cepa? O teste caseiro ainda é confiável? Quanto tempo as pessoas devem isolar-se se contraírem a KP.2? Quem deve tomar tratamentos antivirais se contraírem esse tipo de Covid-19? E qual é a orientação para indivíduos imunocomprometidos — eles devem voltar a usar máscaras?

Para nos guiar nessas questões, conversamos com a especialista em bem-estar da CNN, Dra. Leana Wen. Wen é médica de emergência e professora clínica associada na Universidade George Washington. Ela serviu anteriormente como comissária de saúde de Baltimore.

•        O que as pessoas devem saber sobre essa nova variante, KP.2?

Dr. Leana Wen: Desde o início da Covid-19, temos discutido novas variantes. A cepa original do vírus foi substituída pela variante Alpha. Depois tivemos Beta, depois Delta e depois Ômicron.

KP.2 faz parte da família Ômicron. Parece estar substituindo JN.1 e subvariantes similares, que anteriormente eram as variantes dominantes nos Estados Unidos.

Sempre que há uma nova variante, há três perguntas principais a serem feitas: Ela é mais contagiosa? Causa uma doença mais grave? E as vacinas e tratamentos existentes funcionam contra ela?

Uma razão pela qual uma nova cepa substitui as anteriormente dominantes é que ela é tão contagiosa quanto ou mais. Isso significa que a KP.2 pode se espalhar muito facilmente, algo que temos visto ao longo da Covid-19: que o coronavírus é extremamente contagioso e, portanto, difícil de evitar.

A boa notícia é que a KP.2 não parece causar uma doença mais grave. De fato, as hospitalizações associadas à Covid-19 estão em níveis historicamente baixos. E não há razão para acreditar que as vacinas e tratamentos existentes deixariam de funcionar contra ela.

•        Quais são os sintomas de infecção com a KP.2?

Wen: A maioria das pessoas que contraem o coronavírus nunca saberá qual variante está causando seus sintomas. Os sintomas da infecção por Covid-19 incluem coriza, dor de garganta, dor de cabeça, febres, tosse e dores no corpo. Algumas pessoas podem apresentar sintomas mais graves, como falta de ar. A Covid-19 também pode agravar condições subjacentes, como insuficiência cardíaca.

Nenhum desses sintomas é específico da KP.2, que até agora não foi relatada como associada a sintomas únicos que a distingam de outras infecções por coronavírus. É importante lembrar que, em muitos indivíduos, os sintomas da Covid-19 podem ser difíceis de diferenciar de outras infecções virais, como a gripe ou o resfriado comum.

•        O teste caseiro ainda é confiável?

Wen: Testes rápidos de antígeno caseiros são um método fácil e conveniente para rastrear a Covid-19, embora não sejam tão confiáveis ou precisos quanto os testes laboratoriais de PCR (reação em cadeia da polimerase). Não há indicação de que os testes caseiros sejam menos eficazes em detectar essa nova variante em comparação com as variantes anteriores.

Recomendo que as pessoas façam um teste caseiro se tiverem sintomas e puderem ser elegíveis para tratamento antiviral. Se alguém estiver muito preocupado que possa ter Covid-19, pode fazer vários testes caseiros em dias diferentes e considerar fazer um teste de PCR também.

•        As vacinas existentes funcionam contra a KP.2? E a vacina que deve ser lançada no outono?

Wen: As vacinas existentes ainda devem ter atividade contra a KP.2. O CDC emitiu orientações recomendando uma segunda dose da vacina lançada no outono de 2023 para aqueles com 65 anos ou mais.*

Espera-se que os funcionários federais de saúde recomendem uma versão reformulada da vacina contra a Covid-19 no outono. As novas vacinas deverão ser diferentes das atuais, pois as vacinas mais recentes irão direcionar as variantes previstas para estarem em circulação no outono e inverno. Se os funcionários de saúde preverem que a KP.2 estará entre essas variantes, as vacinas de outono provavelmente serão ainda mais eficazes contra a KP.2.

•        Quanto tempo as pessoas devem se isolar se contraírem Covid-19?

Wen: No início deste ano, o CDC eliminou a exigência de isolamento de cinco dias. Agora, a agência recomenda que as pessoas diagnosticadas com Covid-19 fiquem em casa até estarem sem febre por pelo menos 24 horas e seus sintomas estiverem melhorando. Nos cinco dias seguintes, ainda devem tentar tomar precauções adicionais, como usar máscara e limitar o contato próximo com outras pessoas.

•        Quem deve tomar tratamentos antivirais se contrair Covid-19?

Wen: Pessoas com alto risco de desenvolver doença grave por Covid-19 devem considerar tratamentos antivirais. Essa categoria de alto risco inclui indivíduos mais velhos, pessoas imunocomprometidas e aquelas com condições médicas subjacentes graves.

Existem dois medicamentos orais disponíveis e também uma injeção de um terceiro antiviral. Recomendo que todos perguntem ao seu profissional de saúde se devem tomar um tratamento antiviral se contraírem o coronavírus, e, se sim, qual deles e como acessá-lo.

 

•        Entenda como o sistema imunológico atua além da defesa do corpo

 

Popularmente, o sistema imunológico é conhecido por sua atuação na defesa do organismo contra vírus e bactérias causadoras de doenças como gripe, resfriado, Covid-19, entre outras. No entanto, manter a imunidade fortalecida é importante para a saúde de todo o corpo, com benefícios que vão além do combate aos microrganismos causadores de infecções.

É o que reforça um estudo publicado no fim do ano passado na BMJ Nutrition, Prevention & Health, elaborado a pedido do negócio de Consumer Health, da Bayer. Nele, um grupo internacional de especialistas revisou as evidências científicas já existentes sobre o papel do sistema imunológico na manutenção da saúde, além de entender o papel da nutrição nas funções imunitárias.

De acordo com a pesquisa, o sistema imunológico funciona não apenas como defesa contra doenças sazonais, mas, também, como um agente ativo na manutenção da saúde geral do organismo, durante todo o ano.

“Por muito tempo, foi implantado na cabeça das pessoas que o sistema imunológico luta apenas contra a gripe ou alguma outra infecção. Porém, a partir desse estudo, conseguimos entender que grande parte do funcionamento da imunidade acontece quando estamos saudáveis, e nós precisamos da manutenção do sistema imunológico para ele continuar cumprindo com essas funções como um todo”, explica Augusto Vieira, Líder Médico da divisão de Consumer Health da Bayer Brasil, à CNN.

•        O papel do sistema imunológico no organismo como um todo

Além de nos proteger contra infecções, o sistema imunológico ajuda a manter a homeostase, que é a estabilidade das funções do organismo como um todo. Esse equilíbrio é fundamental para a saúde cerebral, cognitiva, metabólica, reprodutiva, muscular, óssea e, até mesmo, cardiovascular.

De acordo com os autores do estudo, “o sistema imunológico pode ser pensado como um sistema de gestão de informação, que recolhe, interpreta, comunica e armazena continuamente dados, e põe em ação eventos para manter ou restaurar a homeostase”. Consequentemente, ele desempenha um papel na redução do risco de doenças crônicas comuns ao envelhecimento, por exemplo.

“Existem condições que, às vezes, não consideramos que tenham a ver com o sistema imunológico. É o caso, por exemplo, do diabetes“, afirma Vieira. “Hoje sabemos que parte do desenvolvimento do diabetes tem relação com características genéticas, parte com o que a pessoa faz ao longo da vida e existe, também, uma relação com o sistema imune”, completa.

O especialista explica que uma das características do diabetes é a inflamação dos vasos sanguíneos, cenário que pode ser reduzido através do maior aporte de vitaminas e sais minerais. “Esses nutrientes ajudam a diminuir a inflamação, que também é regulada pelo sistema imunológico. Então, a imunidade não atua somente contra infecções, mas, também, contra essas doenças crônicas”, afirma.

Outra ação importante do sistema imunológico, quando está funcionando em equilíbrio, é a redução dos processos oxidativos, causados pela ação de radicais livres no organismo. Essas moléculas, quando estão em abundância no organismo, podem intoxicar células saudáveis. Isso, à longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas e ao declínio cognitivo associado ao Parkinson e ao Alzheimer.

“Em grande parte dos processos oxidativos, quando a cronicidade deles é relevante, o impacto não é visto somente na função do órgão, mas, também, na sua estrutura. Por isso, quando vemos um paciente com Alzheimer já latente e fazemos uma ressonância em seu cérebro, vemos um órgão anatomicamente diferente”, explica Vieira.

Quando o sistema imunológico não está funcionando como deveria, ele não consegue combater esses processos oxidativos que, com o passar dos anos e com o envelhecimento, pode prejudicar a função e a estrutura dos órgãos. “Por isso, temos que pensar no fortalecimento da imunidade para o longo ou longuíssimo prazo”, ressalta.

O especialista cita, ainda, a relação entre o sistema imunológico e a saúde óssea e articular. “Parte da produção de colágeno, proteína presente nos ossos, articulações e tendões, quem faz é o sistema imune”, diz Vieira.

•        Como fortalecer o sistema imunológico?

A pesquisa também ressalta que hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e adequada, ajudam a fortalecer o sistema imunológico e a manter o bom funcionamento do organismo como um todo.

“Uma dieta pobre está associada a deficiências imunológicas e, consequentemente, ao aumento do risco de contrair uma série de doenças – inclusive doenças crônicas não transmissíveis”, afirma Vieira.

Por isso, a dica é investir em alimentos ricos em vitaminas e minerais necessários para a regulação do sistema imunológico, como vitamina C, vitamina D, magnésio, molibdênio e ferro. “A própria vitamina C nos ajuda a absorver outros nutrientes, como o ferro, que, quando está em abundância no organismo, previne a anemia”, exemplifica o especialista.

Por isso, o médico ressalta que é essencial buscar o autocuidado nutricional. A orientação de um profissional de nutrição ou nutrologia é importante para indicar uma alimentação equilibrada e adequada às necessidades individuais, bem como o uso de suplementos alimentares para ajudar a preencher lacunas quando a dieta é insuficiente.

Além da alimentação, o estudo também aponta para outros fatores essenciais para o fortalecimento do sistema imunológico: a prática regular de exercícios físicos, controle do peso corporal, resiliência mental, além de uma boa qualidade e quantidade de sono.

De acordo com os autores do estudo, todos esses fatores, quando combinados, resultam em um sistema imunológico robusto e rápido na defesa do organismo contra o ataque de vírus, bactérias e fungos, além de fortalecer a atuação da imunidade nas outras áreas e funções do organismo.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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