sábado, 25 de maio de 2024

Por que a Rússia é vista com certa desconfiança por parte de alguns brasileiros?

Em 2021, uma pesquisa realizada por acadêmicos nacionais e divulgada pela Revista Brasileira de Relações Internacionais demonstrou resultados intrigantes acerca da opinião pública brasileira sobre os países do BRICS. Na ocasião, 30% dos entrevistados consideravam a Rússia um rival ou uma ameaça para o Brasil. Mas a questão que fica é: por quê?

Um dos fatores que pode explicar essa percepção de parte dos brasileiros é o modo como a Rússia é tratada pelas mídias ocidentais como um todo, o que acaba reverberando também no cenário informacional doméstico. Primeiro de tudo, a Rússia é usualmente definida por essa mídia como uma autocracia, em contraste com as chamadas democracias liberais do Ocidente, exemplificada por países como os Estados Unidos da América. Esse tipo de cobertura midiática sobre a Rússia, por sua vez, trata-se de algo bastante sensível, sobretudo para audiências como as da África do Sul, do Brasil e da Índia: três membros do BRICS, considerados democracias vibrantes do Sul Global.

Para ser mais preciso, a partir de 2019, de acordo com a pesquisa, pelo menos 24% dos brasileiros viam na Rússia um amigo, 30% um parceiro, 9% um rival e 19% uma ameaça. É desses quase 30% dos entrevistados que enxergavam na Rússia ou um rival ou uma ameaça que vamos nos ater, por momento. Essa porcentagem de 30% assemelha-se, por sua vez, à porcentagem de brasileiros que enxergam a Argentina também como um rival ou uma ameaça ao Brasil. Todavia, a Argentina é um país vizinho no nosso continente, e a Rússia não, o que volta a suscitar a pergunta do "por que alguns brasileiros veem em Moscou certa ameaça?". Ademais, dentre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Rússia foi o que menos inspirou confiança, segundo a pesquisa, quando o assunto se trata de manter a paz mundial.

Por outro lado, de 2010 e 2018, entre 30% e 40% dos entrevistados disseram confiar nos Estados Unidos, apesar dessa percepção estar diminuindo com o tempo. A França vem em segundo lugar, com aproximadamente 15% dos entrevistados confiando em seu papel pacificador global. China e Reino Unido ocupam a terceira e a quarta posição, respectivamente. A Rússia, por fim, recebeu cerca de 2% a 4,5% do total de votos dos brasileiros entre os anos de 2010 a 2018 quando o assunto foi "a manutenção da paz mundial", a menor porcentagem entre os membros permanentes do Conselho de Segurança.

Tal atitude demonstra realmente certo grau de desconfiança em relação à Rússia por parte da população brasileira, mais até do que em relação às atuais superpotências globais, Estados Unidos e China. Em verdade, porém, um dos fatores que também podem explicar essa percepção sobre a Rússia é o grau de penetração da propaganda estadunidense no Brasil, seja ela feita por intermédio de filmes, séries ou outras produções culturais de massa. Sabe-se que o Brasil é um dos maiores mercados consumidores do mainstream audiovisual americano, que por anos a fio estereotiparam os russos e a própria Rússia em si como sendo um país vilanesco, devido às rivalidades geopolíticas de longa data entre Washington e Moscou, herdadas sobretudo da Guerra Fria.

Seja como for, essa relativa rejeição de parte dos brasileiros em relação à Rússia não afeta sua avaliação geral a respeito do BRICS, que é visto positivamente por aqueles que detêm conhecimento do grupo, algo em torno de 4% da população total do Brasil, segundo a pesquisa. Apesar, no entanto, desse grande desconhecimento sobre o BRICS, do ponto de vista político o grupo carrega um grande significado para as relações entre Brasil e Rússia, dado que representa uma plataforma adicional de aproximação entre os dois países. Afinal, ambos sentem-se insatisfeitos com a dominância do Ocidente nas relações internacionais, cooperando politicamente para o estabelecimento de um mundo multipolar mais organizado e justo.

Voltando à questão de como a Rússia é percebida no cenário nacional, uma segunda pesquisa, realizada por professores brasileiros e russos e publicada no periódico Medialinguistica da Universidade Estatal de São Petersburgo em 2022, demonstrou que as principais revistas de política do Brasil seguem uma linha editorial claramente semelhante à "narrativa ocidental" sobre a Rússia. É importante notar que, durante a mencionada pesquisa, os acadêmicos chegaram à conclusão: as revistas e os jornais do Brasil não necessariamente operam sob o comando direto de governos estrangeiros, mas possuem, ainda assim, uma grande correlação editorial com o chamado mainstream informacional norte-americano.

Como tais veículos de comunicação, sejam jornais ou mesmo canais de televisão, representam a principal fonte de informação para muitos brasileiros, logo eles têm grande influência sobre como a imagem da Rússia é construída na mente do público mais geral do Brasil. Além disso, as classes média e alta brasileiras detêm uma visão de mundo bastante mais próxima do padrão ocidental europeu e estadunidense, desprezando, portanto, outras culturas menos divulgadas no país, como é o caso da cultura árabe, russa, chinesa, japonesa, entre tantas outras. Em vista disso, esperar mudanças drásticas na percepção da Rússia por parte dessa população brasileira mais "ocidentalizada" é algo bastante difícil, a não ser que meios alternativos de informação comecem a ganhar cada vez mais espaço.

São conhecidos os esforços da Rússia para poder alterar esse quadro, sobretudo pelo trabalho realizado, por exemplo, pela própria Sputnik e por outras agências de notícias russas. No entanto, será preciso muita paciência até que a realidade midiática no Brasil venha a se "desocidentalizar" significativamente. Até lá, fica a torcida para que mais e mais brasileiros possam conhecer de perto – e livre de estereótipos – a verdadeira contribuição da Rússia não só para a paz mundial, como também para a amizade entre os povos. A tarefa, portanto, é ignorar a distância geográfica e informacional que existe entre ambos e demonstrar que, no fundo, Brasil e Rússia são em essência bastante próximas.

¨      Putin assina decreto que descreve resposta russa a qualquer apreensão de bens congelados pelos EUA

O presidente da Rússia assinou um decreto nesta quinta-feira (23) que descreve as etapas para reivindicar uma compensação dos Estados Unidos pelos danos causados ​​a Moscou e ao seu Banco Central.

A Rússia identificará propriedades dos EUA, incluindo títulos, que poderiam ser usadas como compensação por perdas sofridas como resultado de qualquer apreensão de ativos russos congelados em território norte-americano, detalha o decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin.

O decreto, intitulado "Sobre o Procedimento Especial para Compensação por Danos Causados ​​à Rússia e ao Banco Central Russo em Conexão a Ações Hostis Efetuadas pelos Estados Unidos", foi listado no banco de dados jurídico oficial.

O documento permite que o Estado russo e o Banco Central procurem reparação em tribunal se as ações dos EUA resultarem em perda ilegal de propriedade. Os bens dos Estados Unidos ou de indivíduos ligados aos EUA na Rússia, incluindo cidadãos, residentes fiscais e seus associados, poderão ser usados ​​para gerar compensação para os demandantes.

Uma comissão para a supervisão do investimento estrangeiro na Rússia será encarregada de avaliar as reclamações por danos e identificar ativos que possam ser utilizados para pagá-los, em conformidade com o princípio da proporcionalidade. Esses ativos incluem bens móveis e imóveis dos EUA e de indivíduos associados, títulos e ações de entidades jurídicas russas, bem como direitos de propriedade.

O governo russo tem quatro meses para introduzir alterações às leis russas que permitam a implementação do decreto presidencial.

O G7, liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tem discutido formas de confiscar os bens russos desde o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Da esquerda para a direita: o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron; a ministra das Relações Exteriores do Japão, Yoko Kamikawa, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock; e a ministra das

No início deste mês, a secretária do Tesouro estadunidense, Janet Yellen, disse que planejava instar os parceiros do G7 a encontrarem coletivamente uma forma de desbloquear o valor dos ativos soberanos russos em benefício da Ucrânia. A questão deverá ser discutida na cúpula do G7 na Itália, de 13 a 15 de junho.

Estima-se que US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em ativos do Banco Central russo estão congelados em contas ocidentais. O Kremlin afirmou que qualquer tentativa de confiscar bens russos violaria o direito internacional.

¨      Crescimento da economia da Rússia tem efeitos positivos no mundo árabe, diz rei do Bahrein

Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Hamad bin Isa al-Khalifa, rei do Bahrein, tiveram um encontro nesta quinta-feira (23), onde discutiram a cooperação bilateral.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Hamad bin Isa al-Khalifa, rei do Bahrein, encontraram-se nesta quinta-feira (23), onde falaram de boas tendências no comércio.

"Quanto ao nível dos laços comerciais, ainda os temos, infelizmente, de natureza simbólica, mas as tendências são boas", reconheceu o líder russo.

Ao mesmo tempo, disse, a situação da interação de investimentos é mais positiva.

"Na verdade, estive nesta bela cidade de Moscou pela última vez há muito tempo", disse al-Khalifa, sobre sua última visita de 2016.

"Estamos vendo um crescimento sem precedentes na economia da Rússia, o que tem um impacto positivo em toda a nossa região", apontou ele, relativamente ao mundo árabe.

Muito tem sido feito na construção das relações entre a Rússia e o Bahrein, sublinhou Putin.

"No próximo ano, comemoramos 35 anos de relações diplomáticas entre nossos países. Ao longo desses anos, muito foi feito na construção de relações entre nossos Estados. Temos bons contatos em grande parte através dos ministérios das Relações Exteriores e, em muitas questões da agenda internacional, nossas posições são próximas", disse Putin durante as conversas com o rei do Bahrein.

Os países árabes apreciam muito o papel de Moscou na "resolução justa" dos problemas regionais, principalmente o da Faixa de Gaza, deixou claro o rei.

"Há total compreensão e concordância sobre a necessidade de uma conferência internacional pacífica. A Rússia será o primeiro país que chamarei para apoiar essa conferência, porque a Rússia desempenha um papel importante – pode facilitá-la – e é um dos países mais influentes em nível global", explicou.

¨      Putin destaca o papel da África na resolução de questões da agenda internacional

Os países africanos desempenham um papel cada vez mais importante na abordagem de questões prementes da agenda internacional, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin.

"Os países africanos alcançaram sucessos geralmente reconhecidos na esfera econômica e social e estão desempenhando um papel cada vez mais importante na resolução de questões atuais na agenda internacional", enfatizou Putin em uma mensagem de felicitações dirigida aos chefes de Estado e aos governos africanos no Dia da África.

O presidente russo felicitou os países africanos e sublinhou que a celebração do Dia da África simboliza a vitória dos povos do continente "sobre o colonialismo, a sua aspiração à liberdade, paz e prosperidade".

Além disso, Putin observou que, dentro da União Africana, bem como em várias estruturas sub-regionais, a interação construtiva está se expandindo, sendo criados mecanismos de resposta coletiva a conflitos locais e situações de crise, e os processos de integração estão em constante avanço.

*Moscou anuncia abertura de embaixadas russas em vários países da África

A Rússia se prepara para abrir embaixadas no Sudão do Sul, no Níger e em Serra Leoa, disse nesta quinta-feira (23) o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

"Estamos agora nos preparando para abrir missões diplomáticas de pleno direito em Serra Leoa, no Níger e na República do Sudão do Sul", disse o ministro durante uma recepção em celebração ao Dia da África.

Anteriormente, o chefe da diplomacia russa informou que, antes do final de 2024, está prevista a abertura das portas da Embaixada russa em Serra Leoa. Lavrov também destacou que existe atualmente um crescimento no comércio russo-africano.

"Observamos o crescimento do comércio russo-africano. No ano passado, aumentou 30% e ascendeu cerca de US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 129 bilhões)", destacou o chanceler.

¨      Kremlin promete ação ao novo bloqueio de turistas russos na Noruega: 'Seriamente discriminatório'

Moscou considera as últimas restrições à entrada de cidadãos russos na Noruega uma decisão extremamente discriminatória que não pode ficar sem resposta, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quinta-feira (23).

Oslo anunciou hoje (23) que restringirá ainda mais o acesso de turistas russos ao país, bloqueando quase todas as entradas a partir de 29 de maio, informou o Ministério da Justiça do país nórdico. Exceções serão aplicadas somente aos russos que vão para a Noruega visitar seus familiares ou para fins de trabalho ou estudo.

A Noruega, membro da OTAN que compartilha uma fronteira com a Rússia no Ártico com quase 200 quilômetros, impôs pela primeira vez restrições aos vistos de turista russos em 2022, pouco depois de Moscou ter iniciado sua operação especial na Ucrânia.

Peskov disse a jornalistas que tais medidas "não podem ficar sem resposta".

"É claro que a decisão é puramente discriminatória. Não aceitamos tais decisões. Lamentamos que a liderança norueguesa tenha escolhido esta forma de piorar as nossas relações bilaterais, que já têm sido de má qualidade recentemente, e não por nossa iniciativa", afirmou.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, disse que a Rússia não pretende barrar a entrada de cidadãos noruegueses, "mas isso não significa que não serão tomadas medidas retaliatórias", disse ela aos repórteres.

¨      Rússia critica aprovação de resolução da ONU sobre 'genocídio' em Srebrenica

A resolução sobre o "genocídio" na região de Srebrenica em 1995, aprovada em 23 de maio pela Assembleia Geral da ONU, ameaça a paz e a segurança da Bósnia e Herzegovina, declarou o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya.

O representante permanente da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, Vasily Nebenzya, lamentou os votos contrários à resolução, dizendo que há um hiato entre "aqueles que querem uma exploração pacífica do espaço, e aqueles que querem a sua militarização".

"Uma coisa é certa: os iniciadores da decisão de hoje empurram deliberadamente a Bósnia e Herzegovina para o confronto, sem levar em conta o preço que pagaram durante a guerra civil da década de 1990", sublinhou Nebenzya na reunião da Assembleia Geral.

O representante russo afirmou que parece que "isto está sendo feito para que os povos bósnios nunca se reconciliem" e indicou que a Rússia vê nestas ações "uma ameaça à paz e à segurança no país e na região em geral".

Da mesma forma, Nebenzya acusou as delegações que apoiaram a resolução, lideradas pela Alemanha, de "abuso de poder da Assembleia Geral". Segundo o diplomata, a pretexto de uma resolução que estabelece um dia comemorativo, foi aprovada uma declaração política "cujo objetivo é, apesar das reivindicações em contrário dos iniciadores, demonizar um dos povos da ex-Iugoslávia, minando os Acordos de Dayton e a Resolução 1031 do Conselho de Segurança da ONU".

Nebenzya lembrou que durante os acontecimentos desse período morreram cerca de 100 mil pessoas de ambos os lados, bem como ocorreram tragédias sangrentas não só contra os bósnios, mas também contra os sérvios e croatas.

Nesta quinta-feira (23), a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que "condena sem reservas" qualquer ato de negação sobre o "genocídio" cometido na região bósnia de Srebrenica, ocorrido em 1995, informou um correspondente da Sputnik.

A resolução "condena sem reservas qualquer negação do genocídio em Srebrenica como um acontecimento histórico e insta os Estados-Membros a preservarem os fatos".

O texto aprovado também insta os Estados a completarem o processo de localização e identificação das vítimas do massacre de Srebrenica, no qual cerca de 8 mil muçulmanos de etnia bósnia foram assassinados por sérvios-bósnios durante a Guerra da Bósnia, que culminou com a dissolução da Iugoslávia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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