Com “abraço fraterno” Lula legitima
ofensiva latifundista de Arthur Lira em Alagoas
No dia 10 de maio em
Maceió, Luis Inácio (PT), sabujo profissional a serviço do latifúndio,
reuniu-se em palanque com representantes das duas principais oligarquias
latifundiárias históricas de alagoas para entregar apartamentos do “Minha Casa,
Minha Vida”. Entre outros escroques, estiveram presentes: o governador do
estado Paulo Dantas – do MDB de Renan Calheiros e posto no cargo como sucessor
de seu filho, hoje ministro de Lula e também presente no evento; e o “príncipe”
da direita latifundista no país, o presidente do Congresso Nacional Arthur Lira
(PP) – o presidente de fato do país, conforme tem
analisado AND. Para completar o disparate, também figurou em
destaque o prefeito de Maceió JHC, do mesmo PL de Bolsonaro.
Historicamente, e
ainda hoje, as duas famílias – os Lira e os Calheiros – compõem o quadro das
oligarquias mais influentes no estado, grandes proprietários de terras, muitas
das quais griladas e tomadas a força dos camponeses, que controlam a política
oficial no estado como senhores feudais a dividir entre si a influência não só
nas prefeituras municipais, mas em todas as instituições públicas. A título de
exemplo, enquanto os Calheiros controlam o executivo estadual já há algumas
décadas, é fato notório em Alagoas que o Poder Judiciário do estado está sob
influência direta dos Lira. Àqueles que não reconhecem a vigência da
semifeudalidade no Brasil, basta tomarem depoimento de qualquer família
camponesa do estado sobre a atuação destas (e outras) famílias, como um
verdadeiro testemunho da permanência das mais atrasadas relações
político-sociais sobre a base econômica da existência continuada do latifúndio
alagoano.
No evento, não
bastassem os abraços e bajulação entre “adversários” típicos da politicagem
nacional, ainda mais em ano de eleições municipais, não foi outro senão o
próprio oportunista-chefe Luis Inácio a sair em defesa de Arthur Lira e seus
cumpinchas, diante das recorrentes vaias da plateia presente. Após desfilar
engodos sobre “não aceitar a miséria” em que o povo vive no país que ele mesmo
governa, e passar um sermão sobre “não vaiar a visita na nossa casa”, Lula
elogiou e defendeu Lira, afirmando que a entrega daquelas casas bem como as
outras realizações (?!) do governo só tem sido possíveis pelo apoio que tem
recebido no congresso onde, segundo afirma, “o governo não sofreu nenhuma
derrota” e todos os seus projetos têm sido aprovados. Restando ainda encontrar
alguém inocente o bastante para acreditar em tamanha lorota.
Já o presidente do
Câmara dos Deputados, que no dia anterior havia derrubado veto da presidência,
arrancando do orçamento federal mais 3,6 bilhões de reais para a farra das
emendas parlamentares, sentiu-se ofendido com as vaias e esbravejou em defesa
do seu próprio pai, oligarca e latifundiário de carreira, ex-senador e hoje
prefeito de município alagoano, e segundo Lira, o verdadeiro responsável pela
entrega daquelas casas.
Embora as direções
oportunistas de alguns movimentos eleitoreiros no estado, em especial os de
luta pela terra, houvessem raspado o tacho do que ainda resta de massas
iludidas com o gerente de turno, mobilizando esvaziadas caravanas à capital do
estado para esmolar atenção dos poderosos ali presentes, seus apelos foram
largamente ignorados, não tendo Luis Inácio sequer renovado as falsas e vazias
promessas de reforma agrária com uma suposta “prateleira de terras”.
ACORDOS
INDECOROSOS E INTERESSES ESPÚRIOS
Já no âmbito alagoano,
à guisa dos conchavos típicos da escumalha da política oficial, grandes
acordões têm se processado a portas fechadas, à revelia das leis e em
detrimento de milhares de camponeses pobres, sem terra ou com pouca terra,
incluindo os posseiros que vivem e produzem em seus sítios há décadas. Entre os
personagens funestos deste enredo trágico vemos o governo oportunista de Luis
Inácio, o latifundista Arthur Lira, a extrema-direita sanguinária e bravo
campesinato alagoano.
Se num primeiro
momento, à silenciosa voz de comando de Arthur Lira, cogitou-se um natimorto
despejo nas terras da falida Usina Laginha, município de União dos Palmares,
onde há mais de 10 anos cerca de 3 mil famílias de camponeses sem terra
acampam, sob as bandeiras das mais variadas organizações, a espera da
desapropriação para reforma agrária prometida pelo INCRA durante os governos do
oportunismo e pelo atual Ministro de Lula, Renan Calheiros Filho, quando era
governador do estado. Fracassado talvez menos pela capacidade de articulação e
negociação das direções dos movimentos já viciados nesse velho jogo da
politicalha eleitoreira e antipovo, e talvez mais pela apreensão e medo que
gera nos guardiões desta velha ordem a certeza deste resultar num grande
levantamento camponês, desbordando os limites estreitos da “luta legal” no
regime democrático vigente.
No episódio mais
recente, dos 17 desembargadores de alagoas, 13 se declararam impedidos ou
“suspeitos” para julgar o processo bilionário de falência da Usina Laginha,
tendo o desembargador Carlos Cavalcanti encaminhado o caso para que fosse
julgado no STF, uma vez que entre os desembargadores do Tribunal de Justiça de
Alagoas há desde “amigos pessoais” do donos e advogados da Laginha, até o caso
de um desembargado cujo filho já trabalhou diretamente como advogado da usina
falida. Resta esclarecer o caso, pouco crível diga-se, onde reúne-se num mesmo
tribunal tantos amigos de um latifundiário em particular (da Laginha), mas que
não possuem qualquer relação “suspeita” ou impeditiva para julgar o restante
das usinas e latifúndios do estado.
Enquanto isso, os
porta-vozes do governo em meio às direções pelegas dos movimentos há meses
repetem que “a Laginha já está ganha” e que falta apenas concluir o acordo para
dividir as terras para o povo, enquanto negociam com órgãos oficiais a melhor
forma de encher as burras, caso a desapropriação venha acontecer de fato.
A posterior, o
obstinado Lira manejou nova empreitada inglória: despejar a segunda maior área
de conflito agrário no estado (sendo a primeira o caso da Laginha), onde
residem e trabalham mais de 700 famílias (cerca de 2.500 pessoas) de camponeses
pobres em 5 comunidades diferentes, abrangendo território dos municípios de Rio
Largo, Messias e Flexeiras, acossados há anos pelos pretensos “donos” dessas
terras, os proprietários da Usina Utinga Leão. Mesmo havendo decisão da então
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, decretando o
encerramento do processo movido há décadas pela usina contra os camponeses por
esta não conseguir comprovar a alegação de propriedade das terras.
Soube-se, por fim, da
mais indecorosa das propostas: remover pela força as famílias de posseiros
de suas casas construídas e suas lavouras produtivas, sob ordens do Juiz
Agrário e com o apoio do governo do estado, e transferi-las para dentro dos acampamentos
da Usina Laginha, a mais de 40 quilômetros de distância para morarem em
barracos de lona à espera (eterna) da reforma agrária de Luis Inácio! Este
concerto de reacionários pretendia realizar-se com a cooperação ativa de
dirigentes de movimentos que advocariam “causa perdida” na Utinga para
convencer os camponeses a sair das terras.
A resposta das massas
não demorou a chegar: vide o protesto combativo dos camponeses da Liga dos
Camponeses Pobres na quarta (15) bloqueando por mais de 3 horas a BR-104 com
pneus em chamas, prenunciando o tom da resistência a qualquer tentativa de
cumprir este despejo ilegal.
A SANHA DA
EXTREMA DIREITA
Enquanto isso, a
extrema direita avança no congresso, com as bençãos de Arthur Lira, o
famigerado “PL Invasão Zero”, que pretende legalizar a atuação de grupos
paramilitares armados pelo latifúndio para combater a luta pela terra no país,
realizando “reintegrações de posse” sem a necessidade de presença da polícia,
sem ordem judicial para tal nem muito menos comprovar a propriedade da terra.
Aprovado este projeto, se intensificarão sob as vestes de legalidade os crimes
correntes do latifúndio contra os camponeses, como os assassinatos das
lideranças camponesas Mãe Bernadete e Nega Pataxó, ambos na Bahia, bem como
outros ataques armados que já acontecem em escala cada vez maior país afora.
Ao atacar os
camponeses pobres e conseguir que se realize grande operação de despejo no
próprio estado, o latifundiário Arthur Lira busca “mostrar serviço” para cair
ainda mais nas graças da extrema-direita a nível nacional (de quem foi muito
amigo durante o governo militar genocida de Bolsonaro) com quem espera contar
para emplacar escolhido seu para a substituí-lo no posto de presidente da
Câmara Federal no próximo ano, cargo decisivo para controlar os bilhões de
reais em emendas e a influência decisiva no Legislativo e Executivo do país,
bem como preparar terreno para lucrar com o próximo pleito presidencial.
Já o governo do
oportunismo, completamente inerte para atender às demandas de dar terra para
quem nela vive e trabalha, necessita pelo menos manter a reforma agrária como
uma possibilidade em aberto para seguir enganando os raros incautos, isto é, “ainda
não fiz mas vou fazer assim que puder”. Dessa maneira, mantém sob as rédeas
da corporativização a maior parte dos movimentos no campo, cooptados pela
política suboficial de quem “criticar o governo e fizer luta combativa,
não ganhará terra”, além do devaneio eleitoreiro de que “criticar o
governo agora só ajuda a extrema-direita”. Assim, o governo acena com a
desapropriação da Laginha para dar às direções oportunistas de movimentos no
campo condições mínimas de cumprir a tarefa cada dia mais difícil de conter o
ímpeto combativo do campesinato para que este não coloque em campo todas as
suas forças para conquistar a tão desejada terra e atrapalhe os acordos do
governo federal com o Congresso, leia-se os afagos de Luis Inácio em Arthur
Lira em nome da governabilidade.
Ainda na minúscula
eventualidade de, em meio à grave crise política-econômica-social e militar por
que passa o governo, conseguirem as partes consertarem entre si um acordo e
ainda empurrá-lo goela abaixo ao povo, restaria ainda ao latifúndio a benesse governamental
de, a título de adjudicação das terras – instrumento por meio do qual o governo
confisca certa propriedade como pagamento de dívidas, por exemplo –, receberem
indenizações avultantes e longas cartas de crédito que jamais serão pagas, como
é de praxe o não pagamento quando o governo “empresta” dinheiro aos grandes
latifundiários. Comprovando mais uma vez o papel da Reforma Agrária do governo
(quando esta acontece) como fundo de capitalização do latifúndio, permitindo,
por exemplo, renovar as aspirações oligárquicas daqueles que lucraram bilhões
com a Usina Laginha e depois a “faliram” para não ter que pagar as dívidas com
o governo, entre impostos e empréstimos, e muito menos as dívidas trabalhistas
com as massas que sustentaram a suor e sangue a ganância latifundista da
cana-de-açúcar.
Resta portanto,
àqueles que não veem nestas sujas negociatas a defesa dos seus interesses nem a
possibilidade de conquista real da terra para trabalhar e viver, a luta
combativa e a Revolução Agrária como único caminho consequente que pode dar
terra ao povo do campo e defender a sua posse pelos camponeses pobres e médios.
OBSERVAÇAO: nota da
Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste republicada na integra.
¨
Lira oferece poder de
veto a Lula na sucessão da Câmara em troca de apoio
O presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aumentou os esforços para conseguir apoio
do governo federal ao nome que ele deseja emplacar como seu substituto no
cargo. A eleição para o comando da Casa ocorre em fevereiro de 2025, e a disputa
pela sucessão está indefinida.
Em reunião com o
presidente Lula (PT) no fim de abril, no Palácio da Alvorada, Lira disse que
quer conduzir sua sucessão. Ofereceu ao petista, no entanto, o poder de veto a
candidatos.
Há ao menos quatro
deputados que se apresentam como pré-candidatos atualmente: Elmar Nascimento
(União Brasil-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e
Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).
Nenhum deles, porém,
tem apoio da ampla maioria da Casa. Lira sabe disso e afirmou a aliados não
querer correr o risco de o governo apoiar um parlamentar que seja seu
adversário na disputa.
Entre esses nomes,
Elmar Nascimento é considerado o mais próximo de Lira. Mas, segundo relatos, o
próprio presidente da Câmara tem dúvidas sobre a viabilidade dessa candidatura.
Lira quer, segundo
aliados dele, resolver o nome de seu candidato antes das eleições municipais tradicionalmente, a Casa fica esvaziada
durante o processo eleitoral, uma vez que parlamentares voltam às suas bases
eleitorais para trabalhar por seus candidatos.
De um lado, aliados do
alagoano afirmam que Lula se comprometeu a apoiar o nome de Lira. De outro,
auxiliares do petista dizem não haver esse compromisso, e que o Executivo irá
tratar disso no final do ano.
A avaliação de pessoas
próximas de Lula é de que o presidente só vai apoiar o candidato de Lira se for
um nome que aglutine apoios tanto da ampla maioria do centrão como da esquerda.
Um aliado de Lula diz
que o presidente só respaldaria alguém com o potencial de repetir o desempenho
de Lira na última eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2023,
que obteve votação recorde.
Naquela ocasião, para
evitar uma derrota, Lula não interferiu na eleição da Casa. Lira quer que o
mesmo ocorra desta vez.
Nos cálculos
preliminares de aliados do alagoano, um candidato "anti-Lira" já
largaria na disputa com cerca de 150 votos, correspondentes a críticos do
presidente da Câmara dos Deputados.
Lira não pode
concorrer à sucessão e tenta transferir seu capital político a um nome de sua
escolha. Apesar de a eleição da Mesa Diretora ocorrer só em fevereiro de 2025,
os potenciais candidatos já se movimentam desde o fim do ano passado.
Há duas semanas,
Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, se reuniu pela segunda vez
com um grupo pequeno de parlamentares do PT. Segundo relatos, o parlamentar se
colocou como opção e disse que não irá abrir mão de sua candidatura.
O presidente do
Republicanos é considerado um parlamentar com trânsito entre deputados de
outras legendas e boas relações com membros do governo. Ele organizou uma festa
de aniversário em abril que reuniu cerca de 500 convidados, entre
parlamentares, autoridades e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do
petista.
Segundo um
interlocutor, Pereira trabalha para se consolidar como o candidato do bloco do
qual o Republicanos faz parte, com 146 deputados que reúne também MDB, PSD e
Podemos.
Deputados do PT se
reuniram com Elmar Nascimento na semana passada. Eles foram convidados para um
almoço na casa do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB) esse encontros
são semanais, mas dessa vez foi visto como uma oportunidade de Nascimento fazer
um gesto aos petistas.
O líder do governo no
Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também compareceu, o que foi considerado um
aceno à candidatura de Nascimento por aliados.
Isso porque os dois
estão em campos políticos diferentes na Bahia. O nome do deputado foi vetado
por petistas baianos para ser ministro de Lula durante a transição do governo.
Auxiliares de Wagner,
por sua vez, minimizaram a presença do senador, dizendo que ele apenas passou
no almoço e ficou pouco tempo.
Deputados do PT
afirmam que querem construir com demais forças da base aliada de Lula um nome
consensual para que o governo tenha condições de aprovar projetos prioritários
na Casa. Um deles diz que é importante o partido conversar desde já com
potenciais candidatos para não ficar alijado das decisões que serão tomadas
mais adiante.
Além do PT, os
deputados que buscam se viabilizar na eleição cortejam apoio do PL, já que o
partido tem a maior bancada da Câmara (com 95 deputados). Líder do PL na Casa,
Altineu Côrtes (RJ), tem afirmado a interlocutores que o partido só vai tratar
da sucessão de Lira após as eleições municipais.
Líder do PSD, Brito é
apontado como o pré-candidato mais alinhado ao governo Lula até agora. Ele
também tem bom trânsito com parlamentares e lideranças da direita.
Isnaldo Bulhões Jr.,
líder do MDB, tem agido mais nos bastidores da Casa, sem se colocar de forma
contundente como candidato. Parlamentares do centro avaliam que ele pode se
cacifar como o candidato "anti-Lira" os dois são de grupos políticos diferentes em Alagoas.
Com a falta de um nome
que unifique todos os setores da Câmara entre os que já apresentaram as
pré-candidaturas, outros passaram a ser cotados.
São citados os líderes
Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem a simpatia de Lira e cardeais do PP, e o
Doutor Luizinho (PP-RJ).
Motta é tido como
capaz de aglutinar forças. O problema é que ele só toparia se candidatar caso
Pereira, que preside o seu partido, abrisse mão de entrar na disputa. Essa
possibilidade é descartada por aliados de Pereira.
Além disso, o deputado
ofereceu entregar a presidência nacional do Republicanos a Mota caso seja
eleito presidente da Câmara. Com isso, Motta ganharia projeção nas eleições de
2026.
Já Luizinho tem a
simpatia do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), mas deputados do centrão
consideram que ele não tem o apoio necessário de outras legendas.
Fonte: Liga dos
Camponeses Pobres do NE/A Nova Democracia//FolhaPress
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