Cresce na UE movimento para reconhecer um
Estado Palestino
À medida que crescem
as manifestações em apoio aos palestinos da Faixa de Gaza em
todo o mundo, a Assembleia Geral da ONU ampliou, em uma votação no dia 10 de
maio, os direitos dos palestinos dentro da organização global.
Agora, quatro
países-membros da União Europeia (UE) estão planejando aumentar ainda
mais o peso dos palestinos nos palcos globais, reconhecendo oficialmente a
Palestina como um país soberano. Em
decisão conjunta, a Espanha, a Irlanda e a Noruega anunciaram nesta
quarta-feira (22/05) o reconhecimento de um Estado palestino, que será
formalizado em 28 de maio.
"A Irlanda, a
Noruega e a Espanha anunciam que reconhecemos o Estado da Palestina. Antes do
anúncio de hoje, falei com vários outros líderes e estou confiante de que mais
países se juntarão a nós para dar este importante passo nas próximas semanas",
afirmou premiê da Irlanda, Simon Harris.
No anúncio, o premiê
espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que ressaltou que o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, não tem projeto de paz para a região.
"Combater o grupo terrorista Hamas é legítimo e necessário, mas Netanyahu
está gerando tanta dor e tanta destruição, e tanto ressentimento em Gaza e no
resto da Palestina, que a solução de dois Estados está em perigo",
destacou.
Por um lado, trata-se
de solidariedade com a população civil da Faixa de Gaza. Por outro, a medida é
vista como um reforço da posição a favor de uma solução de dois Estados para
acabar com o conflito no Oriente Médio - um
plano que o atual governo de ultradireita de Israel rejeita veementemente.
Após a ofensiva
terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, declarou
como objetivo de guerra a destruição do grupo radical islâmico
palestino Hamas, que tomou por completo o governo da Faixa de Gaza em
2007. Netanyahu também não esconde que quer controlar o território palestino a
longo prazo. No entanto, Israel está sofrendo uma pressão internacional cada
vez maior devido à severidade da sua ofensiva militar, que, de acordo com dados
de autoridades ligadas ao Hamas, já causou a morte de mais de 35.000 civis em
Gaza, território que também enfrenta uma situação humanitária desastrosa. Os números não puderam ser checados pela DW de forma
independente.
Na Europa, ainda são
poucos os países que oficialmente reconhecem a Palestina com um Estado. Entre
os 27 membros da UE, apenas oito países adotam essa posição, seis
deles com passado comunista que oficializaram o reconhecimento nos anos
1980.
A falta de mais apoios
contrasta com outras regiões do globo. Na América do Sul, por exemplo, todos os
países reconhecem a Palestina como um Estado soberano. O Brasil oficializou
essa posição em 2010, no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, agora, dentro da
UE, além de Espanha e Irlanda, a Eslovênia e Malta também querem aumentar
a pressão por uma solução passando pelo reconhecimento da Palestina,
constituída pela Faixa de Gaza - controlada pelo Hamas e alvo da ofensiva
israelense - e a Cisjordânia, nominalmente sob
responsabilidade da Autoridade Nacional Palestina, mas retalhada por
assentamentos israelenses e em grande parte ocupada militarmente por Israel.
- Espanha: mediadora tradicional
O primeiro-ministro da
Espanha, Pedro Sánchez, manteve
várias conversas com parceiros europeus nos últimos meses. De acordo com
relatos, ele inicialmente tentou promover a ideia como um projeto da UE. No
entanto, a proposta provocou resistência da Alemanha - fortemente
alinhada com Israel - e de outros países. Após se deparar com essas
rejeições, Sánchez passou a tentar formar uma coalizão fora do escopo da UE. Na
semana passada, o chefe da diplomacia do bloco europeu, Josep Borrell, que
também é espanhol, revelou que a Espanha, a Irlanda e a Eslovênia pretendiam
formalizar o reconhecimento ainda em maio.
A Espanha mantém boas
relações com muitos países árabes, especialmente os da região do Magreb, bem
como com a Turquia. Em parte, ela cultivou esses laços desde a ditadura de Francisco Franco(1939-1975);
nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, esses países salvaram o
Estado do sul da Europa do completo isolamento econômico e político entre o
Ocidente e o Bloco Oriental. Após o fim da ditadura de Franco, em 1975, a
Espanha estabeleceu relações econômicas com Israel e, em 1986, também relações
diplomáticas. Nos anos seguintes, se estabeleceu como uma mediadora
respeitada entre o Estado judeu e o mundo árabe. Uma conferência sobre o
Oriente Médio realizada em Madri em 1991 é considerada o prelúdio do processo
de paz de Oslo entre palestinos e Israel nos anos seguintes.
- Irlanda: solidariedade a partir de sua própria história
A Irlanda também vem
reiterado seu tradicional apoio aos palestinos desde os primeiros dias da atual
guerra em Gaza. Quando o novo primeiro-ministro Simon Harris foi empossado em
meados de abril, Sanchez foi seu primeiro convidado de Estado em Dublin, e o
reconhecimento da Palestina foi o principal tópico da reunião. A Irlanda é
favor de uma solução de dois estados desde 1980, mais tempo do que qualquer
outro país-membro da UE.
Na Irlanda, a forte
identificação com a Palestina pode ser explicada pela história do país europeu.
Ela começa com um estadista britânico chamado Arthur Balfour, que, no final do
século 19, era responsável por comandar a Irlanda, à época praticamente uma
colônia britânica. No cargo de secretário-geral para a Irlanda (1887-1891),
Balfour negou aos irlandeses a formação de um governo autônomo dentro do Reino
Unido.
Em 1917, ocupando
então o cargo de Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, ele emitiu a
chamada Declaração de Balfour, na qual, em nome do governo britânico, se
manifestou a favor da criação de uma pátria judaica na Palestina, então
controlada pelos otomanos. Depois, quando o território se tornou um protetorado
britânico com a dissolução do Império Otomano, Londres deslocou para a área
vários agentes de segurança que haviam atuado contra insurgentes irlandeses nos
anos 1910.
O influxo de judeus
para essa área do Oriente Médio, à época povoado principalmente por muçulmanos
e cristãos, é normalmente comparado na Irlanda católica com o assentamento de
protestantes britânicos no norte da ilha. Alguns irlandeses associam o conflito
resultante na Irlanda do Norte com a crise no Oriente Médio.
O governo de esquerda
da Espanha e o governo de centro-direita da Irlanda estão se apoiando
mutuamente em todos os campos políticos. Para dar mais peso à medida conjunta,
eles conquistaram outros apoiadores: a Eslovênia manteve a perspectiva de
reconhecer a Palestina até meados de junho. Malta, membro da UE, também
pretende seguir esse caminho. Em abril, o país já havia votado a favor da
adesão total da Palestina à ONU em uma votação no Conselho de Segurança, que
acabou fracassando devido ao veto dos EUA.
- Diferentes posições na Europa
Dentro da UE, são
principalmente os países da Europa Central e Oriental que até agora reconheciam
um Estado palestino. Nestes casos, o reconhecimento remonta ao período
comunista, no qual havia uma proximidade ideológica com Yasser Arafat, antigo
líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Hoje na UE, países
como Polônia, Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Romênia
e Bulgária passaram a reconhecer a Palestina em 1988, ainda na época
da Cortina de Ferro. Depois do fim do comunismo, alguns desses países,
especialmente a República Tcheca e a Hungria, agora se encontram mais alinhados
com Israel, embora continuem a manter relações diplomáticas plenas com os
palestinos.
O primeiro e até agora
único país a reconhecer um Estado palestino quando já estava na UE foi a
Suécia, em 2014. Agora, resta saber se a coalizão hispano-irlandesa crescerá
ainda mais: na Bélgica, o governo avalia qual será o momento oportuno; Portugal
recuou por enquanto, após a chegada ao poder em abril de um novo governo
conservador.
Outros países, como a
Alemanha, mantêm vínculos com a Autoridade Nacional Palestina (rival do Hamas),
mas só querem reconhecer um Estado palestino quando Israel fizer o mesmo.
Enquanto o Hamas, que é classificado como uma organização terrorista por vários
países, incluindo todos os membros da UE e os EUA, continuar sendo um fator de
poder político nos territórios palestinos, essa medida é considerada fora de
questão.
¨
Reconhecimento do
Estado Palestino — o que isso significa para Israel e Gaza
A Irlanda, a Noruega e
a Espanha anunciaram nesta quarta-feira (22/5) que vão reconhecer o Estado Palestino a
partir de 28 de maio.
Pelo menos 140 membros
da Assembleia Geral da ONU, incluindo o Brasil, reconhecem formalmente a
Palestina como um Estado.
O primeiro-ministro
espanhol, Pedro Sanchez, explicou que a decisão "não é contra Israel" e tampouco
"a favor do Hamas" — mas, sim, "a favor da
paz".
O premiê norueguês,
Jonas Gahr Store, ressaltou, por sua vez, que a solução de dois Estados (um
israelense e outro palestino) é a "única alternativa" para a paz
no Oriente Médio; enquanto
o primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, disse que a decisão ajudaria a
criar um "futuro pacífico".
Israel reagiu, no entanto,
com fúria à decisão dos três países, chamando de volta seus embaixadores na
Irlanda, na Noruega e na Espanha.
O ministro das
Relações Exteriores israelense, Israel Katz, disse ainda que iria convocar
imediatamente os embaixadores destes três países em Israel para uma reunião de
reprimenda, na qual eles vão assistir a vídeos do ataque de 7 de outubro.
"A história vai
lembrar que a Espanha, a Noruega e a Irlanda decidiram conceder uma medalha de
ouro aos assassinos e estupradores do Hamas, que estupraram adolescentes e
queimaram bebês", afirmou Katz.
Israel não reconhece o
Estado Palestino, e o atual governo se opõe à criação de um Estado palestino na
Cisjordânia e em Gaza. O argumento é que tal Estado seria uma ameaça à
existência de Israel.
Já os líderes
palestinos celebraram a decisão, classificada como um "momento
histórico" pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), e um
"momento de virada" pelo Hamas.
- Medida não vai mudar realidade no campo de batalha
A maior parte do
mundo, incluindo o Brasil, já reconhece a Palestina como um Estado. No início
deste mês, 143 dos 193 membros da Assembleia Geral das Nações Unidas votaram a
favor da adesão da Palestina à ONU, algo que só pode ser feito por Estados.
Até a manhã desta
quarta-feira, apenas nove países europeus apoiavam a criação de um Estado
palestino, e a maioria deles tomou esta decisão em 1988, quando fazia parte do
bloco soviético. Sendo assim, o fato de a Noruega, a Irlanda e a Espanha se
juntarem a este grupo é algo raro e, ao mesmo tempo, significativo.
Estes países esperam
não só sinalizar seu apoio simbólico aos palestinos, como também impulsionar um
processo político que esperam ser capaz de ajudar a pôr fim aos combates.
Muitos países árabes
dizem que só ajudariam a policiar e a reconstruir Gaza no pós-guerra se o
Ocidente reconhecesse o Estado da Palestina como parte desse processo político.
Mas a maioria dos
outros países europeus ainda acredita que o reconhecimento deveria ocorrer
apenas como parte de uma solução a longo prazo de dois Estados (um israelense e outro palestino) para o conflito.
Assim, a Noruega, a
Irlanda e a Espanha estão fazendo uma jogada diplomática que eles esperam ser
adotada por outros. Mas isso não vai mudar a realidade no campo de batalha.
- Uma decisão 'a favor da paz'
Ao anunciar a decisão
de reconhecer o Estado Palestino, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro
Sanchez, declarou:
"Este
reconhecimento não é contra Israel, não é contra os judeus."
“Não é a favor do
Hamas, como foi dito. Este reconhecimento não é contra ninguém, é a favor da
paz e da coexistência".
A Noruega destacou,
por sua vez, que uma solução duradoura na região "só será alcançada por
meio de uma solução de dois Estados".
“Não haverá paz no
Oriente Médio sem uma solução de dois Estados. Não pode haver uma solução de
dois Estados sem um Estado Palestino", afirmou o primeiro-ministro
norueguês, Jonas Gahr Store, em comunicado.
"Em outras
palavras, um Estado Palestino é um pré-requisito para alcançar a paz no Oriente
Médio."
O primeiro-ministro da
Irlanda, Simon Harris, ecoou este pensamento, dizendo que uma solução de dois
Estados é o "único caminho confiável" para a paz.
"Estamos três
décadas depois dos Acordos de Oslo, e talvez
mais longe do que nunca de um acordo de paz justo, sustentável e
abrangente", acrescentou.
Segundo ele, a decisão
não deveria esperar "indefinidamente" para ser tomada, quando é
"a coisa certa a fazer".
- 'Terrorismo compensa', afirma Israel
Em resposta à decisão
dos três países de reconhecer um Estado Palestino, Israel afirmou que vai
convocar de volta ao país seus representes diplomáticos na Irlanda, na Noruega
e na Espanha "para consultas urgentes".
O ministro das
Relações Exteriores, Israel Katz, disse ainda que vai convocar imediatamente os
embaixadores destes três países em Israel para uma reunião de reprimenda, na
qual eles vão assistir a vídeos do sequestro de mulheres soldados israelenses
durante o ataque de 7 de outubro.
"A história vai
lembrar que a Espanha, a Noruega e a Irlanda decidiram conceder uma medalha de
ouro aos assassinos e estupradores do Hamas, que estupraram adolescentes e
queimaram bebês", afirmou Katz.
"Ordenei que os
embaixadores fossem imediatamente convocados para uma conversa de reprimenda —
durante a qual eles vão assistir ao terrível vídeo do rapto das observadoras
mulheres para ilustrar para eles como a decisão que seus governos tomaram foi
distorcida."
"Israel não vai
passar por isso em silêncio — a iniciativa deles vai ter sérias
consequências", acrescentou.
Segundo ele, "a
decisão de hoje envia uma mensagem aos palestinos e ao mundo: o terrorismo
compensa".
"Depois de a
organização terrorista Hamas ter realizado o maior massacre de judeus desde
o Holocausto, depois de ter
cometido crimes sexuais hediondos testemunhados pelo mundo, estes países
escolheram recompensar o Hamas e o Irã ao reconhecer um Estado Palestino",
completou Katz.
"Este passo
distorcido por parte destes países é uma injustiça para a memória das vítimas
do 7 de outubro, um golpe nos esforços para liberar os 128 reféns, e um
incentivo ao Hamas e aos jihadistas do Irã, o que prejudica a possibilidade de
paz e questiona o direito de Israel de legítima defesa."
- 'Passo significativo', diz Ministério das Relações
Exteriores palestino
Enquanto isso, o
Ministério das Relações Exteriores palestino, baseado na Cisjordânia, celebrou
a decisão dos três países.
"Com este passo
significativo, a Espanha, a Noruega e a Irlanda demonstraram mais uma vez o seu
compromisso inabalável com a solução de dois Estados e com fazer justiça, há
muito tempo esperada, ao povo palestino", diz o comunicado divulgado.
"Além disso, os
reconhecimentos da Espanha, Noruega e Irlanda estão em conformidade com o
direito internacional, e com todas as resoluções relevantes das Nações Unidas —
o que, por sua vez, vai contribuir positivamente para todos os esforços internacionais
para acabar com a ocupação ilegal israelense e alcançar a paz e a estabilidade
na região."
O comunicado prossegue
fazendo um apelo para que outros países "tomem esta decisão de princípio o
mais rápido possível".
- 'Momento histórico' para a OLP
O secretário-geral do
Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein
al-Sheikh, classificou a notícia como um "momento histórico".
Segundo ele, o
reconhecimento de um Estado Palestino “é o caminho para a estabilidade,
segurança e paz na região".
A OLP é reconhecida
internacionalmente como o principal representante dos palestinos.
- 'Momento de virada', diz Hamas
O grupo palestino
Hamas — que assumiu o controle da Faixa de Gaza em 2007 — também comemorou a
decisão dos três países.
Em declaração à
agência de notícias AFP, Bassem Naim, um importante membro do Hamas, afirmou
que a "brava resistência" do povo palestino está por trás desta
medida.
"Estes
reconhecimentos sucessivos são resultado direto desta brava resistência e da
lendária perseverança do povo palestino", ele disse.
"Acreditamos que
este será um momento de virada na posição internacional sobre a questão
palestina."
A decisão dos três
países foi anunciada poucos dias depois de o procurador-chefe do Tribunal Penal
Internacional (TPI) ter solicitado a emissão de mandados de prisão contra
o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o
líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, por crimes de
guerra.
- Israel retira embaixadores da Irlanda e da Noruega
O Ministério das
Relações Exteriores de Israel disse na quarta-feira (22) que ordenou a retirada
imediata de seus embaixadores na Irlanda e na Noruega em resposta à decisão dessas
nações de reconhecer formalmente o Estado palestino.
O ministro das
relações exteriores de Israel, Israel Katz, disse que a decisão de reconhecer o Estado palestino minou
o direito de Israel à autodefesa e os esforços para devolver os 128 reféns detidos pelo
Hamas em Gaza.
“Israel não ficará em
silêncio”, disse Katz. “Estamos determinados a alcançar os nossos objetivos:
restaurar a segurança dos nossos cidadãos, a remoção do Hamas e o regresso dos
reféns”.
“Não existem objetivos
mais justos do que estes”, disse Katz.
Também nesta
quarta-feira, o premiê espanhol, Pedro Sánchez afirmou
que o conselho de ministros do país vai reconhecer o Estado independente
palestino na próxima terça-feira, 28.
Com a decisão de
Irlanda, Noruega e Espanha, serão 146 dos 193 estados-membro da ONU que reconhecem o Estado Palestino.
Logo depois dos
anúncios, o Hamas, que detém o controle sobre a Faixa de Gaza, e a Autoridade
Palestina, que governa a Cisjordânia e a partes de Jerusalém, agradeceram o
reconhecimento.
Fonte: BBC News Mundo/CNN
Brasil/Sputnik Brasil
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