sábado, 25 de maio de 2024

Ambiversão: a mistura de personalidades perfeita?

O termo “ambiversão” foi cunhado no século XX pelo psicólogo Kimball Young, que acreditava que a maioria das pessoas possuíam ambas as qualidades extrovertidas e introvertidas. Ao longo do tempo, a teoria de Young tornou-se o assunto de pesquisas da área de psicologia, que comprovaram a hipótese.

Os traços de personalidade determinam como indivíduos interagem e reagem ao mundo ao seu redor. Os conceitos de introversão e extroversão foram usados pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Carl Jung no início de 1900. Para Jung e outros especialistas, algumas pessoas são energizadas pelo mundo externo (extrovertidos) e outras foram energizadas pelo mundo interno (introvertidos).

Desde então, os termos “introvertido” e “extrovertido” tornaram-se as duas principais características de personalidade dos seres humanos. No entanto, foi a partir de Kimball Young que a ambiversão tomou o terceiro espaço entre essas características.

•        Introvertidos e extrovertidos

Em um extremo do espectro estão os introvertidos, que tendem a preferir ficar sozinhos, além de serem mais quietos, reflexivos e reservados.  Segundo a definição de Jung, portanto, os introvertidos obtêm a sua energia ao estarem sozinhos.

Do outro lado estão os extrovertidos, que geralmente são mais assertivos e sociáveis e que obtêm a sua energia através de interações sociais.

•        O que é ser ambivertido?

Uma pessoa ambivertida é, em suma, aquela que possui traços de personalidade introvertidos e extrovertidos ao mesmo tempo. Ou seja, são indivíduos que gostam de estar ao redor de outras pessoas ocasionalmente, mas que também gostam de passar tempo sozinhas.

Os ambivertidos ficam em algum lugar entre os dois extremos da introversão e extroversão. Por caírem no meio do espectro, acredita-se que essas pessoas sejam mais flexíveis e, portanto, podem usufruir dessa mistura de características.

Portanto, o conceito de ambiversão se difere do que foi acreditado por muito tempo — que pessoas só podem ser introvertidas e extrovertidas. De fato, muitos especialistas defendem a ideia de que a maioria das pessoas se encaixa no meio do espectro.

“Noventa por cento das pessoas estão em algum lugar no meio”, diz Jens Asendorpf, pesquisador de personalidade da Universidade Humboldt de Berlim ao Scientific American. Pessoas que tendem a ser extrovertidas também gostam de ficar isoladas de vez em quando. “E como todos precisam de contato social, os introvertidos também buscam interação com outras pessoas – mas nem tanto”, acrescenta Asendorpf.

•        Você é uma pessoa ambivertida?

Embora, de acordo com especialistas, a maioria da população entre na definição de ambiversão, muitos ainda não sabem onde se encaixam dentro dessas personalidades. Veja alguns sinais de que você pode ser ambivertido:

1. Comunicação

Os extrovertidos preferem falar mais e os introvertidos gostam de observar e ouvir. Porém, por outro lado, os ambivertidos sabem quando falar e quando ouvir — o que otimiza a sua comunicação e relação com outras pessoas.

2. Comportamento

Como já mencionado, pessoas com traços da ambiversão tendem a ser mais flexíveis, se ajustando conforme o ambiente e se adequando às pessoas ou situações.

3. Confortabilidade

Pessoas ambivertidas sentem-se confortáveis nos dois extremos das interações sociais. Elas podem se sentir bem em grupos grandes, participando de conversas e aproveitando a companhia alheia enquanto também gostam de passar tempo sozinhos ou em grupos menores.

4. Empatia

Acredita-se que por estarem no meio do espectro, os ambivertidos conseguem ser mais empáticos com outras pessoas, pois são capazes de entender o lado de cada um em um nível pessoal.

5. Equilíbrio

Por fim, ambivertidos são, muitas vezes, vistos como os mediadores de grupos. Eles são o intermédio entre extrovertidos e introvertidos, oferecendo o equilíbrio à dinâmica social em que estão inseridos.

•        Benefícios da ambiversão

Assim como outros tipos de personalidade, a ambiversão possui pontos fortes que podem beneficiar o indivíduo. Em relações pessoais, principalmente, ambivertidos são capazes de prosperar, adaptando-se ao ambiente ao seu redor.

Um ambivertido pode aprender como dominar os aspectos positivos de ambos os tipos de personalidade. Por exemplo, ele pode ser uma das pessoas mais cativantes em uma festa, contando histórias interessantes e envolvendo o público, mas também pode ouvir com atenção e ganhar a confiança de alguém.

Como resultado, os ambivertidos podem desenvolver laços mais profundos. Os traços extrovertidos podem levar ao encontro e à interação com mais pessoas, enquanto os traços introvertidos podem ajudar a cultivar amizades íntimas.

Além disso, a ambiversão também pode ser uma aliada no mercado de trabalho. De acordo com um estudo de 2013, funcionários ambivertidos em um call center tiveram uma receita média de vendas maior do que seus colegas extrovertidos ou introvertidos.

•        Personalidade: o que é e como é construída

A personalidade é o conjunto de características específicas e únicas de um indivíduo que ditam seus pensamentos, ações e sentimentos. Ela é capaz de influenciar os relacionamentos, comportamentos e todas as áreas da vida de uma pessoa, incluindo como vimos o mundo e nós mesmos.

Existem muitos fatores que influenciam a formação da personalidade, sendo alguns deles a genética, as experiências, a educação e o ambiente em que vivemos. Todas essas características multifacetadas ajudam na criação de uma personalidade única, que distingue um ser humano do outro.

Embora as personalidades sejam únicas, muitos profissionais da área da psicologia tentam categorizar os indivíduos que apresentam traços similares. Daí foram derivados os famosos testes de personalidade, que tem o objetivo de analisar suas escolhas e apontar tipos específicos de características que podem ser divididas com outros indivíduos.

Desde então, diversos pesquisadores tentaram reunir os principais traços de personalidade, chegando em 1970, nos cinco maiores da psicologia.

•        “Big Five”

As características foram atribuídas em 1970 por dois times conduzidos por quatro pesquisadores. São eles: Paul Costa e Robert McCrae do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos, Warren Norman da Universidade de Michigan de Ann Arbor e  Lewis Goldberg da Universidade de Oregon.

Os traços incluem as extremidades das características. Um exemplo disso seria a extroversão e a introversão — embora dois opostos, os dois traços são categorizados como extroversão.

Em inglês, esses traços de personalidade formam o acrônimo OCEAN — de oppeness, conscientiousness, extraversion, agreeableness, e neuroticism — e são conhecidos como os cinco grandes da psicologia.

Para entender mais leia a nossa matéria aqui:

•        Tipos de personalidade

Depois da criação de testes, novos termos para identificar os diferentes “tipos” de personalidade surgiram, como “tipo A”, “tipo B” e até mesmo os MBTIs — Indicador de tipo Myers Briggs, que categoriza quatro aspectos das características humanas, incluindo a extroversão ou introversão, detecção ou intuição, pensamentos ou sentimentos e julgamentos ou percepções.

Porém, com a complexidade das personalidades, muitos profissionais acreditam que tentar categorizá-las em “caixas” pode acabar simplificando as características dos seres humanos. Afinal, mesmo podendo nos identificar um com os outros de acordo com pontos similares em nossas personalidades, elas ainda são únicas para cada indivíduo.

•        Como são formadas?

Há inúmeros debates na comunidade científica e psicológica sobre como a personalidade é formada. Sigmund Freud, por exemplo, criou a tese do desenvolvimento psicossexual — que indica que durante a infância, parte da personalidade é formada através de cinco estágios: oral, anal, fálico, latência e genitais. Porém, embora popular, essa teoria é alvo de diversas controvérsias.

Além disso, há quem reforce que a genética seja um dos fatores principais responsáveis pelo desenvolvimento das características do indivíduo. Embora as diversas teorias sobre o assunto, não se sabe ao certo todos os fatores que podem influenciar a formação da personalidade. Contudo, a socialização, a interação com o ambiente e a criação são chaves essenciais para que isso aconteça.

Enquanto Freud acreditava que a personalidade era majoritariamente formada na infância e não podia sofrer alterações, outros especialistas alegam que ela poderia continuar se desenvolvendo durante a vida e suas experiências.

•        Podemos mudar de personalidade?

A personalidade é permutável e aceita mudanças. Pesquisas já conseguiram comprovar que, quando o indivíduo cresce, sua personalidade é mais suscetível a conter aspectos mais maduros. De acordo com o site Psychology Today, também é possível deliberadamente influenciar essas mudanças com alguns comportamentos repetitivos.

•        Transtornos de personalidade

Os transtornos de personalidade são problemas de saúde mental onde os padrões de pensamento e comportamento do indivíduo são inflexíveis, erráticos e no geral, diferentes. Acredita-se que cerca de 10% da população apresenta algum tipo de transtorno de personalidade.

De acordo com os padrões do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), existem dez transtornos de personalidade, incluindo:

•        Transtorno de personalidade paranoide

•        Transtorno da personalidade esquizoide

•        Transtorno de personalidade esquizotípica

•        Transtorno de personalidade antissocial

•        Transtorno de personalidade borderline

•        Transtorno de personalidade histriônica

•        Transtorno de personalidade narcisista

•        Transtorno de personalidade esquiva

•        Transtorno de personalidade dependente

•        Transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo (TOC)

Cada transtorno apresenta características e sintomas diferentes que afetam o indivíduo causando estresse e impactando suas relações e como vivem em sociedade. Não se sabe exatamente todas as causas do transtornos de personalidade, porém, acredita-se que 50% seja atribuído à genética.

Seu tratamento é feito com profissionais da psicologia e psiquiatria, que também são encarregados pelo diagnóstico.

•        Alimentos podem influenciar a personalidade?

Especialistas da Universidade A&M do Texas descobriram uma associação de bactérias e metaboloma do metabolismo a alguns traços de personalidade, como a fadiga mental e a energia física. Além disso, as bactérias associadas à inflamação, também foram conectadas à fadiga mental e física.

Analisando a energia mental (EM), energia física (EF), fadiga mental (FM) e fadiga física (FF), os especialistas concluíram que cada um desses traços contêm bactérias únicas. Isso sugere que a microbiota intestinal pode influenciar o cérebro. Desse modo, o que comemos pode ditar nossa personalidade e sentimentos duradouros de fadiga e energia, pois os alimentos introduzem essas bactérias e metabolomas na microbiota intestinal.

 

Fonte: eCycle

 

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