Ambiversão: a mistura de personalidades
perfeita?
O termo “ambiversão”
foi cunhado no século XX pelo psicólogo Kimball Young, que acreditava que a
maioria das pessoas possuíam ambas as qualidades extrovertidas e introvertidas.
Ao longo do tempo, a teoria de Young tornou-se o assunto de pesquisas da área
de psicologia, que comprovaram a hipótese.
Os traços de
personalidade determinam como indivíduos interagem e reagem ao mundo ao seu
redor. Os conceitos de introversão e extroversão foram usados pela primeira vez
pelo psiquiatra suíço Carl Jung no início de 1900. Para Jung e outros
especialistas, algumas pessoas são energizadas pelo mundo externo
(extrovertidos) e outras foram energizadas pelo mundo interno (introvertidos).
Desde então, os termos
“introvertido” e “extrovertido” tornaram-se as duas principais características
de personalidade dos seres humanos. No entanto, foi a partir de Kimball Young
que a ambiversão tomou o terceiro espaço entre essas características.
• Introvertidos e extrovertidos
Em um extremo do
espectro estão os introvertidos, que tendem a preferir ficar sozinhos, além de
serem mais quietos, reflexivos e reservados.
Segundo a definição de Jung, portanto, os introvertidos obtêm a sua
energia ao estarem sozinhos.
Do outro lado estão os
extrovertidos, que geralmente são mais assertivos e sociáveis e que obtêm a sua
energia através de interações sociais.
• O que é ser ambivertido?
Uma pessoa ambivertida
é, em suma, aquela que possui traços de personalidade introvertidos e
extrovertidos ao mesmo tempo. Ou seja, são indivíduos que gostam de estar ao
redor de outras pessoas ocasionalmente, mas que também gostam de passar tempo
sozinhas.
Os ambivertidos ficam
em algum lugar entre os dois extremos da introversão e extroversão. Por caírem
no meio do espectro, acredita-se que essas pessoas sejam mais flexíveis e,
portanto, podem usufruir dessa mistura de características.
Portanto, o conceito
de ambiversão se difere do que foi acreditado por muito tempo — que pessoas só
podem ser introvertidas e extrovertidas. De fato, muitos especialistas defendem
a ideia de que a maioria das pessoas se encaixa no meio do espectro.
“Noventa por cento das
pessoas estão em algum lugar no meio”, diz Jens Asendorpf, pesquisador de
personalidade da Universidade Humboldt de Berlim ao Scientific American.
Pessoas que tendem a ser extrovertidas também gostam de ficar isoladas de vez
em quando. “E como todos precisam de contato social, os introvertidos também
buscam interação com outras pessoas – mas nem tanto”, acrescenta Asendorpf.
• Você é uma pessoa ambivertida?
Embora, de acordo com
especialistas, a maioria da população entre na definição de ambiversão, muitos
ainda não sabem onde se encaixam dentro dessas personalidades. Veja alguns
sinais de que você pode ser ambivertido:
1. Comunicação
Os extrovertidos
preferem falar mais e os introvertidos gostam de observar e ouvir. Porém, por
outro lado, os ambivertidos sabem quando falar e quando ouvir — o que otimiza a
sua comunicação e relação com outras pessoas.
2. Comportamento
Como já mencionado,
pessoas com traços da ambiversão tendem a ser mais flexíveis, se ajustando
conforme o ambiente e se adequando às pessoas ou situações.
3. Confortabilidade
Pessoas ambivertidas
sentem-se confortáveis nos dois extremos das interações sociais. Elas podem se
sentir bem em grupos grandes, participando de conversas e aproveitando a
companhia alheia enquanto também gostam de passar tempo sozinhos ou em grupos
menores.
4. Empatia
Acredita-se que por
estarem no meio do espectro, os ambivertidos conseguem ser mais empáticos com
outras pessoas, pois são capazes de entender o lado de cada um em um nível
pessoal.
5. Equilíbrio
Por fim, ambivertidos
são, muitas vezes, vistos como os mediadores de grupos. Eles são o intermédio
entre extrovertidos e introvertidos, oferecendo o equilíbrio à dinâmica social
em que estão inseridos.
• Benefícios da ambiversão
Assim como outros
tipos de personalidade, a ambiversão possui pontos fortes que podem beneficiar
o indivíduo. Em relações pessoais, principalmente, ambivertidos são capazes de
prosperar, adaptando-se ao ambiente ao seu redor.
Um ambivertido pode
aprender como dominar os aspectos positivos de ambos os tipos de personalidade.
Por exemplo, ele pode ser uma das pessoas mais cativantes em uma festa,
contando histórias interessantes e envolvendo o público, mas também pode ouvir
com atenção e ganhar a confiança de alguém.
Como resultado, os
ambivertidos podem desenvolver laços mais profundos. Os traços extrovertidos
podem levar ao encontro e à interação com mais pessoas, enquanto os traços
introvertidos podem ajudar a cultivar amizades íntimas.
Além disso, a
ambiversão também pode ser uma aliada no mercado de trabalho. De acordo com um
estudo de 2013, funcionários ambivertidos em um call center tiveram uma receita
média de vendas maior do que seus colegas extrovertidos ou introvertidos.
• Personalidade: o que é e como é
construída
A personalidade é o
conjunto de características específicas e únicas de um indivíduo que ditam seus
pensamentos, ações e sentimentos. Ela é capaz de influenciar os
relacionamentos, comportamentos e todas as áreas da vida de uma pessoa,
incluindo como vimos o mundo e nós mesmos.
Existem muitos fatores
que influenciam a formação da personalidade, sendo alguns deles a genética, as
experiências, a educação e o ambiente em que vivemos. Todas essas
características multifacetadas ajudam na criação de uma personalidade única,
que distingue um ser humano do outro.
Embora as
personalidades sejam únicas, muitos profissionais da área da psicologia tentam
categorizar os indivíduos que apresentam traços similares. Daí foram derivados
os famosos testes de personalidade, que tem o objetivo de analisar suas
escolhas e apontar tipos específicos de características que podem ser divididas
com outros indivíduos.
Desde então, diversos
pesquisadores tentaram reunir os principais traços de personalidade, chegando
em 1970, nos cinco maiores da psicologia.
• “Big Five”
As características
foram atribuídas em 1970 por dois times conduzidos por quatro pesquisadores.
São eles: Paul Costa e Robert McCrae do Instituto Nacional da Saúde dos Estados
Unidos, Warren Norman da Universidade de Michigan de Ann Arbor e Lewis Goldberg da Universidade de Oregon.
Os traços incluem as
extremidades das características. Um exemplo disso seria a extroversão e a
introversão — embora dois opostos, os dois traços são categorizados como
extroversão.
Em inglês, esses
traços de personalidade formam o acrônimo OCEAN — de oppeness,
conscientiousness, extraversion, agreeableness, e neuroticism — e são
conhecidos como os cinco grandes da psicologia.
Para entender mais
leia a nossa matéria aqui:
• Tipos de personalidade
Depois da criação de
testes, novos termos para identificar os diferentes “tipos” de personalidade
surgiram, como “tipo A”, “tipo B” e até mesmo os MBTIs — Indicador de tipo
Myers Briggs, que categoriza quatro aspectos das características humanas,
incluindo a extroversão ou introversão, detecção ou intuição, pensamentos ou
sentimentos e julgamentos ou percepções.
Porém, com a
complexidade das personalidades, muitos profissionais acreditam que tentar
categorizá-las em “caixas” pode acabar simplificando as características dos
seres humanos. Afinal, mesmo podendo nos identificar um com os outros de acordo
com pontos similares em nossas personalidades, elas ainda são únicas para cada
indivíduo.
• Como são formadas?
Há inúmeros debates na
comunidade científica e psicológica sobre como a personalidade é formada.
Sigmund Freud, por exemplo, criou a tese do desenvolvimento psicossexual — que
indica que durante a infância, parte da personalidade é formada através de cinco
estágios: oral, anal, fálico, latência e genitais. Porém, embora popular, essa
teoria é alvo de diversas controvérsias.
Além disso, há quem
reforce que a genética seja um dos fatores principais responsáveis pelo
desenvolvimento das características do indivíduo. Embora as diversas teorias
sobre o assunto, não se sabe ao certo todos os fatores que podem influenciar a
formação da personalidade. Contudo, a socialização, a interação com o ambiente
e a criação são chaves essenciais para que isso aconteça.
Enquanto Freud
acreditava que a personalidade era majoritariamente formada na infância e não
podia sofrer alterações, outros especialistas alegam que ela poderia continuar
se desenvolvendo durante a vida e suas experiências.
• Podemos mudar de personalidade?
A personalidade é
permutável e aceita mudanças. Pesquisas já conseguiram comprovar que, quando o
indivíduo cresce, sua personalidade é mais suscetível a conter aspectos mais
maduros. De acordo com o site Psychology Today, também é possível
deliberadamente influenciar essas mudanças com alguns comportamentos
repetitivos.
• Transtornos de personalidade
Os transtornos de
personalidade são problemas de saúde mental onde os padrões de pensamento e
comportamento do indivíduo são inflexíveis, erráticos e no geral, diferentes.
Acredita-se que cerca de 10% da população apresenta algum tipo de transtorno de
personalidade.
De acordo com os
padrões do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),
existem dez transtornos de personalidade, incluindo:
• Transtorno de personalidade paranoide
• Transtorno da personalidade esquizoide
• Transtorno de personalidade
esquizotípica
• Transtorno de personalidade antissocial
• Transtorno de personalidade borderline
• Transtorno de personalidade histriônica
• Transtorno de personalidade narcisista
• Transtorno de personalidade esquiva
• Transtorno de personalidade dependente
• Transtorno de personalidade
obsessivo-compulsivo (TOC)
Cada transtorno
apresenta características e sintomas diferentes que afetam o indivíduo causando
estresse e impactando suas relações e como vivem em sociedade. Não se sabe
exatamente todas as causas do transtornos de personalidade, porém, acredita-se
que 50% seja atribuído à genética.
Seu tratamento é feito
com profissionais da psicologia e psiquiatria, que também são encarregados pelo
diagnóstico.
• Alimentos podem influenciar a
personalidade?
Especialistas da
Universidade A&M do Texas descobriram uma associação de bactérias e
metaboloma do metabolismo a alguns traços de personalidade, como a fadiga
mental e a energia física. Além disso, as bactérias associadas à inflamação,
também foram conectadas à fadiga mental e física.
Analisando a energia
mental (EM), energia física (EF), fadiga mental (FM) e fadiga física (FF), os
especialistas concluíram que cada um desses traços contêm bactérias únicas.
Isso sugere que a microbiota intestinal pode influenciar o cérebro. Desse modo,
o que comemos pode ditar nossa personalidade e sentimentos duradouros de fadiga
e energia, pois os alimentos introduzem essas bactérias e metabolomas na
microbiota intestinal.
Fonte: eCycle
Nenhum comentário:
Postar um comentário